sexta-feira, 19 de março de 2010

Fim

quarta-feira, 17 de março de 2010

calçada de Carriche!, dá cá um beijinho ao avô!

Gestores milionários – escreve o Correio da Manhã, em ante-título de capa... Os gestores de que se fala são da Portugal Telecom... o jornal chama-lhes os boys de Sócrates e avança com estes números fantásticos... Jorge Coelho, o ex ministro... ganha, pelas contas do Correio da Manhã, perto de 2 mil euros por dia... Rui Pedro Soares 4200... Rui Pedro Soares é, se bem se lembram, o jovem administrador envolvido no caso PT/TVI... Henrique Granadeiro... 4575 e por fim Zeinal Bava, que , segundo o Correio, ganha muito perto dos 7 mil euros por dia... Daí, um outro jornal, no caso o 24 Horas, dizer que  um trabalhador da PT teria de trabalhar 80 anos, para ganhar o que Zeinal Bava ganha num ano só...  Também o DN puxa para a primeira os vencimentos destes gestores durante o ano passado...  os números diferem um pouco, mas sempre nesse patamar dos muitos zeros.. por exemplo, o DN diz que Zeinal Bava ganhou 2 milhões e meio o ano passado e Rui Pedro Soares milhão e meio. Já o 24 diz que foi Bava quem ganhou milhão e meio, enquanto Rui Soares se esqueceu de entregar as declarações de rendimentos ...  no Correio diz-se que Rui Soares sozinho ganha mais que 210 trabalhadores do call center da Portugal Telecom todos juntos e somados.
Outra notícia, que alguns jornais puxam hoje para a primeira página, tem a ver com uma cerimónia oficial que decorreu ontem de manhã em Lisboa, no pavilhão de Portugal, ao parque das Nações e onde o primeiro ministro foi apresentar o Plano de Estratégia Nacional para a Energia... A notícia é que, o apresentador da cerimónia apresentou o primeiro ministro com o nome com que é baptizado num programa de humor da televisão... o contra-informação... não sei se conhecem... pois se o conhecem ,é quase escusado dizer o resto... isso mesmo! Foi como José Trocas-te, que o primeiro ministro foi apresentado... a quem quiser saber a reacção de Sócrates a este incidente... consta que o vídeo clip já circula na Internet... Agora o curioso é  verificar como a realidade e a ficção se vão misturando e até confundindo quase até à anedota...   é também verdade que para muita boa gente, ler hoje nas capas dos jornais e tendo em conta a actualidade económica da nação... estes números que aqui ouvimos já... 7 mil euros por dia... sem ser futebolista... ou é ficção ou anedota ( escuse-se aqui, por elegância e desconhecimento de causa... o caso dos narco traficantes, traficantes de armas e outras coisas... claro está , que desses, como também não declaram rendimentos, é difícil saber mesmo quanto ganham...
E já agora, só mais esta  que foge ao assunto mas merece igualmente capa de jornal, no caso no Público, diz assim: "PS não quer dar nomes de ruas a pessoas vivas." 
E esta percebe-se !
Que jeito teria chamar a uma criança, por exemplo, rotunda da Boavista, ou beco dos Birbantes?!...

quem foi António Maria Cardoso, afinal?

Já aqui abordámos a questão... também já vimos que o Público teve pouca sorte ao redigir o título da chamada de capa e escreveu que o Partido Socialista não quer que se dê nomes de ruas a pessoas vivas, quando o que se passa é mais ou menos o inverso, não quer é dar nomes de pessoas vivas a ruas. A ruas e equipamentos sociais, como pavilhões desportivos, auditórios e assim...
Desfeito o equívoco, acabamos por ver que não só o Público faz eco desta nova preocupação socialista. Aliás, consta que o projecto é de alguns deputados socialistas, não tanto do partido no seu todo. É um grupo de deputados socialistas, que vai levar a S. Bento esse projecto de lei que proíba o baptismo de espaços públicos com nomes de gente que ainda por cá anda... Porque "há quem tenha sido indevidamente glorificado..." esse é um dos argumentos  A discussão em plenário ainda não foi agendada, mas os proponentes acreditam que a ideia pode vingar... porque é uma proposta transversal e supra partidária...
Depois, o Público, por exemplo, lembra alguns casos. Rosa Mota e Carlos Lopes, patronos de dois pavilhões desportivos, se bem que um deles está desactivado e em quase ruínas há vários anos.. o Carlos Lopes, em Lisboa.. Eunice Muñoz, que tem um auditório em Oeiras... Cavaco Silva,  Pinto da Costa, Eusébio, o do Benfica.. todos eles baptizam ruas e largos e avenidas em várias cidades e vilas de Portugal... Saramago também e consta que é mesmo o campeão neste particular. O Público lembra que, em Azinhaga do Ribatejo, a rua José Saramago até faz esquina com a rua Pilar del Rio... tudo em família
Ora, mas dizia-se então que há quem tenha sido indevidamente glorificado...  ou glorificado antes de tempo... por exemplo, este padre de Viana do Castelo. Baptizaram um largo com o nome do padre, mas como, nas últimas eleições, terá apelado ao voto no PS, os eleitores da paróquia, maioritariamente PSD,  terão decretado em assembleia municipal que se retirasse o nome do padre e se rebaptizasse o largo. Assim se fez. Agora chama-se largo da Liberdade. 
Pois, porque a verdade é que , antes de uma pessoa morrer, nunca se sabe que rumo é que vai ainda dar à sua vida e se, no final de tudo, deixa ou não saudades,,,  deixa ou não motivos para que o nome lhe seja celebrado pela posteridade... Se bem que, nalguns casos, por muito vil e sinistra que tenha sido a vida e obra do celebrado...  se calhar por isso mesmo, para que a memória se não perca... ou, se quisermos , para que a lição se não perca e os erros históricos se não repitam...  e quanto mais não seja, porque as personagens em causa, para o bem e para o mal , andaram mesmo por cá  e deixaram obra feita e garantiram um lugar na História...
Toda a gente sabe que, por exemplo, o parque da Liberdade, em Sintra, bem como a ponte 25 de Abril em Lisboa se chamavam de Salazar, até ao 25 de Abril de 74...  Por razões que toda a gente também conhece, ambos foram rebaptizados...  Já o mesmo, por exemplo, não se passou com a avenida marechal Gomes da Costa, que é essa justamente a que corre ali à porta da RDP em Lisboa... pois sabeis vós quem foi o marechal Gomes da Costa? O 28 de maio de 1926 não vos diz nada?...
Entretanto, os jornais dão hoje também conta da indignação dos militantes do movimento  "Não Apaguem a Memória.".. Protestaram e parece que venceram. Acontece que, os proprietários do edifício onde ficava a PIDE em Lisboa, retiraram a placa, que evocava a morte de 4 jovens no 25 de Abril de 74.  O edifício foi reconvertido para condomínio de luxo e os actuais proprietários resolveram tirar a placa de onde estava e recolocá-la em sítio mais discreto. Entretanto, houve já uma reunião com a vereação respectiva e ter-se-á chegado a acordo... a placa evocativa será recolocada em sítio onde se veja bem... A Câmara de Lisboa estará também a estudar a hipótese de assinalar a Rua António Maria Cardoso, de forma a que não morra essa memória... de que ali, naquela rua, é que foi durante décadas a sede da polícia política  do fascismo português...
Agora só mais uma outra questão... quem foi António Maria Cardoso, afinal?
Sabeis vós?...
Pois então, que bom proveito vos faça!

terça-feira, 16 de março de 2010

e toda a gente há-de agradecer e reconhecer que valeu o esforço...

Faz manchete no Jornal de Negócios, que os desempregados vão ser obrigados a cortes salariais de 29%...  começa por ser simplesmente bizarro... como é que um desempregado pode sofrer um corte no salário?!... Pois se está desempregado , em princípio não recebe salário.  Pode receber uma quantia variável de dinheiro, que o Estado lhe dê, enquanto está nessa situação de desemprego, mas a isso não se chama salário, mas sim subsídio. No caso, subsídio de desemprego. 
Mas , se continuarmos pelo sub título desta manchete , acabamos por perceber o que se passa. 
Diz o de Negócios, que o Governo se prepara para forçar os desempregados a aceitar ofertas de trabalho com salários muito inferiores ao que recebiam quanto estavam empregados... Continua, o jornal dizendo que , do que disse Teixeira dos Santos, decorre que os desempregados perderão o direito ao subsídio quando recusarem uma redução salarial até aos 29%.
O Jornal de Negócios conclui, afirmando que o objectivo do Governo neste caso...  e supõe-se que a ilação não seja do próprio jornal, mas antes resumida do que alguém em nome do Governo e em defesa desta medida terá dito...  o objectivo portanto será acelerar o regresso ao trabalho e, com isso, cortar nas despesas sociais...
Entendendo como despesas sociais o subsídio de desemprego, é bem possível que sim...  o mesmo se poderá eventualmente dizer também quanto ao regresso ao trabalho... e felizmente aqui e desta vez houve o bom senso de não utilizar o verbo "estimular", mas antes "acelerar"... é que também já se ouviu dizer que esta era uma forma de incentivar, ou estimular o regresso ao trabalho, para os desempregados...  mas assim soa bastante melhor.. uma forma de acelerar o regresso ao trabalho e à vida activa... e contributiva...
Na capa do I, a manchete diz que há 12 mil empregos que ninguém quer e que há uma solução de recurso para contornar a situação.. enfim, outra solução de recurso... que será ir reduzindo também e progressivamente o próprio subsídio de desemprego...
Ora então reduz-se o subsídio de desemprego, para que se torne menos aliciante em comparação, por exemplo, com uma oferta de emprego, que oferece um salário inferior em um terço, àquele que o cidadão ganhava antes de ser despedido...
As razões que o determinam já são mais que públicas... equilibrar as contas do Estado, reduzir despesas... com empenho e boa vontade consegue-se e toda a gente há-de agradecer e reconhecer que valeu o esforço... toda a gente, que entretanto não tiver emigrado à procura de trabalho lá fora...

a rolha.

Não que tenhamos muito a ver com o que se passa na casa de cada um. Parece óbvio... é pelo menos consensual que – como se diz – para lá do Marão mandam os que lá estão e entre marido e mulher que ninguém meta a colher e outros aforismos semelhantes... é também razoável que alguns, no entanto, se preocupem com o que se passa em casa da vizinha do lado, se o que se passa na casa da vizinha do lado constituir um perigo público, ou uma ameaça a valores essenciais ao saudável funcionamento de uma nação...
Mas, a questão agora aqui resume-se nesta expressão famosa e alegórica – a lei da rolha.
No caso presente, o conceito surge colado à decisão aprovada, este fim de semana, em Mafra, no congresso extraordinário do PSD... Essa proposta apresentada por Pedro Santana Lopes e que prevê sanções, que podem levar à expulsão do partido, para quem se manifestar criticamente contra a direcção do partido, ou os seus líderes... o que vai dar, mais ou menos ao mesmo. Manuela Ferreira Leite, aliás, já se pronunciou. É verdade que contornando um pouco a pergunta... Disse que é normal, que quando se quebram regras se seja sancionado por isso... e que o PSD tem regras... e, como vemos, esta, de que falamos, será uma regra nova de funcionamento interno. E esta proposta foi aprovada por maioria dos congressistas... o que lhe dará um valor ainda mais impressionante – e calcula-se que , democraticamente mais poderoso, do que se tivesse sido decidida e apresentada como facto consumado, por alguém, em nome individual, por muito bem colocado que estivesse na hierarquia do partido...
Acontece também, que logo no dia seguinte... 3 dos actuais candidatos à liderança do PSD... 3 dos candidatos à sucessão de Manuela Ferreira Leite ... pelo menos 3 deles... Aguiar Branco, Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho manifestaram-se contra a ideia... contra aquilo a que a voz do povo rapidamente baptizou de lei da rolha... aquela que se propõe castigar e até eventualmente convidar a sair do partido quem criticar decisões da liderança, no período de 60 dias antes de qualquer acto eleitoral... supõe-se que inclui também o caso de eleições internas... sendo que as do PSD são já pelos finais deste mês... faltam muito menos de 60 dias... 
Ora onde quero chegar... e confesso que chego com alguma estupefacção... é aqui... Se o que Passos Coelho, Aguiar Branco e Paulo Rangel disseram já quanto a esta lei da rolha não é uma crítica aberta a uma decisão superior do partido.. é o quê?  E agora?  
Vão ser convidados a sair?... logo eles que são os 3 candidatos mais fortes á futura liderança do PSD e por inerência de funções também futuros candidatos a primeiro ministro de Portugal?!...

segunda-feira, 15 de março de 2010

E quando se fala em acidente...

Diz, o Público, que em Portugal morre-se mais por suicídio, que por acidentes de viação. São conclusões do Instituto Nacional de Estatística... Dizem também alguns dos outros, que o caso do desaparecimento de Leandro, a criança de Mirandela, ganha agora uma nova explicação... a de acidente, em vez de suicídio... 
Seja como for, as buscas nas águas do Tua deram-se ontem por concluídas, sem que o corpo da criança tenha aparecido... daí, o Correio da Manhã dizer que morreu a esperança de encontrar a criança... o I cita o pai de Leandro: Agora já não é possível ter esperança... No Jornal de Notícias, a matéria, para além de merecer destaque apreciável logo na primeira página, desenvolve-se depois em duas páginas, onde toda a operação de busca e resgate  é descrita ao detalhe...  Quanto à família de Leandro, diz o JN que está frustrada com a ausência de corpo e de culpados...
Entretanto e como já vimos, o relatório da polícia aponta agora para a morte acidental da criança... Diz assim; Inquérito da PSP troca  suicídio por acidente... explica-se depois, que o inquérito do ministério da Educação refere uma falha grave no sistema de segurança da escola e que o tal relatório da polícia, que conduz a investigação judicial, aponta para acidente, em vez de suicídio...
Ora, se bem se lembram, ainda no final da semana passada, ouvimos dizer que   a real intenção de Leandro não seria tanto o pôr termo à vida, mas mais , o chamar a atenção... No caso, chamar a atenção para os maus tratos e violências várias a que os colegas alegadamente o submetiam e sujeitavam...
É de acreditar que, neste, como em muitos outros casos, seja essa a real intenção do suicida... chamar a atenção. Apenas isso... Nalguns casos, conseguem-no da forma mais definitiva...
É portanto fácil também de admitir e acreditar até, que Leandro não tivesse a noção consciente e esclarecida das consequências do que terá acabado por fazer... atirar-se ao rio...  uma criança de 12 anos há-de ter da morte e desta vida uma noção ainda um bocado em esboço, não acham?...  morrer, para um miúdo de 12 anos, há-de ser uma coisa ainda um pouco vaga...  Atirar-se ao rio e acabar mesmo por morrer...  neste caso e para quem o fez poderá parecer, por bizarro e insólito que soe... poderá parecer quase impossível! O  JN acrescenta aliás que, para a PSP, o mais certo é que Leandro nem reflectiu no que estava a fazer e se entrou na água era para voltar a sair, só que a corrente do rio foi mais forte...  Daí falar-se em acidente, descartando-se a terminologia até aqui utilizada... suicídio...
Foi então um acidente. Talvez um triste e lamentável acidente, mas um acidente.
E quando se fala em acidente.. diz o dicionário que se fala num acontecimento casual,  numa contingência, numa peripécia... peripécia, que por sua vez se pode definir como um caso estranho e imprevisto... pois estranho será.. agora imprevisto... há quem ache que imprevisto mesmo terá sido só o desfecho de toda esta história... se calhar, imprevisto mesmo e primeiro que todos, para  o próprio Leandro de Mirandela.
Só uma questão e já de saída. Ouviram já decerto anunciar, como causa de morte, a paragem cardíaca...  e não vos parece estranho?!... Ou seja, que outras causas de morte, em rigor , conheceis vós, para além da provocada pela morte cerebral e pela paragem cardíaca?...
A que propósito é que vem agora esta questão?  Por nada. Lembrei-me de perguntar.

domingo, 14 de março de 2010

um ruidoso não acontecimento

Se aceitássemos ser honestos por um instante, haveríamos de admitir que acontecimentos como o Congresso Extraordinário do PSD, ou outro qualquer de outro qualquer partido político da actualidade não só está longe de merecer a importância mediática que lhe é dado, como não tem, na verdade e pelo menos para quem não pertence ao Partido... importância realmente nenhuma.
Mais não é que um ruidoso não acontecimento.

sexta-feira, 12 de março de 2010

como um penalti falhado

A notícia merece destaque de primeira página, pelo menos no Correio da Manhã e no 24 Horas, sendo que, o 24 Horas, reclamando-se, como se sabe, ser o jornal das estrelas, faz mesmo a capa e a manchete com a notícia ... Por razões talvez óbvias... é que Cristiano Ronaldo é uma estrela... um astro cintilante do auto-proclamado desporto rei – o futebol, pois claro.
E é capa do 24, porque está arrasado, com a notícia da morte de um primo, num acidente de viação. 
Diz o jornal, que este primo  tinha 32 anos e que esta morte é um dos momentos mais tristes da vida de Cristiano Ronaldo.
Ambos os jornais publicam uma fotografia de Ronaldo, para ilustrar a notícia... são bastante semelhantes aliás e ambas devem ter sido tiradas após o craque do Real Madrid ter falhado um pontapé  livre, ou até mesmo a marcação de um penalti.. Ronaldo surge – na do 24 Horas, em mancha de página interia... surge de sobrolho franzido e levando as mãos à cabeça, de boca aberta, mais de espanto incrédulo, que de outra coisa qualquer, como por exemplo um bocejo, ou o prenúncio de um espirro. No entanto, tudo leva a crer que a escolha desta fotografia – ainda mais se atentarmos nas legendas... craque do Real Madrid está destroçado... tudo leva a crer portanto, que esta fotografia pretenda ilustrar, talvez, o espanto, o desgosto, o choque... de Cristiano Ronaldo, com a notícia da morte do primo...
Ora... e se tivessem escolhido uma fotografia de Ronaldo, por exemplo, no chão, torcendo-se com dores – reais ou encenadas, que no futebol, já se sabe... mas enfim, no chão contorcendo-se, com uma expressão de dor , dobrando-se em posição fetal, como se tivesse levado um murro no estômago... não seria mais ajustado ?...
É que assim... Esta expressão, que Ronaldo apresenta na capa do 24... tanto pode ilustrar a reacção à morte de um parente, como um penalti falhado , como até o espanto, de quem vê alguém tropeçar e deixar cair para o chão uma pilha de pratos da Vista Alegre, ou até mesmo da extinta Fábrica de Loiça de Sacavém!...

quinta-feira, 11 de março de 2010

puta de diferença

Vem no Correio da Manhã e se a trago aqui à conversa, nem é tanto pelo facto em si, mas mais particularmente por via de uma declaração curiosa, de que vos darei conta já a seguir. Primeiro vamos aos factos. 
Está a decorrer por estes dias, no campus de Justiça , em Lisboa, o julgamento de Maria Paula Dias, pelo atropelamento mortal de duas pessoas, no Terreiro do Paço, em Novembro de 2007.
Diz o Correio , citando uma das testemunhas do acidente, que o carro vinha depressa e as mortes aconteceram de repente... diz ainda o Correio, que foi ontem conhecido o resultado do relatório social, que dá conta da recusa da ré em aceitar ajuda médica e que a qualifica como uma pessoa fria de afectos e fácil de irritar... Acrescenta-se ainda, que justificando a recusa em receber apoio psicológico, Maria Paula Dias, que é também e por coincidência psicóloga de profissão... terá respondido... citando: "Gosto da dor fechada em mim. Tenho de aceitar esta situação e só depois ser ajudada."
E a situação em que a psicóloga Maria Paula Dias está envolvida, como já vimos , é a de ter de responder pelo atropelamento e morte de duas mulheres, que esperavam no passeio, junto à passadeira, no Terreiro do Paço, que o sinal abrisse, para atravessarem a rua e ir apanhar o autocarro para o emprego...
E nestes casos, como é normal, contrata-se um advogado, para conduzir o caso... seja do lado da acusação, como da defesa, claro está.  E contrata-se um advogado, porque sempre é melhor deixar para um técnico, a tarefa de explicar aos juízes, em linguagem apropriada, o que realmente se terá passado, ou aquilo que se quer provar, que realmente se passou... Porque um advogado estudou para isso, conhece os procedimentos judiciais, domina a linguagem jurídica, está, abreviemos assim, no seu meio. E neste caso, o advogado de defesa de Maria Paula Dias chama-se Paulo Camoesas e é citado, logo na página seguinte, a esta onde o Correio dá esta notícia breve...  Diz então Paulo Camoesas, advogado,  em defesa de Maria Paula Dias... "a Maria Paula não atropelou ninguém. Ela colheu 3 pessoas. Não pode ser acusada pelo que não fez."
Enfim , em rigor e boa verdade, poder pode, sempre e não seria a primeira vez que isso acontecia, em tribunais portugueses, e não só...  mas é para isso que servem os julgamentos, para apurar a verdade, tanto quanto se consiga... para que, finalmente, ninguém seja, não acusado, mas condenado, por qualquer coisa que não fez.

E neste caso, podemos admitir que Maria Paula não atropelou ninguém, mas que, em vez disso, colheu 3 pessoas, como faz questão de sublinhar o advogado Paulo Camoesas... 
Pois então, seja. 
Seja então por isso, que Maria Paula Dias está a ser julgada... por isso que Maria Paula Dias está a ser acusada... de ter colhido 3 pessoas, sendo que duas delas morreram quase instantaneamente e de forma aparatosa...
Seja então por isso. Fará grande diferença, na apreciação judicial?... É que para as pessoas que morreram e para os familiares que sobreviveram não faz  diferença nenhuma. Provavelmente não fará mesmo puta de diferença nenhuma.

este Démocles tinha alguma ligação especial a armas brancas ?...

Vem aqui, na penúltima do DN, num cantinho dedicado às efemérides, que foi num 11 de Março, mas no de 1851, que estreou o Rigolleto de Verdi, no La Fenice, de Veneza e que no de 1957, a RTP inaugurava a série de Tele-teatro, com o monólogo do Vaqueiro de Gil Vicente... Já morreram todos. O Verdi, o Gil Vicente e o Tele-teatro na RTP...
Já quanto a este 11 de Março, o de hoje, de 2010, é dia de crónica semanal de Isabel Meireles, advogada, que hoje fala de como o Pacto de Estabilidade e Crescimento ( é assim que o designa) substituiu, para Portugal, o chicote do FMI, isto na consequência da entrada de Portugal na União Europeia... Porque, segundo a advogada, não basta alcançar o objectivo da moeda única e dos condicionalismos da União Económica e Monetária, antes, é preciso manter e prosseguir todos os critérios que permitiram a adesão e, em especial, os 3% do PIB em termos de défice orçamental e os 60% do PIB, no caso da dívida pública.
Mais adiante , Isabel Meireles lembra e alerta para uma diferença substancial, que distingue Portugal dos outros países fora da Zona Euro... é que, enquanto para estes, se não cumprirem os ditames da Comissão e do Conselho da Europa, mais não lhes acontece que receberem uma reprimenda, uma censura, ou eventualmente pressões diplomáticas ou políticas, para Portugal a coisa fia mais fino e , falhando os objectivos, pode ser sancionado. Primeiro, obrigado a um depósito sem juros... que pode passar à forma de coima, se não conseguir corrigir as contas no prazo de dois anos.
É então essa a ameaça, que pende sobre Portugal e a economia portuguesa, como a mítica espada de Dâmocles...
Conhecem certamente a história... Dâmocles, cidadão de Siracusa, contemporâneo do ditador Dionísio... Diz a enciclopédia portuguesa e brasileira que , sabendo Dionísio da inveja de Dâmocles, lhe propôs colocá-lo na sua posição, para que falasse com conhecimento de causa. Chamou-o ao palácio , recebeu-o com todas as honras e considerações devidas a um rei. Sentou-o no trono... Fez, no entanto, suspender sobre a cabeça de Dâmocles de Siracusa, uma espada presa por um fio. O episódio... a fábula foi recuperada por Cícero, nas Tusculanas e Horácio, na Ode 1ª...
A partir daqui, a expressão "espada de Dâmocles" ganhou o significado simbólico, que todos conhecem e que se aplica bastante perfeitamente ao caso de que se ocupa hoje Isabel Meireles, no Diário de Notícias. Daí , também, fazer todo o sentido que a crónica surja sob este título... Uma espada de  Dâmocles?... neste caso, não.. uma espada de Démocles!
Ora, indo agora a outras fontes, conclui-se que Démocles também temos... mas diz a História, que foi um orador grego... a História não revela se este Démocles tinha alguma ligação especial a armas brancas, ou parentes na Sicília...  o que se sabe é que há quem atribua às duas formas... Dâmocles e Démocles , a mesma origem, ou seja, o grego e que em grego quer dizer, este nome...  Dèmoclés. (será assim que se lê?...) Dèmoclés, que quer dizer em grego: Glória do Povo...
Mas voltando à crónica do DN... Dâmocles, ou Démocles...  cite-se O´Neill, citando o jagunço de Guimarães Rosa... "pão ou pães é questão de opiniães."

segunda-feira, 8 de março de 2010

a cagar na passerelle.


E ora aqui está uma frase, um título, uma chamada de capa, que abre caminho a todas as dúvidas e perplexidades...  É que se fica sem saber o que falou mais alto... se a declaração em si, se a forma que essa mesma afirmação tomou e que o Diário Económico hoje transcreve, em chamada de primeira página, com a fotografia tipo passe do próprio protagonista e autor da afirmação. Morais Sarmento. Nuno Morais Sarmento, ex ministro dos efémeros governos de Durão Barroso e Santana Lopes. 
Em grande entrevista de 3 páginas, Morais Sarmento fala de muita coisa.. é natural que o faça, se é uma grande entrevista... Mas o jornal escolheu uma frase, em que Morais Sarmento analisa e resume  a prestação pública de Aníbal Cavaco Silva, enquanto presidente da República... a prestação pública, nesse sentido de... aquilo que Cavaco diz publicamente.
Ora então vamos lá a ver qual é o veredicto de Morais Sarmento, sobre o que diz Cavaco: "Quando Cavaco fala..." – citemos – "...quando Cavaco fala sentimos um mau hálito político."
Escusa-se a gente de ler o resto... que Morais Sarmento acha que o presidente é um homem  sério , mas que também há-de ser responsabilizado pelo desgoverno do país. O desgoverno vai com aspas...
Escusa-se, nem será bem o termo... a verdade é que depois de um título destes... tudo o que vier a seguir é ruído... 
Ora, haveria o jornal de ter guardado esta frase, esta apreciação de Morais Sarmento, para as páginas interiores, onde a entrevista se desenrola?... Em nome do bom gosto , mesmo sabendo que gostos não se discutem? Talvez não...  Talvez que, confrontado com tão vívida apreciação, não restasse ao Económico outra alternativa, senão puxar a frase, para manchete e chamariz da história...  "Quando Cavaco fala sentimos um mau hálito político..." -   frase de efeito...  quanto mais não seja pela deselegância...
Talvez não restasse ao Económico outra saída, que sublinhar esta apreciação quase escatológica, que Morais Sarmento faz das declarações públicas do presidente da República...  a dúvida que fica é saber o que poderá ofender mais o visado por esta crítica de Nuno Morais Sarmento... os termos em que foi resumida... ou o próprio conteúdo da afirmação...?   ou seja, dar a entender, que o que diz Cavaco trás o cheiro de matéria em decomposição... 
Coisa desagradável , sem dúvida, o que faz com que, esta declaração de Morais Sarmento na primeira página do Diário Económico de hoje, consiga ter quase o mesmo encanto, o mesmo chique, que uma top model a cagar na passerelle.

sexta-feira, 5 de março de 2010

o tesoiro da Cova d’Iria


Ora aqui está uma breve e curiosa informação... Vem no Correio da Manhã, que duas centenas de comerciantes de Fátima participaram ontem num encontro informal promovido pelo santuário... encontro em que o reitor de Fátima divulgou o programa pastoral, com destaque óbvio para a próxima visita do papa Bento 16 a Portugal e mais concretamente à Cova d’Iria... O Correio escreve que o reitor, padre Virgílio Antunes, reconheceu que o Papa não vai ter tempo para visitar a cidade, mas que "é do interesse de todos, que se passe uma bela imagem e que corresponda à realidade de todos os dias..." acrescentou ainda o padre Virgílio, que "o tesoiro da Cova d’Iria não é a riqueza, mas uma mensagem que acreditamos vir de Deus por meio de Nossa Senhora" – citámos, as palavras do reitor do Santuário... 
Já o vereador, que tem o pelouro de Fátima – é assim que o jornal o apresenta ... o vereador com o pelouro de Fátima, Nazareno do Carmo, terá garantido que "o município de Ourém vai começar a aplicar coimas a quem não tirar os expositores das ruas.."
Ora, os expositores de artigos , supõe-se que devocionais e religiosos... se me permitem e em linguagem contemporânea... o merchandizing religioso de Fátima...
Portanto, o vereador disse para os comerciantes recolherem os expositores , sob pena de multa... e isto porque, segundo se deduz, porque o Papa vai de visita a Fátima e o tesouro de Fátima e da Cova da Iria não é a riqueza material, mas sim a mensagem que vem de Deus, através da Virgem Mãe e nossa Senhora...
Lembram-se ainda das palavras do reitor do santuário?... "é do interesse de todos que se passe uma bela imagem e que corresponda à realidade de todos os dias." Bom, a intenção é louvável, só que, para quem conheça já Fátima de todos os dias, ou pelo menos dos dias de festas maiores e de maior afluência de crentes e fiéis...  para esses, chegar a Fátima e não ver os expositores de velas e santinhos e terços e outros artigos de devoção... há-de parecer de repente que se enganaram no comboio, ou sairam na estação errada.

P.S.
enfim, talvez acabem por perceber, quando virem mais não sei quantos gajos de T-shirt igual. Essa mesma. A que se mandou fazer de propósito para festejar a visita do Ratzinger.

por favor, agora não... depois falamos.


O Público faz hoje 20 anos e  para celebrar a data saíu com uma edição especial...  E convidou António Barreto, para ser director por um dia. E uma das ideias que António Barreto teve e que consta mesmo que deu um certo trabalho lá na redacção, foi publicar a fotografia que marcou o ano... aliás, cada ano desses 20 que o jornal já leva de vida...
E em 2002, a fotografia eleita é assinada por Adriano Miranda e retrata, em grande plano, o rosto de Mário Cesaryni de Vasconcelos.
Diz a legenda: "eu nem acreditei quando me disseram que ia fotografar o monstro do surrealismo português..."   Acrescenta depois o fotógrafo que eram umas 3 da tarde quando chegou a casa de Cesaryni... "O artista dormia..." continua lembrando Adriano Miranda. "... dormia num quarto surreal, claro."   
Ora bom e claro porquê?!... E o que será um quarto surrealista?... não vamos entrar em especulações desagradáveis, mas é só a mim que dá a impressão que esta do quarto surrealista é a forma polida de dizer que o quarto de Cesaryni estaria assim um pouco, como dizer... desarrumadito e eventualmente mais para o sujo que para o limpo...?
Adiante.
O artista dormia, portanto... e  continua, o autor desta legenda que assina com as iniciais SBG.. continua dizendo que Cesaryni dormia e que continuou deitado para a fotografia. Deitado e de olhos fechados, como aliás se pode ver na foto que o Público hoje publica... Cesaryni, barba por fazer, olhos fechados e uma expressão de como quem aspira um longínquo perfume, ou quem escuta uma melodia distante... 
Enfim, foi ali mesmo no quarto e deitado na cama que Cesaryni se deixou fotografar, de olhos fechados.
A sessão correu muito bem e criou-se mesmo uma certa empatia entre fotógrafo e fotografado. Diz o articulista do Público que Cesaryni até perguntou a Miranda, o fotógrafo: "Queres um desenho?... " mas que depois reflectiu e rematou: "Talvez não, ofereço-te para a próxima quando nos voltarmos a encontrar..." o que se percebe depois que nunca chegou a acontecer. Cesaryni haveria de morrer 4 anos mais tarde em Novembro de 2006, como bem se lembram...
Portanto o fotógrafo do Público nunca chegou a receber um desenho de Mário Cesaryni, mas ganhou "a mais feliz e conseguida sessão de retrato de toda a carreira.." Palavras do próprio.
E remata o articulista e autor da prosa que enquadra esta efeméride escrevendo: "Por esta fotografia sentimos que Cesaryni nos topa bem, mesmo de olhos fechados."
E agora, se me permitem , preciso de algum tempo... e eventualmente de alguma concentração e silêncio para sentir como Cesaryni nos topa bem, mesmo de olhos fechados, nesta fotografia.  Portanto, por favor, agora não... depois falamos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

"bom dia para si também!"


Porquê deus se temos a ciência?....  esta é a questão e é também o título do livro organizado por Manuel Curado e que hoje será lançado, em Coimbra, no Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho, em sendo 6 da tarde. A entrada é livre... Pois já quanto à questão para quê deus se temos a ciência... pois para já porque não há penicilina que cure as dores da alma... Adiante, que de coisas do divino vamos cá ter quem é autoridade na matéria. O Papa!
Que vem a Portugal proximamente e que vai celebrar missa campal no Porto, Fátima e Lisboa... Ou vice-versa.
Pois no Porto, consta que a Câmara Municipal se prestou já, sem que ninguém lhe pedisse, a suportar as despesas da instalação do altar onde Bento 16 vai celebrar a missa ... em Lisboa, a cerimónia será realizada no Cais das Colunas ao Terreiro do Paço e pode custar qualquer coisa como 200 mil euros. Não será uma fortuna por aí além, mas já é dinheiro que se veja.
E em Lisboa não se sabe ainda quem vai pagar a despesa... Ontem, alguns jornais referiam que António Costa e a Câmara de Lisboa não estariam muito para aí virados, só que hoje volta-se ao assunto para se concluir que o que se passa não é bem isso. O que se passa é que não há ainda acordo quanto a essa matéria. A ver... A Conferencia Episcopal agradecia que alguém ajudasse a cobrir a despesa... procura , por isso e espera que apareça, um mecenas... Quanto à Câmara de Lisboa diz apenas que ainda não foi contactada pelo Episcopado nesse sentido , o de ser ela a pagar o altar... enfim, o altar, ou só a instalação do altar... que do altar o que se sabe... é que tem a forma de um enorme seixo rolado.. diziam ontem alguns jornais que é para fazer lembrar os Descobrimentos portugueses, os Navegadores, ou qualquer coisa parecida, ou a ver com mar e água e praia e assim... sabe-se também que, segundo o JN de hoje, este altar, de que se fala, foi desenhado pela Mutilem (presume-se que seja o nome da empresa) mas que não foi ainda aprovado pelo Vaticano. Será que é o mesmo altar que vai ser instalado no Porto  e em Lisboa?... Se assim for, os tais 200 mil euros são só para a instalação do equipamento, ou então se calhar, pela instalação e aluguer, não se sabe... o que se sabe é que a Câmara diz que ainda não foi contactada oficialmente para custear as despesas... não dizendo que resposta vai dar se isso vier a acontecer   ... e que o Patriarcado e a Conferência Episcopal Portuguesa veriam com bons olhos a Câmara de Lisboa participar na despesa, mas que ainda não se fez nenhum pedido formal nesse sentido... diz apenas, o porta voz da Conferência Episcopal, padre Manuel Morujão, que a Câmara de Lisboa não se adiantou, mas também não recusou nada... e estamos assim.
Numa caricatura apressada, vemos já alguém, em silêncio e de mão estendida, na esperança de que, quem passa, deixe uma moedinha... claro que o gesto pode ser sempre mal interpretado e em vez da moedinha, esse pedinte silencioso receber em troca um vigoroso aperto de mão e um sonoro: "bom dia para si também!"


Pode não resolver, mas pode ser que ajude...

Não vamos falar aqui de ritos de iniciação, praxes académicas, ou coisas dessas, que são muito interessantes e que se explicam e enquadram na História dos homens ao longo dos séculos e em todo o lado...  Há os mais violentos, há os mais estranhos... mas em todos os casos o neófito sabe ao que vai e aceita submeter-se à prova, porque o prémio justifica o esforço e até o eventual sofrimento... E não vamos falar disso, porque não é disso que se trata aqui. Antes talvez, da aberração desse conceito... Coisa mais violenta, que talvez mais não seja do que o retrato e o pulso da civilização a que chegámos... Vamos falar daquela violência, a que nem as próprias bestas se entregam... mas antes há que reflectir neste ponto.
Escolher uma palavra estrangeira para definir o que até aqui se chamava simplesmente violência, pode querer dizer qualquer coisa... que, por exemplo, esta violência de que agora se fala é de outra espécie, ou de outra ...violência, se me permitem a redundância.
Agora chama-se bullying e , atentando no étimo da palavra, descobrimos lá um toiro... um boi... bullying seria talvez o gerúndio de quando alguém se comporta como um animal, neste caso com a força e a violência de um boi.. ou de um toiro bravo, que soa mais apropriado... Acontece também que nestes casos há um pormenor que parece bastante importante.. é que o animal nunca ataca sozinho, ataca em grupo... e ataca sempre o mais fraco... não os mais fracos, mas o mais fraco... 
E tudo vem a propósito, como já devem ter calculado , do caso de Mirandela... ia a dizer da tragédia de Mirandela, porque é mais com isso que se parece... O miúdo tinha 12 anos e há já muito tempo que se sabia que era vítima de violência continuada física e verbal pelos colegas da escola... chegou a ter de receber tratamento hospitalar por causa disso. Na altura nem os agressores foram castigados, nem as agressões acabaram.  No princípio desta semana saiu da escola para se atirar ao rio Tua, onde tudo indica que tenha acabado por morrer... tudo indica que... já que o corpo ainda não foi encontrado. 
A notícia merece hoje algum desenvolvimento em quase todos os jornais. Foi-se falar com vizinhos, familiares, professores, associações de pais, psicólogos, colegas da criança...  O Diário de Notícias diz que a morte deste aluno de Mirandela vem abrir , ou melhor, reabrir o debate sobre bullying... adianta-se também que o Ministério Público está já a investigar o sucedido... que hoje serão ouvidos o Conselho Executivo da escola e a Associação de Pais.. aqui, refira-se que o presidente da associação de pais desta escola de Mirandela – a escola básica Luciano Cordeiro – garante que não há casos de bullying na escola... nunca ouviu dizer. Desentendimentos.!.. É assim que lhes chama e acha-os normais... diz que, de violência mesmo, nunca ouviu falar, nem nunca ninguém se queixou... isso é natural. Sabe-se que as vítimas destes casos raramente se queixam... por medo de represálias...
O jornal adianta ainda que nestes casos as escolas têm alguma relutância em reconhecer o fenómeno. Preferem minimizar a gravidade da situação.. por isso, acrescenta ainda o DN, a formação de professores e auxiliares de educação é essencial...
Enfim, os jornais trazem hoje muitos pormenores, declarações, justificações, explicações, definições e outras considerações à volta do assunto e deste caso muito em particular...
Mas regressemos à chamada de capa... é aí que se lê, logo em início de parágrafo, que os professores acusam as escolas de não actuarem e de ignorarem casos de humilhações entre alunos e querem mudar a lei...
Ora aí está como não se vai a lado nenhum... mudar a lei, se for para melhor, pois que se mude... de caminho, poderia também tentar mudar-se esta vertiginosa tentação de – quando soa o alarme - toda a gente desatar a acusar toda a gente, descartando-se de qualquer responsabilidade...
Ora vamos por partes. Se os professores começarem a explicar nas aulas e assim mesmo, do nada , se quiserem.. a explicar, que quem se junta em matilha para atacar um outro que está sozinho e é ainda por cima mais fraco...  quem faz isso ... é um cobarde, um fraco, uma coisa sem interesse, um merdas... é que os miúdos naquelas idades, coisa que não gostam mesmo é que lhes chamem mariquinhas.Pode não resolver, mas pode ser que ajude...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Ponha-se moderno, porra!

Quatro mil e quinhentas queixas... isto em dois anos. Vem no Diário de Notícias que a DECO – associação de defesa do consumidor , recebeu, em dois anos, 4500 queixas contra práticas comerciais ilegais.
Os sectores mais denunciados são os das telecomunicações, comércio, banca e transportes aéreos... Este estudo, ou levantamento, se quisermos, surge enquadrado num projecto mais vasto e de âmbito comunitário, que envolveu 8 associações europeias de consumidores, coordenado pelo Observatório de Práticas Comerciais Desleais. Pois por cá, segundo a DECO, o pior de todos é o sector das telecomunicações... publicidade enganosa que passa, por exemplo, por anunciar uma velocidade de ligação à Internet superior à que realmente se oferece...(oferece, uma porra! vende! que para aqui não vem nada de borla, como dizia o Severino, o bicho-homem... adiante!) e depois as vendas agressivas, como é o caso em que o consumidor,  aliciado por um prémio qualquer,  se desloca à sede da empresa, onde é assaltado com ofertas de outros produtos... e a palavra "assaltado", pelo que se compreende do texto da notícia... não será liberdade poética, nem força de expressão.
Há também o sonegar de informação, ou até mesmo informação errada. Cita-se o caso dos bancos. Aqui, o truque é fazer pensar o cliente que fez um depósito a prazo, para depois se descobrir que o dinheiro foi aplicado num fundo de investimento, que muitas vezes dá mais prejuízo, que ganhos ao depositante e dono do dinheiro. É do que se queixam  actualmente alguns clientes do BPP, se bem se lembram...
Por fim cita-se o caso das companhias aéreas, que ao anunciarem os preços das viagens, se esquecem de incluir nesse preço os custos de taxas e suplementos a pagar neste tipo de transacções... É naturalmente um truque simplório e quase patético... se o conceito de preço de seja o que for se define pelo montante que alguém tem de pagar por um determinado bem ou serviço... que interessa ao consumidor se esse preço inclui e em que percentagem as taxas dos variados serviços, os suplementos, ou até mesmo os ordenados dos funcionários e as contas da água e luz do prestador do serviço. Claro que o preço final seja do que for tem forçosamente de incluir e ter em conta todas essas despesas... senão... é como o outro que diz: mais vale fechar a loja!
Ora, o que esta breve notícia não refere, mas que parece também curioso... Enfim, curioso quase até à prepotência...  é o caso dos contractos, que se firmam com os operadores de televisão por cabo... A coisa passa-se assim – e todos já foram testemunha do fenómeno: Na altura do contracto, o cliente escolhe e paga um determinado pacote de canais e serviços e depois e de vez em quando e sem apelo, apesar do aviso prévio... o operador resolve incluir novos canais, suprimindo outros...  há sempre a hipótese de alguns dos canais preteridos em favor da novidade serem precisamente os que levaram o cliente a subscrever aquele pacote de canais e não outro qualquer... só que as operadoras é que sabem. Porque aquilo é deles. Ou é como se fosse...
É como se - e desculpem-me o descabido da comparação.. é como se comprássemos um fogão e depois o vendedor nos aparecesse em casa, na semana seguinte, para levar o fogão de volta e deixar lá um micro ondas... Não senhor, eu é que sei, o que o meu amigo quer é um micro ondas. Ponha-se moderno, homem, ponha-se moderno!
Estão a ver a coisa?...

da caxemira ao couro,esculpindo formas extremamente femininas...


Fátima Lopes, a estilista portuguesa, abriu ontem, em Paris, a semana do pronto a vestir e o desfile dos criadores portugueses, no certame.
Diz o JN, já em fecho de edição, que Fátima Lopes se inspirou no aquecimento global do planeta, para criar esta colecção para o próximo Inverno.
É de louvar, acho que todos concordamos, quando um artista, aproveitando, não só o génio criador que o distingue, mas também a exposição e importância mediática que eventualmente goze, se interessa e debruça e chama a atenção para os problemas mais urgentes da sociedade em que vive e a que pertence. Sendo o aquecimento global uma questão de toda a actualidade e de alguma emergência, soa bastante bem, que a estilista Fátima Lopes leve a esse universo glamouroso uma questão, que obriga a parar e reflectir um pouco, sobre o futuro que nos espera, para além das passerelles... Diz o JN, que a colecção que Fátima Lopes levou a Paris é toda em cores quentes... tons de terra e de fogo e também o azul... Isto porque o Grande Norte... como o jornal lhe chama... o norte futurista, que alegadamente inspirou a estilista... esse está a desaparecer... já não é branco imaculado. Pois será, nalguns casos, qualquer coisa entre o azul do céu e o verde mar... que nos Grande Norte, o gelo que lá anda, a maior parte dele é mesmo gelo só, gelo a flutuar na água...  Adiante. Já quanto aos materiais, são todos nobres... da caxemira ao couro, rendas e sedas naturais, esculpindo (aqui o kitch verbal é mesmo meu) esculpindo  formas extremamente femininas... agora é que é do original.. as formas extremamente femininas vem no original... Para resumir, diz o JN que foi um desfile e uma colecção que revelaram uma imagem glamourosa e futurista que, nas palavras da própria criadora, lançam um apelo à consciencialização da humanidade para os graves danos do aquecimento global... 
Isto é sempre a mesma coisa! Talvez fosse prudente não saber sequer o que é que o artista.... qualquer artista quer dizer, ou quis significar, com esta ou aquela obra, ou peça, ou neste caso ... peça, mas de roupa...
É que neste caso muito concreto fica-se sem saber, se estas manequins, que a foto no JN publica, serão a imagem simbólica do que acontece às pessoas vítimas desse futuro aquecimento global do planeta... ficam assim com aquela expressão parada nos rostos’... ou se é mesmo o modelo que vestem, que pretende simbolizar esse mesmo perigo. Essa ameaça...  Qualquer das hipóteses veste perfeitamente esta dúvida... se bem que, a avaliar pelos tocados que enfeitam as graciosas cabeças das manequins, mais facilmente se é levado a pensar que é bem mais drástica e demolidora a versão que Fátima Lopes tem do futuro... se atentarmos nessas espécies de antenas metálicas e negras, que saem desordenadas de entre os cabelos das jovens manequins, quase vemos as antenas de uma carocha.. uma barata... insecto ortóptero da família dos Blátidas, veloz e muito voraz, em geral doméstico e de hábitos nocturnos... e faz lembrar, não por causa da voracidade ou dos hábitos nocturnos do insecto, mas antes porque consta que as baratas são os únicos animais  que se mantiveram quase inalterados desde a idade dos dinossauros.. Sobreviveram a tudo e consta que até sobreviveriam a um holocausto nuclear... perante isto... para uma barata o aquecimento global... que venha. Assim como assim, é à sombra e a  dormir, que passa aquela hora do maior calor!

terça-feira, 2 de março de 2010

não se sabe... vai-se sabendo

Vamos partir deste ponto assente, de que não seria muito razoável colocar, por exemplo, caixilharia de alumínio nas janelas do Mosteiro dos Jerónimos, por muito práticas e fáceis de lavar que fossem... e serve, esta entrada um pouco idiota, para lançar a história que se segue e de que o Correio da Manhã dá hoje notícia. Que Sílvio Berlusconi comprou, num antiquário de Roma, a cama onde Napoleão Bonaparte dormiu... consta que apenas lá dormiu 11 horas, mas isso não lhe tira nada do valor histórico. Aliás, diz o jornal, que a peça tem um valor inestimável... tanto, que a antiquária nem lhe divulgou o preço... o que disse foi que teve mesmo de se zangar, quando ouviu o 1º ministro italiano dizer que estava a pensar em aumentar a camita, fazer-lhe uns ajustes, ampliá-la um bocadinho...
Muita gente em Itália, personalidades mesmo, já se manifestaram horrorizadas com esta ideia polémica... O jornal recorda que o ano passado, a mulher de Berlusconi tinha confessado que Napoleão era o espírito inspirador do marido. Quanto a Berlusconi, ele próprio, terá dito, antes ainda, em 2006, que maior nos feitos, só mesmo Napoleão...maior nos feitos, que em altura, como o próprio Berlusconi fez questão de sublinhar... em altura, Napoleão era mais baixinho...
E isto é o que se passa actualmente em Itália... a polémica está instalada, mesmo admitindo que Sílvio Berlusconi acabe por deixar ficar a cama como está, sem remendos nem ampliações ad hoc...  
E nós por cá.....  Nós por cá, felizmente não sabemos... sabemos que muitos palácios e edifícios históricos, que poderiam estar abertos ao usufruto público, não só porque tem um bocado da nossa História, lá dentro,  para contar, como e quanto mais não seja, pela sua própria beleza... estão entregues a instituições bancárias, ordens e corporações, que os adaptam às funções a que são reconvertidos... e desconfia-se também que muita da estatuária e azulejaria, que enfeita casas e jardins particulares, foi roubada ao património nacional, para ser vendida no mercado negro... isso, não se sabe... vai-se sabendo... 

E foi ontem apresentado, no palácio da Ajuda, em Lisboa, o estudo encomendado pelo Ministério da Cultura.
O propósito do estudo era avaliar até que ponto o sector cultural e criativo é gerador de riqueza e de empregos em Portugal... é assim que o JN expõe a matéria... matéria a que também o Público  dedica um destaque de quase página inteira. E o caso não é para menos, já que se concluiu, por exemplo, que no ano de 2006, o sector cultural, ou se quisermos, as indústrias da cultura geraram 2,8% de toda a riqueza nacional e criaram, ao mesmo tempo, 127 mil novos postos de trabalho... isto diz o Público, que o JN afirma que foram 308 mil... seja como for, parece ponto assente que sempre foram mais postos de trabalho do que os que se conseguiram criar, no mesmo espaço de tempo, nos sectores da imobiliária, têxteis, alimentação e bebidas... acrescenta-se também, que predominam, no caso das indústrias da cultura, as micro e pequenas empresas... em 87% dos casos, são empresas que empregam menos de 10 pessoas... 
Agora, em números sonantes, a riqueza gerada pelo sector cultural, nesse ano de 2006, aproximou-se vertiginosamente dos 3700 milhões de euros, o que representa então uma percentagem de 2,8%, de toda a riqueza gerada em Portugal, nesse mesmo ano.
Ora, em relação a 2006, de momento, não vos posso adiantar grande coisa, mas , por exemplo, em relação ao ano passado, se bem se lembram, segundo Pinto Ribeiro, o anterior ministro, o orçamento para a Cultura não chegava a 1% do PIB... em 2006, também não haverá de ter andado muito longe disso... o que deixa a expectativa... perante este estudo ontem divulgado... que fazemos agora?  Vamos, por exemplo, investir metade que seja dessa riqueza gerada... tomando 2006 como referência... daria 1,4%... mesmo assim o dobro dos tais 0,7% de que se queixava Pinto Ribeiro... quem sabe se investindo 1,4% se consiga um crescimento de... vá lá para não pedir muito... uns 4% e por aí fora... depois investia-se metade disso, para se chegar aos 6 e depois investia-se 3 para se chegar aos 9 e por aí adiante... ou então não.
Porque a necessidade aguça o engenho, pode também reduzir-se a verba para a Cultura, no Orçamento Geral do Estado... talvez assim, acossados pela necessidade, os criadores portugueses, a gente da cultura  consiga o milagre das rosas ou faça nascer flores das pedras...
E de repente, lembrou-me, nem sei porquê, um certo pianista de jazz norte americano--- o nome não me ocorre, mas nem é essencial... para o que importa é que ficou na História, por ter alegadamente inventado uma escala cromática revolucionária e muito estranha, que os académicos estudaram e desmontaram e analisaram, para concluírem que o homem era um génio!... descobriu-se depois, porque o próprio pianista o confessou em entrevista, que a tal escala estranhíssima tinha uma explicação muito simples... é que foi inventada, em recurso,  num piano que tinha sido apanhado no lixo e onde apenas algumas teclas funcionavam...  
A tal escala estranhíssima era afinal o resultado de ter de tocar num piano onde muito simplesmente faltavam notas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

com cê de cão

Vem no DN, que o Politiken – jornal dinamarquês - foi o único a pedir desculpa aos descendentes de Maomé, pelos desenhos e caricaturas do profeta , publicados há 4 anos e que levantaram, se bem se lembram, uma polémica desgraçada e fizeram mesmo temer o pior...
Diz então o DN, que 94.923 descendentes de Maomé receberam um pedido de desculpas do diário dinamarquês. Que o pedido de desculpas foi enviado para 8 organizações que os representam. Acrescenta-se ainda que o pedido de desculpas se refere apenas às eventuais ofensas, que os desenhos possam ter causado, mas não à publicação desses mesmos desenhos, dessas caricaturas... e como já vimos , temos aqui duas belas palavras, que definem os bonecos em causa... Desenhos, ou caricaturas, que até se coaduna mais propriamente com o género de desenhos em questão... só que o DN escolheu outro termo... e escreveu assim: Jornal desculpa-se por cartunes... ...CARTUNES... como se dissesse: que eu cartune, que tu cartunes, que ele cartune e por aí fora... ia a dizer, aportuguesou-se a palavra inglesa, se bem que talvez fosse mais correcto dizer, abrazileirou-se a palavra, que o Brasil, tal como o Canadá francês em relação ao inglês... no Brasil é normal nacionalizar-se –se assim se pode dizer – a grafia de alguns estrangeirismo de uso frequente...
Portanto cartunes e não cartoons... não sei.. muito francamente não sei, se esta nova grafia consta também no Novo Acordo Ortográfico...  nem se será esta uma das razões porque já corre um abaixo assinado pela Internet, reclamando a revogação desse mesmo Acordo. Mas a verdade é que no entanto ela move-se. 
Move-se e já tem 47 mil pessoas dispostas a assinar por baixo essa Iniciativa Legislativa de Cidadãos, contra o Acordo Ortográfico. São precisas 35 mil assinaturas, para que o Parlamento considere a hipótese de revogar, ou pelo menos suspender o Acordo.
Diz o Público – que é já onde estamos... diz o Público que a ideia foi lançada na rede e que apesar do adiantado da hora, pouco depois já eram muitas as respostas, apoiando a iniciativa. 47 mil pessoas ... Falta só que dessas 47 mil, 35 mil aceitem subscrever o abaixo assinado, ou seja, subscrevam esta Iniciativa Legislativa de Cidadãos, para que o Parlamento seja obrigado a reflectir e decidir de novo sobre a matéria... Ora aí está uma oportunidade excelente para responder a esta outra notícia, que o Público puxa hoje também para a primeira página...  é aquela que diz que a satisfação dos portugueses com a democracia é a mais baixa dos últimos 25 anos. Queixam-se os eleitores portugueses de participarem pouco nos destinos da nação. Querem, portanto, ter uma participação mais efectiva. Com, ou sem cê de cão.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

o pé na poça

Diz hoje, um jornal, que José Sócrates e Alberto João Jardim rejeitam a ideia de declarar o estado de calamidade pública para a Madeira, para não se ter de reembolsar os turistas... Parece que sim, que haverá por aí uma cláusula, que prevê o reembolso, em casos de catástrofes naturais, ou coisa parecida... Seria interessante saber, que turista teria a coragem de exigir o reembolso da estadia, num caso destes...
O que se sabe é que muitos dos turistas, que ainda se encontram por estes dias hospedados na ilha, ou ficam no conforto dos hotéis, acompanhando eventualmente o que se passa lá fora através das televisões, ou saem em expedição fotográfica, visitando os locais da tragédia... porque, como escreve hoje o Público: Férias são férias...
Já quanto à cobertura jornalística em si própria... nas televisões, já se viu que a preocupação principal dos repórteres parece mesmo ser apurar o número exacto de mortos e eventualmente conseguir um directo, na altura em que mais um corpo for resgatado do meio do lixo... ("vulturídeo"... desculpem, mas não sei como esta me aterrou aqui a meio da conversa...  palavrita intrusa!... ) 
Vamos lá então, que do resto, repetem-se as evidências... ou seja, repete-se o discurso, de como as águas saltaram os leitos das ribeiras, de como a serra se precipitou por sobre as casas, encosta abaixo, de como as ruas e pontes e estradas ficaram intransitáveis e cobertas de destroços...  há ainda a sucessão de relatos, mais ou menos emocionados, mais ou menos sofridos, das vítimas sobreviventes...  
E os jornais vão seguindo mais ou menos pelo mesmo caminho... 
O Correio da Manhã, por exemplo... é já o segundo dia consecutivo, em que publica na capa as fotografias tipo passe de algumas das vítimas mortais... hoje, anuncia igualmente que foi já a sepultar uma criança de 5 anos, vítima do aluvião...
O Jornal de Notícias faz a capa com um quase milagre... não de ninguém, que tenha sido resgatado vivo, contra todas as expectativas, mas antes, a da salvação da própria Virgem padroeira da Cidade. A Senhora do Monte, que saiu ilesa das águas, que arrasaram a capela do largo das Babosas...
Mas voltemos ao Correio da Manhã por um instante, só para ganhar balanço, para a frase que aqui me trouxe agora...e tem a ver com legendas, com títulos, com as abordagens possíveis e descobertas, para o efeito, pelos jornalistas mobilizados para cobrir a situação na Madeira... 
Estamos portanto no Correio da Manhã... diz assim o título... "Catástrofe impressiona Cavaco." Cavaco Silva, obviamente, o presidente da República, que ontem visitou a ilha...   e então?... Que acham? Não acham estranho?! Digo eu,.. que o presidente da República se tenha impressionado com a catástrofe...?
Mas há melhor e mais surpreendente ainda. 
É este título do Diário de Notícias e ainda a propósito da visita de Cavaco Silva, ontem, aos locais da tragédia...
Estão sentados?...
Então lá vai!
Escreve o DN: "Cavaco Silva também molhou os pés"
Isso quer dizer o quê? Que molhou mais qualquer coisinha e também os pés? Ou que, Cavaco, como outros na ilha da Madeira, desde sábado para cá,  molhou os pés ...? 
E molhou como? Meteu o pé na poça?!...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ora aí está uma fatalidade

Citando a chamada de capa do Correio da Manhã, que fala em homicidas brasileiros sem controlo, explicando depois que se trata de cidadãos, que chegam a Portugal com visto de turista e alegadamente até para participarem em torneios de artes marciais e coisas parecidas, para acabarem cometendo crimes, que vão da extorsão ao roubo, passando muitas vezes , se for necessário, pelo homicídio...
Ora o 24 Horas puxa hoje uma outra história de crime que envolve , esta também, cidadãos brasileiros, imigrados em Portugal.
No caso, dá-se a notícia do julgamento, que corre no tribunal de Matosinhos e onde, ontem, foi chamado a depor o treinador do Sporting de Braga, Domingos Paciência. É que o treinador foi vítima de um assalto em casa, no 22 de Janeiro do ano passado.
Segundo a mulher do treinador contou no tribunal... citemos: "perguntaram-nos onde nos podiam fechar e meteram-nos na casa de banho..." Acrescentou que os filhos ficaram muito assustados, tanto mais que durante todo o assalto, um dos assaltantes (eram 3) lhes apontou uma arma, o tempo todo...
Ora, em tribunal estão 5 arguidos... diz o jornal que são suspeitos de uns 50 crimes de roubo, furto e sequestro na zona de Leça da Palmeira... 3 deles são os que assaltaram a casa do treinador do Braga... o jornal fala em suspeitos, mas acrescenta também que estes 3 arguidos já confessaram e admitiram o assalto... mais! Já o justificaram... e justificaram-no dizendo que não tinham nada que comer. Diz o 24, que asseguraram ao colectivo do tribunal de Matosinhos, que vieram para Portugal para trabalhar, mas que de repente a vida lhes trocou as voltas e ficaram, de um dia para o outro, sem dinheiro e sem comida...  ora aí está uma fatalidade,  que surpreendeu já muitas pessoas em Portugal, nos tempos mais recentes, sem que isso as leve a assaltar casas e apontar pistolas a ninguém...  Remata depois, a notícia, dizendo que no assalto à casa de Domingos Paciência o total do roubo se fixou pelos 39 mil euros...
39 mil euros, em dinheiro, mas principalmente em valores... relógios de luxo e computadores...    coisas que haverá de vender-se a alguém que não faça muitas perguntas... alargando-se assim um pouco mais o círculo , para incluir os receptadores do material roubado, bem como os caçadores de pechinchas que dispensam recibos de compra, ou certificados de origem. Porque isto, meus amigos, já minha avó me dizia: tão ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

a curiosidade mórbida

No meio da confusão e do horror, há quem aproveite para roubar – escreve o DN.
E Jardim não quer que o Governo decrete calamidade para não afectar o turismo... Acrescenta-se depois, lá dentro, que o intuito do governo regional da Madeira, segundo palavras de Alberto João Jardim, é pôr tudo bonitinho... "a nova batalha a vencer, a nova grande batalha  a vencer é pôr tudo bonitinho, pôr tudo no seu lugar, demore o tempo que demorar."
E para isso, Alberto João Jardim sabe que vai poder contar com o apoio incondicional da União Europeia... é essa a manchete do DN, aliás – União Europeia não põe limites na ajuda à Madeira.
No Público, foi-se ouvir alguns especialistas na matéria... e – citando Ricardo Ribeiro, o presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil – conclui-se que o que aconteceu na Madeira é o exemplo do que o mau planeamento urbanístico pode causar... Citam-se as construções em leito de cheia, a impermeabilização dos solos e o encanamento mal direccionado dos cursos de água.  Enfim, os suspeitos do costume. Fala-se agora em recuperar o Plano Oudinot, assim baptizado em honra ao brigadeiro Oudinot, engenheiro militar, que foi o autor do plano de construção de muralhas protectoras do Funchal, depois do temporal de 1803, que provocou centenas de mortos. 600 mortos, relembra o Correio da Manhã, que compara estas chuvadas na Madeira com o que aconteceu no continente em Novembro de 67. Aí e entre as 9 e as 10 da noite caíram 60 litros de chuva por metro quadrado, provocando centenas de mortos na Grande Lisboa... Agora, a precipitação ficou-se pelos 52 litros por metro quadrado..
O Jornal I não faz manchete com o caso, mas não deixa de o puxar para a primeira página, sendo que o desenvolvimento da notícia surge, não nas primeiras, nem nas centrais, mas algures a meio caminho...
Já os JN e DN não só fazem a capa com a notícia, como insistem em publicar na primeira página fotografias das operações de resgate, onde se vêm em destaque de primeiro plano as imagens de cadáveres, meio soterrados pelos escombros e pelo lixo... Vêem-se em ambas as fotografias de ambas as capas , as mãos das vítimas estendidas e aparecendo por sob os panos que lhes cobrem os corpos.
Agora a ironia disto tudo... A ironia disto tudo é que é justamente o JN, o mesmo JN que publica na primeira página a fotografia de um cadáver mal tapado por um trapo, estendido no meio do lixo e dos destroços... o mesmo JN que publica depois, lá dentro, uma outra foto, mais discreta esta... posso dizer que o que se vê são telhados.. ou antes, partes de um telhado, onde se ergue uma antena de televisão e onde se vê também uma criança, de chapéu de chuva aberto, e olhando não se sabe bem para onde, que a fotografia não mostra...Mas o irónico mesmo é a legenda e o título da foto. O título diz assim: "Curiosidade mórbida" e depois o texto segue assim... " a curiosidade mórbida campeia. Uma menina observa, sob a chuva miudinha que regressou, as operações de resgate de um cadáver soterrado nos escombros da própria casa, em valada de Cónegos.." Pois, realmente... que coisa tão pouco própria. Não podia esperar que saísse o JN? !...Assim via as fotografias na primeira página, sem apanhar chuva.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

a morte

E , se a verdade é que dos elefantes já se sabia, agora as formigas é que são uma novidade surpreendente. Diz o Público, que os cientistas da Universidade de Lausana concluíram e fizeram publicar já essa conclusão numa revista da especialidade...
Concluíram que as formigas, quando pressentem a morte, se afastam do grupo para irem morrer sozinhas .
Acontece o mesmo com os elefantes, já se sabia e com os cães e com os gatos, também.
Neste caso, o que se passa, é que quando a formiga se sente doente e sabe – lá à maneira das formigas – que vai morrer, afasta-se para não contaminar o resto da comunidade.
A experiência foi feita expondo formigas a um parasita mortal. Uma vez infectadas, as formigas isolavam-se esperando a morte . Horas, ou dias antes de morrer, afastavam-se do grupo.
O Público lembra que muitos agentes infecciosos têm estratagemas subtis para espalhar a doença ... por exemplo, o espirrar e tossir, mais não são que tentativas do vírus da gripe de se fazer passar de hospedeiro para hospedeiro... ou se quisermos, em linguagem bíblica... crescer e multiplicar-se... No caso deste parasita usado na experiência com as formigas, consta que ele tem a capacidade de paralisar os movimentos do animal infectado, de forma a impedi-lo de se afastar e assim passar a doença aos outros, só que, a formiga, ao pressentir a doença e antecipando essa paralisia, se afasta do grupo enquanto se consegue mexer.
E tudo o mais que se acrescente à história só serve para estragar tudo...
Porque aqui a gente divide-se entre esta maravilhosa inteligência, esta tão perfeita engenharia... o altruísmo instintivo que este comportamento revela  e depois, claro,  a beleza trágica da imagem...  de uma pequena formiga procurando um sítio tranquilo e afastado de todos para morrer sozinha...   enfim, no fundo, e em boa verdade acaba por ser isso que nos acontece a todos...   morrer sozinhos.. quer se queira ou não. A morte, cada um morre a sua.

onde é que a belga vai meter esta merda?!...

"Stairway to heaven", de Eugénio Merino, dá que falar.".. diz o DN. Dá que falar e não é pouco... 
O Estado de Israel já criticou a obra exposta na ARCO de Madrid.
Uma escultura, no caso. Esta, que aí vedes.
Cada um segura um livro sagrado, mas, diz o DN, que na fotografia não se percebe esse pormenor... mas  explica que o livro que cada um empunha não é o livro sagrado da religião a que pertence... Devem ter portanto, os livros trocados. E consta que esse é justamente o propósito da obra... mostrar , ou chamar a atenção para o facto de que estas 3 religiões, que até têm uma matriz comum, se devem unir. 

A embaixada israelita em Madrid é que tem uma leitura diferente da coisa e em comunicado oficial fez saber que valores como a liberdade – estou já a citar – "valores como a liberdade de expressão ou a liberdade artística servem, em algumas ocasiões como simples disfarce de preconceitos de estereótipos e da mera provocação pela provocação. Uma mensagem ofensiva não deixa de ser dolorosa por pretender ser uma obra artística."
Quanto a este Eugénio Merino, espanhol, madrileno de 45 anos, já é muito conhecido por usar figuras da política, da religião ou do espectáculo para criar as peças e passar o recado... de humor ácido e ironia feroz... é assim que o DN o apresenta...
Bom aqui, façamos uma breve pausa para dizer que a peça já foi entretanto comprada. Apesar da feira só abrir amanhã para o grande público, o DN diz que a peça já foi comprada por 50 mil euros, por uma coleccionadora belga, que curiosamente é judia. A feira abre amanhã para o grande público, mas ontem já abriu  para coleccionadores e convidados...
Já quanto à escultura dos 3 religiosos encavalitados uns em cima dos outros... uma visitante da feira, entrevistada pelo DN, comentou o facto de – assim de repente poderiam ser os muçulmanos a ficar indignados, já que é um muçulmano quem no chão está suportando o peso dos outros dois, mas, também aqui, a sugestão de leitura vai para o que já tínhamos visto... que esta escada para o céu pretende mostrar que , pelo menos estas 3 religiões, se deviam unir e trabalhar em conjunto, se querem chegar a algum lado... ao céu, por exemplo.
Adiante e outra peça, que indignou as autoridades israelitas, foi aquele candelabro, lá atrás,  feito a partir de uma metralhadora. Acontece que o candelabro em questão é a reprodução de um Menorah (creio que é assim que se chama ) o candelabro de 7 braços, da cabala judaica, sendo que a base é uma metralhadora.
Ora, quanto ao candelabro com pé de metralhadora o jornal não diz , mas é mais fácil perceber o que indignou o estado de Israel... já quanto à pirâmide humana, não será assim tão evidente... porque mesmo que fosse entendida como uma eventual supremacia assumida, ou presumida, ou desejada da religião judaica sobre as outras duas... pecaria por exagero e irrealismo.. mas, mesmo que fosse isso... não seria novidade por aí além... quem não se lembra das cruzadas à Terra Santa... da missionação cristã nas Áfricas e Américas... isto de querer fazer vingar a sua ideia, ou credo, ou filosofia, ou até mesmo a forma de viver sobre outros considerados, assim à distância...  (vá lá, para não ofender... ) considerados menos esclarecidos... não é novidade nem exclusivo... é, quanto muito, História.
Mas os católicos também são alvo de crítica na exposição de Eugénio Merino, na ARCO de Madrid. No caso, uma escultura onde, por entre duas mãos postas em oração, se escapam algumas notas... o jornal acha que também esta pode vir a causar alguma polémica.