E a demência.
Diz o Diário de Notícias, que a polícia de giro, ontem à noite no Bairro Alto, deu com este casal a tentar roubar um automóvel. Eram umas 2 e meia da manhã e na rua da Academia das Ciências até nem havia grande movimento. A patrulha da polícia deu então com eles. Um casal na casa dos 30 anos à volta de um automóvel que aparentemente não lhes pertencia mesmo. Acontece que o obscuro objecto do desejo deste casal não era nem o próprio carro, nem o auto rádio, ou alguma mala, ou carteira esquecida lá dentro… o alvo era uma cadeira de bebé. Dessas desenhadas para transportar as crianças em segurança durante as viagens de automóvel. Uma peça que em primeira-mão e no comércio normal custará uns 300 euros.
E para que quereria este casal a cadeirinha? Que destino lhe iria dar se não tivesse sido preso entretanto?... Para uso próprio? Quer dizer então que têm automóvel, só lhes falta é o dinheiro para a cadeirinha?… E, antes de mais até, terão para já filho, sobrinho, ou afilhado que dê uso à cadeirinha ? Ou a ideia era vendê-la no mercado negro?
Aqui chegados, saltamos o desalento do legítimo dono da cadeirinha, quando chegasse ao carro e visse o que se tinha passado. Ficaria, neste caso literalmente, com a criança nos braços… pois saltemos isso, que isso é coisa que não passa pela cabeça dos ladrões… que mais que o valor do roubo é o desrespeito, o abuso de mexer em coisas que são doutros, que lhe têm o cheiro e a história e que isso é se calhar e para muita gente bem pior que ficar sem a carteira…
Saltemos isso e fixemo-nos só no bizarro da situação. Um sujeito de ar suspeito e comprometido chega-se ao pé de mim. Pára, hesita, olha à volta e com um gesto lento leva a mão à botoeira do sobretudo. Olha-me por cima dos óculos de lentes quase negras. Entreabre o casaco discretamente e é num sussurro terrível que me lança, como uma ameaça: “queres comprar uma cadeirinha de bebé?”
Diz o Diário de Notícias, que a polícia de giro, ontem à noite no Bairro Alto, deu com este casal a tentar roubar um automóvel. Eram umas 2 e meia da manhã e na rua da Academia das Ciências até nem havia grande movimento. A patrulha da polícia deu então com eles. Um casal na casa dos 30 anos à volta de um automóvel que aparentemente não lhes pertencia mesmo. Acontece que o obscuro objecto do desejo deste casal não era nem o próprio carro, nem o auto rádio, ou alguma mala, ou carteira esquecida lá dentro… o alvo era uma cadeira de bebé. Dessas desenhadas para transportar as crianças em segurança durante as viagens de automóvel. Uma peça que em primeira-mão e no comércio normal custará uns 300 euros.
E para que quereria este casal a cadeirinha? Que destino lhe iria dar se não tivesse sido preso entretanto?... Para uso próprio? Quer dizer então que têm automóvel, só lhes falta é o dinheiro para a cadeirinha?… E, antes de mais até, terão para já filho, sobrinho, ou afilhado que dê uso à cadeirinha ? Ou a ideia era vendê-la no mercado negro?
Aqui chegados, saltamos o desalento do legítimo dono da cadeirinha, quando chegasse ao carro e visse o que se tinha passado. Ficaria, neste caso literalmente, com a criança nos braços… pois saltemos isso, que isso é coisa que não passa pela cabeça dos ladrões… que mais que o valor do roubo é o desrespeito, o abuso de mexer em coisas que são doutros, que lhe têm o cheiro e a história e que isso é se calhar e para muita gente bem pior que ficar sem a carteira…
Saltemos isso e fixemo-nos só no bizarro da situação. Um sujeito de ar suspeito e comprometido chega-se ao pé de mim. Pára, hesita, olha à volta e com um gesto lento leva a mão à botoeira do sobretudo. Olha-me por cima dos óculos de lentes quase negras. Entreabre o casaco discretamente e é num sussurro terrível que me lança, como uma ameaça: “queres comprar uma cadeirinha de bebé?”