Vem no I , com fotografia da própria e este título breve:; “Manuela fala ao PSD”.
É natural que o faça, já que , a Manuela de que se fala, é dirigente máxima do partido. Manuela Ferreira Leite, que, diz o jornal, já sente que o PSD é uma alternativa de poder (bom, enfim, disso nunca ninguém teve dúvidas, que o PSD, quase desde que a democracia foi reinstaurada em Portugal, é uma alternativa de poder, neste regime de alternância, a que nos fomos habituando… PSD, PS, de vez em quando uma coligaçãozita ao centro, ou mais descaída para a direita, ou mais a pingar para a esquerda… por aí… mas prossigamos a leitura… que é uma alternativa ao poder e prometeu (Ferreira Leite, claro) ontem, aos militantes – abrem-se aspas… “romper com todas as soluções adoptadas pelo PS em termos de política económica e social”... fecham-se as aspas , para se reabrirem já de seguida, sublinhando uma declaração ainda mais fulminante: “Vamos repudiar todas as receitas que o PS tem estado a adoptar para o país”… aqui, o jornal diz que- garantiu.
Não vai portanto sobrar pedra sobre pedra… Porque, para a líder social democrata, parece não haver nada que se aproveite, nada que mereça ser sequer readaptado à ideologia e método de trabalho do partido que dirige.
Da última vez, que ouvimos assim um discurso tão radical, não foi ainda há tanto tempo assim. Lembram-se?... Isto está muito pior do que imaginávamos… isto não vai lá senão com duas legislaturas… é que o país está … isso … Que o país estava de tanga… um descalabro, que só se resolvia em dois mandatos… Do resto, também devem estar recordados.
Outro discurso, a que também já nos habituámos, é o que – enfim, não exigindo logo à partida essa garantia de prolongamento de tempo - vai dizendo, mesmo assim, que metade da legislatura se gasta a remendar os erros herdados da anterior gestão, do anterior governo… metade do tempo a reequilibrar a barca da Nação e a estabilizá-la no rumo certo… depois, claro, se quando chega a hora da verdade, o balanço deixa a desejar… pode sempre dizer-se que foi por falta de tempo e que foi culpa das Oposições, se não se conseguiram os resultados prometidos.
Mas agora não. Porque Ferreira Leite sabe que pode contar com uma nação valente, que não se intimida, nem vira a cara aos grandes desafios, aos heróicos feitos… uma nação que vergou Adamastores, uma nação que deu ao mundo a boa esperança, onde antes rugiam tormentas… É por isso que Manuela Ferreira Leite pode prometer aos militantes que, se chegar a S. Bento pela porta grande, vestirá essa personagem de exterminadora implacável .
Há-de ser – se for – muito mais estimulante, heróico mesmo, convenhamos, do que esse outro cenário, de um país de tanga e encolhido, escondendo as vergonhas, para a Europa e o resto do Mundo não verem.