Afinal talvez não! Ou seja, pode ser que não; que se tenha enganado e que as imagens não sejam assim tão pornográficas e atentatórias do pudor, da moral e bons costumes dos foliões que, este fim de semana, vão brincar no Carnaval de Torres Vedras…
Antes, já o Ministério Público de Torres tinha dado provimento, à queixa e mandado retirar, do ecrã do Magalhães, as tais imagens alegadamente pornográficas. O Correio da Manhã publica a fotografia do computador da discórdia. E digo do computador, já que, das imagens em causa, mal se percebe o que representam. Tanto podiam ser mulheres nuas, como foi alegado, como outra coisa qualquer. Duvido mesmo que, na euforia do cortejo e à distância a que os carros alegóricos passam na rua, alguém conseguisse aperceber-se do que realmente estava impresso no ecrã do computador Magalhães. Mas adiante.
Diz o jornal, que a queixa partiu de um morador de Torres, que se queixou à Câmara que, por sua vez, levou o caso a tribunal, onde a magistrada, Cristina Anjos, parece, decidiu que, as imagens em causa, eram pornográficas e como tal deveriam ser proscritas do cortejo. O presidente da Câmara de Torres diz entretanto, que essa mesma magistrada já considera a hipótese de se ter precipitado. Diz que a magistrada se mostrou incomodada, com a polémica e que é provável que venha ainda a despachar no sentido de retirar o labéu ao Magalhães e considerar que as imagens não são afinal pornográficas. A verdade é que – e citamos de novo o presidente da Câmara de Torres… a verdade é que o corpo de delito, ou seja, a queixa foi acompanhada por fotos – e estamos já em plena citação… foi acompanhada por fotos desfocadas, que terão enganado a magistrada, levando-a a pensar que eram imagens pornográficas. Ora, pelo que acaba de ser dito, temos que esta magistrada terá olhado para umas fotografias desfocadas, de umas mulheres alegadamente nuas e concluiu que estava perante um portfolio pornográfico, que deveria ser banido da festa de todos os excessos. Que o Carnaval é isso mesmo. Desde sempre, por tradição e sina.
Já agora e curiosamente, do desfile consta também uma efígie gigante, de Cristiano Ronaldo, vestido à futebolista e sentado, de perna aberta, em cima de uma merda qualquer. Por uma das pernas dos calções, bem visível aos olhos de todos os foliões e folionas de Torres Vedras, aparece um garboso testículo do campeão. Quanto a isso não consta que tenha havido queixas. A Comissão de Festas agradece, que sempre foi mais fácil, lavar a cara ao Magalhães, do que seria cortar os tomates ao Ronaldo!...
E agora salto para as páginas do Jornal de Notícias, onde o casamento homossexual continua a ser notícia, mas agora por causa de uma espécie de sessão de esclarecimento, ou antes, de um debate que aconteceu ontem no Instituto de Malaguês – Malaguês é o nome de uma freguesia de Coimbra.
O mote do debate – justiça lhes seja feita – partiu de uma iniciativa do próprio JN, em conjunto com a Câmara Municipal da Maia e mais um mecenas, no caso o El Corte Inglês. E a iniciativa chama-se, já agora: “Entre Palavras – Fórum da Leitura e do debate de Ideias”.
E foi o que aconteceu… o debate de ideias. De um lado, os que apoiam a ideia dos casamentos homossexuais, em nome do livre arbítrio e da liberdade individual de cada um e da igualdade de direitos… Do outro, os defensores do “não”. Diz o JN, que os adeptos do “não” se mostraram preocupados, com a quebra da natalidade e a eventual e consequente extinção da humanidade.
Ora bem, vamos lá a ver se a gente se entende! O argumento exposto assim desta maneira faz quase todo o sentido, para além de ser vagamente assustador, ao anunciar, de forma tão violenta, o fim do mundo. É bem verdade, que dois homens, por mais que tentem e à luz da ciência actual, não podem gerar descendência… mesmo isto, já vimos que não é bem verdade, que ainda não há muito tempo, um homem engravidou e achou tanta graça, que até consta que quer repetir a experiência. Também no caso das mulheres, a menos que se exclua a inseminação artificial, não é fácil uma mulher engravidar, sem a ajuda de um parceiro macho… Mas, para o caso, isso também não interessa nada. O que talvez fosse boa ideia lembrar a estes jovens alunos é que, não há razão nenhuma directa, ou evidente, para os casais heterossexuais deixarem de ter filhos, só porque os homossexuais resolveram começar a casar-se todos entre eles… Só se for por uma qualquer espécie de pirraça, ou então, mais correcto ainda se calhar, por uma questão de solidariedade… Vocês não conseguem ter filhos, então nós também não os fazemos. Estamos convosco, pá!
Quanto aos alunos, que participaram neste debate, andam no 8º e 9º ano… São miúdos dos seus 13… 14 anitos, por aí... Estão numa óptima idade, para aprenderem estas coisas.