sexta-feira, 3 de abril de 2009

acordão,ou acordeão?...

Vem no Público e é de página inteira, a noticia de que Jorge Silva Melo quer voltar ao Bairro Alto, com os Artistas Unidos e que a Companhia acaba de vencer o processo contra a Câmara de Lisboa, com a ajuda de António Pinto Ribeiro, o actual ministro da Cultura, que foi também quem, na qualidade de advogado, avançou com a acção para Tribunal, nesses idos de 2002, quando Santana Lopes ordenou o despejo da Companhia, do edifício do Bairro Alto, onde em tempos foi a sede do jornal a Capital... E ponto final, que o parágrafo já vai longo.

Vamos aos factos. O Supremo Tribunal Administrativo anulou o despacho do, então presidente da Câmara, Santana Lopes, que, em 2002 despejou os Artistas Unidos, por falta de segurança no edifício em causa. Agora a Câmara não tem recurso, senão obedecer ao que o Tribunal acaba de decidir. Ou não. A lei permite ainda, que a Câmara de Lisboa tente a anulação do acórdão do Supremo. Até lá, Jorge Silva Melo espera que lhe sejam devolvidas as chaves do edifício, para reocupar o espaço, com armas e bagagens.

Mas regressemos ao acórdão do Supremo.

Os juízes não contestaram o relatório dos bombeiros, redigido em 2002, na sequência das vistorias ao prédio. Dizia o relatório, que o interior do edifício era um autêntico labirinto, pejado de objectos e lixos diversos… que o próprio edifício estava já em avançado estado de degradação e a pedir obras urgentes… que a instalação eléctrica era de uma total improvisação… que haviam também 13 botijas de gás espalhadas pelo espaço, alimentando aquecedores e pelo meio de materiais inflamáveis que configuravam um sério risco de incêndio… e depois os esgotos de uma insalubridade grave… isto escreveram os bombeiros e o Supremo não contestou nem uma vírgula ao parecer técnico. Quanto às obras, que se exigiam urgentes… como se sabe, nunca chegaram a arrancar. Diz o jornal que não há notícia de tenham sido feitas. É melhor dizer assim, que é mais seguro. Seja como for, a Câmara tem agora 10 dias para devolver as chaves e o espaço aos Artistas Unidos.

Mas regressemos ao acórdão e agora é que é…

Dizem os juízes do Supremo que Santana Lopes fez o que devia fazer, tendo em conta a informação disponível. Ou seja, despejou a Companhia e interditou o edifício até serem tomadas medidas urgentes. Mas dá razão também a António Pinto Ribeiro, actual ministro da Cultura e ex advogado dos Artistas Unidos, que sublinha este pormenor decisivo… que Santana Lopes ter-se-á esquecido, no despacho que exarou na altura, de referir, ao abrigo de que regime jurídico o fez!

Diz o Público, citando o acórdão do Supremo, que, tratando-se de um despejo, um acto agressivo, como lhe chamam, incumbe à Administração invocar e demonstrar a base legal da sua actuação. E este pormenor parece que muda tudo, porque – e voltamos ao discurso directo – “fica-se sem saber em que preceito, ou disciplina jurídica, ou quadro normativo se ancorou a autarquia para optar pelo despejo”. Aqui, permitam-me a blague idiota… talvez tenha sido mesmo no próprio quadro da luz! Desculpem…

Mas fixemo-nos no essencial.

E no essencial a conclusão é que, há sim senhor algum benefício nesse insólito casamento… falo do casamento da burocracia com o politicamente correcto… é que só se estraga um casa.

passem a pasta aos droguistas, pá!

Ora, já vimos que a matéria faz manchete na capa do Jornal de Notícias – Ministra, da Saúde, subentenda-se, não aceita troca por genéricos nas farmácias…

A citação completa: “Temos de analisar os instrumentos para cumprir a lei. A crise não é razão para a medida da Associação Nacional de Farmácias e o Ministério da Saúde poderá intervir” – fim de citação.

Mas saltemos para a página do Público, onde a matéria é também desenvolvida e aqui sublinhando alguns dos argumentos, apresentados pela classe médica, no caso, pela voz do bastonário da Ordem. Diz então Pedro Nunes, em defesa dos medicamentos de marca, ou melhor talvez, em rejeição a esse anunciado livre arbítrio, de escolha entre genéricos e fármacos de marca… Enfim, a questão, que o jornal colocou foi, porque razão é que os médicos fazem tanto finca pé na proibição da substituição das receitas?... Ora então, segue a explicação do bastonário, Pedro Nunes, da Ordem do Médicos. Porque os riscos são enormes. A ver e citemos: “perde-se a farmacovigilância” – o clínico explica: “não percebemos o que o doente tomou, ou se teve problemas…”

Ora bem, não percebemos, se não quisermos perceber. Se não perguntarmos, se nos demitirmos desse acompanhamento e vigilância. Nesta matéria, não parece que faça grande diferença, se o doente tomou um medicamento de marca, ou bebeu lixívia, por engano.

Segue depois, Pedro Nunes, em defesa da sua dama – neste caso, a saúde pública, obviamente.

Diz então o bastonário que, como os doentes vêem medicamentos de cores diferentes, corre-se o risco de que tomem doses em excesso. Aqui, o médico garante que já houve mesmo mortes por causa disso. E aqui… ficamos na mesma! Que diferença relevante poderá haver, entre os genéricos e os outros?!... E isso das cores variadas e garridas… se fossem todos cinzentos não se prestariam ainda a confusões maiores?! E em verdade e bom rigor, o que tem a ver a cor das drogas com a sobre dosagem?... Estaremos nós a pensar num público consumidor de crianças, que se deslumbram com coisinhas coloridas e as levam à boca, a pensar que tudo o que luz é guloseima para comer?... Ou não?... A dúvida será, que o mesmo medicamento, sendo genérico pode ter uma cor diferente do de marca, a que o paciente estaria eventualmente já habituado?... Então e se o médico resolver, ou entender em função da evolução da doença, mudar de fármaco, ou até mesmo de laboratório?!... Será que o doente lhe vai pedir, doutor, por favor, deixe-me ficar com os comprimidos antigos… É que não tenho nada para vestir com estes novos que me receitou.

A questão seguinte, que o jornal colocou ao bastonário, foi a de saber porque é que os médicos não receitam mais genéricos. Diz Pedro Nunes, que os médicos têm tendência a receitar os medicamentos que conhecem e dos laboratórios que lhes dão determinadas garantias. A molécula pode ser a mesma – continua Pedro Nunes – mas os medicamentos são diferentes uns dos outros. Por exemplo, os excipientes divergem, o que pode fazer com que a resposta a cada momento não seja igual…

Ora aí está, o tipo de informação que costuma vir bastante bem desenvolvida, nas literaturas inclusas das embalagens. O tipo de informação, que está em prosa ainda mais composta, nos Simposiums Farmacêuticos, não sei se ainda se chama assim, aqueles livros de lombada gorda, onde vem tudo o que há para saber sobre drogas farmacêuticas disponíveis no mercado. Se ainda não inclui os genéricos, é actualizar o livrito.

Diz Pedro Nunes, que os médicos têm tendência a receitar os medicamentos que já conhecem e de laboratórios que lhes merecem confiança… aliás, o bastonário fala em laboratórios que lhes dão determinadas garantias…

Mas prefiro a imagem de laboratórios que merecem mais confiança. Soa melhor, e não sei porquê.

o Quiosque da Maria Pandilha

E deixem que invoque esta passagem do filme de Kusturika, “o gato branco, gato preto”, ou vice-versa, que nunca consegui fixar o nome do filme. Mas para o que importa, diz assim lá pelo meio, a personagem daquele traficante meio alucinado e que é mais ou menos isto: o que não se consegue resolver com dinheiro, resolve-se com muuuuito dinheiro.

E pronto, a cimeira do G20, em Londres, está concluída e a crise parece que sob controlo. A crise e os seus mais directos suspeitos. Pelo menos, e segundo a manchete do Público, os líderes chegaram a acordo e acreditam no fim da crise mundial.

Em chamada de capa ainda no Público, Eduardo Cabrita, secretário de Estado da tutela, vai a Alpiarça reinaugurar um lavadouro municipal. Porque a real inauguração já foi há mais de 70 anos. Esteve depois fechado durante 3 décadas e reabre agora com novas funções, como a de galeria de arte e artesanato e espaço cibernético, poderia chamar-se-lhe uma espécie de ciber café, não fosse tratar-se de um lavadouro de roupa. Dos iniciais 12 tanques, ficaram 4 para evocar a memória do antigo lavadouro.

Na primeira do Jornal de Notícias e a toda a largura do cabeçalho, Ana Jorge, a ministra da Saúde, recusa-se a aceitar a troca de medicamentos de marca por genéricos, nos balcões das farmácias. Uma guerra que ainda agora vai no adro e que hoje revela mais um ou dois argumentos curiosos defendidos pela classe médica. Lá iremos...

O destaque vai entretanto para a economia doméstica. E diz assim: Prestação da casa nunca baixou tanto. Isto porque o Banco Central Europeu reduziu a taxa para 1,25% e antecipa nova descida para o mês que vem. A simulação, a que o jornal se dedicou, aponta para casos de menos 300 euros, na mensalidade das prestações.

É o que se diz também na primeira do Correio da Manhã. Mas aí a manchete vai para os estagiários da GNR. Outras contas.

Diz o Correio, que os estagiários não têm dinheiro, que no fim do mês, muitos deles já andam a sandes, que há dois subsídios em falta e que este mês é que o comando da Guarda vai começar a pagar a dívida, que se arrasta desde Setembro.

Na capa do DN a guerra é outra e divide opiniões até mesmo entre as fileiras do próprio Ministério Público. Diz a manchete do DN, que o Ministério Público está dividido sobre ouvir ou não, José Sócrates no âmbito do caso Freeport, seja como arguido, seja como testemunha.

È também a capa do 24 horas. O caso Freeport. Diz o jornal que há um documento oficial que afirma que, Lopes da Mota, procurador geral adjunto, está “pouco determinado em fazer avançar o caso”… esta última frase vem entre aspas, o que indica que é assim mesmo que está escrito no tal documento oficial que o jornal refere. O documento foi redigido e trás a chancela do Serious Fraud Office, o Gabinete britânico das fraudes sérias, ou, melhor dito, das fraudes a sério.

Já agora e ainda no contexto deste mesmo caso, regresso rapidamente ao DN. O jornal, ou antes, um colunista do DN foi chamado a tribunal, para se explicar melhor. A queixa foi apresentada pelo 1º ministro e porquê? Porque o colunista escreveu que ouvir Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte da Cicciolina… Foi isto que terá ofendido o primeiro ministro… E a verdade é que a falta de rigor é lamentável. Nada garante que uma mulher, mesmo actriz pornográfica, não possa ser uma feroz defensora da monogamia!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

esclarecimento e lembrete

na mensagem abaixo faz-se uma referência temporal que vos pode parecer estranha a uma primeira leitura e se calhar mesmo até a uma segunda ou terceira. o que se passa é que refiro aqui uns assuntos de que alegadamente falei também aqui ontem. se procurardes no dia de ontem havereis de reparar que tais assuntos não estão lá. o que não quer dizer nada. se digo que falei disso ontem é porque falei, vocês é que não ouviram.
ficamos entendidos?
bom.

o quiosque da Maria Pandilha

Um filme dentro de um filme, ou a crise dentro da crise, dizem os económicos, o Diário Económico, por exemplo, que em Londres, os líderes do G20 estão condenados a entenderem-se, diz o Jornal de Negócios, que no G20 não há acordo quanto às prioridades, no combate à crise. E diz o Diário de Notícias que hoje é que é – hoje as discussões vão ser a ferro e fogo.

Ontem, como a fotografia do DN ilustra, aliás …ontem foi dia de sorrisos e troca de prendas e jantar de gala e da fotografia de grupo, com a rainha de Inglaterra ao centro, com Gordon Brown à direita e Lula da Silva à esquerda. A mesma fotografia ilustra a capa do Jornal de Notícias. A fotografia de uma cimeira sem sintonia – “Foto de família do G20 não disfarça visões diferentes”, diz o título… enfim, a verdade é que pela fotografia, só pela fotografia não chegávamos lá… pelos sorrisos e pela bonomia da pose de todos os fotografados, nunca lá chegaríamos…

Nas ruas, já se sabe, os manifestantes punham entretanto Londres num pandemónio. “G20 reúne com violência na rua” – é a manchete no Correio da Manhã – os confrontos entre os manifestantes e a policia já causaram um morto, mas consta que a vítima morreu de ataque cardíaco.

Mas ele há mais mundo, apesar de tudo e a manchete do Correio da Manhã diz que o Governo português está envolvido nas alegadas pressões exercidas sobre os investigadores do caso Freeport… Há um magistrado do PS apontado como intermediário do Governo no processo, terá havido ameaças à carreira dos investigadores do caso e o sindicato dos magistrados insiste em levar este assunto ao presidente da República. É assim que o Correio faz o ponto da situação.

Na capa do JN reitera-se a intenção do sindicato do Ministério Público de levar o caso à apreciação de Cavaco Silva e dá-se já como certo e seguro que os procuradores terão confirmado a existência de pressões no caso Freeport.

Outra guerra em aberto é a dos medicamentos e da recente intenção da Associação Nacional de Farmácias, de possibilitar ao doente a escolha entre genéricos e medicamentos de marca. Enfim, a notícia vem de ontem, ainda deve estar fresca na vossa memória. O dado mais recente é que os médicos prometem denunciar o crime se houver de facto troca. Os médicos acham que a solução para o problema – e o problema resume-se, no fundo, no preço demasiado elevado dos medicamentos… pois para os médicos, esse problema resolvia-se se as farmácias baixassem um pouco as margens de lucro. Já ontem também ouvíamos quem dissesse, que o que está aqui em causa é que a Associação Nacional de Farmácias quer atrair clientes, para os medicamentos genéricos que ela própria fabrica e comercializa… e aqui chegados, parece que não era completamente gratuita aquela dúvida que ontem aqui levantámos--- será mesmo só o atentado à saúde pública, o que preocupa e indigna os médicos e farmacêuticos , nesta matéria?...

Quanto ao resto… é muito provável que tenham razão os médicos… se as farmácias baixassem um pouco as margens de lucro, a vida poderia tornar-se mais fácil para muita gente… e quem diz as farmácias diz uma quantidade razoável de bens e serviços… as consultas médicas incluídas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

o dia de todas as mentiras

“Todos os anos e sobretudo quando o tempo se torna mais quente, milhares de africanos embarcam numa tentativa arriscada de imigrar para a Europa. Vão sobretudo para a ilha de Lampedusa, em Itália, onde depois procuram asilo ou o estatuto de refugiado”.

É assim que começa o texto anexo à notícia principal, nas páginas do Público. E a notícia principal dá conta das centenas de africanos, que naufragaram este fim de semana a caminho do sonho europeu. Salvaram-se 23 pessoas, mas há muitas ainda à deriva no mar. A Líbia confirmou o naufrágio de pelo menos um barco, com 247 pessoas a caminho de Itália, 200 pessoas são dadas como desaparecidas, ao largo da costa Líbia. A Organização Internacional para as Migrações anunciou entretanto que, desde este fim de semana, ter-se-ão registado 3 naufrágios. Nos últimos 3 dias saíram da Líbia vários barcos com imigrantes ilegais a bordo. Em direcção a Lampesuda, a ilha que tem servido de porta de entrada para a maior parte destes imigrantes. Um porta-voz da Organização até já disse que começou a época do tráfego de imigração.

O mau tempo foi um dos responsáveis pelos naufrágios, juntamente com o já tradicional sobrelotamento das embarcações. Ontem o tempo melhorou e as buscas foram retomadas para encontrar os corpos dos náufragos. O Ministério líbio do Interior diz que deverão prolongar-se pelo menos até amanhã. Dos 23 náufragos já resgatados, 17 foram internados em estado grave e os restantes transferidos para um centro de detenção, na Líbia.

O ministro italiano do Interior já disse entretanto que, a partir de 14 de Maio, acaba-se com a imigração clandestina. Assim mesmo. Roberto Maroni lembra que a partir dessa data entram em acção as patrulhas coordenadas pela Itália e pela Líbia, para vigiar as costas e as águas do mediterrâneo entre os dois países. Já o porta-voz da Organização da ONU para as Migrações alerta para os efeitos perversos desse tipo de controlo… Perversos, porque levam à procura de rotas mais perigosas.

Há ainda a notícia de um outro barco, que levava 350 pessoas e que estava prestes a afundar-se, junto a uma plataforma petrolífera ao largo da Líbia. Foi interceptado pela guarda costeira. Os passageiros foram todos resgatados com vida e levados para terra, para o porto de Tripoli, para posterior repatriamento para as terras de origem.

E eles vêem um pouco de todo o lado. Entre os cadáveres recolhidos no mar mediterrâneo, 10 eram egípcios, dos outros desconhece-se ainda a nacionalidade, mas sabe-se que costumam vir da Etiópia, Somália, Nigéria, Argélia, Marrocos, Tunísia, ou até mesmo da Palestina…

O que se sabe, ou pelo menos desconfia fortemente é que, apesar da entrada do texto com que começámos… lembram-se? “Todos os anos, sobretudo quando o tempo se torna mais quente, milhares de africanos embarcam numa tentativa arriscada de imigrar para a Europa…” pois apesar disso, não será decerto a procura de um brisa mais fresca , o que faz estas pessoas arriscar a vida nestas aventuras de sucesso mais que duvidoso.

Como disse António Guterres, a propósito e enquanto alto comissário da ONU para os Refugiados… “Este incidente é o último exemplo trágico de um fenómeno global na qual as pessoas desesperadas tomam medidas desesperadas para escapar aos conflitos, às perseguições e à pobreza em busca de uma vida melhor.”

E acontece que, à excepção do Jornal de Notícias, mais nenhum dá a esta notícia destaque de primeira página. No Público, por exemplo, é a cimeira do G 20, que faz a manchete do dia. Melhor, a chegada de Barak Obama a Londres para a cimeira do G20 e diz a legenda que a cimeira foi convocada para resolver a crise e que Barak Obama joga, a partir de hoje, a liderança da América no mundo.

Ora, se o desafio é colocado a este nível, talvez seja mais urgente encontrar uma resposta eficiente e digna, para o problema destes imigrantes… Uma resposta que não se esgote num policiamento minucioso das fronteiras e no repatriamento dessas pessoas à miséria e inferno de onde vieram. Assunto mais sério, pelo menos, do que equilibrar a balança de pagamentos dos países mais ricos.

É que, isto de ser o melhor do mundo, é verdade que será mais fácil do que ser apenas bom, mas sempre acarreta uma certa responsabilidadezinha, apesar de tudo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

olha o que eu descobri !...

crime?!... - disse ele.

crime?!... - disse ele.

Duas breves, que resgato do Correio da Manhã.

A primeira dá conta da emoção profunda de Bento 16. O papa Bento 16 recordou ontem a emoção profunda, que sentiu durante a recente visita aos Camarões e Angola – diz o Correio – mostrando-se impressionado, conclui, “impressionado com a felicidade na cara das pessoas.”

A outra diz respeito ao bisneto do Mahatma Gandhi.

Varun pertence ao partido nacionalista hindu e acaba de ser preso, por incitamento ao ódio contra os muçulmanos. Foi durante um comício, que Varun, o bisneto de Gandhi, terá comparado um rival político muçulmano a Bin Laden e ameaçou cortar o pescoço a todos os muçulmanos.

É ainda no Correio, que se fala deste israelita, que tem 32 mulheres e talvez uns 180 filhos, espalhados por todo o estado de Israel.

As autoridades não podem fazer nada, apesar da indignação da maior parte dos vizinhos deste “Messias” israelita. É assim que lhe chama o jornal e consta que é também assim, que o vêem as 32 mulheres.

Elas vivem em casas separadas, num dos bairros mais pobres de Telavive e, perante a lei, são consideradas mães solteiras. Estão sujeitas a regras rígidas de comportamento; não podem falar com homens nenhuns, nem sequer os da família, não podem comer carne, nem beber bebidas alcoólicas, nem fumar… vestem-se de forma discreta e trazem tatuado no corpo… este pormenor é curioso – trazem tatuado no corpo o nome do marido. Todas garantem que vivem como querem e houve já quem jurasse que se matava, se alguma coisa acontecesse ao marido, ou se ele a abandonasse.

Esta outra é história também no Correio e nos outros quase todos.

Vamos então ao 24 Horas, onde ela se cruza com outra idêntica no conteúdo… Idêntica ao caso Joseph Fritzl.

Primeiro, o Fritzl italiano, o homem que foi detido na sexta feira, acusado de abusar sexualmente da filha, durante 25 anos e incentivar o filho a fazer o mesmo… Pois o advogado diz que vai pedir uma avaliação psiquiátrica do arguido e exige que seja libertado de imediato. Os nomes, tanto do acusado como do filho, não foram ainda revelados, diz o 24.

E o Fritzl colombiano. E esta é uma história nova.

Os abusos prolongaram-se durante 20 anos, neste caso. O homem, hoje com 59 anos, terá engravidado 11 vezes a filha, com quem tinha relações sexuais desde que ela tinha 9 anos de idade. Dessas relações nasceram 8 crianças. O caso foi descoberto porque a vítima terá fugido de casa e apresentado queixa à polícia, que o pai estava já a lançar olhares suspeitos também às próprias netas.

Quanto ao alegado criminoso, defendeu-se explicando que, entre ele e a filha, havia uma espécie de acordo. Citando: “nós concordámos em manter um relacionamento romântico porque realmente nos amávamos”. Quanto às acusações de abuso sexual e incesto… recusa e rejeita todas, com este argumento fulminante: não se pode falar em violação e incesto, porque a filha não é filha dele, ou seja, não é filha biológica. A criança foi adoptada e que por isso, no entender dele, não há crime.

Seja como for, na terra todos lhe chamam já o Monstro de Mariquita – Mariquita é o nome da terra e consta que, não fosse a protecção do exército, o homem tinha sido linchado pelo povo de Mariquita, quando a história se tornou pública.

Agora o essencial e surpreendente nesta história é de facto o argumento apresentado… se a criança é adoptada, não se pode falar em crime, diz ele.

E aqui, a história, a notícia, a polémica, enfim o que se passa é que vem em todos os jornais, a vaga de fundo levantada pelas declarações do bispo de Viseu, quanto ao uso de preservativos.

D. Ilídio Leandro disse que ele é uma obrigação moral para os doentes com Sida.

Em Viseu, ontem, diz o DN que foi preciso esperar pelo fim da missa, para ouvir o padre da sé catedral de Viseu dizer que, em relação às afirmações do bispo – que, cada pessoa deve fazer a interiorização acerca do preservativo e ainda que, os jornalistas dizem muita coisa, mas nem a tudo se deve dar atenção… e até aqui ainda iríamos, só que, passemos a questão da interiorização … não foram os relatos dos jornalistas, o que fez estremecer alguns alicerces da Igreja. É verdade que, quando a France Presse divulgou a informação para o mundo, logo jornais do Brasil, Austrália, Turquia, por exemplo, fizeram eco das declarações do bispo de Viseu. Também chegaram ao Vaticano, mas aqui o tema vai ainda ser analisado. Para já sabe-se que a posição oficial do Vaticano é a de que as palavras de D. Ilídio Leandro são delicadas.

Também o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, prefere, por enquanto, não comentar o assunto. Diz que o fará, lá para fins de Abril, quando os bispos se reunirem em Conferência Episcopal, mas já foi adiantando, contudo, que a Igreja não adapta a verdade ao sabor das circunstâncias. Disse também que, como exemplo – e aqui o melhor é ser fiel à citação que o DN publica… diz o cardeal que “pensar que é amor por pessoas concretas em circunstâncias precisas, alterar ou relativizar a verdade, é ser infiel à sua missão”. Foi claro?... Espero piamente que sim.

Outras citações, trazidas à colação pelo DN, são as de D. Manuel Clemente, o bispo do Porto, que defende que a grande solução para o problema da sida, como para outro tipo de problemas, tem de ser comportamental e que não se podem confundir expedientes com soluções. Aqui, dizem os jornais que o bispo do Porto se terá colocado algures ali entre a posição oficial da Santa Sé e as declarações do bispo de Viseu.

Agora, quanto ao bispo de Viseu, ele próprio… consta que ontem em Viseu, à saída da missa, muitos consideraram que as afirmações do bispo Ilídio Leandro foram corajosas e aumentaram mesmo o respeito que a cidade já tinha por ele. O jornal cita, a propósito, um ancião, que à saída da missa terá dito que as palavras do bispo foram sensatas e que os jornais mais não fizeram que lhe ampliar a voz.

E de saída duas questões…

Porque não segue a Igreja o conselho de Bento 16, em relação a esta matéria?!... Não aconselha o papa a abstinência, como solução para o problema e para a polémica?... Ora, se a Igreja se mantivesse em abstinência, quanto a este assunto… o problema, resolver-se talvez não, mas a polémica morria no adro, sem dar tempo ao diabo, de esfregar o olho.

A outra questão é… que terá a Igreja, que de tal forma preserva a vida e o direito à vida… que terá ela a dizer, deste espanhol transexual, que, por obra e graça da Ciência moderna, engravidou e está à espera de gémeos?...

Chama-se Ruben e diz que, mal os filhos nasçam, vai a correr terminar os tratamentos e fazer a operação que lhe falta para ser homem. Que aqui a história é ainda mais complexa e apesar da notícia falar num homem que vai ser mãe, o que acontece é que a personagem em causa nasceu mulher, mas sempre se sentiu homem.

Agora vai mudar de sexo e depois de ser mãe, quer ser operado para … ser pai?!...