Vem no JN e ocupa uma página inteira.
Logo no canto superior esquerdo da página , em letra miudinha, a abreviatura explica que se trata de uma página de publicidade. Pelo menos o jornal entendeu-a como tal e como tal se deve ter feito pagar também… Sendo que a prosa surge em tom e formato de Comunicado… Um comunicado – no caso – da Câmara Municipal da Maia, subscrito p'lo próprio presidente, António Bragança Fernandes. Aliás, é assim mesmo que a prosa começa: “António Bragança Fernandes , por si e na qualidade de presidente da Câmara da Maia vem, em face das recentes notícias publicadas a propósito de uma diligência judicial, prestar os seguintes esclarecimentos…”
E eles aí estão. 1º que está em curso uma investigação judicial que radica numa denúncia anónima apresentada em 2008… e aqui, a palavra “anónima” surge escrita em corpo mais negro para sobressair… este procedimento há-de repetir-se ao longo do comunicado
Ponto 2… que no âmbito desse processo foram realizadas buscas domiciliárias aos diversos visados na referida denúncia anónima e no edifício da Câmara, e não apenas nos domicílios do presidente e do vice presidente
No 3º ponto, volta a sublinhar-se que os factos foram denunciados anonimamente e que – " no fito de os esclarecer foram recolhidos diversos documentos e dossiers relacionados com a actividade municipal e residualmente elementos bancários (residualmente – um advérbio que é reforçado logo a seguir, afirmando-se que – "esses elementos são aliás periféricos, relativos ao conteúdo da investigação."
No ponto 4º, garante-se que as buscas "decorreram com serenidade e contaram com toda a colaboração dos intervenientes." Termina o comunicado, sublinhando a negro o facto de nenhum dos visados ter sido constituído arguido.
Seguem-se depois as despedidas… "aguarda-se o decurso das investigações acreditando que o desenvolvimento do processo e as instituições envolvidas possam definitivamente contribuir para o esclarecimento dos factos. 14 de Dezembro de 2009, António Bragança Fernandes."
E é isto… em anúncio de página inteira, para quem ainda não sabia ficar agora a saber, que o presidente da Câmara da Maia, mais o vice presidente e mais uns quantos visados diversos estão sob investigação judicial, após uma denúncia anónima de factos que, denunciados anonimamente, anónimos também ficam, depois da leitura deste comunicado… não têm nome, para além da designação genérica de Factos…
Porque de facto, o que parece preocupar mesmo o autor deste comunicado é que se fique a saber que a denúncia foi anónima, que a investigação a elementos bancários foi residual e periférica, que o presidente não está sozinho neste caso e que, finalmente, após as buscas ao edifício da Câmara e às residências dos diversos visados, não há arguidos pronunciados no processo em curso.
Fica entregue.