sexta-feira, 6 de março de 2009

sexo droga e rock 'n' roll

No Correio da Manhã, o título quase que induz em erro. “Fátima salva dinheiro depositado no BPP”. Temos milagre?!... Não consta. O dinheiro, de que se fala, é de economias próprias do santuário mariano de Fátima.

Ficamos, portanto, a saber que o Santuário de Fátima tinha conta no Banco Privado Português, o que se dizia só gerir as chamadas “grandes fortunas”. Não consta que fosse dinheiro aplicado em produtos financeiros de alto risco, mas antes numa conta normal. Daí, o ter podido salvá-lo, como escreve o Correio - “Fátima salva dinheiro depositado no BPP”. “O Santuário tinha conta de 5 milhões de euros no banco de João Rendeiro”, continua o sub título… tinha, “mas mudou-o para a Caixa Geral de Depósitos”. Que isto, meus irmãos, às escondidas de deus o diabo tece-as.


E temos aqui duas pequenas histórias curiosas. A primeira vem no Público e diz que a vila de Coruche tenta captar novos habitantes, pela proximidade do novo aeroporto.

O lema da campanha é “Coruche Inspira” e pretende promover, esse que é o maior município ribatejano, o município de Coruche, com mais de mil quilómetros quadrados.

Já para o ano, a Câmara de Coruche vai organizar alguns eventos para atrair os visitantes e, quem sabe, cativá-los e convencê-los a tornarem-se residentes no concelho. Tudo para provar que a vila e o concelho de Coruche são uma óptima escolha e alternativa de residência a Lisboa.

Agora, o curioso de que vos falava tem a ver com esta ideia expressa logo no título… se bem se lembram, dizia-se que “Coruche tenta captar novos habitantes pela proximidade do futuro aeroporto”. É bem verdade que há gostos para tudo! A partir daí, pode admitir-se que haja quem goste… quem goste mesmo muito… aliás, quem faça disso mesmo factor determinante da escolha… o viver ao pé de um aeroporto, com aviões a aterrar e a levantar a toda a hora e a passar por cima dos nossos telhados, fazendo tremer os vidros da janela às 6 da manhã, por exemplo... Provavelmente, aliciante maior só mesmo ir viver ao pé de uma cimenteira, ou uma oficina de bate chapas…


E agora o JN. O Jornal de Notícias diz que a sexóloga Marta Crawford está de regresso aos ecrãs de televisão, a fazer aquilo para que estudou… ou seja… para falar de sexo.

A estreia da sexóloga na televisão deu-se através da TVI e chamava-se, o programa na altura, “ABSexo”. Como o nome sugeria, era um programa em que, alegadamente, se falava, debatia e esclarecia dúvidas e questões consideradas como uma espécie de ABC, ou B, A, Ba do sexo e da sexologia. Desta vez é no novo canal da estação de Queluz de baixo, a TVI 24 – canal de informação. Quanto ao programa da sexóloga Marta Crawford … um programa de sexologia, coisa com uma intenção alegadamente pedagógica... (que não se imagina uma sexóloga a animar um programa de variedades, ou um qualquer divertimento erótico, ou mesmo soft core. Não que seja proibido, mas não seria necessário ir contratar um sexólogo para conduzir um programa desse teor e conteúdo… mas já nos estamos a desviar do assunto.) O programa da sexóloga Marta Crawford arranca hoje, ao princípio da madrugada, no tal canal da TVI e diz que se propõe responder a todas as dúvidas dos telespectadores. Coisa para derrubar tabus e arejar todos os falsos pudores. Enfim, à uma da manhã, não é tarde nem é cedo, é o que se arranja. Mas, catita, na mesma.

Agora, o nome escolhido para o programa. Pois vai chamar-se, ou chama-se, “Aqui há Sexo”. Assim mesmo. Se não fosse, sabermos do que se está a falar e se alguém maldosamente acrescentasse a esse anúncio qualquer coisa como “Aqui há Sexo - e agora com novas bailarinas acabadas de chegar de um país exótico”, ninguém estranhava.


E vem no Público, que a indústria pede corte de acesso à Internet, a quem piratear ficheiros. A verdade é que o alerta inclui a descarga de ficheiros de outras coisas que não só música, mas é de música que se vai falar hoje, no debate que terá lugar na Universidade Nova de Lisboa e subordinado ao tema – como se diz – “A Indústria da Música em Portugal”. O jornal cita as afirmações de um industrial do sector, no caso o músico Tó Zè Brito, que diz que as indústrias culturais não vão sobreviver, se não se tomar essa atitude – de que se fala no título, a de cortar o acesso à Internet aos utilizadores, que coloquem, ou descarreguem da Net ficheiros de música, vídeo, ou de livros, de forma ilegal e não autorizada. Lembra o produtor Tó Zé Brito que, Portugal já tem um quadro legislativo que proíbe os downloads ilegais, mas que não há aplicação no terreno, dessas mesmas leis.

Parece que a maior preocupação são os uploads, que são aos milhares. Para estes casos, Tó Zé Brito defende uma punição exemplar. Já no caso dos downloads, acha que o castigo deve ser proporcional ao número de ficheiros descarregados pelo infractor. Do número de ficheiros e da frequência ou intensidade – como lhe chama… a intensidade da actividade criminosa.

Tudo em nome e defesa dos direitos de autor. Convém que se explique, se ainda o não adivinharam.

Dá-se entretanto o exemplo de outros países da Europa, onde naturalmente o mesmo problema se põe… Inglaterra já ponderou medida idêntica a esta de que se fala agora, mas decidiu adiar a decisão para Outubro, quando se fizer a tal conferencia mundial sobre negócios criativos. Também a Nova Zelândia que se preparava já, no fim do mês passado para avançar com essa mesma medida – a do corte de acesso aos piratas da Internet – adiou a decisão. França e Irlanda é também por aí que se encaminham… e entretanto todos esperam que a indústria e os fornecedores de acesso à rede cheguem a acordo sobre uma espécie de código de boas práticas… aqui surge um outro problema… é que a França já fez as contas e cortar o acesso à Internet, aos infractores, pode resultar num prejuízo, para os fornecedores de acesso à Net… um prejuízo de 70 milhões de euros, nos primeiros 3 anos de aplicação do castigo.

Em remate e rodapé, o jornal volta a citar o produtor Tó Zé Brito, que explica, que o que as indústrias de conteúdos pretendem é que os operadores avisem os utilizadores, que estão prestes a fazer uma operação ilegal, antes de fazerem um download de conteúdo com direitos de autor.

E voltamos ao mesmo. Tudo em nome e defesa dos direitos de autor, que já agora e se me permitem, são parcela residual em todo este processo de criação dos assim chamados bens culturais. Mas é em nome deles que Tó Zé Brito se ergue e pronuncia. Nada a ver com a eventual quebra de receitas nas vendas, a que a indústria se expõe, com a concorrência desta nova e revolucionária ferramenta, que é a Internet. Nada a ver com a manifesta falta de resposta, que a indústria revela, face aos novos tempos e às novas leis de mercado. De forma alguma! Tudo em rigorosa defesa dos direitos de autor… e sabe deus, com que violência nós todos queremos acreditar que é mesmo assim.

quinta-feira, 5 de março de 2009

dormindo com o inimigo

E ora aí está uma hipótese de paz para o Médio Oriente! Vem no Público.

“Homens árabes procuram mulheres israelitas para casar”.

Diz que sim e não são poucos.

Dezenas de residentes em países árabes estão a enviar cartas ao ministério israelita dos Negócios Estrangeiros em Jerusalém, à procura de noivas judias. Vinha ontem num jornal de Telavive e é assim mesmo que o Público começa a prosa e a notícia.

Cartas deste género: “Solicito a vossa ajuda; gostaria de conhecer uma mulher israelita para fins matrimoniais…” Neste caso, o pedido é subscrito por um saudita, que o jornal identifica como Abdulah e que, continuando a citar, confessa ter ouvido dizer que as mulheres israelitas são muito bonitas e inteligentes e que por isso está disposto a pagar um dote em camelos, cabras, ou até mesmo dinheiro. Acaba a carta com este apelo pungente: “Por favor ajudem-me”.

Parece que, por ano, são às dezenas, as cartas e e-mails deste teor, que chegam ao ministério israelita dos Negócios Estrangeiros. Ao ponto do ministério ter sido obrigado a alertar as mulheres judias para o monte de problemas em que se metem, ao casar com um árabe muçulmano… Não! Nada disso. Estava a brincar. Isso é o que dizem alguns bispos católicos portugueses; o ministério israelita diz, educadamente, que não é nenhuma agência matrimonial…

Mas não adianta. As cartas continuam a chegar. Da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Iémen, do Iraque… Um árabe, de Bagdad, confessou mesmo que já tem 4 esposas árabes, mas que gostava de conhecer uma judia para casar, garantindo que a convivência entre todas elas será pacífica.

Diz o ministério, que ninguém se acanha a dar toda a informação necessária para ajustar o enlace … nomes completos, moradas, números de telefone e depois, claro, as vantagens. Dos Emirados Árabes, alguém escreveu apresentando-se como homem abastado, dono de uma frota de automóveis, à procura de uma noiva judia em Israel.

Devem ter uma extraordinária imagem no mundo árabe, as mulheres israelitas – é o comentário do Ministério dos Estrangeiros de Israel… Devem ter, já que os homens árabes não se cansam de lhes gabar a beleza e a inteligência, nas cartas que vão mandando.

Ora, o que falta agora? Talvez que, os judeus israelitas descubram a beleza e o encanto das mulheres árabes e comecem também a casar com elas…

Talvez assim se reinvente e resgate do mau augúrio a expressão: “dormir com o inimigo”…

quarta-feira, 4 de março de 2009

eu, tanásia e tu, eufrásia?

O título é ambíguo, mas, se entrarmos no corpo da notícia, percebemos que se trata de uma máquina humana de venda. Ou seja, uma conhecida e reputadíssima marca de chocolates suíços instalou, na londrina estação de Vitória, uma máquina de distribuição de chocolates com esta particularidade… lá dentro, está um homem fechado, que espreita através do vidro e que através do vidro entrega os chocolates aos clientes transeuntes. O chocolate é entregue por um homem encaixado dentro da máquina. O slogan de publicidade dos chocolates em causa convida as pessoas a fazerem uma pausa, na corrida do dia a dia e comer um chocolate. É a partir daí, que o responsável pela campanha explica a ideia. Diz que – e citemos – “nesta época de crise, as pessoas estão submergidas pela monotonia do dia a dia e mais do que nunca precisam de uma pausa.” Ora aí está, uma declaração lapidar e redondamente falaciosa, como quase toda a publicidade aliás… Que monotonia se poderá instalar, na vida de uma pessoa confrontada com a dúvida, de como vai pagar as contas ao fim do mês, que dinheiro terá amanhã para comer, ou quando soará, para ela também, a hora do lay off, do lock out, do Armagedon, ou do que seja?!...

Já de saída, o DN cita o homem máquina, ou o homem dentro da máquina, ou a máquina humana… enfim, diz o homem, que nunca lhe tinham tirado tantas fotografias. “Conclui orgulhoso o homem máquina” – escreve o DN.

Também os saguins do Jardim Zoológico se fartam de ser fotografados. Também eles se devem sentir orgulhosos, só que ninguém os entrevista.

E em última hora, o DN dá hoje a noticia, da promulgação da lei da eutanásia no estado norte-americano de Washington. Aprovada em referendo, há 3 meses, a lei entra amanhã em vigor. Diz o jornal, que a eutanásia era já legal no estado do Oregon e que Washington vai agora activar todas as medidas necessárias, para evitar abusos na aplicação da lei.

Ora, acontece que de eutanásia nos fala também o JN de hoje. Aqui, a matéria da notícia é o debate promovido pelos estudantes de biologia, da universidade de Coimbra.

O JN cita a opinião do presidente da secção regional do centro da Ordem dos Médicos, o Dr. José Manuel Silva, que terá dito, durante o encontro, que a discussão da eutanásia é uma moda, que decorre das notícias e que o que importa discutir mesmo é o que leva as pessoas a desejarem a morte. Disse ainda o médico, que é muito mais fácil para a sociedade, a solução da eutanásia, do que criar condições para que essa questão não se ponha sequer. Terá dito, o Dr. José Manuel Silva, que é precisa maior humanidade por parte dos médicos, em relação aos doentes… E aqui, se concordarem, começa a conversa a entornar ligeiramente… A humanidade dos médicos, em relação aos doentes, haveria de ser matéria acima de qualquer dúvida ou hipótese de discussão. Mas avancemos e seja o que deus quiser.

Diz, o Dr. José Manuel Silva, que há casos em que o médico nem sequer olha para o doente e, assim sendo, “como é que o poderá sequer ouvir?! …” Defende por isso que, em vez da eutanásia, se deve discutir – isso sim – a distanásia: o prolongamento artificial da vida! Em resposta, Faria e Costa, presidente do conselho directivo da faculdade de direito da universidade de Coimbra... e quanto a ser moda, discutir a eutanásia… responde que essa é uma declaração que vale por um perfeito disparate.

Mas não nos dispersemos. Regressemos à dúvida essencial do Dr. José Manuel Silva. Estranha e interroga-se, porque é que as pessoas querem morrer… Diz que isso é que é preciso saber, descobrir, discutir… Ora, se tivermos como verdadeiras as declarações deste mesmo Dr. José Manuel Silva , ao dizer que há médicos que nem sequer olham para os doentes e que é precisa mais humanidade por parte dos médicos em relação aos doentes… Tomando estas declarações como verdadeiras… Que discussão haverá para fazer, sobre as razões que podem levar alguém a preferir a morte que tal sorte?!...

Adiante uma vez mais.

Vamos às declarações de um outro convidado para este debate. No caso, o padre Virgílio Miranda Neves.

Concordou com o Dr. José Manuel, mas fez questão em dar este exemplo pragmático. Disse, o padre Neves, que “há uma distinção entre matar e deixar morrer”. E não é que há mesmo!?, apesar de fazer uma diferença relativa, para quem morre… Ou talvez não! Em certas circunstâncias, pode ser mais doloroso deixar-se uma pessoa morrer, do que matá-la. Não será bem o caso, no caso da eutanásia passiva, ou seja, nos casos em que se suspende a alimentação, a medicação, a ventilação e outros suportes de vida, todo o processo é feito de forma a evitar ao máximo o sofrimento do doente, se bem que, na maioria dos casos, o doente em causa esteja já em coma, há tempo demais para haver qualquer esperança e a passagem para o outro lado – ninguém pode garantir – mas é bem possível que aconteça, sem que o próprio se aperceba, do que está a acontecer-lhe… Geralmente, são estes os casos em que se fala de eutanásia passiva, em deixar morrer. Os casos de comas irreversíveis.

O padre Virgílio Miranda Neves diz e muito bem, que há uma diferença, entre matar e deixar morrer. Mas a verdade é que, se tirarmos os suportes de vida essenciais à sobrevivência do doente, ele morre mesmo e por acção directa de nós outros, porque lhe cortámos todas as pontes, que o mantinham ligado à vida. Em condições dessas, só mesmo um milagre pode salvar. Claro que, de milagres estará o padre Neves bem mais habilitado a falar. Mas não consta que tenha falado.