sexta-feira, 24 de julho de 2009

Feeesta !


É uma notícia breve e também não a vi em mais nenhum lado, senão no Correio da Manhã.

Festas da Gripe – é o assunto.

Festas da gripe em vários países – lê-se em título.

Em vários países da Europa, nos Estados Unidos também, estão a realizar-se Festas da Gripe. Como o nome indicia, são festas que reúnem pessoas com gripe. Mas não uma gripe qualquer… São pessoas infectadas com o vírus H1N1. Em festa e à mistura com outras pessoas saudáveis, que querem ser contaminadas, na esperança de assim ganharem defesas e imunidade ao vírus. Uma espécie de vacina artesanal e , ao que parece, mais divertida que uma injecção no braço, ou umas gotas de um líquido amargo debaixo da língua…

O jornal adianta que não são conhecidas, por enquanto, festas destas em Portugal, mas a ministra da Saúde, Ana Jorge, ou já sabia , ou ficou a saber e já comentou.

Diz que esse procedimento não deve ser adoptado, porque ainda não se sabe tudo sobre esta doença – a gripe A – embora pareça que tem sido benigna. As autoridades de saúde acham também que, ideias destas, são perigosas.

Ora, festas fazem-se por tudo e por nada e com os temas mais disparatados e inverosímeis … mas, neste caso muito concreto, há de repente uma ideia, que se destaca e que não deixa de ser curiosa e quase estimulante. Num cenário de ameaça , de fim do mundo mesmo… numa situação extrema e sem saída, ou solução… que fazer? Colamo-nos todos muito assustados, juntinhos uns aos outros, à espera do Apocalipse?… Ou então, já que estamos aqui todos, porque não fazemos uma festa?... Assim como assim, amanhã o mundo acabou , ninguém tem de se levantar cedo...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Haja saúde !

A história abrevia-se assim… foi ao hospital, queixando-se de uma hérnia na coxa e cinco dias depois morria, de um edema pulmonar, por erro de diagnóstico.

A família protestou e o tribunal acabou por condenar dois dos médicos envolvidos no processo. É a manchete de hoje no Jornal de Notícias: “Tribunal condena dois médicos por homicídio.”

“A negligência clínica provocou a morte de mulher de 76 anos, no hospital de Viseu”, explica depois o sub título… “o tribunal decretou uma multa de 25 mil euros a cada um dos dois médicos condenados”. A multa substitui assim , uma pena de prisão de 6 meses.

Ora, no desenvolvimento da notícia, conta-se um pouco do atribulado processo que levou à morte da senhora.

Chegou ao hospital de Viseu, no dia 16 de Julho de 2001- já lá vão 8 anos, portanto – o problema era uma hérnia crural estrangulada na coxa. Faltaria um quarto para o meio dia, mais ou menos. O problema da hérnia constava já no historial clínico da doente… nada de novo portanto. O problema eram as dores abdominais muito fortes, acompanhadas de vómitos e febre. Consta que, logo na triagem, a remeteram para o Centro de Saúde da área de residência, onde a medicaram como se tivesse apenas uma indigestão, provocada por qualquer coisa estragada, que tivesse comido e mandaram-na para casa. As dores não passaram , antes pelo contrário e a senhora voltou às urgências. Eram quase 8 da noite, nesse 19 de Julho – 3 dias depois… Foi então vista por estes dois cirurgiões, agora condenados… Disseram-lhe na altura que o problema era uma reacção aos anti inflamatórios e dispensaram exames complementares de diagnóstico. Diz o JN que , já com sinais de desidratação, a doente foi mandada para casa, com uma carta para o médico de família, aconselhando uma endoscopia.

Passados dois dias, a 21 de Julho, as dores violentas levaram-na a um médico particular, onde, diz o jornal, a senhora acabou por desfalecer a meio da consulta. O INEM levou-a de emergência para o hospital… directamente para a sala de ressuscitação.

Morreu no dia seguinte, logo pelas 7 e meia da manhã, de um edema pulmonar agudo.

Ao todo, havia 8 médicos implicados neste percurso e neste processo, mas o tribunal acabou por sentenciar apenas dois deles… O hospital foi também sancionado e obrigado a pagar uma indemnização de 16 mil euros à filha da vítima…

Ficou provado, que a morte se teria evitado com um diagnóstico correcto e uma terapia adequada.

Quanto à sentença… já vimos. 25 mil euros de multa a cada um dos médicos, para lhes evitar os tais 6 meses de prisão efectiva… Ficou também a perceber-se, que se passaram 8 anos, desde o dia dos acontecimentos, até ontem, dia em que foi conhecida a sentença do tribunal… mas isso talvez não seja assim tanto de espantar, a morosidade da Justiça... A interessante novidade é ficarmos a saber quanto custa em Portugal um crime de homicídio por negligência… 25 mil euros… ou, talvez mais correctamente, 66 mil euros…. 25 mil de cada médico, mais os 16 mil do hospital.

Outro pormenor – talvez despiciente – é este.

Lembram-se?... Faltava um quarto para o meio dia, quando a senhora foi pela primeira vez às Urgências… umas 8 da noite, quando lá voltou a segunda vez e a mandaram para casa, sem mais exames do que a recomendação, que fizesse uma endoscopia, que aquilo era estômago, ou por aí…

Onde quero chegar é aqui. Pelo sim, pelo não...não guardem as vossas urgências para as horas das refeições.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

num julgamento em alto mar, o juíz disse: "levante-se a ré" e o barco afundou-se...


Hoje é inaugurada oficialmente a nova Cidade Judiciária, no Parque das Nações, em Lisboa.

E diz o Diário de Notícias que há juízes, que vão faltar à cerimónia, em protesto contra as novas instalações… Diz também, que esta nova Cidade Judiciária custa, ao Estado português , um milhão de euros de renda, por mês…

Mas não consta que seja esse o motivo do protesto dos juízes… Pelo menos destes juízes, que o jornal diz que vão hoje faltar à cerimónia de inauguração… Diz-se, que protestam contra as novas instalações… E elas, as novas instalações, compreendem 11 edifícios, alojando 21 tribunais e serviços, para uma população de 2400 magistrados.

Alguns dos protestos têm a ver com a segurança. Se bem se lembram, ainda há dias se falava do gabinete do magistrado encarregue de dossiers bastante sensíveis, como o caso Freeport e a operação Furacão e outros ligados ao crime violento, que trabalhava num gabinete sem segurança especial e de montra escancarada para a rua…

Mas há outro pormenor, que indigna os magistrados e os leva a protestar, faltando hoje à cerimónia oficial…

E a indignação tem a ver justamente com a falta de dignidade.

Diz o DN, que são 16 juízes das varas Criminais de Lisboa, incluindo a própria juíza presidente, Ana Teixeira da Silva.

O jornal cita a carta, que a magistrada enviou para o ministro António Costa… E diz assim: “Deixámos um edifício histórico, para passar a ocupar um imóvel sem dignidade para albergar um órgão de soberania.”

Ora, a Boa Hora, se bem se lembram, é de facto um edifício com muita História, ao contrário desta Cidade Judiciária, acabada de estrear e concebida para o efeito.

A Boa Hora começou por ser um convento.

Foi fundado em 1633, por D. Luís de Castro do Rio, no antigo sítio conhecido por “Pátio das Comédias”, mesmo ao lado do Palácio do Conde de Barbacena. Aí viveram os padres dominicanos irlandeses até 1659, altura em que foram transferidos para uma nova casa no Corpo Santo. O convento foi então cedido aos irmãos da Congregação de S. Filipe de Néri até 1677 e aos Reverendos Agostinhos Descalços, que entraram em Portugal sob a protecção da rainha D. Luísa de Gusmão.
O terramoto de 1755 danificou muito o edifício, obrigando a sua reconstrução. Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834, o convento serviu de quartel ao 1º Batalhão dos Voluntários do Comércio, de sede da Guarda Nacional de Lisboa, para finalmente ficar na dependência do Ministério da Justiça, transformando-se no Tribunal da Boa Hora.

E isto, que acabei de escrever, copiei da Internet, de um site do departamento de arquivos da Câmara Municipal de Lisboa.

Ora, convenhamos que um edifício assim terá forçosamente uma outra dignidade. Dignidade que lhe é conferida por uma longa História de acontecimentos. Por ali passou muita gente , por ali passou já muita coisa, umas mais dignas que outras, eventualmente… consta que os julgamentos sumários, os Tribunais Plenários que aí se fizeram durante o Estado Novo, não seriam coisa para dignificar grandemente ninguém, a começar por alguns dos próprios magistrados envolvidos nesses processos... mas isso já lá vai.

Agora a questão é que, esta nova Cidade Judiciária, no parecer de alguns, não tem a dignidade necessária a um órgão de soberania.

Talvez não tenha.

Um tijolo, só por si, ou uma viga de cimento, ou até mesmo uma porta envidraçada, de abertura automática, pouca dignidade poderão ter, à vista desarmada; mas também a esses, só se pede que funcionem e cumpram a sua função. Se o fizerem, condignamente, talvez o reconhecimento e o louvor acabem por chegar.

Talvez depois e não antes, se possa olhar e dizer: “Sim senhor! Isto é que é uma viga de cimento em que se pode confiar… coisa digna! Digna de se ver.”

Mas primeiro, há que prestar e vencer a prova… estar à altura da distinção.

Mas enfim, para não fugir ao assunto e em homenagem e memória do Velho Convento dominicano da Boa Hora, deixem que cite um provérbio português que diz assim:

“O hábito não faz o monge.”

terça-feira, 21 de julho de 2009

amén ...doím! e oxalá.


Vem no Público, que o abaixo assinado vai ser hoje entregue, em carta aberta aos partidos...

Um abaixo assinado de mais de 60 personalidades católicas, que reclamam saber o que pensam os partidos com aspirações parlamentares sobre os chamados temas fracturantes, como a protecção da família, ou o respeito incondicional pela vida humana.

Tudo em nome de uma responsável tomada de consciência do cidadão eleitor, quanto à escolha acertada, na hora de ir a votos. Para que os eleitores saibam, clara e inequivocamente, o que cada partido pensa e pensa fazer, em relação a essas matérias.

Já em 2005, em período pré eleitoral, se lançou uma carta aberta, apelando ao voto com discernimento responsável. Na altura a preocupação – escreve o Público – era o aborto, os casamentos homossexuais ou a adopção por casais homossexuais.

Hoje, o problema da adopção foi adiado para outras núpcias e legislaturas, enquanto a interrupção voluntária da gravidez já foi a refendo, com o resultado que todos conhecemos.

Em 2005, a carta era dirigida aos eleitores, desta feita é dirigida aos partidos.

Pedem-se respostas claras, para que o eleitor cristão não traia a sua consciência, no acto de votar…

Por isso querem…. Deixem que vos leia a transcrição: “saber o que pensam os partidos sobre a defesa e a protecção da instituição familiar, fundada na complementaridade homem mulher e o que pensam do respeito incondicional pela vida humana em todas as suas etapas.”

A carta aberta, continua o Público citando os subscritores do documento… a carta aberta é um contributo para que as opções dos partidos sejam mais transparentes, sobre matérias de grande importância para todos os cidadãos e não só para os católicos…

Ora, acontece que, nesse particular do respeito incondicional da vida humana em todas as suas etapas… há um pormenor que, mais que a vontade dos partidos , foi já objecto de veredicto popular… falo da lei da interrupção voluntária da gravidez. Já foi a referendo e tudo o que os partidos prometam ou defendam, nessa matéria, terá de levar em linha de conta – creio eu – a vontade popular, expressa em referendo…

Do resto - e o resto inclui ainda o caso do testamento vital, ou o desemprego, ou o combate á corrupção…

Do resto, os partidos podem responder o que quiserem, podem comprometer-se com o que quiserem, podem prometer e garantir o que quiserem…e geralmente - quanto mais não seja por uma questão de sobrevivência – todas as promessas são de bom augúrio… Aos católicos, resta-lhes talvez rezar, para que os partidos as cumpram a todas, religiosamente.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

vá de retro... (em geral)


Antes que me esqueça, deixem que vos conte desta investigação em curso, da polícia de Nuremberga

Tudo por causa de um pequeno gnomo, de uma pequena estatueta de um gnomo exposta numa galeria da cidade. Acontece que o gnomo em causa, um dos 700 gnomos expostos, tem o braço direito esticado em frente … diz que, como se estivesse a fazer a saudação nazi. A lei alemã proíbe qualquer símbolo que remeta vagamente que seja para essa memória… É por isso que agora se pede ao autor da obra e ao dono da galeria que expliquem claramente qual o significado desse braço esticado… Esticado, como se estivesse a mandar parar um táxi, ou um autocarro.

Esta outra vem na última página do DN de hoje, a fotografia. Diz a legenda: Catadores da vergonha em Maputo. E a fotografia mostra 3 rapazes cobrindo o rosto com vergonha.

Chamam-lhes os catadores do lixo e chegam a ser aos milhares na lixeira do Hulene, que recebe todo o lixo da capital moçambicana. Mulheres, crianças procuram tudo o que possa ser reaproveitado em casa, ou vendido para reciclagem…

Este 3 rapazes, na fotografia, cobrem o rosto com vergonha, diz o jornal…

Que o dia nunca chegue, o dia em que estes rapazes se deixem fotografar de rosto descoberto. Já sem vergonha de serem apanhados a catar no meio do lixo, a sobrevivência… sem vergonha, resignados e vencidos e sem esperança.

E agora a gripe A e os rituais da missa católica.

Faz capa no Público hoje e diz que o cancelamento de rituais abre polémica na Igreja.

Ainda na capa lê-se que ontem, pelo menos nalgumas igrejas, o ar cheirava à solução alcoólica, com que os sacerdotes lavavam as mãos, no altar, antes de começarem a distribuir as hóstias… Diz que os ajudantes receberam instruções para lavar as mãos com água e sabão na sacristia , antes de as passarem pela tal solução alcoólica desinfectante.

Por causa do perigo de contágio, há cada vez menos pessoas a pedir aos sacerdotes a comunhão na boca… o que, convenhamos, se as mãos do sacerdote não estiverem convenientemente desinfectadas, de pouco deve adiantar… O que , aliás, levanta outra questão… onde se lê que os ajudantes da missa receberam instruções para lavarem as mãos antes da cerimónia… uma cerimónia que implica, como vimos manipular objectos de uso partilhado, ou mesmo hóstias, que hão-de ser ingeridas pelos fieis… ora, onde se lê, que receberam instruções para lavarem as mãos com água e sabão antes … deverá ler-se que, “antes” não o faziam? Ou que esse princípio básico de higiene era deixado ao livre arbítrio de cada um?...

Depois temos ainda D. José Policarpo, que no meio da polémica vem esclarecer o assunto com esta frase lapidar, que o Público transcreve… diz o patriarca de Lisboa que “a Pastoral da Saúde não tem competência para alterar ritos, nem para dar normas de alterações das regras da liturgia”…

Pois, a Pastoral da Saúde talvez não tenha, mas o bom senso e a saúde pública, pode ser que seja já outra conversa.

Porque, se o reino de Cristo não era deste mundo, o vírus AH1N1 é deste mundo e é neste mundo que ele faz os estragos. Um vírus sem deus nem Pátria, que não se intimida com esconjuros nem com exorcismos.

domingo, 19 de julho de 2009