sexta-feira, 5 de março de 2010

o tesoiro da Cova d’Iria


Ora aqui está uma breve e curiosa informação... Vem no Correio da Manhã, que duas centenas de comerciantes de Fátima participaram ontem num encontro informal promovido pelo santuário... encontro em que o reitor de Fátima divulgou o programa pastoral, com destaque óbvio para a próxima visita do papa Bento 16 a Portugal e mais concretamente à Cova d’Iria... O Correio escreve que o reitor, padre Virgílio Antunes, reconheceu que o Papa não vai ter tempo para visitar a cidade, mas que "é do interesse de todos, que se passe uma bela imagem e que corresponda à realidade de todos os dias..." acrescentou ainda o padre Virgílio, que "o tesoiro da Cova d’Iria não é a riqueza, mas uma mensagem que acreditamos vir de Deus por meio de Nossa Senhora" – citámos, as palavras do reitor do Santuário... 
Já o vereador, que tem o pelouro de Fátima – é assim que o jornal o apresenta ... o vereador com o pelouro de Fátima, Nazareno do Carmo, terá garantido que "o município de Ourém vai começar a aplicar coimas a quem não tirar os expositores das ruas.."
Ora, os expositores de artigos , supõe-se que devocionais e religiosos... se me permitem e em linguagem contemporânea... o merchandizing religioso de Fátima...
Portanto, o vereador disse para os comerciantes recolherem os expositores , sob pena de multa... e isto porque, segundo se deduz, porque o Papa vai de visita a Fátima e o tesouro de Fátima e da Cova da Iria não é a riqueza material, mas sim a mensagem que vem de Deus, através da Virgem Mãe e nossa Senhora...
Lembram-se ainda das palavras do reitor do santuário?... "é do interesse de todos que se passe uma bela imagem e que corresponda à realidade de todos os dias." Bom, a intenção é louvável, só que, para quem conheça já Fátima de todos os dias, ou pelo menos dos dias de festas maiores e de maior afluência de crentes e fiéis...  para esses, chegar a Fátima e não ver os expositores de velas e santinhos e terços e outros artigos de devoção... há-de parecer de repente que se enganaram no comboio, ou sairam na estação errada.

P.S.
enfim, talvez acabem por perceber, quando virem mais não sei quantos gajos de T-shirt igual. Essa mesma. A que se mandou fazer de propósito para festejar a visita do Ratzinger.

por favor, agora não... depois falamos.


O Público faz hoje 20 anos e  para celebrar a data saíu com uma edição especial...  E convidou António Barreto, para ser director por um dia. E uma das ideias que António Barreto teve e que consta mesmo que deu um certo trabalho lá na redacção, foi publicar a fotografia que marcou o ano... aliás, cada ano desses 20 que o jornal já leva de vida...
E em 2002, a fotografia eleita é assinada por Adriano Miranda e retrata, em grande plano, o rosto de Mário Cesaryni de Vasconcelos.
Diz a legenda: "eu nem acreditei quando me disseram que ia fotografar o monstro do surrealismo português..."   Acrescenta depois o fotógrafo que eram umas 3 da tarde quando chegou a casa de Cesaryni... "O artista dormia..." continua lembrando Adriano Miranda. "... dormia num quarto surreal, claro."   
Ora bom e claro porquê?!... E o que será um quarto surrealista?... não vamos entrar em especulações desagradáveis, mas é só a mim que dá a impressão que esta do quarto surrealista é a forma polida de dizer que o quarto de Cesaryni estaria assim um pouco, como dizer... desarrumadito e eventualmente mais para o sujo que para o limpo...?
Adiante.
O artista dormia, portanto... e  continua, o autor desta legenda que assina com as iniciais SBG.. continua dizendo que Cesaryni dormia e que continuou deitado para a fotografia. Deitado e de olhos fechados, como aliás se pode ver na foto que o Público hoje publica... Cesaryni, barba por fazer, olhos fechados e uma expressão de como quem aspira um longínquo perfume, ou quem escuta uma melodia distante... 
Enfim, foi ali mesmo no quarto e deitado na cama que Cesaryni se deixou fotografar, de olhos fechados.
A sessão correu muito bem e criou-se mesmo uma certa empatia entre fotógrafo e fotografado. Diz o articulista do Público que Cesaryni até perguntou a Miranda, o fotógrafo: "Queres um desenho?... " mas que depois reflectiu e rematou: "Talvez não, ofereço-te para a próxima quando nos voltarmos a encontrar..." o que se percebe depois que nunca chegou a acontecer. Cesaryni haveria de morrer 4 anos mais tarde em Novembro de 2006, como bem se lembram...
Portanto o fotógrafo do Público nunca chegou a receber um desenho de Mário Cesaryni, mas ganhou "a mais feliz e conseguida sessão de retrato de toda a carreira.." Palavras do próprio.
E remata o articulista e autor da prosa que enquadra esta efeméride escrevendo: "Por esta fotografia sentimos que Cesaryni nos topa bem, mesmo de olhos fechados."
E agora, se me permitem , preciso de algum tempo... e eventualmente de alguma concentração e silêncio para sentir como Cesaryni nos topa bem, mesmo de olhos fechados, nesta fotografia.  Portanto, por favor, agora não... depois falamos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

"bom dia para si também!"


Porquê deus se temos a ciência?....  esta é a questão e é também o título do livro organizado por Manuel Curado e que hoje será lançado, em Coimbra, no Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho, em sendo 6 da tarde. A entrada é livre... Pois já quanto à questão para quê deus se temos a ciência... pois para já porque não há penicilina que cure as dores da alma... Adiante, que de coisas do divino vamos cá ter quem é autoridade na matéria. O Papa!
Que vem a Portugal proximamente e que vai celebrar missa campal no Porto, Fátima e Lisboa... Ou vice-versa.
Pois no Porto, consta que a Câmara Municipal se prestou já, sem que ninguém lhe pedisse, a suportar as despesas da instalação do altar onde Bento 16 vai celebrar a missa ... em Lisboa, a cerimónia será realizada no Cais das Colunas ao Terreiro do Paço e pode custar qualquer coisa como 200 mil euros. Não será uma fortuna por aí além, mas já é dinheiro que se veja.
E em Lisboa não se sabe ainda quem vai pagar a despesa... Ontem, alguns jornais referiam que António Costa e a Câmara de Lisboa não estariam muito para aí virados, só que hoje volta-se ao assunto para se concluir que o que se passa não é bem isso. O que se passa é que não há ainda acordo quanto a essa matéria. A ver... A Conferencia Episcopal agradecia que alguém ajudasse a cobrir a despesa... procura , por isso e espera que apareça, um mecenas... Quanto à Câmara de Lisboa diz apenas que ainda não foi contactada pelo Episcopado nesse sentido , o de ser ela a pagar o altar... enfim, o altar, ou só a instalação do altar... que do altar o que se sabe... é que tem a forma de um enorme seixo rolado.. diziam ontem alguns jornais que é para fazer lembrar os Descobrimentos portugueses, os Navegadores, ou qualquer coisa parecida, ou a ver com mar e água e praia e assim... sabe-se também que, segundo o JN de hoje, este altar, de que se fala, foi desenhado pela Mutilem (presume-se que seja o nome da empresa) mas que não foi ainda aprovado pelo Vaticano. Será que é o mesmo altar que vai ser instalado no Porto  e em Lisboa?... Se assim for, os tais 200 mil euros são só para a instalação do equipamento, ou então se calhar, pela instalação e aluguer, não se sabe... o que se sabe é que a Câmara diz que ainda não foi contactada oficialmente para custear as despesas... não dizendo que resposta vai dar se isso vier a acontecer   ... e que o Patriarcado e a Conferência Episcopal Portuguesa veriam com bons olhos a Câmara de Lisboa participar na despesa, mas que ainda não se fez nenhum pedido formal nesse sentido... diz apenas, o porta voz da Conferência Episcopal, padre Manuel Morujão, que a Câmara de Lisboa não se adiantou, mas também não recusou nada... e estamos assim.
Numa caricatura apressada, vemos já alguém, em silêncio e de mão estendida, na esperança de que, quem passa, deixe uma moedinha... claro que o gesto pode ser sempre mal interpretado e em vez da moedinha, esse pedinte silencioso receber em troca um vigoroso aperto de mão e um sonoro: "bom dia para si também!"


Pode não resolver, mas pode ser que ajude...

Não vamos falar aqui de ritos de iniciação, praxes académicas, ou coisas dessas, que são muito interessantes e que se explicam e enquadram na História dos homens ao longo dos séculos e em todo o lado...  Há os mais violentos, há os mais estranhos... mas em todos os casos o neófito sabe ao que vai e aceita submeter-se à prova, porque o prémio justifica o esforço e até o eventual sofrimento... E não vamos falar disso, porque não é disso que se trata aqui. Antes talvez, da aberração desse conceito... Coisa mais violenta, que talvez mais não seja do que o retrato e o pulso da civilização a que chegámos... Vamos falar daquela violência, a que nem as próprias bestas se entregam... mas antes há que reflectir neste ponto.
Escolher uma palavra estrangeira para definir o que até aqui se chamava simplesmente violência, pode querer dizer qualquer coisa... que, por exemplo, esta violência de que agora se fala é de outra espécie, ou de outra ...violência, se me permitem a redundância.
Agora chama-se bullying e , atentando no étimo da palavra, descobrimos lá um toiro... um boi... bullying seria talvez o gerúndio de quando alguém se comporta como um animal, neste caso com a força e a violência de um boi.. ou de um toiro bravo, que soa mais apropriado... Acontece também que nestes casos há um pormenor que parece bastante importante.. é que o animal nunca ataca sozinho, ataca em grupo... e ataca sempre o mais fraco... não os mais fracos, mas o mais fraco... 
E tudo vem a propósito, como já devem ter calculado , do caso de Mirandela... ia a dizer da tragédia de Mirandela, porque é mais com isso que se parece... O miúdo tinha 12 anos e há já muito tempo que se sabia que era vítima de violência continuada física e verbal pelos colegas da escola... chegou a ter de receber tratamento hospitalar por causa disso. Na altura nem os agressores foram castigados, nem as agressões acabaram.  No princípio desta semana saiu da escola para se atirar ao rio Tua, onde tudo indica que tenha acabado por morrer... tudo indica que... já que o corpo ainda não foi encontrado. 
A notícia merece hoje algum desenvolvimento em quase todos os jornais. Foi-se falar com vizinhos, familiares, professores, associações de pais, psicólogos, colegas da criança...  O Diário de Notícias diz que a morte deste aluno de Mirandela vem abrir , ou melhor, reabrir o debate sobre bullying... adianta-se também que o Ministério Público está já a investigar o sucedido... que hoje serão ouvidos o Conselho Executivo da escola e a Associação de Pais.. aqui, refira-se que o presidente da associação de pais desta escola de Mirandela – a escola básica Luciano Cordeiro – garante que não há casos de bullying na escola... nunca ouviu dizer. Desentendimentos.!.. É assim que lhes chama e acha-os normais... diz que, de violência mesmo, nunca ouviu falar, nem nunca ninguém se queixou... isso é natural. Sabe-se que as vítimas destes casos raramente se queixam... por medo de represálias...
O jornal adianta ainda que nestes casos as escolas têm alguma relutância em reconhecer o fenómeno. Preferem minimizar a gravidade da situação.. por isso, acrescenta ainda o DN, a formação de professores e auxiliares de educação é essencial...
Enfim, os jornais trazem hoje muitos pormenores, declarações, justificações, explicações, definições e outras considerações à volta do assunto e deste caso muito em particular...
Mas regressemos à chamada de capa... é aí que se lê, logo em início de parágrafo, que os professores acusam as escolas de não actuarem e de ignorarem casos de humilhações entre alunos e querem mudar a lei...
Ora aí está como não se vai a lado nenhum... mudar a lei, se for para melhor, pois que se mude... de caminho, poderia também tentar mudar-se esta vertiginosa tentação de – quando soa o alarme - toda a gente desatar a acusar toda a gente, descartando-se de qualquer responsabilidade...
Ora vamos por partes. Se os professores começarem a explicar nas aulas e assim mesmo, do nada , se quiserem.. a explicar, que quem se junta em matilha para atacar um outro que está sozinho e é ainda por cima mais fraco...  quem faz isso ... é um cobarde, um fraco, uma coisa sem interesse, um merdas... é que os miúdos naquelas idades, coisa que não gostam mesmo é que lhes chamem mariquinhas.Pode não resolver, mas pode ser que ajude...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Ponha-se moderno, porra!

Quatro mil e quinhentas queixas... isto em dois anos. Vem no Diário de Notícias que a DECO – associação de defesa do consumidor , recebeu, em dois anos, 4500 queixas contra práticas comerciais ilegais.
Os sectores mais denunciados são os das telecomunicações, comércio, banca e transportes aéreos... Este estudo, ou levantamento, se quisermos, surge enquadrado num projecto mais vasto e de âmbito comunitário, que envolveu 8 associações europeias de consumidores, coordenado pelo Observatório de Práticas Comerciais Desleais. Pois por cá, segundo a DECO, o pior de todos é o sector das telecomunicações... publicidade enganosa que passa, por exemplo, por anunciar uma velocidade de ligação à Internet superior à que realmente se oferece...(oferece, uma porra! vende! que para aqui não vem nada de borla, como dizia o Severino, o bicho-homem... adiante!) e depois as vendas agressivas, como é o caso em que o consumidor,  aliciado por um prémio qualquer,  se desloca à sede da empresa, onde é assaltado com ofertas de outros produtos... e a palavra "assaltado", pelo que se compreende do texto da notícia... não será liberdade poética, nem força de expressão.
Há também o sonegar de informação, ou até mesmo informação errada. Cita-se o caso dos bancos. Aqui, o truque é fazer pensar o cliente que fez um depósito a prazo, para depois se descobrir que o dinheiro foi aplicado num fundo de investimento, que muitas vezes dá mais prejuízo, que ganhos ao depositante e dono do dinheiro. É do que se queixam  actualmente alguns clientes do BPP, se bem se lembram...
Por fim cita-se o caso das companhias aéreas, que ao anunciarem os preços das viagens, se esquecem de incluir nesse preço os custos de taxas e suplementos a pagar neste tipo de transacções... É naturalmente um truque simplório e quase patético... se o conceito de preço de seja o que for se define pelo montante que alguém tem de pagar por um determinado bem ou serviço... que interessa ao consumidor se esse preço inclui e em que percentagem as taxas dos variados serviços, os suplementos, ou até mesmo os ordenados dos funcionários e as contas da água e luz do prestador do serviço. Claro que o preço final seja do que for tem forçosamente de incluir e ter em conta todas essas despesas... senão... é como o outro que diz: mais vale fechar a loja!
Ora, o que esta breve notícia não refere, mas que parece também curioso... Enfim, curioso quase até à prepotência...  é o caso dos contractos, que se firmam com os operadores de televisão por cabo... A coisa passa-se assim – e todos já foram testemunha do fenómeno: Na altura do contracto, o cliente escolhe e paga um determinado pacote de canais e serviços e depois e de vez em quando e sem apelo, apesar do aviso prévio... o operador resolve incluir novos canais, suprimindo outros...  há sempre a hipótese de alguns dos canais preteridos em favor da novidade serem precisamente os que levaram o cliente a subscrever aquele pacote de canais e não outro qualquer... só que as operadoras é que sabem. Porque aquilo é deles. Ou é como se fosse...
É como se - e desculpem-me o descabido da comparação.. é como se comprássemos um fogão e depois o vendedor nos aparecesse em casa, na semana seguinte, para levar o fogão de volta e deixar lá um micro ondas... Não senhor, eu é que sei, o que o meu amigo quer é um micro ondas. Ponha-se moderno, homem, ponha-se moderno!
Estão a ver a coisa?...

da caxemira ao couro,esculpindo formas extremamente femininas...


Fátima Lopes, a estilista portuguesa, abriu ontem, em Paris, a semana do pronto a vestir e o desfile dos criadores portugueses, no certame.
Diz o JN, já em fecho de edição, que Fátima Lopes se inspirou no aquecimento global do planeta, para criar esta colecção para o próximo Inverno.
É de louvar, acho que todos concordamos, quando um artista, aproveitando, não só o génio criador que o distingue, mas também a exposição e importância mediática que eventualmente goze, se interessa e debruça e chama a atenção para os problemas mais urgentes da sociedade em que vive e a que pertence. Sendo o aquecimento global uma questão de toda a actualidade e de alguma emergência, soa bastante bem, que a estilista Fátima Lopes leve a esse universo glamouroso uma questão, que obriga a parar e reflectir um pouco, sobre o futuro que nos espera, para além das passerelles... Diz o JN, que a colecção que Fátima Lopes levou a Paris é toda em cores quentes... tons de terra e de fogo e também o azul... Isto porque o Grande Norte... como o jornal lhe chama... o norte futurista, que alegadamente inspirou a estilista... esse está a desaparecer... já não é branco imaculado. Pois será, nalguns casos, qualquer coisa entre o azul do céu e o verde mar... que nos Grande Norte, o gelo que lá anda, a maior parte dele é mesmo gelo só, gelo a flutuar na água...  Adiante. Já quanto aos materiais, são todos nobres... da caxemira ao couro, rendas e sedas naturais, esculpindo (aqui o kitch verbal é mesmo meu) esculpindo  formas extremamente femininas... agora é que é do original.. as formas extremamente femininas vem no original... Para resumir, diz o JN que foi um desfile e uma colecção que revelaram uma imagem glamourosa e futurista que, nas palavras da própria criadora, lançam um apelo à consciencialização da humanidade para os graves danos do aquecimento global... 
Isto é sempre a mesma coisa! Talvez fosse prudente não saber sequer o que é que o artista.... qualquer artista quer dizer, ou quis significar, com esta ou aquela obra, ou peça, ou neste caso ... peça, mas de roupa...
É que neste caso muito concreto fica-se sem saber, se estas manequins, que a foto no JN publica, serão a imagem simbólica do que acontece às pessoas vítimas desse futuro aquecimento global do planeta... ficam assim com aquela expressão parada nos rostos’... ou se é mesmo o modelo que vestem, que pretende simbolizar esse mesmo perigo. Essa ameaça...  Qualquer das hipóteses veste perfeitamente esta dúvida... se bem que, a avaliar pelos tocados que enfeitam as graciosas cabeças das manequins, mais facilmente se é levado a pensar que é bem mais drástica e demolidora a versão que Fátima Lopes tem do futuro... se atentarmos nessas espécies de antenas metálicas e negras, que saem desordenadas de entre os cabelos das jovens manequins, quase vemos as antenas de uma carocha.. uma barata... insecto ortóptero da família dos Blátidas, veloz e muito voraz, em geral doméstico e de hábitos nocturnos... e faz lembrar, não por causa da voracidade ou dos hábitos nocturnos do insecto, mas antes porque consta que as baratas são os únicos animais  que se mantiveram quase inalterados desde a idade dos dinossauros.. Sobreviveram a tudo e consta que até sobreviveriam a um holocausto nuclear... perante isto... para uma barata o aquecimento global... que venha. Assim como assim, é à sombra e a  dormir, que passa aquela hora do maior calor!

terça-feira, 2 de março de 2010

não se sabe... vai-se sabendo

Vamos partir deste ponto assente, de que não seria muito razoável colocar, por exemplo, caixilharia de alumínio nas janelas do Mosteiro dos Jerónimos, por muito práticas e fáceis de lavar que fossem... e serve, esta entrada um pouco idiota, para lançar a história que se segue e de que o Correio da Manhã dá hoje notícia. Que Sílvio Berlusconi comprou, num antiquário de Roma, a cama onde Napoleão Bonaparte dormiu... consta que apenas lá dormiu 11 horas, mas isso não lhe tira nada do valor histórico. Aliás, diz o jornal, que a peça tem um valor inestimável... tanto, que a antiquária nem lhe divulgou o preço... o que disse foi que teve mesmo de se zangar, quando ouviu o 1º ministro italiano dizer que estava a pensar em aumentar a camita, fazer-lhe uns ajustes, ampliá-la um bocadinho...
Muita gente em Itália, personalidades mesmo, já se manifestaram horrorizadas com esta ideia polémica... O jornal recorda que o ano passado, a mulher de Berlusconi tinha confessado que Napoleão era o espírito inspirador do marido. Quanto a Berlusconi, ele próprio, terá dito, antes ainda, em 2006, que maior nos feitos, só mesmo Napoleão...maior nos feitos, que em altura, como o próprio Berlusconi fez questão de sublinhar... em altura, Napoleão era mais baixinho...
E isto é o que se passa actualmente em Itália... a polémica está instalada, mesmo admitindo que Sílvio Berlusconi acabe por deixar ficar a cama como está, sem remendos nem ampliações ad hoc...  
E nós por cá.....  Nós por cá, felizmente não sabemos... sabemos que muitos palácios e edifícios históricos, que poderiam estar abertos ao usufruto público, não só porque tem um bocado da nossa História, lá dentro,  para contar, como e quanto mais não seja, pela sua própria beleza... estão entregues a instituições bancárias, ordens e corporações, que os adaptam às funções a que são reconvertidos... e desconfia-se também que muita da estatuária e azulejaria, que enfeita casas e jardins particulares, foi roubada ao património nacional, para ser vendida no mercado negro... isso, não se sabe... vai-se sabendo... 

E foi ontem apresentado, no palácio da Ajuda, em Lisboa, o estudo encomendado pelo Ministério da Cultura.
O propósito do estudo era avaliar até que ponto o sector cultural e criativo é gerador de riqueza e de empregos em Portugal... é assim que o JN expõe a matéria... matéria a que também o Público  dedica um destaque de quase página inteira. E o caso não é para menos, já que se concluiu, por exemplo, que no ano de 2006, o sector cultural, ou se quisermos, as indústrias da cultura geraram 2,8% de toda a riqueza nacional e criaram, ao mesmo tempo, 127 mil novos postos de trabalho... isto diz o Público, que o JN afirma que foram 308 mil... seja como for, parece ponto assente que sempre foram mais postos de trabalho do que os que se conseguiram criar, no mesmo espaço de tempo, nos sectores da imobiliária, têxteis, alimentação e bebidas... acrescenta-se também, que predominam, no caso das indústrias da cultura, as micro e pequenas empresas... em 87% dos casos, são empresas que empregam menos de 10 pessoas... 
Agora, em números sonantes, a riqueza gerada pelo sector cultural, nesse ano de 2006, aproximou-se vertiginosamente dos 3700 milhões de euros, o que representa então uma percentagem de 2,8%, de toda a riqueza gerada em Portugal, nesse mesmo ano.
Ora, em relação a 2006, de momento, não vos posso adiantar grande coisa, mas , por exemplo, em relação ao ano passado, se bem se lembram, segundo Pinto Ribeiro, o anterior ministro, o orçamento para a Cultura não chegava a 1% do PIB... em 2006, também não haverá de ter andado muito longe disso... o que deixa a expectativa... perante este estudo ontem divulgado... que fazemos agora?  Vamos, por exemplo, investir metade que seja dessa riqueza gerada... tomando 2006 como referência... daria 1,4%... mesmo assim o dobro dos tais 0,7% de que se queixava Pinto Ribeiro... quem sabe se investindo 1,4% se consiga um crescimento de... vá lá para não pedir muito... uns 4% e por aí fora... depois investia-se metade disso, para se chegar aos 6 e depois investia-se 3 para se chegar aos 9 e por aí adiante... ou então não.
Porque a necessidade aguça o engenho, pode também reduzir-se a verba para a Cultura, no Orçamento Geral do Estado... talvez assim, acossados pela necessidade, os criadores portugueses, a gente da cultura  consiga o milagre das rosas ou faça nascer flores das pedras...
E de repente, lembrou-me, nem sei porquê, um certo pianista de jazz norte americano--- o nome não me ocorre, mas nem é essencial... para o que importa é que ficou na História, por ter alegadamente inventado uma escala cromática revolucionária e muito estranha, que os académicos estudaram e desmontaram e analisaram, para concluírem que o homem era um génio!... descobriu-se depois, porque o próprio pianista o confessou em entrevista, que a tal escala estranhíssima tinha uma explicação muito simples... é que foi inventada, em recurso,  num piano que tinha sido apanhado no lixo e onde apenas algumas teclas funcionavam...  
A tal escala estranhíssima era afinal o resultado de ter de tocar num piano onde muito simplesmente faltavam notas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

com cê de cão

Vem no DN, que o Politiken – jornal dinamarquês - foi o único a pedir desculpa aos descendentes de Maomé, pelos desenhos e caricaturas do profeta , publicados há 4 anos e que levantaram, se bem se lembram, uma polémica desgraçada e fizeram mesmo temer o pior...
Diz então o DN, que 94.923 descendentes de Maomé receberam um pedido de desculpas do diário dinamarquês. Que o pedido de desculpas foi enviado para 8 organizações que os representam. Acrescenta-se ainda que o pedido de desculpas se refere apenas às eventuais ofensas, que os desenhos possam ter causado, mas não à publicação desses mesmos desenhos, dessas caricaturas... e como já vimos , temos aqui duas belas palavras, que definem os bonecos em causa... Desenhos, ou caricaturas, que até se coaduna mais propriamente com o género de desenhos em questão... só que o DN escolheu outro termo... e escreveu assim: Jornal desculpa-se por cartunes... ...CARTUNES... como se dissesse: que eu cartune, que tu cartunes, que ele cartune e por aí fora... ia a dizer, aportuguesou-se a palavra inglesa, se bem que talvez fosse mais correcto dizer, abrazileirou-se a palavra, que o Brasil, tal como o Canadá francês em relação ao inglês... no Brasil é normal nacionalizar-se –se assim se pode dizer – a grafia de alguns estrangeirismo de uso frequente...
Portanto cartunes e não cartoons... não sei.. muito francamente não sei, se esta nova grafia consta também no Novo Acordo Ortográfico...  nem se será esta uma das razões porque já corre um abaixo assinado pela Internet, reclamando a revogação desse mesmo Acordo. Mas a verdade é que no entanto ela move-se. 
Move-se e já tem 47 mil pessoas dispostas a assinar por baixo essa Iniciativa Legislativa de Cidadãos, contra o Acordo Ortográfico. São precisas 35 mil assinaturas, para que o Parlamento considere a hipótese de revogar, ou pelo menos suspender o Acordo.
Diz o Público – que é já onde estamos... diz o Público que a ideia foi lançada na rede e que apesar do adiantado da hora, pouco depois já eram muitas as respostas, apoiando a iniciativa. 47 mil pessoas ... Falta só que dessas 47 mil, 35 mil aceitem subscrever o abaixo assinado, ou seja, subscrevam esta Iniciativa Legislativa de Cidadãos, para que o Parlamento seja obrigado a reflectir e decidir de novo sobre a matéria... Ora aí está uma oportunidade excelente para responder a esta outra notícia, que o Público puxa hoje também para a primeira página...  é aquela que diz que a satisfação dos portugueses com a democracia é a mais baixa dos últimos 25 anos. Queixam-se os eleitores portugueses de participarem pouco nos destinos da nação. Querem, portanto, ter uma participação mais efectiva. Com, ou sem cê de cão.