quarta-feira, 3 de março de 2010

Ponha-se moderno, porra!

Quatro mil e quinhentas queixas... isto em dois anos. Vem no Diário de Notícias que a DECO – associação de defesa do consumidor , recebeu, em dois anos, 4500 queixas contra práticas comerciais ilegais.
Os sectores mais denunciados são os das telecomunicações, comércio, banca e transportes aéreos... Este estudo, ou levantamento, se quisermos, surge enquadrado num projecto mais vasto e de âmbito comunitário, que envolveu 8 associações europeias de consumidores, coordenado pelo Observatório de Práticas Comerciais Desleais. Pois por cá, segundo a DECO, o pior de todos é o sector das telecomunicações... publicidade enganosa que passa, por exemplo, por anunciar uma velocidade de ligação à Internet superior à que realmente se oferece...(oferece, uma porra! vende! que para aqui não vem nada de borla, como dizia o Severino, o bicho-homem... adiante!) e depois as vendas agressivas, como é o caso em que o consumidor,  aliciado por um prémio qualquer,  se desloca à sede da empresa, onde é assaltado com ofertas de outros produtos... e a palavra "assaltado", pelo que se compreende do texto da notícia... não será liberdade poética, nem força de expressão.
Há também o sonegar de informação, ou até mesmo informação errada. Cita-se o caso dos bancos. Aqui, o truque é fazer pensar o cliente que fez um depósito a prazo, para depois se descobrir que o dinheiro foi aplicado num fundo de investimento, que muitas vezes dá mais prejuízo, que ganhos ao depositante e dono do dinheiro. É do que se queixam  actualmente alguns clientes do BPP, se bem se lembram...
Por fim cita-se o caso das companhias aéreas, que ao anunciarem os preços das viagens, se esquecem de incluir nesse preço os custos de taxas e suplementos a pagar neste tipo de transacções... É naturalmente um truque simplório e quase patético... se o conceito de preço de seja o que for se define pelo montante que alguém tem de pagar por um determinado bem ou serviço... que interessa ao consumidor se esse preço inclui e em que percentagem as taxas dos variados serviços, os suplementos, ou até mesmo os ordenados dos funcionários e as contas da água e luz do prestador do serviço. Claro que o preço final seja do que for tem forçosamente de incluir e ter em conta todas essas despesas... senão... é como o outro que diz: mais vale fechar a loja!
Ora, o que esta breve notícia não refere, mas que parece também curioso... Enfim, curioso quase até à prepotência...  é o caso dos contractos, que se firmam com os operadores de televisão por cabo... A coisa passa-se assim – e todos já foram testemunha do fenómeno: Na altura do contracto, o cliente escolhe e paga um determinado pacote de canais e serviços e depois e de vez em quando e sem apelo, apesar do aviso prévio... o operador resolve incluir novos canais, suprimindo outros...  há sempre a hipótese de alguns dos canais preteridos em favor da novidade serem precisamente os que levaram o cliente a subscrever aquele pacote de canais e não outro qualquer... só que as operadoras é que sabem. Porque aquilo é deles. Ou é como se fosse...
É como se - e desculpem-me o descabido da comparação.. é como se comprássemos um fogão e depois o vendedor nos aparecesse em casa, na semana seguinte, para levar o fogão de volta e deixar lá um micro ondas... Não senhor, eu é que sei, o que o meu amigo quer é um micro ondas. Ponha-se moderno, homem, ponha-se moderno!
Estão a ver a coisa?...

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