Pode ser um preciosismo. Uma embirração de velho, cisma de ocioso. O que se quiser!
Vem a propósito do tão cantado "saudosismo" lusitano... Seja lá isso o que for, a verdade é que esta terra grama sofrer! Não da morriña galega, ou da paixão dilacerante das tragédias gregas. Sofrer assim em banho-maria. Sempre e sem grande chama. Mas isso é outra prosa. Voltemos ao princípio.
E no princípio foi o verbo. A forma verbal!
A reportagem acompanhava a partida de soldados portugueses para um qualquer Afeganistão... No cais da partida, o repórter entrevistava a família dos bravos voluntários. Pois, o pior vai ser o Natal. E respondia a noiva. Pois, é a primeira vez que passa o Natal longe da família. E voltava o repórter. Vai ser mais difícil. Respondia a noiva. Pois, no Natal é que esperemos que as saudades sejam maiores!
Repararam no tempo do verbo?! Esperemos! Não - esperamos! Mas - esperemos!
É um desejo, o que noiva expressa! Como quem diz: que ao menos se ganhe alguma coisa com isto. O gajo está longe no Natal, mas sempre dá para sofrer mais um bocadinho de saudades.
Esperemos...