A história é terrível, mas teria de ser contada. Quanto mais não fosse como aviso e alerta. Alerta para as entidades responsáveis e aviso para toda a gente, que usa normalmente, ou por acaso, este apeadeiro de Coimbrões, em Vila nova de Gaia.
Foi lá que, ontem, eram umas 11 da manhã, uma jovem foi atropelada mortalmente por um comboio.
Tinha 16 anos, estudava numa escola do Porto e, consta que, as autoridades sanitárias só compareceram uma hora depois no local, para certificar o óbito e autorizar a remoção do corpo da jovem da linha…
O ano passado morreram 3 pessoas, atropeladas por comboios, neste mesmo troço. Já lhe chamam a “Passagem Negra”, a este apeadeiro de Coimbrões.
Pois… e a notícia ficaria por aqui, para o essencial da história. Mas o Jornal de Notícias quer ir mais longe e, p'ra que não restem dúvidas sobre a fiabilidade da informação, o jornal publica a fotografia do comboio em causa. Parado, ao que parece no exacto local do atropelamento. À porta, olhando a linha, um revisor da CP – parece, visto daqui. Do outro lado do comboio, do lado de lá, alguns populares, meia dúzia deles parece conversarem entre eles, comentando o sucedido, talvez… e sabe-se que a fotografia foi tirada nesse espaço de tempo em que se esperava pelo delegado de saúde. Isso parece certo, porque, por baixo do comboio, consegue ver-se nitidamente, um vulto, que parece um corpo embrulhado num oleado, ou um qualquer outro tecido azul claro.
E é aqui que haveria de chegar. A que, no dia em que precisar de ver fotografias destas para acreditar que é mesmo verdade o que o jornal escreve e me conta… então, definitivamente deixo de ler jornais.
Mas não para já.
Para já deixo-vos esta outra notícia, em quase tudo idêntica à anterior.
Trata-se uma vez mais de um atropelamento. Só que foi já ante ontem e no Cacém, perto de Lisboa, linha de Sintra.
Uma jovem também, que atravessava a linha, falando ao telemóvel, foi colhida pelo comboio.
E o que vai ser dito pode custar-me caro, mas arrisco na mesma.
Diz o Diário de Notícias que, pouco antes do acidente mortal, a jovem terá mandado uma mensagem SMS para uma tia, onde escreveu esta frase magnífica: Estou muito feliz, não sei porquê…
Quantos de nós não desejaria – já que dela ninguém escapa – que a velha senhora nos surpreendesse assim mesmo, num desses fantásticos momentos de bem-aventurança.
Mas bom, hoje é sexta, fim-de-semana à porta… dois dias para descontrair e não pensar em coisas tristes.
E voltemos ao JN. Na capa, chamando para a notícia que há-de estar lá para a página 16, o JN escreve assim:
TRABALHO
“Dez mil empregos rejeitados todos os meses”. E depois explica, em letra mais miúda: “Salários muito baixos justificam recusas”… Ao todo, dois terços da oferta foi declinada e as vagas ficaram por preencher.
Mas, fiquemo-nos só pela entrada: Dez mil empregos, que foram rejeitados por mal pagos, é certo, mas não interessa. O que importa é que foram 10 mil ofertas de emprego, que só não foram aceites pelas razões que já vimos e não me obriguem a repetir. Acompanhem-me só nesta conta : 10 mil vezes 15 dá 150 mil.
Ou seja, daqui a 15 meses, o primeiro-ministro – por este andar – verá satisfeita, não a promessa, já sabemos, mas o desiderato eleitoral, de criar 150 mil novos postos de trabalho. Se as pessoas os rejeitam…bom, enfim, que se há-de fazer? É a vida!
Foi lá que, ontem, eram umas 11 da manhã, uma jovem foi atropelada mortalmente por um comboio.
Tinha 16 anos, estudava numa escola do Porto e, consta que, as autoridades sanitárias só compareceram uma hora depois no local, para certificar o óbito e autorizar a remoção do corpo da jovem da linha…
O ano passado morreram 3 pessoas, atropeladas por comboios, neste mesmo troço. Já lhe chamam a “Passagem Negra”, a este apeadeiro de Coimbrões.
Pois… e a notícia ficaria por aqui, para o essencial da história. Mas o Jornal de Notícias quer ir mais longe e, p'ra que não restem dúvidas sobre a fiabilidade da informação, o jornal publica a fotografia do comboio em causa. Parado, ao que parece no exacto local do atropelamento. À porta, olhando a linha, um revisor da CP – parece, visto daqui. Do outro lado do comboio, do lado de lá, alguns populares, meia dúzia deles parece conversarem entre eles, comentando o sucedido, talvez… e sabe-se que a fotografia foi tirada nesse espaço de tempo em que se esperava pelo delegado de saúde. Isso parece certo, porque, por baixo do comboio, consegue ver-se nitidamente, um vulto, que parece um corpo embrulhado num oleado, ou um qualquer outro tecido azul claro.
E é aqui que haveria de chegar. A que, no dia em que precisar de ver fotografias destas para acreditar que é mesmo verdade o que o jornal escreve e me conta… então, definitivamente deixo de ler jornais.
Mas não para já.
Para já deixo-vos esta outra notícia, em quase tudo idêntica à anterior.
Trata-se uma vez mais de um atropelamento. Só que foi já ante ontem e no Cacém, perto de Lisboa, linha de Sintra.
Uma jovem também, que atravessava a linha, falando ao telemóvel, foi colhida pelo comboio.
E o que vai ser dito pode custar-me caro, mas arrisco na mesma.
Diz o Diário de Notícias que, pouco antes do acidente mortal, a jovem terá mandado uma mensagem SMS para uma tia, onde escreveu esta frase magnífica: Estou muito feliz, não sei porquê…
Quantos de nós não desejaria – já que dela ninguém escapa – que a velha senhora nos surpreendesse assim mesmo, num desses fantásticos momentos de bem-aventurança.
Mas bom, hoje é sexta, fim-de-semana à porta… dois dias para descontrair e não pensar em coisas tristes.
E voltemos ao JN. Na capa, chamando para a notícia que há-de estar lá para a página 16, o JN escreve assim:
TRABALHO
“Dez mil empregos rejeitados todos os meses”. E depois explica, em letra mais miúda: “Salários muito baixos justificam recusas”… Ao todo, dois terços da oferta foi declinada e as vagas ficaram por preencher.
Mas, fiquemo-nos só pela entrada: Dez mil empregos, que foram rejeitados por mal pagos, é certo, mas não interessa. O que importa é que foram 10 mil ofertas de emprego, que só não foram aceites pelas razões que já vimos e não me obriguem a repetir. Acompanhem-me só nesta conta : 10 mil vezes 15 dá 150 mil.
Ou seja, daqui a 15 meses, o primeiro-ministro – por este andar – verá satisfeita, não a promessa, já sabemos, mas o desiderato eleitoral, de criar 150 mil novos postos de trabalho. Se as pessoas os rejeitam…bom, enfim, que se há-de fazer? É a vida!