sábado, 21 de março de 2009
no Dia Mundial da Poesia, a sentida homenagem
dessa forma tão cruel e desprezível ?!...
dás-me sopa, quando te peço pudim...
dia sim, dia sim, sempre irascível !
és capaz de me deixar na rua, ao frio,
como um cão, cheio de pulgas, sem calor...
Oh musa, quem te vê e quem te viu,
constata logo, que já não me tens amor.
Oh musa, não suporto mais, viver
na dúvida que vejo a acenar
na sombra desse teu riso escarninho.
que mal é que eu te fiz, queres me dizer ?!
isso é mesmo só vontade de embirrar,
ou será que pisei merda no caminho ?!...
sexta-feira, 20 de março de 2009
assim se vê a força da TV
Poderia chamar-se o efeito escaldão. Ou seja, aquele que faz com que se torne insuportável, até mesmo o passar de uma penugem de colibri, pela nossa pele devastada pelos ultra violetas do sol… É talvez isso, que faz reagir desta forma indignada o sindicalista Carvalho da Silva da CGTP.
Está indignado contra a campanha publicitária da Antena 1, na RTP. A campanha começou, diz o Público, no princípio deste mês, mas só agora a CGTP, pela voz do seu secretário-geral, torna pública a alegada ofensa.
No anúncio em causa, um automobilista está preso no trânsito, alegadamente por causa de uma manifestação de trabalhadores… a locutora, no caso Eduarda Maio, jornalista da estação e já se vai ver porque é que o nome da jornalista é aqui importante… a locutora, portanto, explica que a manifestação é contra quem, como ele, o automobilista do anúncio, quer chegar a horas ao trabalho. É daqui que parte a indignação de Carvalho da Silva. Diz que se está a atacar o sindicalismo e a Intersindical terá já mesmo apresentado queixa, contra o “spot” em questão. Carvalho da Silva fala em subserviência ao Governo. Que não é apenas uma crítica velada, mas um ataque expresso ao sindicalismo. E aqui explica-se, porque é que o nome de Eduarda Maio parece ser importante neste desaguisado, porque, como lembra Carvalho da Silva, Eduarda Maio é também a autora, da primeira biografia autorizada do 1º ministro – “o menino de ouro do PS”, como a jornalista lhe chamou, no livro de que se fala.
Carvalho da Silva acha que, a concepção individualista apresentada no “spot”, não configura a missão de serviço público, a que a rádio pública está adstrita, antes parece reflectir uma atitude de subserviência, a posições de incómodo, manifestadas pelo governo relativamente à contestação das suas politicas… – foi o que disse Carvalho da Silva, ao jornal Público.
Já João Proença, da UGT, diz que ainda não viu o anúncio, mas também acha, pelo que lhe contaram, que se trata de um anúncio infeliz e que põe em causa um direito fundamental, que é o direito de manifestação.
Do lado da Antena 1, a resposta é que a encomenda foi feita a uma agência de publicidade bastante cotada no mercado. A agência apresentou várias propostas e a rádio escolheu as que achou melhores.
Daquilo que se sabe, ou que nos lembre, nem são as manifestações de trabalhadores, quem mais ensarilha e engarrafa o trânsito das nossas cidades… Já aí, o anúncio peca por uma ligeira ignorância da realidade. Mas talvez não seja essa a função da publicidade – retratar a realidade – mas antes, talvez, a sua caricatura, ou a sua própria mistificação. Adiante e recuemos.
Recuemos à nossa História nacional para admitir que, desde dobermen, a pastores alemães, canhões de água, polícia a cavalo, carros de assalto ninguém conseguiu ainda, em 8 séculos e tal de História, fechar o povo português dentro de casa, quando ele tem vontade, ou mais que isso, a necessidade urgente de sair para a rua, a reclamar os seus direitos. Haveria de ser agora uma campanha publicitária, idiota, admitamos, mas uma campanha publicitária, de que aliás só a custo e com boa vontade se percebe , no meio do disparate, a finalidade e objectivo, que iria desmotivá-los, ou sequer sujar a honra e a dignidade do movimento sindical…!
Mas… João Proença, não é?...
Diz que ainda não viu o anúncio. Não é portanto disso que se está a rir, nas páginas do JN. Aí o assunto é a crise.
E o jornal publica a fotografia do sindicalista a rir-se, com ar matreiro, quase traquinas. A rir-se de quê, almas de deus?!
Diz a legenda que, segundo João Proença, o ano de 2009 vai ser ano de grande preocupação e diz ainda que, para a UGT, é de sublinhar que há ainda muitas situações de empresários, que tentam impor soluções à margem da lei, para enfrentar a crise.
E foi para ilustrar estas declarações e evidências, que o Jornal de Notícias escolheu uma fotografia de João Proença a rir. A rir de quê?!!!... Da miséria da classe operária?! Feio, muito feio! Ou deverá acusar-se antes o JN, por ter escolhido fotografia tão pícara, para ilustrar assunto tão sério. Cínico, muito cínico.
quinta-feira, 19 de março de 2009
cuidado c'o bicho!
A história é notícia em todos os jornais desta quinta. A história, o resumo das reacções, e do impacto que provocaram, a nível mundial e nos mais variados sectores da sociedade, as palavras de Bento 16, ao aterrar nos Camarões.
Escusado repeti-las… as palavras do papa, quanto ao uso dos preservativos e o combate à sida. Oficialmente, a França foi um dos primeiros países a reagir contra as palavras assassinas do papa. Palavras assassinas, é como lhes chama o 24 Horas. O jornal ouviu teólogos e padres portugueses, que também eles se mostraram surpreendidos com as declarações de Bento 16. O jornal garante que as opiniões recolhidas deixam o santo padre com as orelhas a arder. Diz também, em anexo à noticia principal , que o governo espanhol vai abrir concurso público, para comprar e enviar para África, em breve, mais de um milhão de preservativos, num esforço de combater a propagação da sida e fomentar a prevenção da doença…
No DN, escreve-se que esta questão e as declarações do papa puseram a própria ONU contra Bento 16. Seja como for, escreve o outro de notícias, o JN, que a posição da Igreja sobre esta matéria não vai mudar durante esta incursão do papa a África.
No Público, o papa surge na fotografia entre os anfitriões, o presidente camaronês e a esposa. O título da notícia diz que o Vaticano tenta emendar a posição, depois de quase todos os governos da Europa terem caído em cima do papa, cobrindo-o de críticas e havendo mesmo muitas organizações internacionais exigindo que retire as afirmações que fez…
Pois a fotografia… No caso do 24 Horas e do Diário de Notícias, a escolha da fotografia recaiu no instantâneo, recolhido durante o dia de ontem, no palácio presidencial dos Camarões.
E nesta fotografia, Bento 16, com um sorriso, diria que vagamente timorato, avança a mão em carícia tímida, na direcção de um leão. Chega mesmo a tocar-lhe numa orelha com a ponta dos dedos. Um funcionário do palácio presidencial baixa os olhos para o chão, com ar reservado. A legenda explica… o Papa afaga um leão empalhado no palácio presidencial.
É talvez natural, se bem que por vezes condenável, uma pessoa tocar, ou mexer nos objectos expostos, em determinados locais e circunstâncias… museus, por exemplo. É óbvio que, se o leão em causa – que já agora, pela juba que não tem, tudo indica que seja uma leoa e não um leão, mas isso para o caso, é irrelevante, o que conta é que se o leão – estivesse vivo, não haveria problema. Enfim, não haveria esse problema, do visitante teimar em mexer e tocar nos objectos expostos. Haveria, eventualmente, outro...
Mas o problema do papa de momento não é esse. O problema é convencer o mundo, da razoabilidade dos seus argumentos, quanto à matéria dos preservativos e da luta contra a sida. Esse é que é o problema e Bento 16, estendendo a mão em gesto timorato, mas conciliador para esta leoa empalhada do palácio presidencial dos Camarões, parece dizer… só tu me compreendes.