sexta-feira, 20 de março de 2009

assim se vê a força da TV

Poderia chamar-se o efeito escaldão. Ou seja, aquele que faz com que se torne insuportável, até mesmo o passar de uma penugem de colibri, pela nossa pele devastada pelos ultra violetas do sol… É talvez isso, que faz reagir desta forma indignada o sindicalista Carvalho da Silva da CGTP.

Está indignado contra a campanha publicitária da Antena 1, na RTP. A campanha começou, diz o Público, no princípio deste mês, mas só agora a CGTP, pela voz do seu secretário-geral, torna pública a alegada ofensa.

No anúncio em causa, um automobilista está preso no trânsito, alegadamente por causa de uma manifestação de trabalhadores… a locutora, no caso Eduarda Maio, jornalista da estação e já se vai ver porque é que o nome da jornalista é aqui importante… a locutora, portanto, explica que a manifestação é contra quem, como ele, o automobilista do anúncio, quer chegar a horas ao trabalho. É daqui que parte a indignação de Carvalho da Silva. Diz que se está a atacar o sindicalismo e a Intersindical terá já mesmo apresentado queixa, contra o “spot” em questão. Carvalho da Silva fala em subserviência ao Governo. Que não é apenas uma crítica velada, mas um ataque expresso ao sindicalismo. E aqui explica-se, porque é que o nome de Eduarda Maio parece ser importante neste desaguisado, porque, como lembra Carvalho da Silva, Eduarda Maio é também a autora, da primeira biografia autorizada do 1º ministro – “o menino de ouro do PS”, como a jornalista lhe chamou, no livro de que se fala.

Carvalho da Silva acha que, a concepção individualista apresentada no “spot”, não configura a missão de serviço público, a que a rádio pública está adstrita, antes parece reflectir uma atitude de subserviência, a posições de incómodo, manifestadas pelo governo relativamente à contestação das suas politicas… – foi o que disse Carvalho da Silva, ao jornal Público.

Já João Proença, da UGT, diz que ainda não viu o anúncio, mas também acha, pelo que lhe contaram, que se trata de um anúncio infeliz e que põe em causa um direito fundamental, que é o direito de manifestação.

Do lado da Antena 1, a resposta é que a encomenda foi feita a uma agência de publicidade bastante cotada no mercado. A agência apresentou várias propostas e a rádio escolheu as que achou melhores.

Daquilo que se sabe, ou que nos lembre, nem são as manifestações de trabalhadores, quem mais ensarilha e engarrafa o trânsito das nossas cidades… Já aí, o anúncio peca por uma ligeira ignorância da realidade. Mas talvez não seja essa a função da publicidade – retratar a realidade – mas antes, talvez, a sua caricatura, ou a sua própria mistificação. Adiante e recuemos.

Recuemos à nossa História nacional para admitir que, desde dobermen, a pastores alemães, canhões de água, polícia a cavalo, carros de assalto ninguém conseguiu ainda, em 8 séculos e tal de História, fechar o povo português dentro de casa, quando ele tem vontade, ou mais que isso, a necessidade urgente de sair para a rua, a reclamar os seus direitos. Haveria de ser agora uma campanha publicitária, idiota, admitamos, mas uma campanha publicitária, de que aliás só a custo e com boa vontade se percebe , no meio do disparate, a finalidade e objectivo, que iria desmotivá-los, ou sequer sujar a honra e a dignidade do movimento sindical…!

Mas… João Proença, não é?...

Diz que ainda não viu o anúncio. Não é portanto disso que se está a rir, nas páginas do JN. Aí o assunto é a crise.

E o jornal publica a fotografia do sindicalista a rir-se, com ar matreiro, quase traquinas. A rir-se de quê, almas de deus?!

Diz a legenda que, segundo João Proença, o ano de 2009 vai ser ano de grande preocupação e diz ainda que, para a UGT, é de sublinhar que há ainda muitas situações de empresários, que tentam impor soluções à margem da lei, para enfrentar a crise.

E foi para ilustrar estas declarações e evidências, que o Jornal de Notícias escolheu uma fotografia de João Proença a rir. A rir de quê?!!!... Da miséria da classe operária?! Feio, muito feio! Ou deverá acusar-se antes o JN, por ter escolhido fotografia tão pícara, para ilustrar assunto tão sério. Cínico, muito cínico.

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