A história é notícia em todos os jornais desta quinta. A história, o resumo das reacções, e do impacto que provocaram, a nível mundial e nos mais variados sectores da sociedade, as palavras de Bento 16, ao aterrar nos Camarões.
Escusado repeti-las… as palavras do papa, quanto ao uso dos preservativos e o combate à sida. Oficialmente, a França foi um dos primeiros países a reagir contra as palavras assassinas do papa. Palavras assassinas, é como lhes chama o 24 Horas. O jornal ouviu teólogos e padres portugueses, que também eles se mostraram surpreendidos com as declarações de Bento 16. O jornal garante que as opiniões recolhidas deixam o santo padre com as orelhas a arder. Diz também, em anexo à noticia principal , que o governo espanhol vai abrir concurso público, para comprar e enviar para África, em breve, mais de um milhão de preservativos, num esforço de combater a propagação da sida e fomentar a prevenção da doença…
No DN, escreve-se que esta questão e as declarações do papa puseram a própria ONU contra Bento 16. Seja como for, escreve o outro de notícias, o JN, que a posição da Igreja sobre esta matéria não vai mudar durante esta incursão do papa a África.
No Público, o papa surge na fotografia entre os anfitriões, o presidente camaronês e a esposa. O título da notícia diz que o Vaticano tenta emendar a posição, depois de quase todos os governos da Europa terem caído em cima do papa, cobrindo-o de críticas e havendo mesmo muitas organizações internacionais exigindo que retire as afirmações que fez…
Pois a fotografia… No caso do 24 Horas e do Diário de Notícias, a escolha da fotografia recaiu no instantâneo, recolhido durante o dia de ontem, no palácio presidencial dos Camarões.
E nesta fotografia, Bento 16, com um sorriso, diria que vagamente timorato, avança a mão em carícia tímida, na direcção de um leão. Chega mesmo a tocar-lhe numa orelha com a ponta dos dedos. Um funcionário do palácio presidencial baixa os olhos para o chão, com ar reservado. A legenda explica… o Papa afaga um leão empalhado no palácio presidencial.
É talvez natural, se bem que por vezes condenável, uma pessoa tocar, ou mexer nos objectos expostos, em determinados locais e circunstâncias… museus, por exemplo. É óbvio que, se o leão em causa – que já agora, pela juba que não tem, tudo indica que seja uma leoa e não um leão, mas isso para o caso, é irrelevante, o que conta é que se o leão – estivesse vivo, não haveria problema. Enfim, não haveria esse problema, do visitante teimar em mexer e tocar nos objectos expostos. Haveria, eventualmente, outro...
Mas o problema do papa de momento não é esse. O problema é convencer o mundo, da razoabilidade dos seus argumentos, quanto à matéria dos preservativos e da luta contra a sida. Esse é que é o problema e Bento 16, estendendo a mão em gesto timorato, mas conciliador para esta leoa empalhada do palácio presidencial dos Camarões, parece dizer… só tu me compreendes.
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