sexta-feira, 9 de maio de 2008

O dom da ubiquidade! Desde sempre me impressionou este estranho dom da ubiquidade. Não que o não chegasse a compreender! Com o tempo… claro que sim. Mas agora o conceito ganha outro significado. Bem mais pragmático.
A ver: diz a breve do DN, que o papa Bento 16 vai enviar mensagens de telemóvel para catequizar os jovens. Para já, os jovens que vão participar, na Austrália, nas Jornadas Mundiais da Juventude. O encontro realiza-se em Julho, em Sidney.
E o Papa tenciona então enviar mensagens diárias. Mensagens religiosas.
O Vaticano diz que esta é uma forma da Igreja chegar às audiências apaixonadas pelas novas tecnologias. Diz ainda que, para além dos SMS, a organização do encontro prevê alargar esta catequese virtual também ao ciberespaço. À Internet. Hão-de ser as Jornadas da Juventude mais inovadoras realizadas até à data. Pelo menos, virtualmente.

E ainda no DN, dá-se conta do achamento daquele que pode ter sido o mítico reino da rainha do Sabá. O achado foi feito na zona de Axum Dungur, na Etiópia.
Era até hoje um dos grandes mistérios da humanidade. Um segredo cheio de lendas, que alimentou relatos mirabolantes e argumentos épicos… Em 1959, Hollywood rendeu-se ao mistério da lenda e King Vidor chegou mesmo a ficcionar a história, no filme “Salomão e a Rainha do Sabá”. Adiante.
A descoberta, do que terá sido o reino de Sabá, foi feita por um grupo de cientistas e arqueólogos alemães. As ruínas do palácio datam-no do século 10º, depois de Cristo… As ruínas foram desenterradas de debaixo das ruínas de um outro palácio, que entretanto lhe foi construído em cima. Enfim, o costume.
Este segundo palácio pertenceria já a um rei cristão. Uma vez mais, o costume.
Este, agora desenterrado do silêncio da História, terá sido mandado construir por Menelik 1º, rei da Etiópia e filho da rainha de Sabá e do rei Salomão de Jerusalém. Foi Menelik 1º, quem mandou construir o palácio na sua localização definitiva, orientado na direcção da estrela Sirius. Assim mandava o culto. O culto de Sothis, ligado á deusa egípcia Sopdet e à estrela Sirius.
Já desde 99, que esta equipa estuda a história do reino da Etiópia e da igreja ortodoxa etíope.
No palácio descobriu-se o altar onde, rezam as crónicas e a lenda, terá sido depositada a própria Arca da Aliança! O cofre de madeira de acácia, forrado a oiro e, onde, ainda segundo a tradição, se guardavam as Tábuas da Lei. Os dez mandamentos que Deus terá entregue a Moisés, no alto do Monte Sinai. Entregue em mão, dizem os textos sagrados. Que naquela altura ainda não havia telemóveis, nem essa facilidade de catequizar on line, ou mandar dicas por SMS…

quinta-feira, 8 de maio de 2008




Está tudo nos provérbios e há um que diz que só quem está no convento, sabe o que lá vai dentro. Ou seja, cada um sabe de si, apesar de haver quem nem isso saiba. Paciência e adiante.
Saibam então, qual a primeira prioridade de Boris Johnson, à frente da Câmara de Londres. Pois diz o recém-eleito presidente, que a primeira coisa a fazer é acabar com o consumo de bebidas alcoólicas e o transporte ostensivo de garrafas, no metro e nos autocarros. Diz que é uma tentativa de acabar com a delinquência juvenil. Com a criminalidade juvenil – é assim que escreve o Diário de Notícias. Então, pressupõe-se que a medida não abranja eventualmente cidadãos adultos! Esses poderão eventualmente continuar a viajar bêbados de metro ou autocarro, em Londres…
Entretanto, e muito a sério, os trabalhadores dos transportes colectivos já disseram que vai ser bonito, vai. Ou seja, já é difícil muitas vezes actuar em apoio à própria polícia, quanto mais, sozinhos, terem de expulsar dos veículos gente provavelmente embriagada e agressiva!

Ainda no DN, logo ali na página ao lado, a fotografia mostra o que ficou, depois do Nargis ter varrido a Birmânia.
Os jornais falam já em cem mil mortos; falam da ajuda urgente e necessária às populações afectadas e falam, agora também e com alerta, da pilhagem!
O relato vem de um intérprete inglês que, ante ontem de manhã, deu com militares birmaneses pilhando cadáveres. Diz que os viu a despir os corpos dos mortos e a revirar-lhes os bolsos, guardando todo o dinheiro e objectos de valor que encontravam. O alerta e o receio são saber se o mesmo não acontecerá à ajuda humanitária, que o mundo decidir enviar para as vítimas.

Outras guerras. Esteve ontem em Lisboa, não sei se já foi embora… Ian Lesler, especialista norte-americano na matéria. E a matéria é o terrorismo. A matéria do congresso internacional, que termina hoje, na Universidade Nova de Lisboa. "Terrorismo – Desafios e Respostas”, é esse o mote do encontro. E ontem foi então a vez de Ian Lesler tomar a palavra. Ian Lesler trabalha para a fundação German Marshal e veio a Lisboa a convite do Observatório de Segurança e Criminalidade Organizada e Terrorismo – só o nome já assusta. E disse então, o especialista, que a Europa é um alvo prioritário da Al Qaeda.
Diz o Diário de Notícias que o estratega – é assim que lhe chama – sublinhou o facto da Europa acolher grandes comunidades muçulmanas e que tem fronteiras permeáveis e portas meias com as chamadas periferias do extremismo islâmico, ou seja, terá dito mr. Lesler, com o Magreb.
Esperemos todos que o estratega se engane redondamente, mas entretanto ficam só duas pequenas observações de fugida. Não foi na Europa que caíram os aviões, nem as torres gémeas. E Madrid e o 11 de Março e Londres e os autocarros… só aconteceram depois de Washington ter declarado guerra, primeiro aos talibans e depois a Saddam Hussein e ter convencido, para essa missão, alguns parceiros europeus.
De resto, o argumento de na Europa viverem grandes comunidades muçulmanas… Enfim, sabe-se que os atentados suicidas são uma das armas do terrorismo internacional, em particular o extremismo islâmico… mas não exageremos. Que ladrão, com dois dedos de inteligência, se põe a fazer assaltos no bairro onde vive?!


Outras guerras. Vem na capa do Público, com chamada para as páginas interiores, que o Jornal de Angola sugeriu ontem, que o BES – Banco Espírito Santo – tem de ver quem convida – e passamos à citação : “tem de ver quem convida para falar de desenvolvimento sustentado”. Mesmo sem ir às páginas indexadas, percebe-se que esta é a reacção do jornal de Angola às críticas de Bob Geldof ao governo de Luanda.
Curioso, que o que o músico irlandês disse foi, que era o governo de Luanda, que era criminoso e responsável pelas gritantes disparidades sociais e económicas no país. Que me lembre, Bob Geldof não disse que a culpa era do jornal de Angola! O jornal que, pelo meio da prosa, terá chamado a Bob Geldof um espertalhaço malcriado.
Quanto à embaixada angolana em Lisboa, diz o Público, que se considera a hipótese de processar judicialmente o orador.

E entretanto ela move-se.
É capa do Jornal de Negócios: “BIC português abre hoje portas em Portugal.”
Em entrevista ao jornal, Fernando Teles, o presidente do BIC de Angola diz que o Banco tem um espaço de ligação entre os dois países e que no final do 1º trimestre deste ano já representava mais de 30% do movimento cambial de Angola. O ano passado, o Banco movimentou 7 milhões e meio de dólares.
O negócio parece próspero, tanto que Fernando Teles confessa que já se decidiu abrir delegações no Congo e Namíbia e daqui a um par de anos… no Brasil.
Quanto a Angola, o BIC, do grupo Espírito Santo, tem em Angola 91 agências, com cerca de mil trabalhadores e perto de 250 mil clientes, entre privados e empresas. A grande maioria – 227 mil são particulares. Ora aí está! De que se queixam, se até têm dinheiro para pôr no banco?!...

Porque a verdade é que é difícil contentar certas pessoas. Gente exigente. De uma insatisfação quase doentia…
Há que perceber que, por muito negro que seja o cenário, podia sempre ser pior. E essa é uma filosofia desesperada!?... Talvez. Mas é uma filosofia. Por exemplo Josef Fritzl – o diabo austríaco, como lhe chama a revista Visão, em chamada de capa… Josef Fritzl, que há já quem queira dar como inimputável… Enfim, distúrbios mentais terá decerto mas, o caso agora é que Josef Fritzl sai em defesa própria com este argumento demolidor. Diz que não é um monstro, pelo menos não como o pintam e porquê? Porque podia ter sido bem pior. Como? Podia tê-los matado a todos… Incluindo, obviamente a filha, que manteve sequestrada durante 24 anos, enquanto a obrigava a ter 7 filhos dele próprio… Diz então que podia ter sido pior.
Pois podia, mas pior para quem?

quarta-feira, 7 de maio de 2008

"'tá bonito, não 'tá?..."




Ora bem, Bob Geldof, sir Bob Geldof esteve em Lisboa a convite do semanário Expresso e do Banco Espírito Santo. Veio falar de como "Fazer a Diferença" no combate à fome e à discriminação no mundo e neste tão aclamado século 21… O debate era sobre o desenvolvimento sustentável.
Já é História, a visita do músico irlandês a Lisboa e porque, a meio da intervenção e quando falava das relações privilegiadas entre Portugal e África e a responsabilidade acrescida que isso implica… Bob Geldof interpelou directamente o governo de Luanda, dizendo que Angola está a ser governada por criminosos. Lembrou, como exemplo, que se constroem na baía de Luanda as casas mais ricas do mundo, mais caras que em Park Lane, Chelsea, bairros chiques de Londres. Disse que Angola tem potencial para ser o país mais rico do mundo e no entanto… não é, pelas razões que já percebemos. Porque, para Bob Geldof, Angola está a ser gerida por criminosos, que permitem este tipo de disparidades.
Ora a declaração caiu que nem uma bomba. A embaixada angolana já condenou as afirmações, classificando-as de manifesta má fé e reveladoras de um total desconhecimento do esforço do governo de Luanda, para melhorar as condições de vida das populações. Enfim, terá feito o que lhe competia, que, isto, quem não se sente, diz-se que não é filho de boa gente...
As agências de notícias e os jornais tentaram entretanto e naturalmente recolher reacções, também dos organizadores do evento. Do lado do semanário Expresso não houve qualquer comentário às afirmações de Bob Geldof… Diz o jornal que em nome da liberdade de expressão.
Já da parte do banco anfitrião, o Espírito Santo, a reacção foi surpreendente. O Banco diz-se totalmente alheio às afirmações, continuando, que não se identifica com as afirmações injuriosas do orador convidado.
Ora vamos lá a ver se nos entendemos! Se de facto o BES se afirmasse completamente alheio às afirmações de Bob Geldof, o que tinha a fazer era dizer, como o Expresso, que não tinha nada a dizer. Em nome da liberdade de expressão, por exemplo. Não lhe ficava mal. Não o comprometia e nem espantava ninguém. Agora dizer que se distancia inequivocamente das afirmações injuriosas, já parece um pouco mais suspeito. Para dizer o mínimo.
Ao classificá-las de injuriosas, revela logo uma tomada de posição. Uma opinião formada e definitiva. Um juízo de valor, esse sim, inequívoco. Está, sim senhor, a imiscuir-se nas declarações do orador.
O mesmo para esse distanciamento anunciado. Como se o assunto só pudesse, ou devesse ser tocado com uma vara de 5 metros, por mor de contágios infectos, ou coisa ainda pior.
A verdade é que, se o BES tivesse respondido como o Expresso o fez, ninguém, rigorosamente ninguém poderia levar a mal. Porque Bob Geldof já é homem feito e responde pelo que diz e faz. Porque ninguém poderia, nem mesmo – supostamente – os parceiros comerciais que o Banco possa ter em Angola poderiam ou deveriam levar a mal o silêncio. Não é o sigilo a alma do negócio?!... Então, porque não guardaram em segredo o que realmente pensam do assunto?! Teriam ficado bem melhor na fotografia.

Fotografias…
O Diário de Notícias pergunta hoje, logo na capa, porque é que não há fotografias de mortos de um ciclone que matou mais de 22 mil pessoas.
O ciclone de que se fala é o que varreu a Birmânia, naturalmente. Explica-se depois, em legenda, que a ausência de jornalistas estrangeiros na Birmânia, os maus acessos às zonas atingidas e os generais que temem a reacção das famílias famintas podem explicar a ausência de imagens, que revelem a real dimensão do desastre.
Entra-se depois pelo jornal e, aí sim, caímos – ou ela nos cai em cima, a fotografia dos mortos no ataque aéreo a Hiroxima, nesse 8 de Agosto de 1945.
São aliás 4 fotografias, das 10 agora divulgadas por um oficial norte-americano, que esteve no Japão durante a ocupação, entre 45 e 49.
Dez fotografias do horror que ficou, depois da bomba atómica ter descido dos céus sobre Hiroxima. Como dizia o filme: tu não viste nada em Hiroxima! … Pois este oficial descobriu as fotografias nessa altura e resolveu agora mostrá-las ao mundo.
Um número indeterminado de corpos disformes amontoados num cenário de destruição absoluta. De real destruição em massa.
As fotografias terão sido tiradas por um japonês, de que se desconhece a identidade e que não deve, aliás, ter sobrevivido muito ao bombardeamento. As fotos foram tiradas pouco depois. Numa população de 450 mil pessoas, Hiroxima perdeu nesse dia 120 mil; perto de um quarto da população.
As fotografias que o DN hoje publica são obviamente horríveis e estranhas de perceber, ou "encaixar"… Mas se calhar, tinham mesmo de ser publicadas e não só pelo inédito da revelação…
Depois, e em todos os jornais desta manhã, se publica a fotografia do “pedófilo dos olhos azuis”. A Interpol já lançou a caça ao homem, depois do sucesso alcançado com um procedimento semelhante e em relação a um outro cidadão, procurado por violação e abusos sexuais sobre menores. Divulgou-se a fotografia pelo mundo e o homem acabou por ser denunciado e preso. No caso deste, escusa-se mesmo a identificação, idade, ou país de origem. O que conta é o rosto que, ao contrário do caso anterior, o acusado nem se preocupou em disfarçar ou distorcer nas imagens, onde aparece explicitamente abusando sexualmente de 3 crianças asiáticas.
Mas isto dos rostos distorcidos também trás que se lhe diga!
Por exemplo, ontem nos telejornais passou, que eu vi, as imagens do chamado Matador das Aldeias. Um homem que matou 4 idosos e cometeu mais 18 homicídios e sevícias várias e foi ontem condenado à pena máxima pelo tribunal de Vila do Conde.
À saída do tribunal o condenado aparecia na televisão com a cara distorcida com aquele truque da pequena grelha quadriculada, que supostamente preserva a identidade da pessoa. Neste caso, o da pessoa já ter sido condenada e ir até mesmo já a caminho da prisão efectiva, pode-se perguntar para quê tapar-lhe a cara?!... Mas enfim são critérios. Acontece é que, na capa do Correio da Manhã de hoje, o tal Matador das Aldeias aparece de cara descoberta, a fazer o mesmo percurso a caminho do carro celular e onde ontem as televisões acharam que lhe deveriam tapar o rosto. De ontem para hoje o que terá acontecido?!...
Enfim, de ontem para hoje aconteceu muita coisa. No mundo e cá em casa também. Que o mundo anda depressa. Tão depressa que, por exemplo, o jovem que ontem alegadamente terá empurrado a avó da janela, fazendo-a cair desamparada sobre um telheiro…. Foi em Lisboa. A senhora está no hospital mas livre de perigo. O jovem diz que é problemático e já esteve numa instituição de menores em risco e a polícia levou-o para averiguações… Pois na capa do Diário de Notícias, diz-se que o jovem tem 12 anos. O resto, a chamada remete-nos para a página 24. E nós vamos. E 24 páginas depois… note-se que não foram 24 horas, foram 24 páginas depois, lê-se que o jovem, adolescente que terá empurrado a avó de um terceiro andar para a rua, tem entre os 16 e os 18 anos. Isto é que é crescer depressa!
Mas há mais. Há a fotografia! 12 ou 16anos, tanto faz. Na fotografia, o jovem aparece saindo de casa, acompanhado por dois polícias. Mãos nos bolsos e sem grande alarido. A cara aparece tapada com a tal grelha quadriculada que, intencionalmente, oculta a identidade do jovem. Muito mal, mas a ideia é ocultar mesmo. Ao lado, passando-lhe um braço pelo ombro, um polícia encaminha o jovem. Atrás, uma mulher polícia ergue o braço para a câmara, com a mão fazendo o sinal para que se não fotografe o jovem. Enfim, foi tarde demais. Já estava. Não se sabe o que terá feito ou dito, a seguir e entretanto, a jovem mulher policia, ao fotógrafo do DN. Não se sabe se o interpelou, dizendo porque é que não devia tirar fotografias... O que se sabe, é que a fotografia, apesar de completamente inútil, acabou por ser publicada. Ou seja, a polícia disse que não se podia tirar, ou que não se devia tirar, ou por favor, para não tirar fotografias ao jovem …. Mas se já está, já está. E, citando um outro filme, no caso, o Páteo das Cantigas… "‘tá bonito, não ‘tá? "

terça-feira, 6 de maio de 2008

ISTO ESTAVA A FICAR MUITO PARADO..,.









cuidado com a torneira !!!

Vem no Público e diz assim: “Sociedade de Oftalmologia questiona operações em Cuba.”
Foi o presidente Jorge Breda, quem o disse ontem. Primeiro tentou tranquilizar a classe, quanto a alguma turbulência recente à volta da questão, depois passou ao ataque criticando, ou, melhor, mostrando-se preocupado com a qualidade dos serviços prestados em Cuba e as eventuais sequelas para os doentes.
Diz Jorge Breda, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, que todas as cirurgias comportam riscos e que gostava de saber quem é que segue as eventuais complicações pós operatórias, de uma cirurgia às cataratas. Ou seja, continua o médico, quem vê os doentes que ficam com glaucoma, ou com edema da retina?...
Ora bem, essa é fácil. Os médicos! No caso, creio eu que hão-de ser os médicos oftalmologistas. Se não os portugueses, talvez os cubanos que os operaram em primeiro lugar.
Avisa entretanto, que operar as cataratas não é a mesma coisa que apertar um parafuso.
Claro que depende do parafuso. Que ele há parafusos que mal apertados podem – quiçá – fazer descarrilar o mundo, mas isso é só uma hipótese…
No campo ainda das hipóteses, avança o médico que, sem querer imiscuir-se nos "motivos paralelos" que levam os autarcas a encaminhar os doentes para Cuba, tem sérias reservas aos relatos que lhe vão chegando … Diz que, garantidamente, Cuba não obedece às técnicas mais avançadas de cirurgia às cataratas. Portugal obedece.
Cuba não tem as tecnologias de ponta, nem os equipamentos mais sofisticados do mundo. Portugal tem.
Outra coisa que Portugal tem é uma taxa de 33% de cidadãos, que prefere a medicina privada ao Serviço Nacional de Saúde. Diz também que o Estado não está à altura de atender os 67% que sobram. Que é uma questão política e económica também. E que por isso mesmo já há entidades bancárias e Misericórdias a defender uma rápida alteração do modelo e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde português…
E tudo isso é provavelmente uma verdade esmagadora. Agora, o que deixa um travo esquisito na boca é a crítica quase arrasadora aos hospitais cubanos. Aos hospitais, espera-se… Que aos médicos nada se lhes poderá ser apontado. É ter em conta a quantidade de cirurgias que conseguem, com êxito aparente e em tão precárias condições de trabalho, como o médico português denuncia.

Voltando só rapidamente um pouco atrás… quanto aos motivos paralelos que levam as autarquias a encaminhar os doentes para Cuba e em que Jorge Breda não se quer imiscuir… respeitemos a vontade do clínico.

Mas entretanto ela move-se e o hospital da Cruz Vermelha diz que está à altura das encomendas. E a encomenda são as quase 3 mil cirurgias às cataratas previstas no protocolo de cooperação assinado com o Ministério da Saúde: 2900 operações, 22 mil consultas e 18 mil exames complementares de diagnóstico. Sendo as cirurgias de oftalmologia as mais frequentes, ao abrigo do acordo.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada a resolução que autoriza estes actos médicos (que não só de oftalmologia, como já se percebeu…)
O protocolo vem já de 98 e desde então já se fizeram mais de 40 mil operações, mais de 90 mil consultas, quase 40 mil exames de diagnóstico. Os doentes são encaminhados pelo Serviço Nacional de Saúde para o hospital da Cruz Vermelha e este ano – apesar de ainda não se saber quantos pedidos de cirurgia é que há - o hospital diz que está preparado para responder a todos eles.
E a todos, como já se viu, com tecnologia de ponta e os equipamentos mais sofisticados do mundo. Chique, não?!

Ora bem…violência nas salas de aula.
Atente-se então no exemplo de Bragança.
Na de Ensino Básico Augusto Moreno de Bragança, o Conselho Directivo condenou, a 5 dias de suspensão e um mês de serviço cívico no refeitório da Escola, o aluno que empurrou a professora e a fez cair, também aqui, por causa de um telemóvel.
O aluno em causa tem 15 anos. A professora já lhe tinha chamado a atenção várias vezes para largar o telefone e tomar atenção à aula… Consta que estava a ouvir música pelo telemóvel. Como o aluno não lhe ligou nenhuma, a professora chamou o Conselho Directivo e a polícia.
Fácil e exemplar.
Os pais do aluno acataram a decisão da escola sem reserva. A Associação de Pais, questionada pelo Diário de Notícias preferiu não comentar.
E quem não se sente não é filho de boa gente. Diz-se.

Avancemos então um pouco mais pelo DN adentro até à página 23.
Pois bem, diz que mais de cem condutores foram apanhados com álcool. Enfim, com álcool a mais no sangue, claro está.
Dos 685 condutores testados este fim-de-semana, a nível nacional, mais de cem conduziam em estado de semi embriaguez … desses, 39 foram mesmo detidos, por excederem até valores considerados criminosos, de percentagem de álcool no sangue.
Continua a notícia, dizendo que os números estão um pouco acima da média, mas que se explicam, pelo facto do patrulhamento das estradas ter sido mais intenso neste fim-de-semana prolongado. Ao mesmo tempo, diz-se que o tráfego nas estradas até foi normal. Ou seja, não houve um excesso significativo de carros na estrada, que possa explicar o aumento de condutores em falta. Seria mais natural, no campo da matemática e das probabilidades que, num número maior de criaturas, fosse também maior o número de faltosos, mesmo sem ferir a percentagem…. Mas não. A notícia diz que o número de carros foi mais ou menos normal, sem grandes enchentes. Portanto, a variável que se alterou foi mesmo e só a do número de condutores bêbados ao volante.
Por outro lado e ao mesmo tempo, a explicação adiantada pelo jornal é também um pouco estranha. Diz então que o aumento de condutores fora da lei se explica pelo aumento de patrulhas na estrada. É mentira! O aumento de condutores bêbados ao volante tem só a ver com uma coisa. É que houve de facto, pelo menos entre os que foram fiscalizados, um número maior de condutores bêbados a sair para a estrada ao volante de um automóvel.

E passemos ao Correio da Manhã. Que ele sim sabe descobrir a notícia onde mais ninguém deu por ela!
Então não é que no Bombarral um homem se aleijou e ficou ferido ao bater com a cabeça na torneira de uma pipa de vinho?!...
Tem 50 anos. O homem. O jornal faz questão em deixar isto bem claro e que sofreu traumatismos graves ao bater com a cabeça da torneira do pipo. Diz que foi ontem, enquanto limpava uma adega. Diz que a pancada foi de tal forma, que o homem perdeu os sentidos de imediato e teve de ir de helicóptero para o hospital. E pronto. Está em Santa Maria, já que, segundo o Correio da Manhã, teve de receber cuidados médicos diferenciados. Quanto à adega, a notícia não diz, mas das duas uma: ou alguém a acabou de limpar por ele, ou então, fica-se à espera que tenha alta e regresse a casa para acabar as limpezas.
Cuidado é com a torneira!