Vem no Público e diz assim: “Sociedade de Oftalmologia questiona operações em Cuba.”
Foi o presidente Jorge Breda, quem o disse ontem. Primeiro tentou tranquilizar a classe, quanto a alguma turbulência recente à volta da questão, depois passou ao ataque criticando, ou, melhor, mostrando-se preocupado com a qualidade dos serviços prestados em Cuba e as eventuais sequelas para os doentes.
Diz Jorge Breda, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, que todas as cirurgias comportam riscos e que gostava de saber quem é que segue as eventuais complicações pós operatórias, de uma cirurgia às cataratas. Ou seja, continua o médico, quem vê os doentes que ficam com glaucoma, ou com edema da retina?...
Ora bem, essa é fácil. Os médicos! No caso, creio eu que hão-de ser os médicos oftalmologistas. Se não os portugueses, talvez os cubanos que os operaram em primeiro lugar.
Avisa entretanto, que operar as cataratas não é a mesma coisa que apertar um parafuso.
Claro que depende do parafuso. Que ele há parafusos que mal apertados podem – quiçá – fazer descarrilar o mundo, mas isso é só uma hipótese…
No campo ainda das hipóteses, avança o médico que, sem querer imiscuir-se nos "motivos paralelos" que levam os autarcas a encaminhar os doentes para Cuba, tem sérias reservas aos relatos que lhe vão chegando … Diz que, garantidamente, Cuba não obedece às técnicas mais avançadas de cirurgia às cataratas. Portugal obedece.
Cuba não tem as tecnologias de ponta, nem os equipamentos mais sofisticados do mundo. Portugal tem.
Outra coisa que Portugal tem é uma taxa de 33% de cidadãos, que prefere a medicina privada ao Serviço Nacional de Saúde. Diz também que o Estado não está à altura de atender os 67% que sobram. Que é uma questão política e económica também. E que por isso mesmo já há entidades bancárias e Misericórdias a defender uma rápida alteração do modelo e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde português…
E tudo isso é provavelmente uma verdade esmagadora. Agora, o que deixa um travo esquisito na boca é a crítica quase arrasadora aos hospitais cubanos. Aos hospitais, espera-se… Que aos médicos nada se lhes poderá ser apontado. É ter em conta a quantidade de cirurgias que conseguem, com êxito aparente e em tão precárias condições de trabalho, como o médico português denuncia.
Voltando só rapidamente um pouco atrás… quanto aos motivos paralelos que levam as autarquias a encaminhar os doentes para Cuba e em que Jorge Breda não se quer imiscuir… respeitemos a vontade do clínico.
Mas entretanto ela move-se e o hospital da Cruz Vermelha diz que está à altura das encomendas. E a encomenda são as quase 3 mil cirurgias às cataratas previstas no protocolo de cooperação assinado com o Ministério da Saúde: 2900 operações, 22 mil consultas e 18 mil exames complementares de diagnóstico. Sendo as cirurgias de oftalmologia as mais frequentes, ao abrigo do acordo.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada a resolução que autoriza estes actos médicos (que não só de oftalmologia, como já se percebeu…)
O protocolo vem já de 98 e desde então já se fizeram mais de 40 mil operações, mais de 90 mil consultas, quase 40 mil exames de diagnóstico. Os doentes são encaminhados pelo Serviço Nacional de Saúde para o hospital da Cruz Vermelha e este ano – apesar de ainda não se saber quantos pedidos de cirurgia é que há - o hospital diz que está preparado para responder a todos eles.
E a todos, como já se viu, com tecnologia de ponta e os equipamentos mais sofisticados do mundo. Chique, não?!
Ora bem…violência nas salas de aula.
Atente-se então no exemplo de Bragança.
Na de Ensino Básico Augusto Moreno de Bragança, o Conselho Directivo condenou, a 5 dias de suspensão e um mês de serviço cívico no refeitório da Escola, o aluno que empurrou a professora e a fez cair, também aqui, por causa de um telemóvel.
O aluno em causa tem 15 anos. A professora já lhe tinha chamado a atenção várias vezes para largar o telefone e tomar atenção à aula… Consta que estava a ouvir música pelo telemóvel. Como o aluno não lhe ligou nenhuma, a professora chamou o Conselho Directivo e a polícia.
Fácil e exemplar.
Os pais do aluno acataram a decisão da escola sem reserva. A Associação de Pais, questionada pelo Diário de Notícias preferiu não comentar.
E quem não se sente não é filho de boa gente. Diz-se.
Avancemos então um pouco mais pelo DN adentro até à página 23.
Pois bem, diz que mais de cem condutores foram apanhados com álcool. Enfim, com álcool a mais no sangue, claro está.
Dos 685 condutores testados este fim-de-semana, a nível nacional, mais de cem conduziam em estado de semi embriaguez … desses, 39 foram mesmo detidos, por excederem até valores considerados criminosos, de percentagem de álcool no sangue.
Continua a notícia, dizendo que os números estão um pouco acima da média, mas que se explicam, pelo facto do patrulhamento das estradas ter sido mais intenso neste fim-de-semana prolongado. Ao mesmo tempo, diz-se que o tráfego nas estradas até foi normal. Ou seja, não houve um excesso significativo de carros na estrada, que possa explicar o aumento de condutores em falta. Seria mais natural, no campo da matemática e das probabilidades que, num número maior de criaturas, fosse também maior o número de faltosos, mesmo sem ferir a percentagem…. Mas não. A notícia diz que o número de carros foi mais ou menos normal, sem grandes enchentes. Portanto, a variável que se alterou foi mesmo e só a do número de condutores bêbados ao volante.
Por outro lado e ao mesmo tempo, a explicação adiantada pelo jornal é também um pouco estranha. Diz então que o aumento de condutores fora da lei se explica pelo aumento de patrulhas na estrada. É mentira! O aumento de condutores bêbados ao volante tem só a ver com uma coisa. É que houve de facto, pelo menos entre os que foram fiscalizados, um número maior de condutores bêbados a sair para a estrada ao volante de um automóvel.
E passemos ao Correio da Manhã. Que ele sim sabe descobrir a notícia onde mais ninguém deu por ela!
Então não é que no Bombarral um homem se aleijou e ficou ferido ao bater com a cabeça na torneira de uma pipa de vinho?!...
Tem 50 anos. O homem. O jornal faz questão em deixar isto bem claro e que sofreu traumatismos graves ao bater com a cabeça da torneira do pipo. Diz que foi ontem, enquanto limpava uma adega. Diz que a pancada foi de tal forma, que o homem perdeu os sentidos de imediato e teve de ir de helicóptero para o hospital. E pronto. Está em Santa Maria, já que, segundo o Correio da Manhã, teve de receber cuidados médicos diferenciados. Quanto à adega, a notícia não diz, mas das duas uma: ou alguém a acabou de limpar por ele, ou então, fica-se à espera que tenha alta e regresse a casa para acabar as limpezas.
Cuidado é com a torneira!
Foi o presidente Jorge Breda, quem o disse ontem. Primeiro tentou tranquilizar a classe, quanto a alguma turbulência recente à volta da questão, depois passou ao ataque criticando, ou, melhor, mostrando-se preocupado com a qualidade dos serviços prestados em Cuba e as eventuais sequelas para os doentes.
Diz Jorge Breda, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, que todas as cirurgias comportam riscos e que gostava de saber quem é que segue as eventuais complicações pós operatórias, de uma cirurgia às cataratas. Ou seja, continua o médico, quem vê os doentes que ficam com glaucoma, ou com edema da retina?...
Ora bem, essa é fácil. Os médicos! No caso, creio eu que hão-de ser os médicos oftalmologistas. Se não os portugueses, talvez os cubanos que os operaram em primeiro lugar.
Avisa entretanto, que operar as cataratas não é a mesma coisa que apertar um parafuso.
Claro que depende do parafuso. Que ele há parafusos que mal apertados podem – quiçá – fazer descarrilar o mundo, mas isso é só uma hipótese…
No campo ainda das hipóteses, avança o médico que, sem querer imiscuir-se nos "motivos paralelos" que levam os autarcas a encaminhar os doentes para Cuba, tem sérias reservas aos relatos que lhe vão chegando … Diz que, garantidamente, Cuba não obedece às técnicas mais avançadas de cirurgia às cataratas. Portugal obedece.
Cuba não tem as tecnologias de ponta, nem os equipamentos mais sofisticados do mundo. Portugal tem.
Outra coisa que Portugal tem é uma taxa de 33% de cidadãos, que prefere a medicina privada ao Serviço Nacional de Saúde. Diz também que o Estado não está à altura de atender os 67% que sobram. Que é uma questão política e económica também. E que por isso mesmo já há entidades bancárias e Misericórdias a defender uma rápida alteração do modelo e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde português…
E tudo isso é provavelmente uma verdade esmagadora. Agora, o que deixa um travo esquisito na boca é a crítica quase arrasadora aos hospitais cubanos. Aos hospitais, espera-se… Que aos médicos nada se lhes poderá ser apontado. É ter em conta a quantidade de cirurgias que conseguem, com êxito aparente e em tão precárias condições de trabalho, como o médico português denuncia.
Voltando só rapidamente um pouco atrás… quanto aos motivos paralelos que levam as autarquias a encaminhar os doentes para Cuba e em que Jorge Breda não se quer imiscuir… respeitemos a vontade do clínico.
Mas entretanto ela move-se e o hospital da Cruz Vermelha diz que está à altura das encomendas. E a encomenda são as quase 3 mil cirurgias às cataratas previstas no protocolo de cooperação assinado com o Ministério da Saúde: 2900 operações, 22 mil consultas e 18 mil exames complementares de diagnóstico. Sendo as cirurgias de oftalmologia as mais frequentes, ao abrigo do acordo.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada a resolução que autoriza estes actos médicos (que não só de oftalmologia, como já se percebeu…)
O protocolo vem já de 98 e desde então já se fizeram mais de 40 mil operações, mais de 90 mil consultas, quase 40 mil exames de diagnóstico. Os doentes são encaminhados pelo Serviço Nacional de Saúde para o hospital da Cruz Vermelha e este ano – apesar de ainda não se saber quantos pedidos de cirurgia é que há - o hospital diz que está preparado para responder a todos eles.
E a todos, como já se viu, com tecnologia de ponta e os equipamentos mais sofisticados do mundo. Chique, não?!
Ora bem…violência nas salas de aula.
Atente-se então no exemplo de Bragança.
Na de Ensino Básico Augusto Moreno de Bragança, o Conselho Directivo condenou, a 5 dias de suspensão e um mês de serviço cívico no refeitório da Escola, o aluno que empurrou a professora e a fez cair, também aqui, por causa de um telemóvel.
O aluno em causa tem 15 anos. A professora já lhe tinha chamado a atenção várias vezes para largar o telefone e tomar atenção à aula… Consta que estava a ouvir música pelo telemóvel. Como o aluno não lhe ligou nenhuma, a professora chamou o Conselho Directivo e a polícia.
Fácil e exemplar.
Os pais do aluno acataram a decisão da escola sem reserva. A Associação de Pais, questionada pelo Diário de Notícias preferiu não comentar.
E quem não se sente não é filho de boa gente. Diz-se.
Avancemos então um pouco mais pelo DN adentro até à página 23.
Pois bem, diz que mais de cem condutores foram apanhados com álcool. Enfim, com álcool a mais no sangue, claro está.
Dos 685 condutores testados este fim-de-semana, a nível nacional, mais de cem conduziam em estado de semi embriaguez … desses, 39 foram mesmo detidos, por excederem até valores considerados criminosos, de percentagem de álcool no sangue.
Continua a notícia, dizendo que os números estão um pouco acima da média, mas que se explicam, pelo facto do patrulhamento das estradas ter sido mais intenso neste fim-de-semana prolongado. Ao mesmo tempo, diz-se que o tráfego nas estradas até foi normal. Ou seja, não houve um excesso significativo de carros na estrada, que possa explicar o aumento de condutores em falta. Seria mais natural, no campo da matemática e das probabilidades que, num número maior de criaturas, fosse também maior o número de faltosos, mesmo sem ferir a percentagem…. Mas não. A notícia diz que o número de carros foi mais ou menos normal, sem grandes enchentes. Portanto, a variável que se alterou foi mesmo e só a do número de condutores bêbados ao volante.
Por outro lado e ao mesmo tempo, a explicação adiantada pelo jornal é também um pouco estranha. Diz então que o aumento de condutores fora da lei se explica pelo aumento de patrulhas na estrada. É mentira! O aumento de condutores bêbados ao volante tem só a ver com uma coisa. É que houve de facto, pelo menos entre os que foram fiscalizados, um número maior de condutores bêbados a sair para a estrada ao volante de um automóvel.
E passemos ao Correio da Manhã. Que ele sim sabe descobrir a notícia onde mais ninguém deu por ela!
Então não é que no Bombarral um homem se aleijou e ficou ferido ao bater com a cabeça na torneira de uma pipa de vinho?!...
Tem 50 anos. O homem. O jornal faz questão em deixar isto bem claro e que sofreu traumatismos graves ao bater com a cabeça da torneira do pipo. Diz que foi ontem, enquanto limpava uma adega. Diz que a pancada foi de tal forma, que o homem perdeu os sentidos de imediato e teve de ir de helicóptero para o hospital. E pronto. Está em Santa Maria, já que, segundo o Correio da Manhã, teve de receber cuidados médicos diferenciados. Quanto à adega, a notícia não diz, mas das duas uma: ou alguém a acabou de limpar por ele, ou então, fica-se à espera que tenha alta e regresse a casa para acabar as limpezas.
Cuidado é com a torneira!
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