terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Pronto! Agora já temos tempo...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Fica entregue

Vem no JN e ocupa uma página inteira.

Logo no canto superior esquerdo da página , em letra miudinha, a abreviatura explica que se trata de uma página de publicidade. Pelo menos o jornal entendeu-a como tal e como tal se deve ter feito pagar também… Sendo que a prosa surge em tom e formato de Comunicado… Um comunicado – no caso – da Câmara Municipal da Maia, subscrito p'lo próprio presidente, António Bragança Fernandes. Aliás, é assim mesmo que a prosa começa: “António Bragança Fernandes , por si e na qualidade de presidente da Câmara da Maia vem, em face das recentes notícias publicadas a propósito de uma diligência judicial, prestar os seguintes esclarecimentos…”

E eles aí estão. 1º que está em curso uma investigação judicial que radica numa denúncia anónima apresentada em 2008… e aqui, a palavra “anónima” surge escrita em corpo mais negro para sobressair… este procedimento há-de repetir-se ao longo do comunicado

Ponto 2… que no âmbito desse processo foram realizadas buscas domiciliárias aos diversos visados na referida denúncia anónima e no edifício da Câmara, e não apenas nos domicílios do presidente e do vice presidente

No 3º ponto, volta a sublinhar-se que os factos foram denunciados anonimamente e que – " no fito de os esclarecer foram recolhidos diversos documentos e dossiers relacionados com a actividade municipal e residualmente elementos bancários (residualmente – um advérbio que é reforçado logo a seguir, afirmando-se que – "esses elementos são aliás periféricos, relativos ao conteúdo da investigação."

No ponto 4º, garante-se que as buscas "decorreram com serenidade e contaram com toda a colaboração dos intervenientes." Termina o comunicado, sublinhando a negro o facto de nenhum dos visados ter sido constituído arguido.

Seguem-se depois as despedidas… "aguarda-se o decurso das investigações acreditando que o desenvolvimento do processo e as instituições envolvidas possam definitivamente contribuir para o esclarecimento dos factos. 14 de Dezembro de 2009, António Bragança Fernandes."

E é isto… em anúncio de página inteira, para quem ainda não sabia ficar agora a saber, que o presidente da Câmara da Maia, mais o vice presidente e mais uns quantos visados diversos estão sob investigação judicial, após uma denúncia anónima de factos que, denunciados anonimamente, anónimos também ficam, depois da leitura deste comunicado… não têm nome, para além da designação genérica de Factos…

Porque de facto, o que parece preocupar mesmo o autor deste comunicado é que se fique a saber que a denúncia foi anónima, que a investigação a elementos bancários foi residual e periférica, que o presidente não está sozinho neste caso e que, finalmente, após as buscas ao edifício da Câmara e às residências dos diversos visados, não há arguidos pronunciados no processo em curso.

Fica entregue.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ora vejamos o que pensa o ex ministro da Saúde do Vaticano, tal como o DN hoje o cita, citando por sua vez a agência italiana de notícias ANSA… Citemos então o cardeal Javier Lozano Barragan… “os homossexuais e os transexuais não entrarão jamais no Reino dos Céus”… e adianta o cardeal, no relato do DN – que nem é ele quem o diz, o determina, mas o próprio apóstolo S. Paulo… mas que –e agora sim, já é o cardeal a falar – mas que, “apesar de tudo são pessoas que é preciso respeitar”… Porque só deus pode julgar os pecados dos homens…. E para o cardeal Lozano, aí não restam dúvidas, a homossexualidade é um pecado. Talvez não se possa falar em culpa, mas em pecado sim. “Agir contra a natureza e a dignidade do corpo é uma ofensa a deus” – um pecado, portanto… E não se pode falar de culpa porque, para o cardeal, as pessoas não nascem homossexuais… tornam-se… e por muitas e variadas razões… diz o cardeal que pode ser a educação que recebem… pode ser porque não desenvolvem, durante a adolescência, a sua própria identidade – enfim… a identidade sempre se vai desenvolvendo… tome esse desenvolvimento o rumo que tomar… Quanto a não se nascer homossexual… não será uma afirmação completamente isenta de reservas e eventuais contraditórios, mas a verdade também é que ninguém nasce coisa nenhuma em especial, ninguém pode garantir em rigor o que vai ser aquela criança quando crescer, nem as apetências sexuais, nem as vocações profissionais, ou motivações místicas, religiosas, ou filosóficas… são coisas que se vão descobrindo com o tempo e com o andar da carruagem. A verdade também é que o facto de não se nascer coisa nenhuma não nos iliba de culpas futuras… Jack o Estripador até pode ter sido uma criança encantadora…a ter existido, claro…

Mas seja como for – e isto é que importa - o cardeal Lozano reafirma que, enquanto pessoas, os homossexuais não devem ser condenados, porque toda a gente tem os mesmos direitos… presume-se que seja “à face de deus” como se costuma dizer… Se bem que – como já se viu também… há um direito que lhes é vedado… o de admissão no Paraízo.. no reino dos Céus… aí é que não podem entrar.

Talvez assim se explique porque é que, como se diz, os anjos não têm sexo. É que torna tudo tão admiravelmente mais simples…

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pois não sei não… o Correio da Manhã bem lhe chama referendo polémico… o próprio governo alertou para o perigo de se poder estar assim a servir interesses extremistas, mas o povo votou e , com uma maioria de 57,5% de votos, decidiu proibir a futura construção de minaretes em mesquitas, na Suíça.

A proposta de levar a questão a referendo partiu do UDC – o Partido Democrático do Centro , subscrita e apoiada também pelos democratas cristãos da União Democrática Federal… Denunciavam o que chamam de islamização galopante do país… e diziam também que os minaretes lhes faziam lembrar demasiado ogivas de mísseis, apontadas ao céu … os cartazes de campanha do referendo mostravam , em fundo vermelho as silhuetas, em primeiro plano, a de uma mulher de negro coberta por uma burka e , atrás dela, uns quantos minaretes alinhados como soldadinhos, negros e terríveis…

Apenas 4 , dos 26 cantões suíços recusaram a ideia… os bispos suíços também a desaprovam e lamentam, como golpe para a liberdade religiosa e a integração das pessoas na sociedade… Há 400 mil muçulmanos a viver na Suíça...

O governo federal ficou espantado, com o resultado do referendo e alertou mesmo, para os efeitos colaterais e prejuízos, que daí podem advir, nas relações comerciais futuras da Suíça com países islâmicos…mas vai ter de respeitar a vontade do povo e assim também a Constituição vai ter de se adaptar a esta nova realidade e passar a proibir a construção desta espécie de torre, em mesquitas… vai portanto, de ter de ser revista e alterada neste ponto…

A verdade também é que já era proibido na Suíça, utilizar os minaretes que existem… e são só 4, que as restantes mesquitas - 180 ao todo – não os têm … já era proibido , dizia, utilizar os minaretes, para chamar os fieis à oração, que é uma das funções deste tipo de torreões … agora – e alegadamente para manter a paz – estou já a citar – “manter a paz entre os membros das diversas comunidades religiosas”, a Suiça vai proibir que as mesquitas tenham minaretes, para desta forma e como se alega “tirar visibilidade aos templos da comunidade islâmica” e evitar a “islamização galopante” da Suíça…

E a verdade é que – se o terrorismo fundamentalista islâmico … ou se me permitem, para facilitar e ir direito ao assunto… se as Al Qaedas todas do mundo não tinham, até hoje, razão aparente para se zangarem com os pacíficos e neutrais suíços… a partir de agora… pois não sei, mas aparentemente já têm.

sábado, 28 de novembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


É curioso que, quem não concorda ou mostra alguma reserva prefere o anonimato e apenas se deixam identificar os que aceitam e dizem compreender o ponto de vista do Chefe… e o chefe , no caso é José Alberto Carvalho, director de informação da RTP, que hoje faz a capa do 24 Horas, por causa do que se segue… um aviso, em 9 pontos, aos jornalistas da casa, sobre isenção e … isenção. É isso, no essencial é isso.

O jornal fala num conjunto de recomendações, onde se pede particular atenção ao que cada um escreve na Internet, seja nessas plataformas sociais que estão na moda, seja em blogues de opinião, ou páginas pessoais…

Começa o lembrete por este ponto. “Nada do que fazemos deve colocar em causa a imparcialidade que nos é devida e reconhecida enquanto jornalistas…”

Por isso – continua o 2º ponto – os jornalista da RTP devem abster-se de escrever, ou publicar fotos, vídeos, ou gravações sonoras, que possam ser entendidas como preconceituosas – politicamente, sexualmente, rácica ou religiosamente… Pelos mesmos motivos… para não comprometer a credibilidade jornalística dos autores. No mesmo ponto sublinha-se que nada, mas nada mesmo deve comprometer, ou levantar interrogações sobre a credibilidade e seriedade do trabalhor…

E segue mais ou menos por aqui, o resto da lista… sendo que há o cuidado de sublinhar que é forçoso que se deixe explícito, que as opiniões expressas nessas plataformas é da exclusiva responsbilidade de quem as escreveu e que é opinião pessoal e que não representa, nem compromete a estação onde trabalham- no caso a televisão pública...

e que…todos os dados, ou informação, considerados de eventual interesse jornalístico, devem ser colocados à consideração da estrutura editorial da RTP e ainda… a regra base!

A regra base vem no ponto 4 deste memorando: “uma regra base deve ser nunca escrever nada online que não possa dizer-se numa peça jornalística da RTP…”

Ora, comecemos por aqui… não deixaria de ser curioso ficar-se a saber o que realmente pensa, deste ou aquele assunto, este ou aquele jornalista que - por obrigação ética e profissional – não pode exprimir opiniões pessoais e tomar partido publicamente enquanto tal – ou seja enquanto jornalista… e verificar que, apesar de todas as paixões pessoais, o profissional sabe distinguir as coisas e separar as águas, deixando as opiniões pessoais em casa, ou deixando-as à porta, quando pega ao serviço, perfilando-se- imparcial e anónimo - quando trata das notícias.

Acontece também que muita gente antes de ser jornalista e se calhar também depois de deixar de o ser continuará - espera-se – a ser gente e gente com opinião e vida própria… mas isso nem vem ao caso…

Como também não vem ao caso, pedir-se cuidado especial com o que se escreve, nesse espaço que é, por definição e principio, o sítio de toda a liberdade de expressão. Claro que há abusos e desvarios e coisas muito pouco próprias mesmo… mas aí, entramos no campo da falta de educação, ou do insulto, ou da pouca vergonha mesmo… e isso vale para qualquer cidadão de qualquer profissão… chama-se bom senso, bom gosto, civilidade, cidadania, ou as orelhas da minha tia…

O que vem ao caso e não deixa de ser curioso e um pouco preocupante também é talvez esta necessidade, que o jovem director de informação da RTP revela, ou indicia, de alertar os colegas para, pelo menos na Internet, não porem em causa a credibilidade profissional deles próprios … Admitam que não sabiam que a coisa estava tão tremida.


E é Natal, ou quase...

Vem no DN, que ser solidário está na moda e traz benefícios fiscais e que é por isso que algumas empresas e marcas e personalidades famosas e de referência se envolvem em causas solidárias para vender os respectivos produtos, com especial insistência por estas alturas do Natal, em que os corações amolecem e toda a gente sonha alto, com a paz e a concórdia e a prosperidade para todos…

Diz o jornal, que é pelo Natal que aumentam as parcerias entre empresários e gente famosa, se bem que a receita se aplique também e cada vez mais ao longo do ano…

Por exemplo, uma marca de relógios convidou Elton John para desenhar, ou pelo menos emprestar a assinatura, para um novo modelo. Parte do lucro vai para a fundação do cantor, de Luta contra a Sida… dá-se também o exemplo do projecto criado por Bono Vox, o irlandês cantor dos U2 e que reúne várias marcas e vários produtos com o mesmo objectivo – parte dos lucros vão para obras solidárias…

E tem sido assim de há uns anos para cá…

Diz o jornal que se descobriu, na solidariedade, uma forma de angariar publicidade fácil, para a venda dos produtos e com a vantagem de ainda se conseguir benefícios fiscais, dessa maneira.

É muito fina a linha que nos separa aqui do oportunismo, ou da – deixem que lhe chame assim – prestidigitação dos especialistas de marketing e publicidade, mas, claro que todas as ajudas serão bem vindas e se, para os mais desprotegidos, ainda for sobrando alguns trocos, dos lucros das marcas de luxo e dos consumos catitas de quem gosta de se tratar bem e andar todo enfeitado… enfim, ainda bem e do mal o menos… não se pode também querer tudo… nem mesmo pedindo ao pai natal.