quinta-feira, 26 de novembro de 2009


É curioso que, quem não concorda ou mostra alguma reserva prefere o anonimato e apenas se deixam identificar os que aceitam e dizem compreender o ponto de vista do Chefe… e o chefe , no caso é José Alberto Carvalho, director de informação da RTP, que hoje faz a capa do 24 Horas, por causa do que se segue… um aviso, em 9 pontos, aos jornalistas da casa, sobre isenção e … isenção. É isso, no essencial é isso.

O jornal fala num conjunto de recomendações, onde se pede particular atenção ao que cada um escreve na Internet, seja nessas plataformas sociais que estão na moda, seja em blogues de opinião, ou páginas pessoais…

Começa o lembrete por este ponto. “Nada do que fazemos deve colocar em causa a imparcialidade que nos é devida e reconhecida enquanto jornalistas…”

Por isso – continua o 2º ponto – os jornalista da RTP devem abster-se de escrever, ou publicar fotos, vídeos, ou gravações sonoras, que possam ser entendidas como preconceituosas – politicamente, sexualmente, rácica ou religiosamente… Pelos mesmos motivos… para não comprometer a credibilidade jornalística dos autores. No mesmo ponto sublinha-se que nada, mas nada mesmo deve comprometer, ou levantar interrogações sobre a credibilidade e seriedade do trabalhor…

E segue mais ou menos por aqui, o resto da lista… sendo que há o cuidado de sublinhar que é forçoso que se deixe explícito, que as opiniões expressas nessas plataformas é da exclusiva responsbilidade de quem as escreveu e que é opinião pessoal e que não representa, nem compromete a estação onde trabalham- no caso a televisão pública...

e que…todos os dados, ou informação, considerados de eventual interesse jornalístico, devem ser colocados à consideração da estrutura editorial da RTP e ainda… a regra base!

A regra base vem no ponto 4 deste memorando: “uma regra base deve ser nunca escrever nada online que não possa dizer-se numa peça jornalística da RTP…”

Ora, comecemos por aqui… não deixaria de ser curioso ficar-se a saber o que realmente pensa, deste ou aquele assunto, este ou aquele jornalista que - por obrigação ética e profissional – não pode exprimir opiniões pessoais e tomar partido publicamente enquanto tal – ou seja enquanto jornalista… e verificar que, apesar de todas as paixões pessoais, o profissional sabe distinguir as coisas e separar as águas, deixando as opiniões pessoais em casa, ou deixando-as à porta, quando pega ao serviço, perfilando-se- imparcial e anónimo - quando trata das notícias.

Acontece também que muita gente antes de ser jornalista e se calhar também depois de deixar de o ser continuará - espera-se – a ser gente e gente com opinião e vida própria… mas isso nem vem ao caso…

Como também não vem ao caso, pedir-se cuidado especial com o que se escreve, nesse espaço que é, por definição e principio, o sítio de toda a liberdade de expressão. Claro que há abusos e desvarios e coisas muito pouco próprias mesmo… mas aí, entramos no campo da falta de educação, ou do insulto, ou da pouca vergonha mesmo… e isso vale para qualquer cidadão de qualquer profissão… chama-se bom senso, bom gosto, civilidade, cidadania, ou as orelhas da minha tia…

O que vem ao caso e não deixa de ser curioso e um pouco preocupante também é talvez esta necessidade, que o jovem director de informação da RTP revela, ou indicia, de alertar os colegas para, pelo menos na Internet, não porem em causa a credibilidade profissional deles próprios … Admitam que não sabiam que a coisa estava tão tremida.

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