terça-feira, 9 de junho de 2009

o burro de Diógenes pisou merda

Tropecei quase por acaso na crónica de Nuno Azinheira, que, para quem não esteja por dentro, escreve sobre televisão, no Diário de Notícias.

O titulo da crónica de hoje é : “Palhaçadas europeias” e tem obviamente a ver com televisão e com as eleições europeias de domingo passado. No caso, reporta-se a crónica à emissão especial da SIC , onde, ao lado dos comentadores convidados, Maria João Avilez, Luís Delgado e Ricardo Costa, se sentou Ricardo Araújo Pereira, um humorista. Escreve então, Nuno Azinheira, que , ou a política é coisa com tão pouco interesse, que precisa de umas palhaçadas para animar… ou a Europa coisa tão árida, que precisa de um cómico de serviço, ou a SIC precisa tanto de audiências, que até se lembra de ter um humorista a comentar resultados eleitorais... A pergunta faz sentido, tanto quanto se a resposta fosse: isso mesmo! Isso mesmo, o quê?!... Isso mesmo, essas três razões ao mesmo tempo. Mas, adiante.

Escreve o cronista, que a aposta foi arriscada, mas acabou por resultar razoavelmente. Diz ainda, que ela retrata um pouco a realidade actual e em duas frentes distintas… Primeiro – revela a necessidade, a avidez (é o termo usado) a avidez da SIC, em surpreender. Bom, aqui deixem que me surpreenda eu também. É que, incluir um humorista no alinhamento do programa é coisa que já não deve surpreender muita gente. Aliás, o próprio humorista de quem se fala é já convidado residente, num programa de rádio, com pretensões também a comentar a realidade e a actualidae social e politica nacional… por isso, novidade, novidade… já foi.

Depois, continua o cronista do DN , revela-se também o retrato de um país divorciado da política. Uma país, onde a voz do povo acha que “eles são todos iguais e só para lá vão para se encherem, todos uns bandidos…” Que é assim, que o povo fala. Sem rodriguinhos e com o coração ao pé da boca. Sim, é certo, que muitas vezes sem o conhecimento correcto e suficiente das coisas sobre que se pronuncia.. É verdade e justo que se reconheça… mas cuidado, vamos agora com cuidado, que o que se segue é piso escorregadio… É que – escreve Nuno Azinheira – e citemos: “Ou seja...” (já estamos a citar) “...ou seja, entre os comentadores lúcidos e inteligentes do painel estava lá um de nós…”

Eu não disse?.. Estava lá portanto “um de nós”! Estavam lá os “lúcidos e inteligentes” e “um de nós”! Um dos, supostamente, não lúcidos, ou menos lúcidos e inteligentes…

Ora vamos lá a ver, camarada Azinheira! Informação é uma coisa… inteligência e lucidez são outra… e nem sempre andam de braço dado… não senhor, nem forçosamente e longe disso. Aliás, como dizia “uma de nós”, no caso, a minha avó, que Deus tem: Um burro carregado de livros até passa por doutor.

Já agora, camarada Azinheira e você, como é que é? É cá dos nossos?...