sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008


Homicídios, já se sabe, há os voluntários e os outros… por negligência. Disso já todos ouvimos falar. Portanto aqui, estaríamos perante um homicídio por negligência. Enfim a hipótese punha-se… Existia esse risco real. O de algumas partes do engenho não se desintegrarem, ou incendiarem, na reentrada na atmosfera e acabar contaminando áreas densamente habitadas, cá em baixo. Falamos do tal satélite espião norte-americano que foi abatido, ontem, durante a nossa madrugada. Um único míssil, disparado do Lake Erie, ao largo do Havai, destruiu o satélite em pleno voo, fazendo cair os destroços nas águas do Pacífico. Os tanques do satélite – satélite que afinal nunca chegou a fazer espionagem nenhuma, já que, alegadamente, um computador de bordo avariou e tornou o satélite inútil para todos os efeitos previstos… pois os tanques do satélite estavam cheios de hidrazina. Quase meia tonelada de hidrazina. Um combustível tóxico, que poderia contaminar populações no Canadá, Irlanda, Escócia e América do Sul. Queimar-lhes os pulmões até à morte… E isso poderia acabar por acontecer, já a 1 de Março, se não se tivesse apressado a destruição do engenho. As autoridades garantem que a hipótese de sucesso da operação se fixa entre os 80 e os 90%. Mas só as 15 horas a seguir à explosão podem assegurar o êxito. 15 horas é o tempo que demoram os primeiros destroços a cair na Terra.
Ora, acontece que esta operação já provocou reacções de preocupação e denúncia.
Moscovo diz que se tratou de um teste balístico camuflado… Também a China, que já usou um processo semelhante para se livrar de algum lixo astronáutico… também Pequim considera que estamos perante uma operação militar e pede mais explicações a Washington. Teme-se que, o que está em causa, seja uma experiência para avaliar a capacidade norte-americana de destruir satélites e outras geringonças semelhantes de outros países. Uma espécie de remake da "Guerra das Estrelas"!
Washington já desmentiu a insinuação, garantindo que não foi testado nenhum novo sistema de abate de satélites, próprios ou alheios… E que também não era a intenção, destruir componentes secretos deste satélite em particular, já que, na reentrada na atmosfera, toda a informação classificada haveria de arder no impacto.
Para a NASA, o objectivo é e sempre foi muito claro! Abater o satélite e prevenir o desastre e, por outro lado, ensaiar o sistema balístico anti-míssil…
Seja como for, a discussão está relançada, sobre o uso de armas no espaço.
Para a União dos Cientistas Preocupados (UCP), a destruição do satélite está a anos-luz de ser uma boa solução. Sejam quais forem os motivos, a demonstração de um sistema anti-satélites é contraproducente para os interesses norte-americanos a longo prazo. Disse-o Laura Grego, da UCP. Que, se o Pentágono demonstra que os seus sistemas de defesas com mísseis podem destruir satélites, será muito difícil convencer outros países, que não devem desenvolver capacidades semelhantes…
E isso são, entretanto, outras guerras. Para já, as populações do Canadá, Irlanda, Escócia e alguma América do Sul podem dizer que venceram uma batalha… o de não serem envenenadas, nem que seja por negligência, por essa arma de destruição em massa, que, ao que parece, pode ser a combustível hidrazina!

E agora outros voos…
“Londres acaba de reconhecer a paragem de voos da CIA em território inglês.”
O ministro dos negócios estrangeiros assumiu que dois aviões fizeram escala de reabastecimento na ilha Diego Garcia, território britânico, no oceano Índico.
Dois voos, que transportavam suspeitos de terrorismo, fizeram escala em Diego Garcia, em 2002. O ministro lamentou que essa informação tivesse sido negada até agora.
Washington já disse que foi um erro administrativo…
De acordo com a administração norte-americana, a que o governo inglês terá tido acesso, na semana passada, a base do Índico foi mesmo utilizada pelos aviões ao serviço da CIA. O ministro Miliband, dos negócios estrangeiros ingleses, pediu desculpa e lamentou ter de corrigir e actualizar agora a informação… Disse que, as primeiras informações que tinha, as passou de boa fé… De boa fé, com base nas informações norte-americanas. Disse mesmo, que se recusava a admitir que Washington tivesse querido enganar Londres. O ministro insistiu que queria acreditar que foi de boa fé que Washington garantiu não haver evidência do uso da base de Diego Garcia. Um porta-voz do departamento de Estado também lamentou ter sido passada informação errada a um bom amigo… Neste caso o amigo inglês. Amigo e aliado, disse. Não se pode falar em encobrimento de dados, mas antes de um erro administrativo. O director da CIA também já explicou que foi uma falha no registo dos dois voos. Disse que o governo tinha informado Londres, de que nenhum voo com suspeitos de terrorismo tinha usado chão, ou espaço aéreo britânico depois do 11 de Setembro, só que depois se provou que a informação estava errada…

A ver se não se conclui o mesmo quanto ao tal satélite espião! Só faltava agora, depois deste trabalho todo, concluir-se que afinal, hidrazina coisa nenhuma, o que o satélite gasta é gasóleo agrícola. Ora batatas!


Não é fria, é requentada… a guerra!
“Israel é uma democracia estável e as armas que detém são para se defender.”
E foi assim que se defendeu, o vice-presidente de um grupo britânico de amigos de Israel: o Labour Friends of Israel. Mas o melhor é contar a história como deve de ser.
Londres acaba de reconhecer que manteve secreta uma referência ao nuclear israelita, como forma de não comprometer as relações com Telavive. Essa referência foi omissa, no primeiro rascunho do dossier em que o Iraque era acusado de desrespeitar a ONU, ao tentar obter armas de destruição massiva… Enfim, dá-se de barato a construção verbal: tentar obter… que do resto e do que ficou provado, tudo se terá ficado por aí… pela tentativa.
O dossier em causa foi redigido em Setembro de 2002, mas só foi publicado na semana passada. O Foreign Office terá mesmo convencido o Tribunal de Informação a manter secreta a referência manuscrita a Israel. O tribunal acatou a sugestão. Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros inglês, revelar a referência a Israel iria, não só comprometer a diplomacia, como, alegadamente, prejudicar a capacidade do próprio ministério de prevenir conflitos. Conflitos diplomáticos, subentende-se…
Juntamente com referências desfavoráveis aos próprios Estados Unidos e Japão, a nota referente a Israel tinha sido acrescentada à margem e à mão, por alguém, comentando a afirmação de abertura que garantia que, nenhum outro país, além do Iraque, teria desafiado tão frontal e descaradamente a autoridade das Nações Unidas, nesta guerra das armas de destruição em massa…
Isto é o que diz a notícia. Notícia de hoje. Agora, o que a memória recente diz e relembra é que o tal argumento da defesa pessoal, de que se falava ao início, tem umas barbas quase do tamanho das do próprio Karl Marx… mais hirsutas que o bigode de Estaline.
Barbas, do tempo em que o medo se escondia, fazendo negaças aterradoras por trás de uma cortina de ferro.
“Israel é uma democracia estável... O Iraque é instável e uma ameaça.” Foi o que disse o vice-presidente do Labour Friends of Israel. E que pensam que responderia, se lhe perguntassem sobre o seu próprio regime, qualquer dirigente político no poder, em qualquer país ao cimo da Terra, neste preciso momento em que vos falo; mesmo os mais sinistros e criminosos?!...
Todos, mas todos, haveriam de responder que o pecado mora ao lado.


E a cada um a sua guerra…
(gancho fraco, mas é o que se arranja para passarmos à actualidade nacional…)

O “Diário de Notícias” abre hoje duas páginas inteiras ao assunto: a desigualdade de salários entre os mais ricos e os mais pobres em Portugal. Fica-se a saber que o fosso já foi maior, mas que mesmo assim, os 6,8% – que é a diferença, em número de vezes, entre o salário mais alto e o mais baixo, este ano em Portugal – essa diferença ainda preocupa e indigna muita gente. Ontem, o ministro das Finanças foi a S. Bento, responder à interpelação do Bloco de Esquerda, sobre a Política de Rendimentos e Preços e o Agravamento das Desigualdades Sociais.
O ministro acabou por defender a divulgação dos salários dos mais bem pagos, como forma até de estimular a opinião pública e a pressão social para evitar as tais elevadas discrepâncias…
Francisco Louçã fez as contas por alto e foi directo ao assunto: os gestores, em Portugal, levam para casa, cerca de 32 vezes mais dinheiro de ordenado do que os trabalhadores menos classificados. Classificados, não confundir com qualificados…

Mas a questão não é essa. É que Louçã terá levado à letra o conceito: “estás a perceber, ou queres que te faça um boneco? …”
Mostra o DN, a fotografia de Louçã, ontem, no Parlamento, segurando e exibindo duas fotografias. Na mão esquerda, um retrato pequeno, do tamanho da palma da mão. Na outra, a direita, segura um poster, que se desenrola, revelando também a fotografia de um cavalheiro, bem posto e sorridente. Portanto a ideia era retratar, com a imagem do poster enorme, a figura de um gestor, ou aliás, do ordenado de um gestor, ou do seu poder de compra … E na fotografia mais pequenina, a de um trabalhador, ou antes, do seu poder de compra… Supostamente, a relação de grandeza entre as duas fotografias será, ou seria, de 32 para 1, que é o fosso que o deputado pretende ilustrar…
O fotografado na foto mais pequena é impossível de identificar, pelo menos a esta distância; o da fotografia maior também, mas por outras razões. É que é mesmo uma personagem sem história ou identidade reconhecida publicamente. Provavelmente alguém recrutado para o efeito. Ou talvez a fotografia tenha sido recortada de alguma revista e reaproveitada para o poster metafórico… Depois, foi só fazê-la imprimir em escala ampliada. O poster, enfim, nem é bem poster… é mais no género calendário de parede, com duas finas réguas de madeira, nos topos para o manter aberto e esticado. Réguas de madeira, onde, numa das extremidades se atou uma guita, que permitiria, se fosse esse o caso, pendurar a fotografia numa parede. Mas não é esse o caso. No caso, a guita, o fio, o cordel, se quisermos, serve para Louçã segurar, entre os dedos, o poster da denúncia… e exibi-lo às bancadas e aos representantes do governo.
E é assim, que o DN o mostra, na edição de hoje e nestas duas páginas que dedica ao assunto. O do fosso salarial entre gestores e geridos…
Francisco Louçã, ontem no Parlamento, a falar para o boneco.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Quase todos os jornais de hoje falam disso... Que Sócrates está todo modernaço e já cita o Obama e incita o povo em americano... Yes we can!
"Yes we can" é o mote de campanha de Barak Obama, candidato democrata à Casa Branca... "Yes we can!", dizem eles, o Obama e o Sócrates e a imprensa nacional lusitana, que se grisou toda com a amaricanice do primeiro ministro.
O que a imprensa nacional lusitana não sabe é como José Sócrates encerra os trabalhos, nas reuniões do Conselho de Ministros... Não sabe ela, mas sei eu!
É assim:
"Let's kick some ass, motherfuckers and be carefull out there!..."


(não têm nada qu'agradecer)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008




“Um sacerdote francês, de 57 anos, admitiu ter abusado sexualmente de 50 menores, dos 4 aos 15 anos, entre 1985 e 2000, noticiou o jornal "Le Parisien"”.É assim que abre a notícia do “JN”.
“Pierre Etienne A. confessou as agressões…” continua a notícia… Já repararam que o apelido do sacerdote foi omitido? Foi limitado à letra inicial… Pierre Etienne é bem capaz de haver muitos em França… Assim sendo, ao omitir o apelido é como se se dissesse, não dizendo.
Mas o caso que aqui nos trás nem é bem esse. É que, a noticia continua dizendo que a Comunidade, a que o padre pertence, saberia de tudo já desde 1998, mas que terá preferido calar-se e não denunciar o caso à Justiça!
Em entrevista ao “Parisien”, Pierre Etienne A. pede perdão às vítimas e assume a culpa. Muito católico será, já o mesmo não se poderá dizer da Comunidade que ocultou o crime. A Comunidade, já agora, que não é segredo, chama-se Beatitudes…
Diabo de nome mais a despropósito!

E os nomes fictícios!
Geralmente usam-se quando o caso é demasiado melindroso e envolve pessoas, que por qualquer razão, não querem que se saiba que é delas que se está a falar.
Neste caso aqui, as protagonistas são vítimas e não agressores e talvez porque o crime é de natureza sexual, o jornal resolveu identificar as protagonistas com nomes fictícios: Ana, Joana, Catarina, o que para o caso pouco adianta, porque elas não se chamam assim, ou antes, porque há tanta gente com esse nome, que podem ser qualquer pessoa. Depois e para o que importa, a noticia diz que são jovens adolescentes, na casa dos 15 / 17 anos, que foram obrigadas a prostituir-se por um suposto amigo. Um rapaz mais velho, que conheceram à saída da escola e que – segundo o “Jornal de Notícias” - acabou por forçá-las a prostituírem-se em plena rua – curioso que a rua, a menos que também seja um nome fictício – vem identificada. O alegado criminoso também, mas, também aqui não se diz se é ou não nome fictício. É verdade que não se lhe refere o apelido. Diz-se que se chama João… e João, como Pierre Etiennes em França, há muitos, em Portugal.
Bom, mas antes que me perca, que acho que já faltou mais… onde quero chegar é aqui.
Ana e Joanas, Joões e Etiennes há de facto muitos… Situações como estas de que aqui se fala é que – pelo menos deseja-se que – haja poucas! São situações excepcionais. Traumatizantes, na maioria dos casos. Coisas que quase parecem, por vezes, de outro mundo… Um padre que viola crianças de 4 anos?!. Um jovem que se insinua com simpatia para ganhar a amizade de umas miúdas adolescentes e que afinal se revela um vulgar proxeneta!...
A verdade é que – e neste caso é evidente – dar nomes fictícios às vítimas tem uma utilidade um pouco duvidosa. Experimentemos:
Três jovens adolescentes, entre os 15 e os 17 anos, foram obrigadas a prostituir-se, por um rapaz, que conheceram à saída da escola e lhes conquistou a amizade. O rapaz, de 22 anos, foi detido a semana passada, na sequência da denúncia de uma das jovens . Era sob a ameaça de violência física que o "falso amigo" as obrigava à prostituição, numa rua de Lisboa, ficando-lhes depois com o dinheiro ganho …
E então? Vai dar ao mesmo ou não?...
Ou então, dêem-lhes nomes, em vez de fictícios, extravagantes, pouco comuns! Coisa que fique no ouvido… Ermengarda – e que me perdoem as Ermengardas… Capitulina – o mesmo para as Capitulinas. Apolinária… Ou mais estranhos e raros ainda! Tão estranhos e raros como a própria situação em que os invocamos . Nomes inventados mesmo, coisas que não podem ser, que não fazem sentido: Zardoz! Funjigueta! SO4H5 !!!
Porque isto assim… e, desculpem ,mas vou ler: “Ana Joana e Catarina (nomes fictícios) de 15, 16 e 17 anos são amigas e andam na mesma escola. Depois das aulas, como qualquer jovem da sua idade, gostam de passear e estar com os amigos. No entanto, uma amizade com um colega mais velho valeu-lhes um passeio à realidade da prostituição, que durou semanas e deixou marcas…”
Já reparam o tempo que demorámos a chegar a qualquer coisa parecida com informação?... Isto depois do título gritar que se vai denunciar o caso de alguém que obrigava raparigas a prostituir-se?... O isco está lançado, vamos lá à literatura, que eles já não fogem… as Anas, as Joanas, os Etiennes…


E vem no site do “El Mundo”. O “Diário de Notícias” transcreve o essencial da história e a história, ela própria, vem de França, afinal…
“Sarkozi mantém a decisão de retirar publicidade.” De onde?... “Do sector audiovisual público francês” – o que, em bom português quer dizer: acabar com a publicidade na televisão pública.
A transição poderá ser feita de forma progressiva. Começando por retirar os anúncios a partir das 8 da noite e depois por aí fora, sendo que o Estado francês se propõe compensar cada euro perdido pela televisão. Para isso, constituiu-se uma comissão que está – segundo diz a notícia, com aspas e tudo: “a inventar a televisão do serviço público do século 21 e torná-la um exemplo para o mundo…”
Enfim, descontando esse pequeno chauvinismo do querer dar exemplos ao mundo… ficando só pela parte dos anúncios… quando for grande, quero ser francês!


E, já que estamos a falar de televisão, fica só e muito rapidamente esta pequena tabela, que os jornais se foram habituando a publicar, de há uns tempos para cá, certamente com algum propósito muitíssimo útil e interessante, para alguém, certamente… Falo das audiências diárias, semanais, shares, os acumulados e os outros, que também os deve haver…
Diz então o “DN” que, Sócrates ficou fora do Top Cinco (deveria ter dito Top Five?!...)
A entrevista de José Sócrates à “SIC”, segunda-feira passada, ficou em sexto lugar no top de audiências.
Espartilhada entre telejornais e telenovelas, a entrevista ficou-se pelos 12, 8% de share de audiência. Em 6º lugar, com menos 0,5 pontos percentuais que quem?.... Fernando Mendes e o “Preço Certo”! Meio pontinho apenas… Como diria o próprio Fernando Mendes, no popular concurso: “quer pensar melhor?...”