sábado, 1 de novembro de 2008

MOLOCH & os ORIUNDOS


NO PRINCÍPIO ERA O VERBO
MAS NO FIM FALTA DIZER
SE O TAL VERBO DO PRINCÍPIO
É O VERBO SER OU NÃO SER
QUANDO NÃO FICA EM ABERTO
O QUE PODE ACONTECER
VIR AÍ UM CHICO-ESPERTO
DIZER QUE É O VERBO D'ENCHER

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

É particularmente estranho

É particularmente estranho, o facto de uma notícia destas, não sendo de última hora, não merecer o destaque de manchete na primeira página.

Mas é o que acontece. Não só não abre o jornal, como surge publicada, quase a medo, na direita baixa da última página. È verdade que o jornal, no caso, o Correio da Manhã, fez questão em publicar também a fotografia, aliás, duas fotografias da protagonista da notícia, mas, mesmo essas não trazem, não retratam a maravilhada surpresa, a mais que justificada alegria que haveria de inundar o rosto de Antónia Garrido, a miraculada. Porque é disso que se trata, de um milagre!

Antónia Garrido tem 62 anos, é espanhola e no último 13 de Outubro veio a Fátima, em peregrinação. Foi pedir à virgem que a curasse e lhe concedesse a graça de voltar a andar pelo próprio pé. Antónia Garrido, de 62 anos, diz a notícia que há 30 anos que não conseguia andar. E a Virgem de Fátima operou o milagre. Diz o Correio da Manhã, citando Antónia Garrido, que "quando chegou a casa voltou a andar".

E é tudo. Tudo o que a notícia diz. Das fotografias já vos disse que, também elas deixam uma sensação de que falta qualquer coisa. Numa, a senhora está de pé, apoiada a um pequeno altar de madeira, onde se encontra uma pequena figura da senhora de Fátima. Estará em oração. Como, na fotografia a senhora está em pé, encostada ao altar, fica-se sem saber se a fotografia foi tirada já depois do milagre, ou antes. O facto da senhora estar em pé, não quer dizer nada. Não quer pelo menos dizer que ela já consiga andar pelo próprio pé. Pode simplesmente ter-se encostado ao altar, em equilíbrio delicado, enquanto orava à Virgem. Ou não, pode estar já a agradecer-lhe a graça concedida. Na outra fotografia, tudo leva a crer que estamos já em Espanha, na casa de Antónia Garrido. Sentada num sofá, ela conversa com o jornalista, dando-lhe conta da cura milagrosa. E aqui, já que o momento não requer nenhum recolhimento ou solenidade em particular, seria de esperar que a expressão na cara da senhora fosse iluminada e feliz. Que diabo, segundo se conta, a senhora esteve 30 anos sem conseguir andar!... Hoje tem 62 anos de idade, o que quer dizer que quase metade da vida esteve paralisada até que, a 13 de Outubro passado, numa peregrinação a Fátima, o milagre deu-se e a Virgem devolveu-lhe o dom da marcha.

Ora, onde se quer chegar é aqui. Será assim uma coisa tão vulgar, o que acaba de ser relatado? Falo de milagres. Será assim uma coisa tão vulgar, aquilo a que se pode chamar um milagre? Tão vulgar a ponto de só merecer uma breve referência em fecho de edição. Ou será que em verdade e bom rigor ninguém leva muito a sério relatos destes?... O mesmo será dizer que ninguém acredita realmente muito em milagres e noticias destas o mais que merecem é essa breve nota, quase em pé de página?... Talvez só por uma réstia de respeito, ou porque os factos não aconteceram numa qualquer terra distante, onde nos habituámos a acreditar que vivem os bárbaros e os incivilizados, talvez só por isso é que esta noticia não saltou para as páginas dos acontecimentos bizarros…

Depois, a verdade é que não se devia a gente admirar, se milagres não acontecem mais vezes. Lembram-se da expressão quase apagada de Antónia Garrido? Ela, que havia de transbordar luz e alegria. Que havia de ser o espelho da gratidão e o mais que faz é olhar para o jornalista, como se estivesse a comentar o preço do pão, ou o aumento da pensão de reforma… É normal que não haja mais milagres… com gente tão mal agradecida.

O cronista social.

O cronista social.

Há profissões curiosas e há outras que têm de si, muito mais que aquilo que à primeira vista podem parecer.

No caso, a profissão é a de cronista social.

Uma profissão que requer muito mais que uma redacção escorreita – que isso é quase o mínimo que se pede a quem faz da escrita ganha-pão, ou manifesto.

A um cronista social pede-se ainda uma atenção muito especial, que se distingue e demarca daquela que é exigida a outro qualquer jornalista, ou cronista em geral. Uma atenção dirigida a pequenos e subtis pormenores, a imperceptíveis gestos. Um certo olhar sobre a actualidade e quem a habita. Um olhar que vê, o que escapa ao comum cidadão. Um olhar que vê através do fumo das aparências e não se deixa enganar.

Pois o cronista social do Correio da Manhã tem-no. Esse certain regard.

E, com toda a justiça, o jornal concede-lhe diariamente uma página inteira, onde sob a classificação genérica de Famosos, o cronista social escreve sobre tudo o que sabe, vai sabendo, viu, ou ouviu dizer sobre gente famosa.

Hoje ficamos a saber, por exemplo que a filha de Carlos e Letizia, príncipes de Espanha e das Astúrias, faz hoje 3 anos e já está uma mulherzinha. Famosos sem dúvida e felicidades à jovem princezinha…

Ou então estoutra. E estoutra é que é verdadeiramente interessante, intrigante, e crê-se que particularmente importante. E importante para toda a gente. Não só para aqueles clientes normais e costumeiros deste tipo de informação. Importante mesmo para quem ache que a chamada crónica social é informação menor, descartável… para quem ache que a imprensa cor-de-rosa – como às vezes também se lhe chama – é coisa de gente com pouca cultura e ainda menores aspirações. Coisa menor, coisa sem valor de nenhuma espécie. Pois bem, atentemos então nesta breve. Rita Guerra, para quem não saiba é uma cantora de música ligeira bastante popular entre os amantes do género. Não é de todo uma desconhecida. É famosa, mesmo. Por isso aparece hoje aqui, nesta página de gente famosa. E o que se diz?

Que Rita Guerra tem passado várias vezes na zona do marquês de Pombal, sempre sozinha e apressada. E que na quarta-feira voltou a ser vista no seu carro na rua Rodrigues Sampaio. Continua-se dizendo que é difícil não dar pela passagem da Rita Guerra por aquelas ruas, já que conduz um jipe preto cheio de malmequeres brancos estampados por todo o lado. O cronista acaba a breve nota com a pergunta. Que andará Rita a fazer?...

Pode ser uma pergunta, pode ser uma provocação, apenas inteligível para iniciados…

E também pode ser só uma pergunta académica. Uma figura de estilo.

Pode ser muita coisa. Mas, se por um lado, há uma parte de nós que deseja que a jovem cantora ande a fazer qualquer coisa estranha e quase sobrenatural, ou absurda, às voltas no marquês de Pombal… uma qualquer actividade muito secreta, ou muito proibida – que a vida precisa destes mistérios para nos animar… por outro lado, o mais certo é o cronista ter surpreendido a jovem artista à procura de um sítio para estacionar o jipe. O que, na zona do marquês não é fácil.

Bebés assim só em Vilar de Maçada

Bebés assim só em Vilar de Maçada, diz António Ribeiro Ferreira, o jornalista do Correio da Manhã. Fala de José Sócrates, que terá afirmado em entrevista recente, que se lembra muito bem do debate que houve na América – nos Estados Unidos da América do Norte, entenda-se – quando, pela primeira vez um católico se candidatou à Casa Branca. Foi em 1960 e o católico de que se fala era John Fitzgerald Kennedy, que haveria de vencer a corrida e ser eleito, contra Richard Nixon. Diz Sócrates, que é da geração de Kennedy – admita-se que sim. Diz Sócrates que a eleição de John Kennedy representou um momento histórico. Consta, pelo relato do jornalista, que esta afirmação causou espanto mesmo entre os pares socialistas de José Sócrates. Como se pode lembrar o primeiro-ministro com tanta clareza de uma coisa que aconteceu quando ele tinha apenas 3 anos de idade?... Nasceu em 57, em Vilar de Maçada, daí o título… O jornalista deixa a farpa: ou Sócrates é um sobredotado, ou alguém se enganou no registo de nascimento do primeiro-ministro e ele é mais velho do que pensa.

Mas Sócrates é hoje notícia em todos os jornais por outras razões. Ontem discursou na assembleia da Cimeira Ibero Americana em San Salvador. Dez minutos a falar do verdadeiro computador ibero-americano. O Magalhães.

22 mini computadores foram oferecidos aos chefes de Estado e de governo presentes na assembleia. Um computador para cada um menos para Hugo Chavez, que já tem um e que aliás, por razões de segurança, nem foi à cimeira. Adiante.

Dizem os jornais que Sócrates comparou o Magalhães ao Tin Tin da banda desenhada. Disse que, tal como o pequeno herói belga, este Magalhães é também para todos, dos 7 aos 77 anos. E o encómio foi mais longe. As imagens das televisões mostravam ontem José Sócrates louvando as virtudes do pequeno computador. Num tom pausado e bastante pedagógico, Sócrates não se esqueceu de sublinhar que o Magalhães é resistente à água.

Na fotografia que, por exemplo, o DN hoje publica, o primeiro-ministro ergue o computador, com ar sorridente e confiante. Um sorriso que vale por uma garantia de 5 anos, no mínimo. E que é resistente à queda. Disse-o com exemplos demolidores. Isso, eu ouvi Sócrates dizer, em discurso directo: que o Magalhães pode cair ao chão que não se estraga. Deu o exemplo. O presidente Hugo Chavez já atirou um ao chão e não se partiu.

Poderia perguntar-se porque razão atirou o presidente venezuelano o Magalhães ao chão. Note-se que não se disse que Chavez o deixou cair. Nada disso. O presidente Hugo Chavez atirou-o um dia ao chão e não se partiu. Atirar ao chão é radicalmente diferente de deixar cair. Nisto estamos de acordo.

Sobra sempre a explicação do presidente ter querido comprovar a resistência do material e lançar o Magalhães ao chão a ver se sempre é tão rijo quanto o pintam. E com razão. Convenhamos. Chavez já encomendou um milhão de Magalhães.

É uma encomenda de vulto e nestas coisas toda a prudência é pouca. É que, apesar da operação de marketing se poder assemelhar vagamente, um Magalhães… pior! Um milhão de Magalhães é investimento bem mais vultuoso que uma colecção de caixas da Tupperware.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Capucho quer Cascais a ser palco da solução para a crise.

Capucho quer Cascais a ser palco da solução para a crise. Ora, a crise de que se fala dispensa apresentações. O Capucho também as dispensava, mas fica para que não sobrem dúvidas: António Capucho, o presidente da Câmara de Cascais, que terá afirmado ontem – conta o DN – que Cascais pretende ser um ponto fulcral na procura de respostas para a actual crise mundial.

Supõe-se, que a crise mundial de que se fala, seja a mesma em que estamos a pensar. E é bem provável que seja, já que, o que está aqui em causa são as anunciadas Conferências do Estoril, que se hão-de realizar em Maio do ano que vem e que se destinam, preferencialmente a governantes, políticos, empresários, gestores, académicos, estudantes, jornalistas e lideres de opinião... É o que está aqui escrito.

E que no painel de convidados, nacionais e estrangeiros, se encontram Tony Blair. Aznar. Gerard Schroeder, Fernando Henrique Cardoso e ainda... David Held, professor de Ciência Politica e economista e o director do Instituto de Estudos Internacionais de Pequim e o do Fórum do terceiro Mundo em Dakar e o presidente do Fórum Mundial para alternativas.

E vai haver prémios. Em cada edição destas conferências – a de Maio próximo futuro é a primeira da série - em cada edição haverá um prémio de 70 mil euros para a melhor publicação original sobre o tema do encontro e outro de 30 mil euros, em bolsa de estudo, para o jovem que apresentar o melhor projecto de investigação dentro das áreas em apreço.

Ora as áreas em questão, se bem se lembram, têm a ver com a crise mundial. É o que se propõe, ou pelo menos deseja António Capucho – que Cascais seja o palco da solução para a crise mundial. Seria óptimo que para a História ficasse a cidade de Cascais como o palco de tão notável feito. Poder dizer-se que foi em Cascais que tudo se resolveu. Que foi depois das Conferências do Estoril que o mundo pôde finalmente respirar em paz. Foi em Cascais que se encontrou finalmente a solução para a crise que abalou o mundo. Poder dizer-se: foi em Cascais e eu estive lá!...

Seria reconfortante para a auto estima nacional, mas tem um porém. É que, porém, da última vez que Portugal embandeirou em arco com feitos semelhantes, o resultado final frustrou um pouco as expectativas. Lembram-se da assinatura do Tratado de Lisboa? A assinatura até correu benzinho, os Jerónimos, as canetas de souvenir, o carro eléctrico, o almoço no dos Coches…o pior foi o resto. Por isso, se queremos mesmo o sucesso, desta vez talvez seja melhor não encomendar já os foguetes. É que distrai …e as pessoas, estas, pelo menos – políticos, académicos, gestores e empresários, não se podem distrair; têm mais em que pensar. Têm uma crise mundial para resolver, que diabo!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Talvez o título não tenha sido o mais feliz…

Talvez o título não tenha sido o mais feliz… Mas corre o risco de ser o mais apelativo. E diz assim, o Diário Económico em chamada de capa: “Os melhores cursos para subir depressa na carreira”. É o anúncio a uma pequena revista, que o jornal hoje edita em suplemento gratuito. Mas convém, antes de avançarmos, dizer que os cursos que se anunciam se destinam a Executivos. È essa a carreira de que se fala. A carreira de Executivo. Toda a oferta de formação para Executivos disponível em Portugal. Conheça os cursos – convida a chamada de capa – “Conheça as melhores escolas e a cara dos protagonistas.”

Ora a revista, essa puxa para a capa este título: “Novas tendências chegam a Portugal” E de repente, se não soubéssemos ao que íamos, poderíamos julgar termo-nos enganado na porta e que estávamos prestes a entrar no mundo da moda, da alta-costura, ou por aí… mas não. As novas tendências, de que se fala, passam pelas empresas e escolas de negócios, que trabalham cada vez mais em conjunto, para satisfazer necessidades específicas dos alunos. O objectivo – continua a chamada de capa – continua a ser formar executivos, para decidir bem e de forma rápida. O convite é conhecer todos os cursos do mercado e saber o que os distingue e como financiá-los.

Lá dentro, fica-se a saber, por exemplo, que, em 3 anos, os cursos tecnológicos cresceram 16 vezes… Que há cada vez mais alunos, a recorrer ao crédito para financiar a formação académica; que a Universidade Católica está – segundo o Finantial Times – entre as melhores do mundo (uma boa notícia, valha-nos isso); que a chamada Geração Y, uma nova geração de alunos, está a forçar as escolas a uma pequena revolução e que, para se adaptarem a essa realidade, as escolas apostam em cursos cada vez mais criativos.

A Geração Y! Diz que são jovens e talentosos e sabem bem o que querem. E o que querem, garante o Económico – é alcançar o sucesso rapidamente. Uma nova geração de Executivos. Porque convém não esquecer que é deste nicho de actividade profissional que se fala... É neste território que, segundo o jornal, a nova geração de futuros quadros está a obrigar os gestores a desenvolverem novas formas criativas de liderança.

Formas criativas de liderança! Vamos lá então.

Team Building – o conceito se calhar também, o nome esse é, indubitavelmente, estrangeiro. Team Building, como quem diz "Formar Equipa". Como construir uma equipa de trabalho.

Andar de canoa é uma ideia. Andar de canoa, procurar tesoiros escondidos, ou participar numa aula de culinária são actividades, garante o Diário Económico, ao contrário de roubarem tempo e dinheiro às empresas, podem tornar-se grandes mais-valias. Diz que uma sessão deste so called (honra se faça ao estrangeirismo) Team Building pode acelerar os resultados, ao nível do ganho de confiança, constituição de redes, partilha de conhecimento e trabalho em equipa. Claro que, todas estas actividades, que acabámos de enunciar, se supõem que terão lugar fora do local de trabalho. Em, se quisermos, alegres fins-de-semana temáticos. A fazer lembrar os acampamentos de escuteiros, por aí…

Ora, o essencial fica dito. Falta só lembrar duas coisas.

Primeiro, que a actual crise financeira, ou económica, ou o que seja, parece consensual que se deve, aos gestores e executivos do mais alto gabarito que, eles também, sonharam um sucesso rápido e acabaram por dar o passo maior que a perna. Partindo deste pressuposto, é de toda a conveniência que se formem novos executivos e gestores. Estes verdadeiramente competentes e capazes de não repetir os mesmo erros. Tanto mais que, a este nível de competências, a culpa, antes de morrer solteira, já matou metade da família e alguns vizinhos.

A segunda coisa, para que gostava de vos invocar a memória era...(lembram-se do título?.. “Os melhores cursos para subir depressa na carreira” …) para o antigo adágio, que garante que: "Depressa e bem, não há quem".

Nem para gerir uma empresa, nem para fritar um ovo. Que um ovo, para ficar bem estrelado… a clara tostadinha e a gema meio crua, tem muito que se lhe diga e requer o seu tempo e até mesmo, ousaria dizê-lo, algum carinho.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

uma espécie de pagamento

“PS abandona proposta que previa pagamento em espécie sem acordo do trabalhador.”

É o título da notícia, no Público, de hoje.

Diz que o partido socialista já entregou 140 sugestões de alteração à proposta do Governo sobre a revisão do Código de Trabalho. E que ainda vai entregar mais. Ora, uma das alterações propostas é então suspender o pagamento em espécie , sem acordo do trabalhador. Era essa portanto a proposta inicial. Pagamento em espécie. E que espécie de pagamento seria esse? Ou melhor… será esse?, já que a proposta de alteração se limita ao consentimento do trabalhador… Ou seja, o pagamento em espécie continua a ser possível, desde que o trabalhador concorde. Concorde, por exemplo receber em agrafos, ou – no caso da rádio, por exemplo, em fitas magnéticas, ou CD's do Quim Barreiros, o ordenado, ou parte dele.

E aqui, um pequeno desvio de percurso. Diz o Jornal de Notícias, que Sócrates não vai fazer chantagem com a maioria absoluta, nas eleições do ano que vem. O Público diz mesmo que Sócrates admite governar em minoria. E é o melhor que ele faz. Não tanto porque o resultado nas urnas lhe possa ser eventualmente pouco favorável, mas porque, como vimos, a própria bancada do partido que o suporta insiste em lhe tirar o tapete debaixo dos pés, em matérias tão sensíveis como o Código de Trabalho. Lembram-se do lead da noticia?: “o PS já entregou 140 sugestões de alteração do Código, elaborado pelos socialistas do Governo e vai entregar ainda mais umas quantas…

Mas adiante.

Avançamos um par de páginas e sem sair do Público chegamos a Famalicão. Foi aí, que em 2001, durante as praxes na Universidade Lusíada, um caloiro acabou por morrer.

A relação causa efeito há-de ser julgada em tribunal. A próxima sessão do julgamento está marcada para 14 de Novembro. Ora, acontece que a mãe do aluno falecido espera que, durante o processo, se descubram novos elementos, que levem ao apuramento final e inequívoco de responsabilidades, na morte do filho. Mas acontece também que, para já e à cabeça, a senhora reclama uma indemnização , não em espécie, que seria complicado de fazer, mas em dinheiro vivo. 210 mil euros de indemnização pela morte do filho, é quanto ela pede.

E Óscar Wilde!

É ele o eleito para as citações que diariamente o Público edita em coluna própria. E diz assim:

Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de nada.

Óscar Wilde nasceu em 1854, morreu em 1900… há mais de cem anos, portanto. Parece que foi ontem? Ou se calhar nem tanto

Doc Lisboa polémico – é o que diz o Correio da Manhã.

Mas Sérgio Truffaut, o organizador do evento, já desfez o equívoco. Ora, a polémica de que se fala tem a ver com a atribuição do prémio para uma primeira obra a uma realizadora, que já tinha ganho um prémio , com um outro documentário, em 2005, há 3 anos, portanto.

Truffaut diz que não recebeu nenhuma queixa, ou reclamação e lembra que o regulamento permite concorrer com uma segunda obra.

Mas diz mais e o mais que diz é que é surpreendente. Diz Sérgio Truffaut que – e citemos – " o que se passa no DocLisboa passa-se em qualquer festival de cinema mundial – os prémios para primeira obra abrangem as segundas. É assim no Cámera d'Or e no Indie Lisboa.”

Desfeito o equívoco, fica para os académicos fazer rever o conceito de “primeira”.


E no 24 Horas, ficamos a saber que as operações de mudança de sexo em Portugal saem próximas do custo zero, aos interessados.

“Mudar de sexo é grátis” – é o que anuncia o título.

O Serviço Nacional de Saúde comparticipa em 100% as cirurgias necessárias, para a operação.

A revelação foi feita ao jornal pela própria Ordem dos Médicos, que é a entidade responsável por conceder as autorizações necessárias para este tipo de cirurgias.

De acordo com a Ordem e desde 2003 foram apresentados apenas 36 pedidos de autorização. Foram todos aprovados. A Ordem diz que o número é limitado porque o processo é complexo. O jornal diz que apurou que a morosidade do processo se explica, com o facto de ser fundamental perceber, se a mudança de sexo é o caminho certo para os pacientes, tanto mais que os custos associados são muito elevados.

Ora fixemo-nos entretanto no título da notícia: “Mudança de sexo é grátis em Portugal.”

E porque – se nos outros países a operação se pode fazer em hospitais privados, onde custa entre 10 mil e 15 mil euros, em Portugal ela só pode ser feita em hospitais públicos, sendo, por isso, totalmente comparticipada pelo Estado. Já o resto… hormonas e todas as cirurgias estéticas que eventualmente se lhe sigam, ficam por conta do doente, já que não são determinantes para a mudança de sexo. Enfim, no caso das hormonas, o Estado também comparticipa, mas só em parte.

A única questão que fica em aberto é saber se estes pacientes também são sujeitos a taxa moderadora, quando vão ao hospital, durante as consultas, ou estão isentos. É que as consultas devem ser mesmo fundamentais neste caso da mudança de sexo. Consultas prévias com psicólogos e endocrinologistas… Se bem se lembram dizia-se aí atrás que primeiro que tudo há que consultar o doente e perceber se a mudança de sexo é o caminho certo.

E então? As consultas pagam taxa moderadora, ou estão isentas?..

.

É o destaque das primeiras páginas do Diário de Notícias de hoje.

Os meninos mendigos. Os meninos mendigos que devem ficar com os pais – como avisa o título.

Logo de entrada, vai-se explicando que usar crianças para pedir esmola é crime. A lei portuguesa prevê mesmo 3 anos de prisão, para quem o faça…Mas, continua o ante texto da notícia – Quem leva os filhos para a mendicidade pode também estar a evitar deixá-los sozinhos e abandonados à sorte. É por isso, que os magistrados portugueses de família e de menores do distrito de Lisboa aconselham cautela, na hora de tomar medidas que possam separar as crianças dos pais. É urgente – conclui-se – que, antes de mais, se preste auxílio às famílias, para ajudar no sentido destas situações de mendicidade não voltarem a repetir-se. E as situações de que se fala chegam a atingir contornos terríveis, como o exemplo que o DN destaca, de um pai que queimava o filho com um cigarro para ele chorar e comover os transeuntes.

O jornal dá depois exemplos soltos, como o de uma rede desmantelada há 6 anos pelo serviço de Estrangeiros e que explorava umas 25 crianças e mulheres, levando-as a mendigar nas principais ruas de Lisboa. Fala ainda desse cidadão belga que terá raptado as próprias filhas e as trouxe para Portugal, para pedirem esmola. Lembram-se do caso? Foi em Viseu, há pouco tempo. Fala também de um grupo de romenos, que usava dois bebés durante os assaltos – e foram mais de cem, os assaltos que terão feito pelo país fora. O grupo foi entretanto detido no princípio deste mês… E deste, lembram-se? A notícia passou em todas as televisões…

Das denúncias…a linha SOS Criança diz que este ano só recebeu 39 alertas. Em 4 anos foram condenadas 6 pessoas, num total de 12 processos-crime, que entraram nos tribunais, envolvendo 15 arguidos.

E agora a fotografia!

Diz a legenda, que as crianças conseguem atrair mais atenções. E de que maneira!

A fotografia foi tirada na Rua Augusta, em Lisboa, onde certamente muitos de nós já vimos crianças a tocar acordeão – bastante mal diga-se, mas deve ser de propósito – do género, quanto pior melhor… adiante - a tocar acordeão na companhia de um pequenino cão – podia ser um pequinois, mas eu de cães pouco percebo - um pequeno cão que, ora se equilibra sobre o ombro do tocador, segurando nos dentes um pequeno copo de plástico onde recolhe as moedas, ora se deixa ficar, sentado no chão, fazendo companhia ao dono, como é o caso que a foto ilustra.

E acontece que na fotografia temos ainda mais 4 personagens curiosas.

4 turistas , supõe-se. Dois casais em férias.

Um dos homens do casal ajoelha-se ao lado do miúdo, a fotografá-lo. O outro, de cócoras, avança a mão para acariciar o pequeno cão, sentado obediente e resignado, montando guarda à caixa das esmolas.

Elas… uma, de pé, abre a mão que levou à mala para retirar – dá ideia que – uma moedita.

A outra ajoelha-se, sorrindo, ao lado do que se prepara para fazer uma festa ao cão do jovem mendigo. Ele também sorri. Do bolso de trás das costas assoma, meio amachucado, o que parece ser um mapa da cidade. Mas o que é fantástico é este sorriso. Não haveria, na redacção do DN ,um fotoshop que lhes apagasse este sorriso alarve da cara? E o que pensa fazer o outro? O que tira a fotografia? Mostra-la lá na terra dele e dizer que Portugal é que é! Um país tão desenvolvido, que até tropeçamos em Piazzolas de palmo e meio, ao virar de cada esquina, a tocar no meio da rua, em pequenos concerto “promenade”?!...