segunda-feira, 27 de outubro de 2008

uma espécie de pagamento

“PS abandona proposta que previa pagamento em espécie sem acordo do trabalhador.”

É o título da notícia, no Público, de hoje.

Diz que o partido socialista já entregou 140 sugestões de alteração à proposta do Governo sobre a revisão do Código de Trabalho. E que ainda vai entregar mais. Ora, uma das alterações propostas é então suspender o pagamento em espécie , sem acordo do trabalhador. Era essa portanto a proposta inicial. Pagamento em espécie. E que espécie de pagamento seria esse? Ou melhor… será esse?, já que a proposta de alteração se limita ao consentimento do trabalhador… Ou seja, o pagamento em espécie continua a ser possível, desde que o trabalhador concorde. Concorde, por exemplo receber em agrafos, ou – no caso da rádio, por exemplo, em fitas magnéticas, ou CD's do Quim Barreiros, o ordenado, ou parte dele.

E aqui, um pequeno desvio de percurso. Diz o Jornal de Notícias, que Sócrates não vai fazer chantagem com a maioria absoluta, nas eleições do ano que vem. O Público diz mesmo que Sócrates admite governar em minoria. E é o melhor que ele faz. Não tanto porque o resultado nas urnas lhe possa ser eventualmente pouco favorável, mas porque, como vimos, a própria bancada do partido que o suporta insiste em lhe tirar o tapete debaixo dos pés, em matérias tão sensíveis como o Código de Trabalho. Lembram-se do lead da noticia?: “o PS já entregou 140 sugestões de alteração do Código, elaborado pelos socialistas do Governo e vai entregar ainda mais umas quantas…

Mas adiante.

Avançamos um par de páginas e sem sair do Público chegamos a Famalicão. Foi aí, que em 2001, durante as praxes na Universidade Lusíada, um caloiro acabou por morrer.

A relação causa efeito há-de ser julgada em tribunal. A próxima sessão do julgamento está marcada para 14 de Novembro. Ora, acontece que a mãe do aluno falecido espera que, durante o processo, se descubram novos elementos, que levem ao apuramento final e inequívoco de responsabilidades, na morte do filho. Mas acontece também que, para já e à cabeça, a senhora reclama uma indemnização , não em espécie, que seria complicado de fazer, mas em dinheiro vivo. 210 mil euros de indemnização pela morte do filho, é quanto ela pede.

E Óscar Wilde!

É ele o eleito para as citações que diariamente o Público edita em coluna própria. E diz assim:

Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de nada.

Óscar Wilde nasceu em 1854, morreu em 1900… há mais de cem anos, portanto. Parece que foi ontem? Ou se calhar nem tanto

Doc Lisboa polémico – é o que diz o Correio da Manhã.

Mas Sérgio Truffaut, o organizador do evento, já desfez o equívoco. Ora, a polémica de que se fala tem a ver com a atribuição do prémio para uma primeira obra a uma realizadora, que já tinha ganho um prémio , com um outro documentário, em 2005, há 3 anos, portanto.

Truffaut diz que não recebeu nenhuma queixa, ou reclamação e lembra que o regulamento permite concorrer com uma segunda obra.

Mas diz mais e o mais que diz é que é surpreendente. Diz Sérgio Truffaut que – e citemos – " o que se passa no DocLisboa passa-se em qualquer festival de cinema mundial – os prémios para primeira obra abrangem as segundas. É assim no Cámera d'Or e no Indie Lisboa.”

Desfeito o equívoco, fica para os académicos fazer rever o conceito de “primeira”.


E no 24 Horas, ficamos a saber que as operações de mudança de sexo em Portugal saem próximas do custo zero, aos interessados.

“Mudar de sexo é grátis” – é o que anuncia o título.

O Serviço Nacional de Saúde comparticipa em 100% as cirurgias necessárias, para a operação.

A revelação foi feita ao jornal pela própria Ordem dos Médicos, que é a entidade responsável por conceder as autorizações necessárias para este tipo de cirurgias.

De acordo com a Ordem e desde 2003 foram apresentados apenas 36 pedidos de autorização. Foram todos aprovados. A Ordem diz que o número é limitado porque o processo é complexo. O jornal diz que apurou que a morosidade do processo se explica, com o facto de ser fundamental perceber, se a mudança de sexo é o caminho certo para os pacientes, tanto mais que os custos associados são muito elevados.

Ora fixemo-nos entretanto no título da notícia: “Mudança de sexo é grátis em Portugal.”

E porque – se nos outros países a operação se pode fazer em hospitais privados, onde custa entre 10 mil e 15 mil euros, em Portugal ela só pode ser feita em hospitais públicos, sendo, por isso, totalmente comparticipada pelo Estado. Já o resto… hormonas e todas as cirurgias estéticas que eventualmente se lhe sigam, ficam por conta do doente, já que não são determinantes para a mudança de sexo. Enfim, no caso das hormonas, o Estado também comparticipa, mas só em parte.

A única questão que fica em aberto é saber se estes pacientes também são sujeitos a taxa moderadora, quando vão ao hospital, durante as consultas, ou estão isentos. É que as consultas devem ser mesmo fundamentais neste caso da mudança de sexo. Consultas prévias com psicólogos e endocrinologistas… Se bem se lembram dizia-se aí atrás que primeiro que tudo há que consultar o doente e perceber se a mudança de sexo é o caminho certo.

E então? As consultas pagam taxa moderadora, ou estão isentas?..

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É o destaque das primeiras páginas do Diário de Notícias de hoje.

Os meninos mendigos. Os meninos mendigos que devem ficar com os pais – como avisa o título.

Logo de entrada, vai-se explicando que usar crianças para pedir esmola é crime. A lei portuguesa prevê mesmo 3 anos de prisão, para quem o faça…Mas, continua o ante texto da notícia – Quem leva os filhos para a mendicidade pode também estar a evitar deixá-los sozinhos e abandonados à sorte. É por isso, que os magistrados portugueses de família e de menores do distrito de Lisboa aconselham cautela, na hora de tomar medidas que possam separar as crianças dos pais. É urgente – conclui-se – que, antes de mais, se preste auxílio às famílias, para ajudar no sentido destas situações de mendicidade não voltarem a repetir-se. E as situações de que se fala chegam a atingir contornos terríveis, como o exemplo que o DN destaca, de um pai que queimava o filho com um cigarro para ele chorar e comover os transeuntes.

O jornal dá depois exemplos soltos, como o de uma rede desmantelada há 6 anos pelo serviço de Estrangeiros e que explorava umas 25 crianças e mulheres, levando-as a mendigar nas principais ruas de Lisboa. Fala ainda desse cidadão belga que terá raptado as próprias filhas e as trouxe para Portugal, para pedirem esmola. Lembram-se do caso? Foi em Viseu, há pouco tempo. Fala também de um grupo de romenos, que usava dois bebés durante os assaltos – e foram mais de cem, os assaltos que terão feito pelo país fora. O grupo foi entretanto detido no princípio deste mês… E deste, lembram-se? A notícia passou em todas as televisões…

Das denúncias…a linha SOS Criança diz que este ano só recebeu 39 alertas. Em 4 anos foram condenadas 6 pessoas, num total de 12 processos-crime, que entraram nos tribunais, envolvendo 15 arguidos.

E agora a fotografia!

Diz a legenda, que as crianças conseguem atrair mais atenções. E de que maneira!

A fotografia foi tirada na Rua Augusta, em Lisboa, onde certamente muitos de nós já vimos crianças a tocar acordeão – bastante mal diga-se, mas deve ser de propósito – do género, quanto pior melhor… adiante - a tocar acordeão na companhia de um pequenino cão – podia ser um pequinois, mas eu de cães pouco percebo - um pequeno cão que, ora se equilibra sobre o ombro do tocador, segurando nos dentes um pequeno copo de plástico onde recolhe as moedas, ora se deixa ficar, sentado no chão, fazendo companhia ao dono, como é o caso que a foto ilustra.

E acontece que na fotografia temos ainda mais 4 personagens curiosas.

4 turistas , supõe-se. Dois casais em férias.

Um dos homens do casal ajoelha-se ao lado do miúdo, a fotografá-lo. O outro, de cócoras, avança a mão para acariciar o pequeno cão, sentado obediente e resignado, montando guarda à caixa das esmolas.

Elas… uma, de pé, abre a mão que levou à mala para retirar – dá ideia que – uma moedita.

A outra ajoelha-se, sorrindo, ao lado do que se prepara para fazer uma festa ao cão do jovem mendigo. Ele também sorri. Do bolso de trás das costas assoma, meio amachucado, o que parece ser um mapa da cidade. Mas o que é fantástico é este sorriso. Não haveria, na redacção do DN ,um fotoshop que lhes apagasse este sorriso alarve da cara? E o que pensa fazer o outro? O que tira a fotografia? Mostra-la lá na terra dele e dizer que Portugal é que é! Um país tão desenvolvido, que até tropeçamos em Piazzolas de palmo e meio, ao virar de cada esquina, a tocar no meio da rua, em pequenos concerto “promenade”?!...

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