Talvez o título não tenha sido o mais feliz… Mas corre o risco de ser o mais apelativo. E diz assim, o Diário Económico em chamada de capa: “Os melhores cursos para subir depressa na carreira”. É o anúncio a uma pequena revista, que o jornal hoje edita em suplemento gratuito. Mas convém, antes de avançarmos, dizer que os cursos que se anunciam se destinam a Executivos. È essa a carreira de que se fala. A carreira de Executivo. Toda a oferta de formação para Executivos disponível em Portugal. Conheça os cursos – convida a chamada de capa – “Conheça as melhores escolas e a cara dos protagonistas.”
Ora a revista, essa puxa para a capa este título: “Novas tendências chegam a Portugal” E de repente, se não soubéssemos ao que íamos, poderíamos julgar termo-nos enganado na porta e que estávamos prestes a entrar no mundo da moda, da alta-costura, ou por aí… mas não. As novas tendências, de que se fala, passam pelas empresas e escolas de negócios, que trabalham cada vez mais em conjunto, para satisfazer necessidades específicas dos alunos. O objectivo – continua a chamada de capa – continua a ser formar executivos, para decidir bem e de forma rápida. O convite é conhecer todos os cursos do mercado e saber o que os distingue e como financiá-los.
Lá dentro, fica-se a saber, por exemplo, que, em 3 anos, os cursos tecnológicos cresceram 16 vezes… Que há cada vez mais alunos, a recorrer ao crédito para financiar a formação académica; que a Universidade Católica está – segundo o Finantial Times – entre as melhores do mundo (uma boa notícia, valha-nos isso); que a chamada Geração Y, uma nova geração de alunos, está a forçar as escolas a uma pequena revolução e que, para se adaptarem a essa realidade, as escolas apostam em cursos cada vez mais criativos.
A Geração Y! Diz que são jovens e talentosos e sabem bem o que querem. E o que querem, garante o Económico – é alcançar o sucesso rapidamente. Uma nova geração de Executivos. Porque convém não esquecer que é deste nicho de actividade profissional que se fala... É neste território que, segundo o jornal, a nova geração de futuros quadros está a obrigar os gestores a desenvolverem novas formas criativas de liderança.
Formas criativas de liderança! Vamos lá então.
Team Building – o conceito se calhar também, o nome esse é, indubitavelmente, estrangeiro. Team Building, como quem diz "Formar Equipa". Como construir uma equipa de trabalho.
Andar de canoa é uma ideia. Andar de canoa, procurar tesoiros escondidos, ou participar numa aula de culinária são actividades, garante o Diário Económico, ao contrário de roubarem tempo e dinheiro às empresas, podem tornar-se grandes mais-valias. Diz que uma sessão deste so called (honra se faça ao estrangeirismo) Team Building pode acelerar os resultados, ao nível do ganho de confiança, constituição de redes, partilha de conhecimento e trabalho em equipa. Claro que, todas estas actividades, que acabámos de enunciar, se supõem que terão lugar fora do local de trabalho. Em, se quisermos, alegres fins-de-semana temáticos. A fazer lembrar os acampamentos de escuteiros, por aí…
Ora, o essencial fica dito. Falta só lembrar duas coisas.
Primeiro, que a actual crise financeira, ou económica, ou o que seja, parece consensual que se deve, aos gestores e executivos do mais alto gabarito que, eles também, sonharam um sucesso rápido e acabaram por dar o passo maior que a perna. Partindo deste pressuposto, é de toda a conveniência que se formem novos executivos e gestores. Estes verdadeiramente competentes e capazes de não repetir os mesmo erros. Tanto mais que, a este nível de competências, a culpa, antes de morrer solteira, já matou metade da família e alguns vizinhos.
A segunda coisa, para que gostava de vos invocar a memória era...(lembram-se do título?.. “Os melhores cursos para subir depressa na carreira” …) para o antigo adágio, que garante que: "Depressa e bem, não há quem".
Nem para gerir uma empresa, nem para fritar um ovo. Que um ovo, para ficar bem estrelado… a clara tostadinha e a gema meio crua, tem muito que se lhe diga e requer o seu tempo e até mesmo, ousaria dizê-lo, algum carinho.
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