sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Reabre amanhã, ao público e à circulação, o túnel ferroviário do Rossio.
Amanhã, com o primeiro-ministro, exposição de material ferroviário e concerto de música.
Escreve o jornal “Público” que o túnel do Rossio reabre após 3 anos e 3 meses de "fechado para obras".
Durante esse tempo, os habituais utentes tiveram que desviar o percurso normal e, em vez de sair no Rossio e daí, de Metro, autocarro, ou a pé lá irem à sua vida… passaram a ter de sair em Sete Rios, ou Entrecampos, ou mesmo no Areeiro e daí, apanhar o Metro, o autocarro, ou mesmo a pé lá ir à sua vida…
Isto foi mais ou menos o que aconteceu, durante estes 3 anos e 3 meses, aos utentes da CP, que habitualmente desembarcavam no Rossio.
Ora bem, continuemos a leitura …
Escreve o “Público” que as duas empresas – no caso a Metro e a CP – estão agora a pedir uma indemnização à REFER, pelos prejuízos sofridos durante o tempo em que o túnel esteve fechado.
A CP, conta o jornal, está a negociar 11 milhões de euros e a Metropolitano de Lisboa diz que o balanço do prejuízo ainda não está fechado, mas em finais de 2006 já ia nos 5 milhões de euros…

O túnel esteve fechado porque ameaçava cair… se bem se lembram. Não por qualquer capricho obtuso, mas por uma questão de segurança. Da mais elementar das seguranças. Aquela que tenta evitar que o tecto nos caia em cima da cabeça…
Talvez houvesse alternativa que não prejudicasse tanto o Metro e a CP… mas em verdade, que prejuízo terá tido, por exemplo a CP? Perdeu assim tanto dinheiro? … 11 milhões é o que se fala… É espantoso! Nunca imaginaria que, deixar os passageiros em Sete Rios, ou Entrecampos, em vez de no Rossio, comportasse um aumento de custos assim tão elevado, mas se calhar é assim mesmo.

Dos eventuais prejuízos que os utentes tenham sofrido… isso a notícia não fala, portanto é porque, ou não houve, ou ninguém ainda os reivindicou… que para o utente, aí sim, é bem mais fácil perceber a diferença entre ser apeado no Rossio , ou no Areeiro… Mais ainda se se trabalha na Baixa, ou para os lados do Terreiro do Paço.

O Metro diz que, em finais de 2006, já estava a perder 5 milhões de euros, com as obras do túnel… Sendo que aqui, como já vimos, as contas ainda não estão fechadas e a Metro está neste momento a fazer essas contas numa comissão formada de propósito e que junta elementos das duas empresas - Metro e Refer… O jornal fez a soma por alto e conclui que a indemnização, no total e pelo fecho do túnel do Rossio, pode custar 18 milhões de euros à REFER.
18 milhões de euros é certamente muito dinheiro… Fica por saber em quanto ficaria a eventual indemnização às vítimas, se as obras se não fizessem e no dia em que o túnel caísse em cima de alguém…
Talvez ficasse muito mais em conta, apesar de tudo…
E mais um bocado e chegamos quase à conclusão que teria sido bem melhor ficar quieto e deixar o túnel vir abaixo, quando tivesse de ser. Depois, logo se via…

este post é patrocinado pela alma bêbada do alexandre o'neill

O “Jornal de Noticias” trás hoje, já em fecho de edição, a denúncia de que há crianças – jovens actores, como lhe chamam – que estão a trabalhar fora da lei.
Cita-se o exemplo de 3 miúdos, que participam numa série televisiva e que o fazem sem a devida autorização da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Diz-se também que, só no primeiro semestre do ano passado, foram apresentadas 50 queixas, relacionadas com casos de menores a trabalhar em espectáculos e séries de televisão, sem cumprir o que a lei manda.
E o que a lei manda passa por, entre outras coisas, o exame médico que os capacita para o trabalho, um número máximo de horas – 6 – de trabalho semanal, uma cópia do respectivo contracto de trabalho e, claro está, a autorização dos pais da criança. As multas podem chegar aos 50 mil euros…
E estas são regras que se aplicam a todos os miúdos menores de 16 anos, que trabalhem na área do espectáculo – televisão, cinema, teatro, moda, circo, por aí…
Logo aqui se abre uma primeira questão - e muito sinceramente gostava de a ter esclarecida - respeitando esses mesmos princípios enunciados e os outros que não referi – que a lei, nesta matéria articula-se em 10 artigos que definem claramente as condições impostas - pois respeitando esses princípios, que diferença haverá entre entrar numa telenovela, ou trabalhar num circo e noutra qualquer actividade profissional?! Enfim, menos espectacular certamente será, mas não menos digna e se calhar até mais útil… Mais útil mesmo até para a própria criança.
Acontece, entretanto, que as próprias produtoras de televisão – cita o “JN” – acham que a burocracia, que envolve o processo, leva muitas vezes a que se ultrapasse a lei pela direita… enfim, que se avance com a produção enquanto a papelada se resolve – isto em bom português - porque o ritmo de produção é muito intenso e não se pode ficar à espera… Ora esse ritmo de produção frenético - o jornal cita uma produtora, que diz mesmo que aquilo que a lei prevê não se coaduna com o ritmo da produção televisiva e , por isso mesmo, pede maior agilidade no processo… Esse ritmo frenético já me parece – e à partida – um ambiente um pouco mal são para uma criança… mas contra isso , se calhar não se pode fazer nada.
Agora, onde se poderia fazer alguma coisa… não sei se a lei o prevê… era acautelar que os miúdos não fossem convidados, contratados, aliciados, o que seja para séries e novelas de tão má qualidade. Com textos tão estúpidos e contracenas tão cabotinas… Acautelar que não cresçam com uma visão tão medíocre da realidade… E depois, já agora, que lhes não metam ideias erradas na cabeça. Eles são novos, há ainda muita coisa que não sabem, nem podem compreender… É por isso, no mínimo, injusto deixar que acreditem que são qualquer coisa parecida com um actor de teatro. É que, em boa parte dos casos, o mais que conseguem é estar à altura da contracena. O que, também em boa parte dos casos, não é coisa que orgulhe ninguém. A verdade mesmo é que, acauteladas todas as exigências legais, bem melhor fora que aprendessem a plantar batatas.

Aqui há uns anos – depois passou, mas houve essa norma – certos filmes, as crianças, os menores eram autorizados a assistir, desde que acompanhados por um adulto, que se responsabilizasse por isso. Isso : assistir a um filme que, à partida, e para quem os classifica, seria eventualmente menos próprio para essas menores idades…
Ora, depois de ler esta notícia que desce de Londres, levanta-se a hipótese da regra se recuperar e estender, no caso, aos museus britânicos…
Mas vamos à notícia, que para nariz de cera, já chega.
Metro de Londres proíbe "Vénus" nua do Século 16. A "Vénus" em causa é de Lucas Cranach – o Velho. Pintou-a em 1532, nua, só com uma gargantilha e um fio pendendo sobre o colo alabastrino.
E foi este quadro que a Royal Academy of Arts escolheu como cartaz da primeira grande exposição de Lucas Cranach, em Londres. Um cartaz, que haveria de ser afixado pela cidade, anunciando o evento. Pelas ruas de Londres e nas paredes do Metro, também.
E aqui é que a história se complica. É que a administração do Metro de Londres acha mal, afixar nas paredes, à vista de todos, a imagem de uma mulher nua. Acha impróprio para os passageiros, serem confrontados com essa imagem, enquanto esperam o comboio.
A verdade é que a lei – no caso – o regulamento interno do Metro de Londres proíbe expressamente a afixação de
"publicidade mostrando homens, mulheres ou crianças de forma sexualizada, ou corpos parcial ou totalmente nus, num contexto abertamente sexual".
Já em 2001, pelas mesmas razões, tinha o Metro recusado um retrato da condessa de Oxford, obra de Peter Lely. O argumento foi o de que, no retrato, se revelava um seio da condessa.
Os responsáveis pelo museu dizem que não têm um plano B, com a "Vénus" vestida, para não chocar o Metro de Londres, ou os seus utentes… A comissão de Cultura e Media, do Parlamento inglês, considerou, por seu lado, a decisão do Metro como "débil" e aconselhou o museu a não alterar o cartaz, nem a campanha de promoção da exposição – que, já agora, inaugura a 8 de Março…
O presidente da Comissão acha impensável que um quadro pintado há 500 anos possa chocar alguém.
E aqui entreabre-se alguma reserva ao argumento, mas nada de mais. A verdade é que, há obras ainda mais antigas, que continuam a chocar muitas sensibilidades e, nalguns casos, é isso justamente o que lhes confere a eternidade...
Diz o presidente da Comissão que é impensável que um clássico possa chocar… continuamos na mesma e pelas mesmas razões… ser um clássico não o torna mais pacífico, ou consensual, ou até mesmo, exemplo de quaisquer virtudes… por isso adiante…

Adiante, que a questão nem é sequer avaliar e muito menos julgar os critérios morais, éticos, ou o que seja da administração do Metro de Londres, ou da própria sociedade londrina. A questão é outra .
Primeiro e a saber… se o metro de Londres mete no mesmo saco a "Vénus" de Cranach e, por exemplo, a Carla Bruni, ou a Kate Moss a vender lingerie… Revelaria já uma visão bastante avançada. De quê, não sei. Mas de qualquer coisa haveria de ser! Poderia ser da Arte em particular, ou dos Bons Costumes em geral… E a verdade é que, o Metro de Londres, parece que sim… que é o que faz. A Kate Moss e a "Vénus" de Cranach, para o Metro de Londres e para o que interessa, são a mesma coisa.
Em aberto fica ainda e entretanto essa tal hipótese desvairada, que adiantava ao início. A dos museus britânicos passarem a fazer depender, a entrada de menores, de uma espécie de termo de responsabilidade, de um adulto que o acompanhe. Ou , ainda , afixar um aviso X-Rated, à entrada de certas galerias, ou museus de pintura.
Em aberto fica ainda – e deus nos guarde que – no topo da infâmia (relembre-se a sorte que teve o retrato da duquesa de Oxford) – há que – por essa ordem de razões – considerar a Virgem com o menino ao colo!…
Mais ainda, se a Virgem estiver a amamentar o menino Jesus!
Aí, entramos claramente no campo da heresia.
Vá de metro, Satanás!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Muito rapidamente… a fotografia de capa do "Diário de Notícias" de hoje é notável.
Diz a legenda que Sócrates, o primeiro-ministro, claro, José Sócrates está sob o fogo do Parlamento. Está, ou esteve, ontem, que foi quando a fotografia foi tirada...
Fotografia tirada em movimento, o que faz sempre um certo efeito. E para o efeito, ficamos sem saber. É que a legenda diz que Sócrates está, ou esteve, sob o fogo do Parlamento e – de facto – atentando na fotografia, Sócrates bem podia estar a fugir de quaisquer balas imaginárias, ou simbólicas… Poder podia, se repararmos bem na fotografia… mas a verdade é que também podia estar simplesmente a dançar. Vê-se até, a espreitar pela direita baixa da foto, um braço e uma mão que se estendem na direcção do primeiro-ministro, como se o esperassem, para concluir a pirueta e o passo de dança. Ora, é claro que uma situação destas, tendo em conta a ocasião, está fora de qualquer hipótese. Ficamos portanto por aqui. Sócrates sob o fogo do Parlamento, como a fotografia ilustra, o primeiro-ministro desviando-se de balas imaginárias, sob a objectiva das câmaras de televisão e dos fotógrafos dos jornais.

Mas isto de fotografias…
Vamos ao "JN" – "Jornal de Notícias."
E a notícia é que – sete ex-estudantes vão hoje a tribunal acusados de praxes violentas. São 5 rapazes e 2 raparigas, que estão indiciados, em co-autoria e na forma continuada, de um crime de ofensa à integridade física agravada e outro de coacção. Isto tudo aconteceu há 5 anos, na Escola Superior Agrária de Santarém. Talvez por ser numa escola agrária, o crime em questão foi cometido com o auxílio de bosta de vaca. Assim mesmo. A queixosa – a praxada – tinha na altura 22 anos e era caloira em Santarém. Os mais velhos tê-la-ão obrigado a fazer flexões até ficar com um braço sem o poder mexer. Enquanto isso chamavam-lhe nomes feios e depois – queixa-se a jovem - agarraram-na pelas pernas e enfiaram-lhe a cabeça num – chama-lhe o jornal – um "penico cheio de bosta de vaca. "
Pois sim , está bem, já tínhamos percebido a ideia. Mas o "JN" acha que não e então resolveu ilustrar a notícia com a fotografia do nariz de uma vaca e, em primeiro plano, o que tudo indica ser – a arma do crime! E poupem-me aos pormenores, já que o "JN" não o fez. Sendo que, a fotografia dos acusados, da vítima, ou do próprio penico tinha chegado muito bem.

E já de saída duas boas notícias, sendo que uma delas peca por uma pequena imprecisão, ou se quisermos, uma pequena desatenção…
A primeira boa notícia: "Portugal deixa lista negra em Maio". A lista negra, no caso, é a dos países com défice excessivo.
A Comissão Europeia deverá propor, em Maio que vem, a exclusão de Portugal dessa lista mal amada. E a boa notícia é que isso vai acontecer um ano antes do que estava previsto pela Comissão Europeia.
A outra boa notícia é que o Vaticano resolveu antecipar, por seu lado, ele também... Só que aqui se trata da beatificação de Lúcia, a freira carmelita vidente de Fátima.
É a primeira vez que tal acontece com um português e a terceira vez que acontece no mundo cristão.
A notícia foi comunicada e saudada, ontem, em Coimbra, durante a missa celebrada pelo cardeal José Saraiva Martins, perfeito da Congregação para a Causa dos Santos.
O processo foi antecipado em dois anos, o que faz com que comece de imediato.
Ontem foi um dia histórico. Isso mesmo fez questão de sublinhar o cardeal oficiante. Estava feliz e disse-o: "de uma profunda alegria por ser o portador da notícia sensacional". Talvez a alegria justifique o lapso, ou então foi o próprio jornal que se deixou arrastar pelo entusiasmo… Mas, vamos onde importa: disse o cardeal Saraiva Martins que ontem se viveu "um dia histórico e importante para a Igreja e para o Mundo…"
Pois esqueceu-se de explicar que o mundo de que falava era, naturalmente, o mundo cristão! E, mesmo nesse mundo cristão, aquele que venera santos e beatos; excluindo também e por razões óbvias, hinduístas, xintoístas, muçulmanos, budistas e outros fiéis deste mundo, para quem a irmã Lúcia será uma referência um pouco indistinta, senão quase irrelevante! Ela e a causa de todos os santos do panteão católico, em verdade e a bem dizer.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

oh Lopes, 'tamos contigo, pá!

Diz-se, é costume ouvir-se dizer, que uma imagem vale mais que mil palavras. Admitamos. Mas, admitamos também, que ele há imagens que nos deixam… sem palavras.
Ora Santana Lopes… Pedro Santana Lopes, líder parlamentar da bancada social-democrata, saiu em presidência aberta – foi assim que ouvi chamar-lhe ontem, nos telejornais – em presidência aberta, portanto (e a eventual confusão, que o epíteto possa causar nas populações, é outro assunto a que iremos, de passagem, mas não para já).
Para já, há que concordar que, como defende Santana Lopes, os políticos devem sair para o terreno, de vez em quando que seja, a tomar o pulso ao país real. A sentir o pulsar do povo e suas angústias e desejos mais urgentes… Terá sido isso, que levou Santana Lopes mais comitiva parlamentar a visitar ontem o distrito de Castelo Branco. E foi nessa ocasião que os jornalistas lhe perguntaram coisas como, por exemplo, o que pensava da demissão do director nacional do INEM. Questão que, pode ser que não, mas desconfio, que ninguém se teria lembrado de perguntar ontem a Santana Lopes, se não fosse o facto de o terem acompanhado nessa visita ao pais real.
Agora, quanto à auto-proclamada presidência aberta… também pode ser que não, mas também é bem provável que sim, que um habitante de uma qualquer terra desse interior esquecido e abandonado, ao receber tão ilustre visita em presidência aberta – a preocupar-se realmente com isso - lhe salte à memória outras presidências abertas, próximas passadas… Mário Soares… Jorge Sampaio… presidentes, eles também ,mas não de nenhuma bancada parlamentar, senão da própria república portuguesa. E assim sendo, se a confusão tivesse tempo e paciência para se instalar, já se tinha instalado, ontem, em Castelo Branco.
Mas não é isso que prende a atenção deste vosso humilde narrador… é a fotografia que ilustra o acontecimento, nas páginas do “Diário de Notícias”. A fotografia. A fotografia de Pedro Santana Lopes – preocupado com o interior – segundo atesta a legenda.
Ora então a fotografia. O fato é de bom corte. Distinto e discreto. Azul com riscas finas e verticais de tom mais claro. A gravata, azul muito clarinho, quase branco, a dizer com a camisa. O fundo é indistinto, mas dá para perceber que é no campo… Percebe-se, esbatidos em fundo, os finos ramos de alguma vegetação e, em primeiro plano, o que resta do tronco de um qualquer pequeno arbusto, partido pelo meio.
Santana Lopes, preocupado com o interior, pousa para a fotografia, segurando, ele próprio, um pau. Um cajado de pastor? É provável. De pastor será, eventualmente, também a manta de lã, que Santana Lopes segura, com a mão esquerda, equilibrando-a sobre o ombro. Manta irrepreensível, ela também. Às riscas, em tons de beije e castanho. Irrepreensível mesmo, como se tivesse acabado de sair da loja, directamente para o ombro de Santana Lopes.
A expressão … será de preocupação, como diz a legenda?... Será? Santana Lopes olha de lado e para cima, para fora de campo. A boca deixa descair os cantos dos lábios, desenhando-lhe uma expressão difícil de classificar, mas que foge a todos os parâmetros conhecidos, quando se fala em expressões de preocupação. Não diria que se trata de um sorriso, que ficou a meio… É talvez uma outra qualquer coisa, quase tão enigmática como a própria Gioconda! Ou talvez seja a expressão de quem está a ouvir, atentamente, para depois tomar as decisões, de que o título maior da notícia fala: “Santana no terreno a ouvir para preparar decisões.”
Seja como for, e à primeira leitura, há ali qualquer coisa que está a mais… Ou é o fato de bom corte, ou manta de pastor.
E esse é justamente o problema das leituras apressadas!
Senão vejamos: Santana Lopes de bordão e manta de pastor… preocupado com o interior, diz a legenda. Nem mais! A manta, porque, no interior, à noite e ainda mais agora, arrefece muito. E o cajado, por razões óbvias… no estado em que as coisas estão, alguém terá de pôr um pauzinho na engrenagem! Enfim, um cajado de pastor pode ser um pouco exagerado, mas …. Sempre é melhor que a hipótese de considerar que, no estado em que as coisas estão, isto só se resolve à paulada!
Claro que nenhum político, em seu perfeito juízo e além do mais em democracia, poderia defender uma solução dessas. Muito menos com gente a ver.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Vem praticamente em todos os jornais desta manhã…
Peguemos então e por exemplo no título do Público…
“Deputados socialistas querem qualidade da água explicada nas facturas.”

Temos então, que, segundo a notícia, o grupo parlamentar socialista quer tornar obrigatória a inclusão das análises realizadas, ou em falta, à qualidade da água e respectivos resultados, na factura.

Claro como a água, que a intenção é certamente das melhores. Só que, chegará a boa intenção?
A ver. O resultado das análises deve vir em linguagem – chamemos-lhe assim –técnica… percentagens de elementos químicos, alguns de nome quase impronunciável… outros nem por isso, mas de cuja virtude, ou prejuízo, o mais comum dos consumidores estará, provavelmente, pouco, ou mesmo nada informado…
Poderia sempre resumir-se a informação a um simples veredicto final e dizer assim: água própria para consumo… água imprópria para consumo. Que no fundo é disso que se trata. É isso que importa. Pelo menos ao cidadão comum… Saber se a água está ou não em condições de ser consumida… Só que aqui, destapa-se outra dúvida… poderá pôr-se a hipótese da companhia fornecedora das águas públicas distribuir água imprópria para consumo?! E neste cenário pouco lisonjeiro… confessá-lo ao público: esta água está imprópria para consumo, mas é o que há… sirvam-se e seja o que deus quiser…
E quanto às análises? É ou não suposto serem feitas? E, se é suposto serem feitas, porque é que se põe a hipótese de alguém faltar a essa obrigação? Diz aqui: “inclusão das análises realizadas, ou em falta…”
Ou não há obrigação nenhuma e o controle de qualidade fica ao critério de cada um. De cada autarquia, junta de freguesia, ou o que seja?...
E fixemo-nos ainda neste outro cenário. A factura está conforme e com todos os valores apurados da qualidade da água em questão… Só que esses resultados indicam que a água não tem qualidade… e então? Distribui-se na mesma?!...

Há na Dinamarca uma espécie de provérbio curioso, de que não conheço tradução em português, mas que se pode colar a este caso…
Diz assim: que é que queres que eu faça com essa informação?

E do Público para o Diário de Notícias…
Ora vamos lá que esta ouvi eu e não foi isso o que ele disse.
Cavaco Silva…perguntaram-lhe o que achava da ideia de Gilberto Madaíl de realizar um mundial de futebol ibérico, em 2018…Respondeu o presidente, que eu ouvi, "tanto quanto consigo prever, Portugal terá outras prioridades…”
Ora, o Diário de Notícias dispara o título, em pontapé do meio da área: “Cavaco trava Mundial de 2018 em Portugal.”
Pois não terá sido bem assim. Nem a questão das prioridades, invocada por Cavaco, fecha a porta à realização do campeonato. Nem – que se saiba – a península Ibérica se confina ao território português. Daí, dizer-se que Cavaco trava Mundial em Portugal… ser – digamos – um pouco redutor.
Curiosamente, já o Correio da manhã – jornal que – desculpem mas é verdade – jornal que tem a fama de ser um pouco mais sensacionalista – é bem mais moderado e – se quisermos – rigoroso até – na notícia e no respectivo título: “Cavaco chuta para canto Mundial 2018”. Ora aí está! Em bom futebulês… isso foi o que realmente aconteceu.

E fiquemo-nos um pouco mais pelo Correio…
A Quaresma é tempo para combater o mal.
Disse o papa, Bento 16, ontem aos fiéis da praça de S. Pedro, antes mesmo da oração do Angelus.
Perguntou o papa o que significa a Quaresma e depois respondeu que significa iniciar um tempo de particular empenho no combate espiritual que nos opõe ao Mal, que está presente no mundo. Em cada um de nós e à nossa volta…
Ora aí está uma missão louvável, mas que receio ser bem mais consequente se for assumida no dia a dia de cada um… e não só na Quaresma, nem que seja com particular empenho…E depois, diz ainda o papa, que esse combate implica… citemos: “encarar o mal de frente e dispor-se a lutar contra os seus efeitos, sobretudo contra Satanás”.
Sobretudo contra Satanás!
Talvez fosse interessante especificar um bocadinho melhor esta coisa de Satanás!... Será ele o pior que há dentro de nós. E será isso que devemos combater? Nem que seja só na Quaresma, com particular empenho… Ou estamos em crer que a figura de que se fala é mesmo como a pintam, chifruda e de pés fendidos como os bodes, hálito sulfúrico e um feitio danado?...
Com estas coisas convém ser mesmo muito rigoroso. Porque, apesar do que diz o papa, a verdade é que o diabo existe mesmo e anda à solta, o filho da puta.