O estudo foi ontem apresentado em Lisboa e hoje o Jornal de Notícias abre uma página inteira ao assunto. E a notícia é a própria notícia. Mais ainda se for uma notícia má.
O mesmo é dizer que "O Crime domina os noticiários" – É o que diz o título, a toda a largura da página. Segue, depois, que este estudo, apresentado ontem no Seminário Internacional sobre Polícia e Media, concluíu que as notícias sobre violência tiveram grande destaque, no horário nobre das televisões nacionais. Isto no período entre 2002 e 2006, que foi o período estudado.
Em percentagens, temos que as notícias sobre criminalidades, abriram os telejornais, em 75% dos casos. Notícias de conteúdo negativo em geral: 72% e violência sobre crianças, 15% -isto em números redondos e contas por alto. A segurança e a ordem interna do país são o quarto assunto mais abordado pelos telejornais…
António Belo, da Escola Superior de Comunicação Social, que foi quem coordenou o estudo, acha que o grande número de notícias negativas pode criar a impressão de que há de facto um maior índice de criminalidade no País. O que deixa supor que, para o académico, essa suposição pode estar errada, ou desfasada da realidade. Seja como for – os números não enganam – foram as más notícias quem levou a parte de leão, nas aberturas dos telejornais, nesses 4 anos a que o estudo se reporta.
Vamos então acreditar que o que se passa é que as televisões se vão rendendo à lógica – diria quase meio terrorista – de agarrar o cliente pelo horror, pelo susto, pelo golpe baixo e que não é o mundo, nem Portugal em particular que se estão a transformar lenta e gradualmente numa esterqueira.
E no Diário de Notícias, página inteira. Fala-se em 150 mil postos de trabalho. Não esses… estes de que se fala, são os 150 mil postos de trabalho que vão tremer já em Janeiro, no sector da metalurgia, da química, do material eléctrico e electrónico, em função da entrada em vigor no Novo Código de Trabalho.
Segundo o Diário de Notícias, e pela nova legislação, 3 contractos colectivos de trabalho, nestes sectores, vão cessar de imediato e automaticamente a partir de Janeiro. Garante-se que os trabalhadores não vão perder os direitos fundamentais consagrados, na contratação colectiva, mas, à luz da nova lei, haverá que renegociar individualmente os novos contractos, ou a renovação do vínculo laboral dos trabalhadores, ao abrigo das novas regras. O que, sem rodeios nem poesia, pode querer dizer quase que, se calhar, pelo menos em teoria, podemos mesmo ter, a partir de Janeiro, 150 mil novos postos de trabalho disponíveis para quem os quiser agarrar. Tem é que ter umas luzes de electromecânica e metalurgia em geral…
E o 24 Horas trás hoje uma matéria interessante, em destaque especial, na revista que habitualmente publica às sextas-feiras.
É matéria de capa e tudo e diz assim: “Afinal até podem ser amiguinhos.”
Ora, os amiguinhos de que se fala são os cães e os gatos. A ideia está feita de que, cães e gatos, estão condenados a não se entenderem, mas o jornal explica que pode não ser bem assim. Tem tudo a ver com – se quisermos – a educação que se lhes dá e o ambiente familiar.
Ora comecemos por admitir que a genética é ainda voz de comando nestas coisas. Ou seja, o cão é um animal predador. Está-lhe no sangue perseguir tudo o que se mexe com rapidez. Por isso se aconselha também, a que não se lhes vire costas e se fuja, quando um cão avança para nós, com ar suspeito. É que ele pode não resistir à provocação e atacar mesmo! Não é por mal, é por instinto e, na melhor das hipóteses, será por brincadeira.
Pronto, este é o ponto primeiro.
Depois, para além de perseguirem tudo o que mexe, mais ainda, persegue tudo o que se mexe e que seja mais pequeno que ele – é o caso do gato.
Ora o gato tem um feitio bastante parecido, só que, o gato, persegue tudo o que mexe, independentemente do tamanho. Mesmo no caso de um agressor, o gato responde contra atacando, o que torna, como é evidente, o diálogo bastante difícil entre os dois – se considerarmos o caso de um encontro entre um cão e um gato que não se conhecem.
Depois há o feitiozinho de cada um, no seu pormenor mais caseiro, mais doméstico. Como por exemplo o território de cada um. O cão é bastante mais cioso do seu cantinho e gosta pouco de convidados intrusos no seu espaço. O gato, apesar de tudo, importa-se menos de partilhar o espaço, ou a cama com estranhos. Enfim, estranhos até certo ponto.
Na hora da refeição também é muito provável que surjam problemas. Ambos são extremamente protectores no que toca à comidinha e, mais ainda neste caso, cães e gatos são muito curiosos do que se passa no prato do vizinho e cedem muita vez à tentação de meter mais do que o nariz, em prato alheio. Aqui recomenda-se pô-los a comer em mesas separadas. Ou seja, pôr o prato do gatinho onde o cão não lhe consiga chegar e assim podem ambos comer descansados, sem conflito. Sabe-se entretanto, que o gato não liga grande coisa à comida do cão, por isso, não há o risco do gato acabar o próprio almoço e descer, de lá de onde está, para vir acabar o almoço do cão. E eu tenho para mim que não é da dieta que ele se queixa, o gato. O que acontece é que, a comida para os cães vem sempre cortada em bocados demasiado grandes para a boca dos gatos. E nisso, os gatos, falo do que sei, são mesmo muito esquisitinhos, benza-os deus...
Ora, para quebrar estas e outras barreiras, nada melhor que fazer conviver cães e gatos desde muito cedo e, com muita paciência e aplicação, ir corrigindo os comportamentos menos próprios de ambos, como se fossem crianças em crescimento e aprendizagem das boas práticas de convivência social. Deve estimular-se esse convívio e fazer com que ele seja pacífico, repreendendo quem se porta mal. Uma vez mais, como se de crianças se tratasse.
Há casos, no entanto, em que há que ir com mais cuidado. Nos casos, por exemplo, de cães que tem um historial de violência sobre gatos. Aí há que ter muito cuidado, porque, se não for hoje, pode ser amanhã ou depois, mas há-de vir o dia em que o cão há-de voltar a morder um gato, ou pelo menos, é quase certo que esse cão há-de fazer a vida num inferno, ao gato que lhe aparecer pela frente. O mesmo para os casos inversos. Um cão, novo na casa, tem de ser especialmente protegido do gato da casa. Ainda mais se ele for daqueles muito senhores do seu bigode e do seu território. Seja como for, e para o que interessa, o segredo… a chave, que abre todas as portas é o trabalho diário e paciente. Um trabalho de reforço positivo das boas acções, de castigo e repreensão das más práticas.
É assim que se consegue, segundo o 24 Horas … é assim que se consegue alguma harmonia e uma convivência pacífica e se calhar até alegre a amorosa, entre duas espécies, de quem se diz, que nunca se hão-de entender. Duas espécies condenadas pelo instinto e pela genética a perseguirem-se a atacarem-se eternamente.
Ora a questão é esta. Se os cães conseguem, porque é que nós não?!...