quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

vá de metro, satanás! que se lixe, bom natal.

Uma revelação surpreendente esta, que traz hoje em título o jornal Público!
Enfim, em ante-título! Que a chamada maior vai para o destaque do Governo, dos benefícios ambientais e da segurança do novo troço do metropolitano de Lisboa, inaugurado ontem...
Sócrates terá classificado, na ocasião, de "magníficas" as novas estações, do Terreiro do Paço e Santa Apolónia. Magníficas!
Ora bem, decerto não tão magníficas como a tal revelação que se segue e de que falava…
É que o primeiro-ministro terá também dito – a crer no relato do Público… Sócrates terá dito que esta inauguração "vai devolver o amor-próprio ao metropolitano"! E esta é uma novidade absoluta para leigos na matéria, que o metropolitano de Lisboa tinha perdido o amor-próprio!
Depois, em nome da administração do Metro, o presidente do concelho de gerência da companhia terá ainda dito – melhor, garantido! – que as estações, agora inauguradas, têm condições de segurança ao mais alto nível.
E ora aí está uma notícia consoladora! Se algum percalço acontecer em alguma dessas estações – e longe, muito longe vá o agoiro! – mas, se alguma coisa acontecer, não há de ser por falta de condições de segurança, que essas são ao mais alto nível, como quase tudo na nossa terra.
Mas há mais boas notícias…
O Ambiente! Também o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, subscreve e defende essoutra declaração do administrador do Metro, Joaquim Reis, de que "este novo ramal vai ter um grande impacto na satisfação dos objectivos do protocolo de Quioto". Como?.. Permitindo "uma redução anual das emissões de dióxido de carbono de mais de 3 mil toneladas". Ora aí está! Mais de 3 mil toneladas até pode não ser grande feito… mas, se isso se consegue num percurso que, ao que parece, demora pouco mais de 2 ou 3 minutos… fica-se com a ideia de que pode não ser assim tão difícil travar o avanço do CO2 na atmosfera.

Outra notícia, que atravessa os vários matutinos desta 5ª feira é a de que Portugal está disponível para receber um condenado, pelo Tribunal Penal Internacional, por crimes cometidos na ex Jugoslávia. O protocolo foi ontem assinado, falta a ratificação de S. Bento…
Uma comissão internacional terá já e entretanto visitado as prisões de Monsanto e Carregueira, para se inteirar das condições…
Das prisões já nós sabíamos, das nossas, que estão algumas sobrelotadas e com condições que… enfim… podiam ser melhores, por várias razões. Mas isso é assunto para a administração interna… Agora, quanto à Europa e ao mundo e ao estrangeiro, em geral… aí a conversa é outra. E se Schengen prevê uma Europa sem fronteiras e de livre circulação para cidadãos da comunidade… então porque não começar por aí… pela livre circulação atrás das grades e nos pátios das cadeias, por exemplo …?!

E no Diário de Notícias, enche toda a página 9, com título e chamada que ocupa um bom quarto da página.
Diz assim: “O Exército vai incinerar porcos em putrefacção.”
Os animais em questão são o que resta de uma exploração falida, perto de Alcácer do Sal. As imagens já passaram pelas televisões, nos últimos dias… porcos e vacas arrastando-se, em pele e osso e outros já mortos, espalhados um pouco por todo o lado, envenenando o ar… Sabe-se entretanto que a Câmara local sabia, há já 7 anos, que a exploração em causa está ilegal, mas parece que não terá feito grande coisa. Ou mesmo nenhuma. Entretanto foram detectados sinais de contaminação biológica… e vamos à notícia!
Duas dezenas de militares equipados com material de protecção biológica começam hoje a incinerar dezenas de porcos, desses mortos à fome e já em estado de decomposição.
Os soldados pertencem ao Laboratório de Defesa Biológica do exército português e é a primeira vez que são chamados a actuar… ora a verdade é que este Laboratório foi criado em 2006, aquando da gripe das aves, mas, obviamente, inspirado pelos acontecimentos do 11 de Setembro de 2001; sendo que, a vocação dele é investigar o bio terrorismo, nas suas vertentes de vigilância e protecção.
Os 16 sargentos e praças mobilizados para a herdade alentejana foram portanto instruídos na defesa nuclear, biológica e química. Ora, tirando o nuclear, parece que estão no seu ambiente…
Quanto aos porcos... vão ser reunidos em vala comum, metodicamente em pilha ventilada, para permitir a combustão fácil e depois regados com qualquer coisa que arda e incinerados.
Esta é uma dupla boa notícia: a de que os militares podem mesmo ser úteis em tempos de paz e que em Portugal ainda não há ameaça nuclear, que os impeça de ir dar uma mãozinha na desinfestação de uma herdade alentejana e pegar fogo a umas quantas dezenas de porcos!
O que eu gostava de os ver com idêntica galhardia no combate e prevenção de incêndios florestais e outras catástrofes mais ou menos naturais...

Pois no Iraque, também armas nucleares não se descobriu, nem consta que os marines fossem mobilizados para incinerar qualquer suinicultura falida… mas nem por isso o stress é menor entre as tropas. E então – diz ainda o Notícias, mas já a fechar a edição de hoje - a Armada norte americana vai mandar cães terapeutas para o Iraque. Cães que hão-de dar afecto aos soldados, que os hão-de ajudar a superar o stress e os traumas da guerra.
São cães da raça Labrador; chamam-se Boe e Budge… e não se chamam mais nada, porque, segundo a notícia, serão só dois, os cães que vão ser enviados para o Iraque, por estes dias do Natal... A missão é dar conforto emocional aos soldados – insiste ainda a notícia.
Pois seja! A minha preocupação não é bem essa.
É que, dois cães para o Iraque todo é capaz de ser pouco! E como é que vai ser?... Instalam-se os cães numa caserna e depois os marines fazem fila à porta, para lhes fazerem uma festa, ou brincar um bocadinho com eles?… ou põe-se os animais num camião e levam-se em tournée pelo Iraque? Uma coisa assim mais no género Marilyn Monroe e Bing Crosby, mas sem o Glenn Miller…?

E filmes de natal, filmes de família, cada um chame-lhe o que quiser.
"A Bússola Dourada" com Nicole Kidman e Daniel Craig é apresentado como um filme de família. À maneira de Harry Potter, diz o crítico do DN. É a primeira parte de uma trilogia do escritor britânico Philip Pullman, adaptada pelo norte-americano Chris Weisz, tentando recriar um universo de mundos paralelos e de fantasia. É uma tentativa de imitar o lado mais feérico dos filmes de Harry Potter, o aprendiz de feiticeiro mais famoso do mundo contemporâneo…
Uma tentativa falhada, remata o crítico… "a sensação é de desperdício total."
Sendo ou não sendo, acontece que o Vaticano e o Osservatore Romano são bastante mais críticos em relação à fita! Quase heresia… Diz o Osservatore… um filme gnóstico, anti-Natal e soixante-huitard… Um filme que denota tendências inimigas de todas as religiões. O Osservatore considera, por isso, uma "consolação" o facto do filme se ter ficado pelos míseros 17 milhões e 400 mil dólares de bilheteira, no fim-de-semana da estreia norte americana.
Ora bom! Esta de se dizer que o filme facturou "apenas" 17 milhões e meio num fim de semana…! Apenas 17 milhões, mesmo sem o meio, já é obra, p'ra quem ainda vai no super 8… mas o que – mais que impressionar - deixa alguma – chamemos-lhe - apreensão é – mais que a indignação (o jornal fala mesmo em veto do Vaticano ao filme, que acusa de inimigo do catolicismo…) mais que a indignação, o que deixa alguma surpresa e apreensão é esta do Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano, se congratular com o suposto fracasso da fita! É que parece vagamente pouco católico e ligeiramente desfasado do espírito da época! Quase anti-Natal, quase gnóstico, quazzzzzzzzzzzzzze.


terça-feira, 18 de dezembro de 2007





E depois, temos estas novas regras que, segundo o DN , determinam o pagamento de 2.500 euros, por cada manual escolar candidato a certificação. O despacho ministerial foi ontem tornado público.
Uma portaria e dois despachos… um diz que a comparticipação da tutela (do ministério, supõe-se) nos custos de avaliação e certificação, pelas entidades credenciadas, é fixado por protocolo, nunca podendo exceder os 7.500 euros por livro. Diz também que se podem candidatar instituições do ensino superior público, associações profissionais de professores, associações científicas… Isto, desde que respeitem o rigor linguístico, científico, conceptual, a conformidade com os programas e orientações curriculares, a qualidade pedagógica… Depois, cabe às escolas, escolher entre os vários manuais que forem aprovados...
Agora a questão de pagar – seja 2.500 euros, ou apenas dez tostões dos antigos - para submeter a avaliação os livros da escola… é uma novidade curiosa! Quase tão surpreendente como se, de repente, se aplicasse a mesma franquia – ainda em nome do rigor linguístico, científico, conceptual e pedagógico - aos manuais escolares e outra literatura infanto-juvenil que não cumpra esses mesmos requisitos.

E aqui, o Público dedica-lhe duas páginas e avisa:”O fosso digital português assenta na falta de educação.”
Depois volta a dizer, mas que a maioria das casas portuguesas não tem ligação à Internet, porque as pessoas da casa não sabem mexer naquilo. Ou, em linguagem mais apropriada, não sabem usar a tecnologia. Ora, portanto, será mais uma falta de instrução, do que de educação… talvez!...mas adiante… ficamos portanto a saber que menos de metade da população usa o computador e que desses, só 4 em cada 6 tem acesso à Internet. Abaixo, portanto, diz a notícia, abaixo das médias europeias…

O Governo português, esse, já se sabe que se rendeu às maravilhas deste admirável mundo novo e é on-line, também e por exemplo, que se pode pedir o formulário para o subsídio pré-natal, recentemente instituído e muito celebrado.
Enfim, preencher e pedir pode-se sempre… o problema não é esse. O problema é que, o subsídio é para as mulheres a partir da 13 ª semana da gravidez. E para o comprovar, as grávidas têm de levar a ecografia respectiva, feita justamente às 13 semanas. Ora acontece que os médicos, durante o processo de gravidez, requisitam ecografias entre as 11 e as 13 semanas, depois, só ao completar as 20 semanas… Temos então que os exames, ou são feitos demasiado cedo para a burocracia do processo, ou já um pouco tarde, para as expectativas criadas entre as futuras mamãs…
Parece que já se encontrou, entretanto, uma solução de emergência para o embróglio. Junta-se no caso e para o efeito mais um pequeno papel ao processo.Os médicos podem comprovar as 13 semanas de gravidez, em declaração aparte e, independentemente da data da ecografia, validar assim a atribuição do subsídio. A noticia diz também que esta pequena "desatenção", ou "desencontro processual" não terá prejudicado muita gente, provocando apenas alguns atrasos e pouco mais. Claro que teria sido bem mais simples se – on-line, ou pessoalmente - os Serviços respectivos tivessem conversado entre si e acertado essas contas a tempo e horas. Demorassem 12 ou 13 semanas, as que fosse preciso.

Mas, polémica a sério é a intenção do Governo, de pagar à comissão -diz o Correio da Manhã- a prestação dos médicos!
Na capa, o jornal fala mesmo em “médicos pagos á peça”…
O ministro da saúde quer afinal que os clínicos sejam mais produtivos e propõe-se que sejam pagos conforme o número de intervenções cirúrgicas efectuadas, por exemplo… o maior número de consultas….
A Ordem acha bem, em princípio, mas tem muitas reservas. Diz que o caso tem de ser discutido em negociação com os sindicatos. Quer saber se, para já e por exemplo, a alteração do sistema de pagamento implica um subsídio de incentivo à produtividade "acrescentado" ao ordenado base, ou se … o próprio ordenado vai ser contabilizado e aferido em função do total de actos médicos efectuados.
A verdade é que o próprio ministério ainda não tem o modelo completamente definido, mas, por exemplo, Manuel Delgado, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, acha que – produtividade, com certeza!- mas há que ter em conta também a eficiência do médico e a qualidade dos serviços prestados. E aqui , a avaliação pode fazer-se, por exemplo, pela taxa de reinternamentos… uma situação que pode denunciar um mau serviço prestado na primeira vez, ou então os cancelamentos de consultas e cirurgias…

E a qualidade… isso é que era uma notícia catita!
Quando não, não há-de faltar quem pense, que o médico que o vê à pressa e o despede sem uma receitazinha, um xarope, um raio X que seja, não é porque não haja doença a assinalar… é só porque está com pressa de despachar os 15 doentes que lhe faltam, para poder ir de férias mais folgado!
E isso, meus amigos, é uma coisa horrível de se pensar de um médico, ou seja de quem for !