segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Vamos por aqui. É uma matéria que o 24 Horas hoje publica e que será assunto a merecer maior desenvolvimento na edição do mês que vem da revista da defesa do Consumidor. A DECO visitou perto de meia centena de estabelecimentos de venda de produtos dietéticos e naturais e quase metade chumbou no teste.

Fez-se a experiência do seguinte modo. Dois inspectores anónimos. Ele dizia que andava tenso e a dar-se mal com o antidepressivo que o médico lhe receitara. Pedia um chá de ervas . No caso, um chá de hipericão do Gerês. E venderam-lho. Acontece que o hipericão do Gerês é manifestamente incompatível com antidepressivos. Está lá escrito na literatura inclusa. O que foi letra morta para 18 dos estabelecimentos visitados. Apenas 23 recusaram a venda.

No outro caso ela apresentou-se visivelmente grávida e a pedir que lhe vendessem qualquer coisa para o cansaço e para a falta de memória e de apetite. E venderam. Enfim, apenas 19 desses estabelecimentos não o fez. Os restantes não hesitaram. Uns venderam-lhe um chá onde se dizia expressamente que não devia ser tomado por grávidas, ou pelo menos, não sem consulta prévia a um médico. Noutro caso, foi-lhe vendido um outro chá que contém uma substância que pode reduzir a actividade do feto.

O Jornal de Notícias escreve a negro carregado e em título que as ervanárias vendem produtos perigosos. O que sendo verdade não deixa de ser mentira. Diz também em ante título que é preciso ter cuidado com substâncias à base de ervas. Isso também já se sabe, pelo menos desde a Grécia de Sócrates (Claro que o que está aqui em causa é a falta de responsabilidade com que certos profissionais entendem e exercem a respectiva profissão. E isso, tanto faz ser em farmácias, como em qualquer outra actividade.) Porque produtos perigosos vendem elas todas, as farmácias. Posso-vos garantir, por exemplo – e posso porque li – que certos antidepressivos têm, como efeito secundário, despertar instintos suicidas no doente . Há medicamentos para o fígado que podem provocar hepatites fulminantes… por aí já vêem. Aliás, se lerem bem as indicações e contra-indicações de boa parte dos medicamentos que tendes em vossas casas, chegareis à conclusão que, em boa parte dos casos, se não morrermos do mal, há sempre a esperança de podermos vir a morrer da cura.


Outra notícia chega de Évora, onde, por estes dias, se vai realizar o encontro – o primeiro encontro gay cristão ibérico.

Diz, logo de entrada, o Jornal de Notícias, que são católicos e praticantes, mas que, por serem homossexuais, estão afastados da estrutura eclesiástica. Esse será, então, um dos primeiros propósitos do encontro: sensibilizar a Igreja para este assunto. Para já, segundo o JN, a hierarquia eclesiástica não comenta.

Diz o jornal que o movimento tem um ano de vida e reúne 5 colectivos religiosos de Portugal e Espanha. Segundo um dos dirigentes do movimento, as conclusões do encontro serão enviadas à Conferência Episcopal Portuguesa. Dizem- e citemos- que são católicos e querem participar na vida sacramental da Igreja. Dizem que Jesus nunca se pronunciou em relação à homossexualidade. Dizem que só a tradição da Igreja é que sim. Dizem que muitos elementos deste movimento estão integrados nas respectivas paróquias, alguns como orientadores pastorais, sem que ninguém desconfie das orientações sexuais. Dizem– e voltemos a citar – que a expressão da sexualidade alternativa não é incompatível com o catolicismo. Dizem que a Igreja se deve abrir a uma teologia sexual. Dizem – garantem – que a Igreja não considera a homossexualidade pecado… aqui parece que estamos perante , senão uma pequena contradição, pelo menos parece. Ora então a Igreja pronuncia-se sobre a homossexualidade, não a considerando pecado?! Então pronuncia-se como? Considera-a o quê? Doença incapacitante?

Do que se sabe, ou julga saber-se, a Igreja reprova a ligação amorosa , terrena, carnal, humana entre os seus sacerdotes e ponto final. O tão falado e discutido celibato dos padres. E falamos de relações heterossexuais, obviamente. A notícia não explica se a reivindicação destes militantes ibéricos tem a ver com o casamento entre homossexuais, ou simplesmente o reconhecimento público da sua existência, como quem declara a nacionalidade , as doenças de família ou até mesmo a religião, numa proposta de emprego… a notícia não diz…

Mas também, em verdade vos digo, desde quando é preciso ao empregador saber as tendências sexuais de cada um. A menos que essas tendências sejam de tal forma irreprimíveis e exuberantes que acabem por interferir e prejudicar o próprio trabalho. Mas a isso chama-se já assédio sexual, ou se quisermos, pouca vergonha, mesmo. Seja qual for o obscuro objecto de desejo.