Basta de especulações e vamos aos factos. Hoje, a RTP 1, depois da transmissão directa dos discursos do 25 d'Abril, no Parlamento, avançou para a transmissão de um espectáculo de Circo, daqueles que me fazem sempre pensar que estamos no Natal... Até a voz do inenarrável narrador, o histórico Eládio Clímaco. E o facto é que, eu estava a fazer a barba, nessa altura, enquanto a água corria para o banho e dei comigo a pensar este estranho e intruso pensamento... dantes falava-se em "pão e circo", hoje diz que não há pão, mas o circozinho não nos vai faltando, graças a Deus! Estranho, não?!...
Já uma vez tinha concluído que, pior que os publicitários nos tratarem, nas campanhas que nos dedicam, como se nos estivessem a chamar atrasados mentais... é nós respondermos como tal. Vem isto a propósito de uma campanha que anda aí de comida para crianças. Ora, em tempo de Crise, a agência propôs e a companhia aceitou, ou vice-versa, uma jóia deste quilate aproximado, que eu, para contas, sempre fui uma desgraça... "Não poupe na saúde do seu filho! Agora o Danoninho está mais barato!"... Ora, porra, digo eu!. Se o conselho é para não poupar, qual é a ideia de anunciar um produto que baixou de preço? Se não o fez em nome da poupança, foi em nome de quê?! ter-se-á concluído que, para a qualidade da merda que se estava a vender, o preço estava alto demais?...
Antes de mais vamos esclarecer só este ponto. Vem no Público que o Parlamento europeu aprovou o alargamento dos direitos dos artistas de 50 para 70 anos.
Diz ainda que a decisão vem harmonizar a situação dos músicos com a dos autores, mas que esta directiva espera ainda a aprovação de Bruxelas. Continua-se explicando que o novo texto tem ainda de vencer e conquistar a aprovação de várias instâncias comunitárias antes de merecer a aprovação final.
Só que há aqui uma dúvida. Diz o Público que este projecto de alargamento de 50 para 70 anos do prazo de protecção dos artistas e produtores fonográficos se propõe assegurar que os autores e intérpretes musicais possam usufruir dos rendimentos do seu trabalho até ao final da vida… Ora aqui é que parece que há uma pequena confusão de leitura. 50, ou 70, ou 90, ou até mesmo 969 anos, que era a idade de Matusalém, quando morreu… quem acredita que alguma lei possa impedir um autor, ou músico, ou cantor, ou seja qual for o ramo de actividade, artística ou não… impedir alguém de receber, ou usufruir, como diz o jornal, dos rendimentos do seu trabalho?!… Não vos parece óbvio, que a um qualquer autor, enquanto for vivo, lhe são devidos os pagamentos dos direitos autorais?… A menos que o Público saiba mais qualquer coisa que aqui não diz… o que eventualmente se estará a passar por estes dias em Bruxelas é aprovar a passagem, de 50 para 70 anos, do tempo durante o qual, os herdeiros do autor recebem os direitos devidos em vida ao familiar falecido… Ou seja, depois de morrer o autor, os direitos são pagos aos herdeiros, a partir da aprovação deste proposta, durante 70 anos, em vez de 50, como actualmente. O tempo que passa a valer, até que as obras caiam no domínio público.
Ora, diz ainda o Público que a proposta partiu de um comissário inglês, que no início até tinha proposto um prazo maior… 95 anos… isto já em Fevereiro do ano passado, entretanto a ideia foi sendo reformulada e a versão final aponta então para os 70 anos…
Outra medida proposta no documento prevê a criação de um fundo de pensões para músicos de estúdio e contratados …
Há ainda esta outra proposta, que soa quase tão estranha como a dos rendimentos devidos até ao fim da vida do artista… é a que consagra o princípio que o jornal chama de tábua rasa… ou “Use it or loose it”… em português, ou em inglês fala-se do princípio que dá o direito ao artista de publicar ele próprio a sua obra se, ao fim de 50 anos, a editora o não fizer…
E soa estranha por nada em especial… admite-se que alguém esteja tão firmemente convencido do interesse, do valor, da necessidade de publicar este ou aquele trabalho muito em particular, que se submeta a uma espera de 50 anos para o fazer… o que parece mais estranho é que alguém espere 50 anos sentado por que alguma editora se convença a fazê-lo… o que parece estranho é que esse criador não feche contas com essa editora e não procure outra mais atenta, ou mais interessada no trabalho…
Adiante, sabe-se que houve forças de bloqueio à aprovação da proposta, mas houve também um cerrado lobby de apoio. Organizações representantes e de defesa de direitos de autores… só de Portugal, 3 associações se fizeram representar, a elas se juntou um abaixo assinado de 40 mil artistas de toda a Europa… enquanto isso, em Portugal, diz o Publico, que se tem alinhado a posição oficial do lado das forças de bloqueio ao projecto… o jornal cita o ministro português da cultura, que terá dito a propósito, que a votação de Estrasburgo vincula apenas o parlamento europeu e que “Portugal mostra abertura para a discussão de uma solução que se revele adequada ao tempo presente”.
Aguardemos então… 50, 70… os anos que forem precisos… aguardemos.
Três breves da actualidade nacional… no Público, ainda e todas elas. Comecemos por aqui…
Dados de inspectores nas bilheteiras da CP… a CP é a Companhia de Comboios Portugueses, obviamente e os inspectores de que se fala são agentes da polícia Judiciária nacional…
Conta-se, que os dados pessoais de centenas de operacionais e outros elementos da Judiciária estiveram acessíveis em 4 bilheteiras de Lisboa da CP, para efeitos de revalidação dos passes sociais. Diz o jornal, que a situação foi desvalorizada pela direcção da Judiciária, mas criticada pelos inspectores… A direcção da polícia disse mesmo, que todos os nomes dos agentes são publicados em Diário da República, coisa que, admitamos, é letra morta, ou pelo menos não será leitura comum e habitual da – como se diz – esmagadora maioria do povo português… o mesmo valerá eventualmente para os ficheiros, secretos ou não, dos serviços administrativos da CP… O que sobra nesta matéria é saber que solução defendem os agentes em causa, para garantir o tal anonimato, ou se quisermos, essa discrição e reserva de identidade… Será que pretendem um pseudónimo, ou nome de código para se identificarem no dia a dia e nos compromissos sociais da vida civil?... Não os tornaria ainda mais suspeitos se chegassem a uma bilheteira da CP para renovar o passe social e se identificassem como Bond… James Bond!?...
Esta outra vem a propósito do 25 de Abril… na passagem dos 35 anos da revolução de Abril, o grupo editorial de Pinto Balsemão fez um inquérito on line e concluiu do que os portugueses acham que eles, nós próprios, haveríamos de fazer para ajudar Portugal a ser um país mais livre e solidário.
Por exemplo… dizem os portugueses que cada um de nós devia prestar umas 50 horas de trabalho voluntário em Instituições de Solidariedade social. 50 horas por ano, no mínimo. E devia também acabar-se com as votações sujeitas a disciplina de voto, em S. Bento… Deveria levar-se a referendo todas as matérias de especial valor e importância a nível municipal... Referenda municipais, portanto e ainda se defende a criação de bancos de tempo. Um conceito que prevê a troca de serviços entre os cidadãos… a moeda de troca é o tempo que cada um tem para fazer o que for o que o outro precisa ver feito.
Diz o Público, que o resumo desta sondagem de opinião, será entregue a Jaime Gama, presidente da Assembleia da República… e Cavaco Silva, presidente da República, ela própria.
Jornais... Diz ainda o Público, que a 7 de Maio, próximo futuro, sai para os quiosques e bancas de jornais em geral o “I”.
“I”?!...
E, nada! É isso. “I” é o nome do jornal.
O director – adjunto do “I”, André Macedo, não adianta números de tiragem da primeira edição, mas garante que o “I” sai para a rua, com toda a vontade de conquistar novos leitores. Novos leitores… deve depreender-se que se esteja a falar de gente que não costuma ler jornais,,, que a outra forma de ler, a intenção do director do “I”, não faz grande, ou nenhum sentido… Que, se o jornal se estreia agora, todos os leitores que conseguir juntar, serão sempre para este “I”… novos leitores, já que, de momento não tem leitores nenhuns. Nem novos, nem velhos.
Mas não nos dispersemos, já que segundo a direcção deste “I”, citada pelo Público… “somos um jornal bem focado”… somos, os do “I”. O Público cita então André Macedo… “somos um jornal bem focado”… repete o Público, explicando que foi assim que se explicou também e aqui… pausa dramática, tempo de suspensão e vamos lá… diz o Público, que "assim explicou André Macedo, referindo-se à escolha dos temas deste título de referência." E repare-se que não estamos a falar do jornal Público, que já anda nas bancas há uns anos largos e toda a gente sabe o que vale. Estamos a falar de um jornal, que ainda não saiu e que apesar dos 70 e tais jornalistas, que diz ter na redacção e o investimento de mais de 10 milhões de euros… continua a ser uma carta fechada.
De referência… pois, a "referência" será a do jornal e a deferência é de quem?
Ora, claro que não tem porra nenhuma a ver e nem sei porque me lembrei agora disto, mas enfim, amanhã é sábado, está sol é dia de festa e celebração… deixem que cite Erasmo de Roterdão… “Fala a loucura: se ninguém te aplaude aplaude-te a ti próprio”.
O primeiro-ministro italiano vai formar euro deputados, para concorrer com caras novas ao desafio de Estrasburgo.
No caso e para ser exacto - euro deputadas.
E rapidamente e em força, que, como se sabe, as eleições são já por um par de meses. A 7 de Junho.
Por isso e a notícia resgato-a do DN… por isso, porque o tempo urge, essas acções de formação resumem-se a 3 sessões e a primeira já foi. A primeira sessão foi ontem, em Roma, na sede do partido de Berlusconi, o “Popollo de la Libertá”.
E a notícia já soa estranha, mas falta ainda acrescentar o pormenor decisivo.
Vamos então… Sílvio Berlusconi quer renovar a imagem do partido na Itália e na Europa – escreve o DN – e para isso, segundo informaram os media italianos, pensou em vários modelos. Modelos, não de renovação da imagem ou estratégia do partido, mas modelos… nesse sentido, de gente que desfila por passerelles, exibindo as novas tendências da moda, ou que posa para fotografias, a olhar para o boneco. Esse género de modelo… e ainda: actrizes e concorrentes de programas televisivos e reality shows do género “Big Brother”. Para instruir as candidatas, estruturou então um programa de formação em 3 sessões.
Diz o jornal que, já ontem, as candidatas a euro deputadas começaram a ouvir explicar a história e o funcionamento da União Europeia e de outras organizações internacionais. Com mais duas sessões semelhantes, estarão prontas para conquistar a Europa, em nome do Povo da Liberdade.
Há dois jornais italianos, que avançam mesmo já com alguns nomes conhecidos, pelo menos em Itália, como é o caso da bailarina Barbara Matera, a actriz Eleonora Gaggioli, ou uma certa Angela Sozio, diz que, ex concorrente de um “Big Brother” local. Ontem, dizem os jornais italianos, que se apresentaram 30 jovens voluntárias e candidatas a candidatas… Diz também que, entre elas, algumas até eram já deputadas do partido de Berlusconi e tudo. Tinham, pelo menos e por curta que fosse, alguma instrução política primária.
Espantoso não é?! Em geral, digo eu! Cá em Portugal, por exemplo… Também por cá, vamos sabendo das dificuldades que há para arranjar candidatos e cabeças de lista e quórum para as mais variadas listas e escrutínios…
Só que, por cá, há quem ache que, mais do que um palminho de cara, mais do que a simpatia partidária, ou a filiação histórica, que cada um possa ter a este, ou aquele partido… a decisão dos portugueses eleitores deve ser esclarecida e não se deixar seduzir por cantos, ou encantos de sereia.
É o caso e o aviso da nota pastoral, que a Conferência Episcopal Portuguesa, reunida por estes dias em Fátima, creio eu. Para o caso é irrelevante. O que conta é o que está lá está escrito e que vai ser hoje oficialmente anunciado.
Pelo porta-voz da Conferência, o padre Manuel Morujão ficámos já, desde ontem, a saber que, para a Igreja, há que votar informado e em consciência. Disse o padre Morujão: “que o eleitor deve conhecer quais são os valores de cada partido, o que propõe nas respectivas campanhas e programas eleitorais, para que o País possa ficar melhor.” Ressalva que a Igreja não se quer substituir, naturalmente ao livre arbítrio dos seus fieis, ou seja, não lhes vai dizer onde pôr a cruz… mas alerta para a necessidade das pessoas estarem a par do que diz cada projecto eleitoral, em matérias, por exemplo, como a família, a sociedade, ou a economia, ou os mais pobres e desprotegidos…
Pois certamente que sim!
E houvesse o primeiro, que no programa eleitoral prometesse fazer a vida negra ao povo e expropriá-lo de toda a felicidade e riqueza e haveria de dar-se-lhe o benefício da dúvida ou não?!... Essa é que é a momentosa questão!
Mas detenhamo-nos ainda nesta questão de candidatos e candidaturas.
E já agora, com uma quase boa notícia. Tirando-lhe o quase, a parte boa é que parece provado à evidência, que Portugal tem pessoas de valor em quantidade e à altura de cargos tão importantes e isentos e acima de quaisquer suspeitas, como o de Provedor de Justiça.
O empecilho adverbial… o quase… justifica-se pela manifesta dificuldade, da classe politica nacional se decidir, perante tão qualificada e abundante oferta.
Diz o Diário de Notícias, que Paulo Rangel, em nome do PSD, exclui a hipótese de apoio a Jorge Miranda, o constitucionalista apoiado e proposto pelos socialistas do PS, enquanto considera como altamente credível, a proposta de candidatura do PCP, que avança com o nome de Guilherme da Fonseca.
Citemos a breve do DN: “O líder parlamentar social-democrata Paulo Rangel excluiu ontem a possibilidade de o PSD apoiar o candidato do PS a Provedor de Justiça, Jorge Miranda e considerou o candidato do PCP, Guilherme da Fonseca, altamente credível”. Aqui, o encómio vem entre aspas, o que garante que foi assim mesmo que foi dito.
Quanto a candidato próprio… o deputado Paulo Rangel disse ontem aos jornalistas que o partido, o PSD, está a avaliar esse assunto. Calcula-se que o partido social-democrata avance ele também com uma candidatura própria ao cargo. Porque, apoiar Jorge Miranda já vimos que está fora de questão e, por muito ingénuos que queiramos parecer, dificilmente vemos o PSD a apoiar um candidato comunista à provedoria de Justiça, ou ao que seja. Em principio!
Agora se for em resumo e segundo conta o DN, para Paulo Rangel, e por extensão, presume-se, para o PSD, cada partido tem a sua estratégia e o partido social democrata não vai alterar a sua própria estratégia só porque foi proposto um candidato, de resto altamente credível… como remata o DN, com as aspas que não deixam dúvidas.
Não deixam, ou deixam?! …
Quem é que é altamente credível afinal?! O candidato do PCP, Guilherme da Fonseca?... Esse, já vimos que sim, Paulo Rangel acha que sim. Mas o PS também apresentou um candidato… o constitucionalista Jorge Miranda, que Rangel diz que está fora de questão ser apoiado pelo PSD! E não é apoiado assim tão sem dúvidas porquê?! Porque Jorge Miranda não é credível para o cargo, pelo menos não tão altamente credível, quanto a função exige? … Bom, se não é… Ponto final. É indiferente quem o apoia. Não serve, procura-se outro.
Mas, enfim, sendo o critério a credibilidade, esperemos para ver…
Irá o PSD apoiar, por exemplo, o eventual e futuro candidato do CDS a Provedor de Justiça? Ou o dos Verdes? Ou o do Bloco de Esquerda?...
Enfim, claro, no caso de se concluir, que é daí que surge o nome mais credível deles todos…
Da notícia, já ontem vos tínhamos dado conta, aqui mesmo e por esta hora… hoje, o Público trás o assunto em chamada de capa, para a primeira página e diz assim: “Também em português”.
Explica depois, em maiúscula e a gordo e negro, que é da Biblioteca Global da UNESCO que se fala. Essa é que foi inaugurada ontem, on-line, juntando mais de 30 bibliotecas do mundo inteiro, incluindo a de Alexandria e a do Congresso norte-americano, que foi de onde, aliás, partiu a ideia original. O aceso é gratuito, também disso já sabíamos e que a morada é: www.wdl.org (WDL, de World Digital Library…) e o português! O português é uma das 7 línguas, em que o site está redigido e apresentado… “Também em português”, diz o título. E não mente, portanto.
O que se dá de barato é o facto do português, de que se fala e dos tais documentos que ilustram a chegada dos portugueses ao Brasil e coisas assim, foi justamente do Brasil que seguiu, para enriquecer o espólio desta biblioteca cibernética… Porque - e ontem também ficámos a saber isso - o director da Biblioteca Nacional, Jorge Couto, acha que, como Portugal já pertence a duas redes europeias de bibliotecas on line, seria uma redundância, Portugal aderir também a este projecto.
Daí que, dizer-se que a Biblioteca Global da UNESCO é também , ou está também, ou tem alguma coisa a ver também com Portugal, ou que é em português, como o Público anuncia… é verdade, mas é também verdade, que revela uma qualquer coisa que não sei se será este o local e hora mais próprios para nomear correctamente.
Quase pelo mesmo caminho segue esta outra que vem no 24 Horas… Tem a ver com a central foto voltaica da Amareleja, no concelho de Moura.
Diz o jornal, que ela é actualmente a maior central solar da Europa. Acontece que o Vaticano, a Santa Sé, está a pensar construir a sua própria central de produção de energia foto voltaica. E a fazê-lo, consta que essa é que passará a ser a maior da Europa. Diz o jornal que se isso acontecer, “o Vaticano passa uma rasteira á vila alentejana da Amareleja”. Fala-se ainda da eventual construção de uma central semelhante em Espanha, com veleidades de ser não a maior da Europa, mas do Mundo. O jornal cita o presidente da junta da Amareleja, que diz que a tal central de Espanha pode vir a ser a maior do mundo, mas por aquilo que sabe, há-de ficar abaixo da nossa… como o autarca disse. “Abaixo da nossa”.
E é nisso que se resume toda a tragédia! O meu pai é mais alto que o teu, se o teu chega ao tecto, o meu bate nas nuvens!
Já agora e ainda à volta da Santa Sé… sabia que? Como se costuma dizer… sabia que?...
Vem aqui no Público, que durante a 2ª Grande Guerra e para fugir à eventual ocupação nazi e o temido e suspeitado rapto do papa Pio 12, pelas tropas de Hitler… a Santa Sé pensou em mudar-se para Lisboa?...
A notícia saiu ontem, no Daily Telegraph. O plano era… se fosse raptado, o Papa resignava ao cargo, para que outro fosse eleito, enquanto os bispos da cúria romana se mudariam para um país seguro e sem partido tomado nessa guerra. Portugal era o país de que se falava.
A notícia não adianta mais nada, mas há já aqui uma coisa que sobressai de forma estranha e quase preocupante… Se o papa fosse raptado, demitia-se aquele e elegia-se outro, enquanto os bispos de Roma fugiam para local seguro…
Então e o próprio papa, no caso ex papa?!...
Era deixado à sorte e fosse o que deus quisesse? Já não és papa, vai p’ró diabo!
E hoje, quase todos os jornais dividem as capas entre a entrevista de José Sócrates, ontem, à RTP e as queixas e denúncias e processos levantados contra alguns bancos por alegadas e algumas – muitas – comprovadas ilegalidades, fraudes, enganos e embustes… enfim… engenharias financeiras suspeitas e reprováveis. Constâncio ordenou 303 inspecções em 2008 escreve o 24 Horas, não na capa, mas na página onde diz também que o Constâncio de que se fala, Vítor Constâncio, governador do banco de Portugal quer, talvez por isso mesmo… porque, como diz a sabedoria popular: quem não sabe é como quem não vê... será por isso, que Constâncio, Vítor Constâncio, quer realizar um inquérito à literacia financeira do povo português.
“Os conhecimentos financeiros vão ser avaliados” – anuncia o título.
Tendo em conta – ora aí está - tendo em conta, a subida do número de reclamações contra bancos, registada entre 2007 e 2008, diz o 24, que o governador do banco de Portugal decidiu realizar um inquérito à população. Quer-se aferir o real conhecimento dos clientes quanto, por exemplo, à linguagem utilizada pelos bancos e para descrever os – assim chamados – produtos financeiros que têm para vender.
Esta intenção, denunciou-a Constâncio, no relatório de Supervisão Comportamental, apresentado ontem. E diz que, a tomada de decisões racionais pelos clientes bancários, conscientes dos riscos envolvidos nos produtos e serviços, é um dos requisitos fundamentais para o funcionamento eficiente dos mercados financeiros… Continua depois, a denúncia do governador do banco central, sublinhando que “a divulgação de informação pode não ser suficiente, pois as decisões dos clientes são também condicionadas pelo grau de iliteracia financeira de cada um.”
Para fechar o assunto, resta dizer que pelas contas de Vítor Constâncio esse inquérito será realizado e apresentado ainda este ano, abrangendo todo o território nacional…
Excelente ideia. A seguir esperamos, que o governador do Banco de Portugal consiga convencer os banqueiros, a redigir os contractos em língua de gente. Porque a verdade é esta, em Portugal… já nem a missa se reza em latim.
Ora então, eram umas 11 da manhã em Paris e apresentava-se hoje ao mundo, na sede da UNESCO, esta Biblioteca Digital Mundial.
Jorge Couto, o director da Biblioteca Nacional portuguesa, considera que não … ou seja, que não vale a pena, Portugal integrar este projecto, já que Portugal está já associado a outras redes semelhantes o que, alegadamente, já chega.
Diz também o director da Biblioteca Nacional que esta ideia, que partiu do Congresso norte-americano, é também uma fórmula politica, para Washington se reconciliar com a UNESCO. Se bem se lembram, durante o consulado de George Bush, os Estados Unidos romperam relações com a UNESCO, acusando a organização de servir objectivos terceiro-mundistas.
Mas vamos à biblioteca.
Diz o DN, que a partir de hoje se reúnem num só sítio, os acervos de diversas bibliotecas e arquivos mundiais, para consulta gratuita. Livros, manuscritos, mapas, gravuras, fotografias, pinturas, filmes, partituras… um mundo.
E é de todo o mundo que chegam as colaborações… menos de Portugal, já se viu.
Isto apesar do português ser uma das 7 línguas utilizadas no site. Português do Brasil, eventualmente, já que, tudo o que diz respeito a Portugal e que pode ser consultado nesta “World Digital Library”, será em brasileiro e de origem brasileira, desde fotografias, das mais antigas que se conhecem da América Latina, a cartas e mapas, que documentam os descobrimentos portugueses…
Diz o jornal, que apesar da chancela da UNESCO, o projecto partiu do director da biblioteca do Congresso norte-americano, com o propósito de promover a diversidade linguística e cultural e a união dos povos, reduzindo o chamado “fosso digital” entre os países… Segundo a própria UNESCO, pretende-se também aumentar a qualidade e variedade de oferta cultural na Internet. 32 Bibliotecas aderiram ao projecto, entre elas a de Alexandria, ou a da Suécia, que disponibiliza on-line o mais antigo manuscrito medieval que se conhece… o Codex Giga.
Ora Jorge Couto, director da Biblioteca Nacional, diz que não faz grande sentido Portugal aderir à iniciativa. Não, porque Portugal já integra outras redes semelhantes, mas a nível europeu e que por isso seria uma redundância, Portugal integrar também esta de âmbito mais alargado… e depois, porque também nenhuma das grandes bibliotecas europeias o faz… Nem a de França, nem a de Inglaterra… estas, como a portuguesa, lembra Jorge Couto, já fazem parte da rede europeia, aliás de duas redes europeias de bibliotecas on-line: a European Library e a Europeana e, para Jorge Couto, isso implica ainda uma outra responsabilidade…a da fidelidade aos 27 da União. Diz que Portugal, em matéria de cooperação internacional, não age autonomamente em relação à política adoptada na União Europeia.
Mas diz ainda, que não é assunto encerrado. Ou seja e citemos o DN que cita o director da Biblioteca Nacional… se surgisse alguma oportunidade excepcional, Jorge Couto admitia eventualmente colaborar com esta Biblioteca …
Excepcional de facto não será, mas podia ser uma oportunidade interessante, ver Portugal juntar-se a uma família – chamemos-lhe assim – de horizontes um pouco mais largos, que o território da comunidade económica europeia e, além disso e mesmo sabendo que para a Internet não há fronteiras… seria talvez de bom tom e boa vizinhança, se Portugal não negasse ao mundo a oportunidade de conhecer um pouco melhor a nossa cultura, que, como penso que estaremos de acordo, é um pouco mais rica e vasta e tem mais para mostrar, que essas cartas de marear que os portugueses deixaram no Brasil quando lá chegaram, há 500 anos.
"Procuram-se pessoas criativas para escrever um livro."
No 24 Horas. O anúncio vem no 24 Horas e aqui abre-se logo esta questão… um anúncio, uma notícia, publicidade escondida com o rabo de fora?!...
Enfim, mesmo para quem esteja por fora do problema, parece ser do senso comum, a dificuldade que o mais anónimo, mesmo que genial criador literário, tem em romper as barreiras do mercado; em convencer editores a publicarem-lhe as prosas ou as rimas… Quando se confronta uma pessoa com tão generosa e urgente oferta – “Procuram-se pessoas criativas para escrever um livro” – aí, é de esperar que os eventuais interessados mergulhem logo na letra miúda do texto, a tentar perceber como, onde…
Ora o texto começa por dizer que vale tudo. Ou seja, conto, romance, policial, ficção em geral… já que, se bem se lembram, apela-se à criatividade, primeiro que tudo. Diz o texto: “…se gosta de escrever, se é uma pessoa criativa e anseia escrever um livro, aqui tem a oportunidade para concretizar esse desejo”. A proposta vem subscrita por uma editora literária, ora portanto, isso leva-nos a crer que todos os que se considerem minimamente criativos e que gostem de escrever e que anseiem por ver esse desejo concretizado em livro… tem agora a tal oportunidade que se anuncia em título – escrever de facto um livro e depois… Depois a editora garante que o livro será mesmo editado e que os autores haverão de receber os direitos autorais, que lhes forem devidos…
Mas vamos lá à verdade verdadeira dos factos.
O que esta breve coisa, que hesito entre chamar-lhe notícia, anúncio ou simplesmente publicidade escondida com o rabo de fora, seja o que for diz é que, para concretizar esse desejo, haverá o leitor que se inscrever primeiro, num curso de escrita criativa, organizado pela editora de que se fala! Pois.
Primeiro, há que comprar o curso, que lhe há-de custar 55 euros na inscrição e mais 60 euros por mês, durante 4 meses, sem juros (é o que diz aqui, sem juros…) Depois, reunido todo o material escrito, parte-se então para a edição literária, patrocinada pela editora, com direito a sessão de autógrafos e tudo.
Diz o 24 Horas que, tanto os conteúdos, como os formadores e datas do curso estão disponíveis na Internet no sítio da editora. As inscrições podem ser feitas através de um número de telemóvel, que o jornal também publica a negro e com destaque.
Portanto, que temos aqui não é uma oportunidade para pessoas criativas escreverem um livro e vê-lo publicado, mas antes mais uma - e apenas mais uma - oportunidade para qualquer pessoa, que gostaria de ser criativa e escrever livros muito interessantes, ir aprender a fazê-lo, em mais um curso de escrita criativa.
Entretanto e só para arrumar esse particular dos direitos de autor… para se falar deles, convém garantir que alguém vai fazer a promoção adequada e que a coisa não se fica só pela festa de apresentação e pela sessão de autógrafos… que só aqui, muito sinceramente, quem irá pedir autógrafos a estes neófitos da literatura, para além da família e amigos?!... Porque em verdade, se depois da festa, o livro for abandonado ao esquecimento… direitos de autor é prosa poética…mas adiante. Falava o chamariz da prosa em Pessoas Criativas para escrever um livro… e já agora também para inventar uma forma um pouco mais original de vender cursos de escrita. Que esta, da publicidade encapotada, ou enganosa, como os tribunais lhe chamam, para além de não ser original, nem criativa, é até considerada crime, em algumas instâncias mais sérias.