Ora então, eram umas 11 da manhã em Paris e apresentava-se hoje ao mundo, na sede da UNESCO, esta Biblioteca Digital Mundial.
Jorge Couto, o director da Biblioteca Nacional portuguesa, considera que não … ou seja, que não vale a pena, Portugal integrar este projecto, já que Portugal está já associado a outras redes semelhantes o que, alegadamente, já chega.
Diz também o director da Biblioteca Nacional que esta ideia, que partiu do Congresso norte-americano, é também uma fórmula politica, para Washington se reconciliar com a UNESCO. Se bem se lembram, durante o consulado de George Bush, os Estados Unidos romperam relações com a UNESCO, acusando a organização de servir objectivos terceiro-mundistas.
Mas vamos à biblioteca.
Diz o DN, que a partir de hoje se reúnem num só sítio, os acervos de diversas bibliotecas e arquivos mundiais, para consulta gratuita. Livros, manuscritos, mapas, gravuras, fotografias, pinturas, filmes, partituras… um mundo.
E é de todo o mundo que chegam as colaborações… menos de Portugal, já se viu.
Isto apesar do português ser uma das 7 línguas utilizadas no site. Português do Brasil, eventualmente, já que, tudo o que diz respeito a Portugal e que pode ser consultado nesta “World Digital Library”, será em brasileiro e de origem brasileira, desde fotografias, das mais antigas que se conhecem da América Latina, a cartas e mapas, que documentam os descobrimentos portugueses…
Diz o jornal, que apesar da chancela da UNESCO, o projecto partiu do director da biblioteca do Congresso norte-americano, com o propósito de promover a diversidade linguística e cultural e a união dos povos, reduzindo o chamado “fosso digital” entre os países… Segundo a própria UNESCO, pretende-se também aumentar a qualidade e variedade de oferta cultural na Internet. 32 Bibliotecas aderiram ao projecto, entre elas a de Alexandria, ou a da Suécia, que disponibiliza on-line o mais antigo manuscrito medieval que se conhece… o Codex Giga.
Ora Jorge Couto, director da Biblioteca Nacional, diz que não faz grande sentido Portugal aderir à iniciativa. Não, porque Portugal já integra outras redes semelhantes, mas a nível europeu e que por isso seria uma redundância, Portugal integrar também esta de âmbito mais alargado… e depois, porque também nenhuma das grandes bibliotecas europeias o faz… Nem a de França, nem a de Inglaterra… estas, como a portuguesa, lembra Jorge Couto, já fazem parte da rede europeia, aliás de duas redes europeias de bibliotecas on-line: a European Library e a Europeana e, para Jorge Couto, isso implica ainda uma outra responsabilidade…a da fidelidade aos 27 da União. Diz que Portugal, em matéria de cooperação internacional, não age autonomamente em relação à política adoptada na União Europeia.
Mas diz ainda, que não é assunto encerrado. Ou seja e citemos o DN que cita o director da Biblioteca Nacional… se surgisse alguma oportunidade excepcional, Jorge Couto admitia eventualmente colaborar com esta Biblioteca …
Excepcional de facto não será, mas podia ser uma oportunidade interessante, ver Portugal juntar-se a uma família – chamemos-lhe assim – de horizontes um pouco mais largos, que o território da comunidade económica europeia e, além disso e mesmo sabendo que para a Internet não há fronteiras… seria talvez de bom tom e boa vizinhança, se Portugal não negasse ao mundo a oportunidade de conhecer um pouco melhor a nossa cultura, que, como penso que estaremos de acordo, é um pouco mais rica e vasta e tem mais para mostrar, que essas cartas de marear que os portugueses deixaram no Brasil quando lá chegaram, há 500 anos.
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