quinta-feira, 19 de junho de 2008


"O Código Miguel Ângelo". É assim que o Diário de Notícias lhe chama, em chamada de capa, na edição desta quinta feira.
A matéria merece desenvolvimento e destaque especial. E diz que a teoria já não é nova. Começou a ganhar forma em 1950, quando Joaquin Diaz González, diplomata venezuelano, na altura, de visita ao Vaticano, terá identificado, escondido, o perfil de Dante Alighieri , entre os frescos de Miguel Ângelo, nas paredes da capela Sistina. Sabe-se que o pintor era fã incondicional do poeta.
Depois disso, o mesmo diplomata terá descoberto a figura de Jesus Cristo, disfarçada também, no mesmo fresco. Escreveu sobre isso, na altura. Um livro, que acabou por cair no esquecimento, até que o “Código da Vinci” e antes dele “O Nome da Rosa” de Umberto Ecco vieram abrir de novo as portas, a este tipo de especulação visionária.
Mais recentemente, foi o Sunday Times quem voltou ao assunto, citando as conclusões publicadas pelo médico Frank Meshberger, no Journal of Medical Association. Na tese do médico, a “Criação de Adão”, de Miguel Ângelo, diz mais do que revela. Diz o médico, que a mancha gráfica de onde o Criador estende o braço para Adão… essa mancha gráfica tem a forma de um cérebro humano. O que só pode dizer uma coisa. Miguel Ângelo quis, com isso, representar a entrega da inteligência, do intelecto… de Deus para Adão. Mais do que um simples acto de Criação, como o título da obra indica. Mais que o simples sopro da vida, que no caso seria transmitido através da ponta dos dedos, mas enfim… para o que importa… a teoria deste médico é que, Deus, na opinião dele e na escrita cifrada de Miguel Ângelo, estará a passar a inteligência a Adão. O dom da inteligência, simbolizado na forma do cérebro, desenhado de forma astuciosa e dissimulada por Miguel Ângelo, no fresco da capela.
Em 2000, outro médico, um nefrologista, este, publicou na Kidney Internacional, um artigo, onde defendia que era um RIM, o que se encontrava, se tirássemos a figura de Deus do quadro da “Separação das Águas”.
Enfim, é bem verdade que, com a luz adequada e o adequado estado de espírito, cada um pode ver o que quiser, nos sítios mais insólitos e inesperados. Desde as nuvens no céu, até às manchas de humidade no tecto, ou os pelos da alcatifa, mas , no caso do cérebro humano dissimulado na Criação de Adão de Miguel Ângelo e disso ser sinal que o pintor quis representar o momento em que deus dava a Adão o dom da inteligência e – supõe-se, já que uma coisa acaba por implicar a outra – lhe tenha passado também o ónus do livre arbítrio, auto determinação responsabilidade e outras canseiras - pois bem… A revelação é ainda mais surpreendente do que parece , à primeira! É que, segundo a teoria, se Deus deu ao Homem a inteligência, a capacidade para pensar, julgar, avaliar decidir pela própria cabeça… tudo isso terá sido – e o quadro nisso é evidente – no momento da Criação. Antes, portanto, do pecado original. Antes de Adão ter resolvido, por sua conta e risco – claro que diz-se que, influenciado por maus conselhos e más companhias; mas assim mesmo, por sua conta e risco, que ele bem sabia o que o esperava – provar do fruto da árvore da Ciência. Da árvore do Bem e do Mal. Da árvore, cujo fruto lhe permitia distinguir, ao que parece, o certo do errado. A Árvore do Conhecimento. Aí, como rezam as escrituras, foi tiro e queda – em sentido bíblico, claro está … tiro a maçã da árvore e caio em perdição eterna.
Ou seja, para não vos roubar mais tempo, Deus deu a inteligência a Adão, mas, quando viu que ele começou a fazer uso dela, deserdou-o e pô-lo fora de casa. A ele e mais à lambisgóia da namorada.


Ora vamos ao Tratado de Lisboa.
Sócrates diz que o “não” irlandês, ao Tratado é uma derrota pessoal dele, anfitrião da cerimónia de assinatura.
É talvez um pouco excessivo. Nem José Sócrates se pode sobrepor, ou determinar a vontade expressa do povo irlandês, nem à do português (mas isso não vem ao caso, já que não houve referendo), nem pode dizer, como Dali o fez, só para arreliar o Breton, que “le Surrealisme c’est moi!”
Em Inglaterra, Gordon Brown que nunca morreu de amores pelo Tratado, ratificou-o ontem mesmo, mas deixou bem claro que prefere deixar cair o Tratado de Lisboa a quebrar os laços de solidariedade com o povo, com a vontade do povo irlandês. Segundo o Times, Brown prefere matar o Tratado a deixar a Irlanda isolada.
Hoje, em Bruxelas, Brian Cowen vai ouvir das boas, por não ter conseguido convencer os irlandeses a aprovar o documento. Hoje em Bruxelas, onde o primeiro-ministro irlandês se senta ao lado dos restantes chefes de estado e de governo dos 27. Todos esperam que Brian Cowen saque, de uma qualquer cartola metafórica, o coelhinho redentor.
A França e a Alemanha acham que, no entanto, ela deve continuar a mover-se – nem que seja a duas velocidades, como auguram os profetas da desgraça. Uma Europa a duas velocidades, com a França e Alemanha, obviamente no pelotão da frente. Sarkozi e Merckel admitem mesmo, que a Irlanda possa sair temporariamente da União Europeia… provavelmente, só o tempo de se ratificar o Tratado – seja ele de Lisboa, ou de onde for …
Uma saída negociada, obviamente, que, de outra forma, até soava a cartão azul. Azul, não para dizer com as cores da bandeira da União. Azul, como os cartões do hóquei em patins. O jogador é expulso do ringue, mas volta a entrar em jogo, depois de se acalmar e se prometer portar-se com maneiras.
Ora bem, mas para a reunião de hoje, o que está em agenda são as apreciações à crise internacional, que tem motivado protestos por todo o lado, contra os preços da comida e combustíveis…
O Conselho vai também – segundo diz o jornal – reiterar a liderança europeia na luta contra as alterações climáticas; concertar posições sobre a futura criação de uma FRONTEX – o que em língua de gente quer dizer: uma agência para patrulhar as fronteiras externas da União…
E finalmente, um dos pontos importantes da agenda da reunião de Bruxelas (é hoje e amanhã, já tinha dito?), a União para o Mediterrâneo e a Parceria de Leste. A primeira foi ideia de Sarkozi e será lançada a 13 de Julho, em Paris. O presidente já convidou representantes de 44 países. Alguns árabes, como o argelino Boute/flika e Muahamar Kadhafi vão lá estar, mas não parecem muito convencidos.
A Parceria de Leste é ideia conjunta da Polónia e Suécia, com o apoio da Alemanha e, como o nome deixa prever, trata-se de uma ideia de cooperação com os países do leste da Europa.
Voltando ao Tratado, temos que falta ainda ser ratificado por 7 países. Espanha, Itália, Holanda, Chipre, Bélgica, Suécia, e república Checa. Os checos e os polacos são entretanto e ainda uma ponta solta no tão ansiado consenso. Vaclav Klaus, presidente checo, já na sexta-feira tinha passado uma espécie de certidão de óbito ao Tratado de Lisboa. Por ele, o processo estava já morto e enterrado, mas há-de honrar o compromisso, a menos que isso lhe vá criar ondas de choque insuportáveis no seio do próprio governo.
Agora, quanto ao referendo irlandês… Pois é um problema ... Quando se pergunta, há que esperar por uma resposta e parece que os irlandeses acreditavam que tinham o direito de dizer não. Pensavam que o Tratado poderia ser renegociado, como o foi o projecto de Constituição, chumbado por franceses e holandeses. Parece que se enganaram. Põe-se agora a hipótese de se repetir a consulta popular. Alargar a questão à pergunta, se a Irlanda quer ou não permanecer na União Europeia, na base do Tratado de Lisboa?... É uma hipótese em aberto. Outra, que encerrava o assunto de vez, seria um pouco mais brechtiana, mas radical e definitiva. Era demitir o povo e arranjar outro.
Um que fosse, como dizer?... Um povo que fosse assim… Ora, citando José Sócrates, um povo que fosse um pouco mais porreiro, pá!

quarta-feira, 18 de junho de 2008


"A SETA JÁ CONTÉM O ALVO, MAS SÓ PERCORRE A SETA AQUELE QUE LHE CONHECE O ALVO. ASSIM, É DE OLHOS VENDADOS QUE O GRANDE ATIRADOR ALVEJA"
E assim escreveu António Maria Lisboa.
E o resto…
O resto está tudo nos provérbios. Desde o bíblico "curai-vos a vós próprios”, ao filosófico “nosce te ipsum”, que vai dar quase ao mesmo, por outras portas. No caso, as portas do templo de Apolo,em Delfos.
E que a fé move montanhas. Também se diz e que querer é poder e por aí fora…
Pois esta noite, Lisboa recebe, com galas de acontecimento social e com o aparato e o glamour das grandes estreias, duas personagens muito populares, por estes dias que correm. Ela é australiana, jornalista de rádio e televisão e autora de um livro de auto ajuda que já vendeu 350 mil cópias, só em Portugal – No mundo o numero sobe aos 12 milhões… Ele é canadiano e há 40 anos que anda a estudar a Lei da Atracção e considera-se um filósofo motivacional. A ideia de ambos – confessa e manifesta – é abrir-nos, ou levar-nos a abrir, nós próprios e sem medo nem pé de cabra, as portas da felicidade. Do sucesso.
Vão estar esta noite no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, a dar uma palestra para revelar o Segredo.
O Segredo da Lei da Atracção Universal. Do poder do desejo. Da força da simpatia e da auto confiança. Das virtudes da paciência, também, decerto…
Mas de forma pragmática e contemporânea. Com exemplos práticos de problemas reais e muito do nosso tempo. Ressalvo dois pontos em destaque nas centrais do Diário de Notícias…
O primeiro tem a ver com a perda de peso. Estes gurus da felicidade preocupam-se, porque sabem que ser gordo é uma cruz insuportável para muitos, nos dias que correm… enfim, pelo menos para os que têm dinheiro para ler livros de auto ajuda. Dinheiro e tempo e vocação natural. Duvido que a obesidade seja a angústia maior de boa parte do povo africano ou asiático…
Outro ponto importante é o bem-estar económico. De forma simbólica, que só assim é que faz mais efeito e impressiona o espírito – e se o espírito não se espantar com estes prodígios, então é escusado, a receita não faz efeito… portanto, de forma simbólica, estes filósofos, que hoje nos visitam, recomendam que se preencha um simbólico cheque em branco. de um não menos metafórico Banco do Universo. Há que preenchê-lo com o nome e montante pretendido e colocá-lo depois onde se possa ver todos os dias. Como um lembrete. Um compromisso. Um esconjuro. Um cheque, onde, ao que tudo indica, se pede dinheiro. Mas, aceitando o simbolismo implícito, podemos admitir que nenhuma desgraça cairá sobre o requerente, se resolver pedir outra coisa qualquer que lhe faça mais falta, ou mais sentido.
O importante é que se afixe esse cheque, o alvo a que a seta se destina, em local onde se veja bem e todos os dias. No espelho do toucador, no tecto do quarto por cima da cama, no espelho da casa de banho, na cozinha por cima do fogão…
Até mesmo colado com adesivo à porta do frigorífico. E se o desejo é pessoal e cada um sabe de si, pode mesmo passar-se esse cheque em branco, por exemplo, para acabar com a fome dos mais desgraçados. Há quem se sinta reconfortado com essa ideia, com esse objectivo de vida. E já agora, que sítio mais apropriado para afixar um lembrete desses, que a porta do frigorifico, onde se guarda a comida?... Mais ainda, sendo a obesidade um dos fantasmas da contemporaneidade destes dois filósofos que hoje nos agraciam com a sua visita… acabar com a fome no mundo, enquanto se luta contra a nossa própria obesidade, poderia funcionar quase como mnemónica. Uma coisa levava-nos a lembrar-nos da outra e assim nunca nos esquecíamos, nem de uma, nem da outra.
Ora, dizem os jornais que os oradores que nos visitam, principalmente ele, o filósofo, que ela vem do jornalismo e da televisão, mas não se reclama da filosofia… diz então que ele tem fantásticos dotes de oratória. Tão fantásticos, que leva quem o ouve a acreditar em tudo o que diz. Fantástico mesmo seria se a coisa se passasse ao contrário…
Ora para o que interessa.
As entradas no pavilhão Atlântico custam entre os 30 e os 60 euros e para o que importa mesmo, voltemos aos provérbios.
O segredo é a alma do negócio.
Diziam os Antigos…

terça-feira, 17 de junho de 2008

welcome to my space


um bom refrão
tem muita arte

cantiga d'escárnio e a bem dizer...

tens uma cara
que mais parece
a panela de escape
de um barco a remos

tens uma cara
que me faz lembrar
o pneu da frente
com falta d'ar

é daquelas caras
por ser tão raras
quando a gente as vemos
nunca mais esquecemos

tu tens uma cara
muito original
podias emprestar-
ma para o carnaval

tens uma cara
que mal comparada
dizer que parece
não se parece com nada

é daquelas caras
por ser tão raras
quando a gente as vemos
nunca mais esquecemos

Ora vamos lá a ver se nos entendemos…

Começa assim a notícia do JN: “Deve ou não passar-se para a tarifa de electricidade os custos das facturas incobráveis?...”

É uma questão que faz parte da proposta de revisão regulamentar do sector eléctrico.

A Entidade Reguladora do sector propõe que, as dívidas consideradas incobráveis pela EDP, sejam distribuídas pelas facturas dos restantes consumidores. Nesta lista negra estão consumidores domésticos e empresas que declararam falência, por exemplo. Sendo que o débito sobe já aos 12 milhões de euros. É então este total que a Entidade Reguladora propõe que seja pago pelo resto da população. Aquela que é de contas certas. A proposta está aberta a discussão pública, antes de ser aprovada e posta em prática. E vale-nos esta notícia do JN e do 24 Horas para que fiquemos a saber do que se passa. O jornal cita a Defesa do Consumidor, que teme que o calote não esteja já a ser debitado, de forma discreta e encapotada que seja, nas facturas nossas de cada mês. A DECO recusa-se a aceitar a ineficácia da EDP em cobrar as suas próprias dívidas, passando o ónus da incompetência para os consumidores que cumprem as obrigações do contracto.

Depois, a empresa tem uma forma fácil de impedir que as dívidas cheguem ao descalabro. Basta cortar o fornecimento aos primeiros sinais de calote anunciado. Sempre se impedia que o desvario chegasse aos 12 milhões de que se fala.

Aliás, a DECO desconfia que o mesmo pode estar já a acontecer com as facturas da água, como nos preços dos supermercados, que podem incluir já uma margem de compensação para os roubos e outros pequenos prejuízos.

Mas voltemos à ideia da Entidade Reguladora para o Sector Energético. A ideia é distribuir esses 12 milhões de euros, que a EDP não conseguiu cobrar, pelos restantes consumidores, que pagam a horas o que devem e como devem.

A ideia está aberta a discussão pública até 7 de Julho… não há muito tempo já…depois a 18, far-se–á uma audição pública e só depois a Entidade Reguladora fará a apreciação geral e final sobre o caminho a seguir. Ou seja, pelo que fica exposto, dá a entender que se o público se pronunciar contra, a EDP terá de encontrar outra forma de recuperar o dinheiro perdido e resolver o prejuízo acumulado.

Agora a questão da consulta pública … é simples e prático, como aliás é natural que seja em situações tão delicadas e – estas sim – de interesse público, de interesse do público, o que quiserem.

Pois não podia ser mais fácil… quem quiser pronunciar-se sobre a matéria. Se acha justa ou não esta ideia …. Basta enviar um fax para a Entidade Reguladora a dar a opinião. O nº de fax é o 21 3033201

Ou então correio electrónico – consultapublica@erse.pt

Ou por carta, para a rua Dom Cristóvão da Gama, nº1 – 3º 1400-113 Lisboa

Como vêem são tudo formas fáceis de uma pessoa fazer-se ouvir, antes que seja tarde.

È que depois, se a medida for avante, ninguém se pode queixar. Que não sabia, que não foi consultado…

Enfim… fácil, fácil podia ser um pouco mais. E mais publicitado… pela própria EDP, pela Entidade… por alguém, que não os jornalistas… essa gente irrequieta e bisbilhoteira, sempre à procura de notícias, sempre a arranjar problemas e a incomodar as pessoas…

Dia 18 é então o dia para a audição final… diz o JN. Audição pública. Onde? Pois também não sei. Mas até lá e pelo sim pelo não e quem achar que tem alguma coisa a dizer … é fazê-lo até 7 de Julho para os contactos que … estão aí, duas linhas acima.

E antes disso ainda e já hoje há buzinão. Buzinão em mais de 70 locais do país. Diz o jornal que o protesto a norte é contra as portagens. Mas é também contra o aumento de uma série de bens essenciais de consumo, condicionado pelo preço dos combustíveis… Porque é isso que está por trás de toda a indignação.

O protesto foi convocado pelo Movimento dos Utentes de Serviços Públicos e promete pôr as orelhas do Governo a arder. Exige-se que o Governo assuma responsabilidades nos aumentos do preço dos combustíveis e que as exija também às petrolíferas…

Até aqui tudo faz sentido… ou quase. Só uma pergunta. Para protestar contra o aumento de combustíveis porque não fazem o buzinão de bicicleta?!... Poupava-se gasolina. Que tão cara está.

E de repente até me assustei!

Diz assim, o título da breve do Diário de Notícias: “Bush e Brown contra o nuclear.”

Homessa! Como se diz… A Inglaterra e os Estados Unidos estão agora em campanha contra a energia nuclear?!... É nova, essa!

Pois é o que faz as pressas… O que se passa, se lermos tudo, é que o primeiro-ministro inglês e o presidente norte-americano estão contra e ameaçam mesmo com sanções internacionais mais duras, mas é o Irão. O Irão!

Brown, apoiado por Bush, garante. Garantem portanto ambos. Que querem manter o diálogo aberto com Teerão, mas ameaçam congelar bens de bancos iranianos, caso Teerão prossiga com o enriquecimento de urânio, mesmo que afirme que é para fins civis e não bélicos…

Pronto, sosseguem-se os espíritos que está desfeita a charada.

Nuclear… no Irão, não, obrigado!

Outra notícia surpreendente vem do Vaticano. O jornal cita o papa Bento 16, que terá apelado à consciência dos comerciantes de armas… O jornal cita as palavras do papa, que terá então pedido aos traficantes "para se interrogarem sobre as consequências das suas actividades". Suas, deles – os traficantes de armas.

O apelo terá sido feito durante a cerimónia de apresentação de credenciais do novo embaixador dos Camarões no Vaticano. Fica em aberto esclarecer, que é que pode a república dos Camarões ter assim tanto a ver com o tráfico internacional de armas… Talvez o papa saiba qualquer coisa que a nós nos escapa. Por isso, adiante!

O papa pediu entretanto aos países da África Central, para enfrentarem – e voltamos às citações – para enfrentarem “os vários focos de violência, dos quais a população no geral e também a Igreja são muitas vezes vítimas inocentes.”

Ora aí está uma observação iluminada, se bem que absolutamente inútil. Acreditará o papa realmente que os traficantes de armas não pararam já para pensar nas consequências das suas actividades? Acha mesmo que se o não tivessem já feito e muito bem feito não teriam já mudado de ramo e de negócio?! E num cenário de violência, que outra saída têm os governos e as populações, senão fazer-lhe frente, quanto mais não seja esperando pacientemente um milagre de deus? Ou o papa entende, por fazer frente, responder com a mesma moeda?!!...

Fiquemos por África um pouco mais.

Os países ricos não estão a cumprir as metas para África. Vem no DN.

E assim sendo, dificilmente se conseguirá duplicar a ajuda ao continente africano, até 2010, como foi acordado em 2005, na reunião do G8.

O alerta foi ontem feito em Londres, por Kofi Annan, que actualmente preside ao Painel para o Progresso de África, organismo criado o ano passado para monitorizar a fome em África. E os primeiros números, do primeiro relatório anual acabado de divulgar, falam em 100 milhões de africanos à beira da pobreza extrema.

Diz Kofi Annan que, por este caminho, com os mais ricos a falharem nos seus compromissos… se assim continuarmos e nada for feito para inverter a subida dos preços dos alimentos, irá registar-se um forte aumento na fome, subnutrição e mortalidade infantil. Disse ainda que esta crise alimentar ameaça comprometer anos, ou mesmo décadas de progresso económico no continente africano.

Ora, com todo o respeito por Kofi Annan, dá-me a ideia que não nos estará dar grande novidade. E, por mais boa vontade que se tenha, dificilmente se acredita que o apelo faça mais mossa que as reflexões do papa, quanto aos traficantes de armas…

Muito antes disso, já Washington terá congelado todos os interesses económicos do Irão, no estrangeiro. Vai uma aposta?