"O Código Miguel Ângelo". É assim que o Diário de Notícias lhe chama, em chamada de capa, na edição desta quinta feira.
A matéria merece desenvolvimento e destaque especial. E diz que a teoria já não é nova. Começou a ganhar forma em 1950, quando Joaquin Diaz González, diplomata venezuelano, na altura, de visita ao Vaticano, terá identificado, escondido, o perfil de Dante Alighieri , entre os frescos de Miguel Ângelo, nas paredes da capela Sistina. Sabe-se que o pintor era fã incondicional do poeta.
Depois disso, o mesmo diplomata terá descoberto a figura de Jesus Cristo, disfarçada também, no mesmo fresco. Escreveu sobre isso, na altura. Um livro, que acabou por cair no esquecimento, até que o “Código da Vinci” e antes dele “O Nome da Rosa” de Umberto Ecco vieram abrir de novo as portas, a este tipo de especulação visionária.
Mais recentemente, foi o Sunday Times quem voltou ao assunto, citando as conclusões publicadas pelo médico Frank Meshberger, no Journal of Medical Association. Na tese do médico, a “Criação de Adão”, de Miguel Ângelo, diz mais do que revela. Diz o médico, que a mancha gráfica de onde o Criador estende o braço para Adão… essa mancha gráfica tem a forma de um cérebro humano. O que só pode dizer uma coisa. Miguel Ângelo quis, com isso, representar a entrega da inteligência, do intelecto… de Deus para Adão. Mais do que um simples acto de Criação, como o título da obra indica. Mais que o simples sopro da vida, que no caso seria transmitido através da ponta dos dedos, mas enfim… para o que importa… a teoria deste médico é que, Deus, na opinião dele e na escrita cifrada de Miguel Ângelo, estará a passar a inteligência a Adão. O dom da inteligência, simbolizado na forma do cérebro, desenhado de forma astuciosa e dissimulada por Miguel Ângelo, no fresco da capela.
Em 2000, outro médico, um nefrologista, este, publicou na Kidney Internacional, um artigo, onde defendia que era um RIM, o que se encontrava, se tirássemos a figura de Deus do quadro da “Separação das Águas”.
Enfim, é bem verdade que, com a luz adequada e o adequado estado de espírito, cada um pode ver o que quiser, nos sítios mais insólitos e inesperados. Desde as nuvens no céu, até às manchas de humidade no tecto, ou os pelos da alcatifa, mas , no caso do cérebro humano dissimulado na Criação de Adão de Miguel Ângelo e disso ser sinal que o pintor quis representar o momento em que deus dava a Adão o dom da inteligência e – supõe-se, já que uma coisa acaba por implicar a outra – lhe tenha passado também o ónus do livre arbítrio, auto determinação responsabilidade e outras canseiras - pois bem… A revelação é ainda mais surpreendente do que parece , à primeira! É que, segundo a teoria, se Deus deu ao Homem a inteligência, a capacidade para pensar, julgar, avaliar decidir pela própria cabeça… tudo isso terá sido – e o quadro nisso é evidente – no momento da Criação. Antes, portanto, do pecado original. Antes de Adão ter resolvido, por sua conta e risco – claro que diz-se que, influenciado por maus conselhos e más companhias; mas assim mesmo, por sua conta e risco, que ele bem sabia o que o esperava – provar do fruto da árvore da Ciência. Da árvore do Bem e do Mal. Da árvore, cujo fruto lhe permitia distinguir, ao que parece, o certo do errado. A Árvore do Conhecimento. Aí, como rezam as escrituras, foi tiro e queda – em sentido bíblico, claro está … tiro a maçã da árvore e caio em perdição eterna.
Ou seja, para não vos roubar mais tempo, Deus deu a inteligência a Adão, mas, quando viu que ele começou a fazer uso dela, deserdou-o e pô-lo fora de casa. A ele e mais à lambisgóia da namorada.
Ora vamos ao Tratado de Lisboa.
Sócrates diz que o “não” irlandês, ao Tratado é uma derrota pessoal dele, anfitrião da cerimónia de assinatura.
É talvez um pouco excessivo. Nem José Sócrates se pode sobrepor, ou determinar a vontade expressa do povo irlandês, nem à do português (mas isso não vem ao caso, já que não houve referendo), nem pode dizer, como Dali o fez, só para arreliar o Breton, que “le Surrealisme c’est moi!”
Em Inglaterra, Gordon Brown que nunca morreu de amores pelo Tratado, ratificou-o ontem mesmo, mas deixou bem claro que prefere deixar cair o Tratado de Lisboa a quebrar os laços de solidariedade com o povo, com a vontade do povo irlandês. Segundo o Times, Brown prefere matar o Tratado a deixar a Irlanda isolada.
Hoje, em Bruxelas, Brian Cowen vai ouvir das boas, por não ter conseguido convencer os irlandeses a aprovar o documento. Hoje em Bruxelas, onde o primeiro-ministro irlandês se senta ao lado dos restantes chefes de estado e de governo dos 27. Todos esperam que Brian Cowen saque, de uma qualquer cartola metafórica, o coelhinho redentor.
A França e a Alemanha acham que, no entanto, ela deve continuar a mover-se – nem que seja a duas velocidades, como auguram os profetas da desgraça. Uma Europa a duas velocidades, com a França e Alemanha, obviamente no pelotão da frente. Sarkozi e Merckel admitem mesmo, que a Irlanda possa sair temporariamente da União Europeia… provavelmente, só o tempo de se ratificar o Tratado – seja ele de Lisboa, ou de onde for …
Uma saída negociada, obviamente, que, de outra forma, até soava a cartão azul. Azul, não para dizer com as cores da bandeira da União. Azul, como os cartões do hóquei em patins. O jogador é expulso do ringue, mas volta a entrar em jogo, depois de se acalmar e se prometer portar-se com maneiras.
Ora bem, mas para a reunião de hoje, o que está em agenda são as apreciações à crise internacional, que tem motivado protestos por todo o lado, contra os preços da comida e combustíveis…
O Conselho vai também – segundo diz o jornal – reiterar a liderança europeia na luta contra as alterações climáticas; concertar posições sobre a futura criação de uma FRONTEX – o que em língua de gente quer dizer: uma agência para patrulhar as fronteiras externas da União…
E finalmente, um dos pontos importantes da agenda da reunião de Bruxelas (é hoje e amanhã, já tinha dito?), a União para o Mediterrâneo e a Parceria de Leste. A primeira foi ideia de Sarkozi e será lançada a 13 de Julho, em Paris. O presidente já convidou representantes de 44 países. Alguns árabes, como o argelino Boute/flika e Muahamar Kadhafi vão lá estar, mas não parecem muito convencidos.
A Parceria de Leste é ideia conjunta da Polónia e Suécia, com o apoio da Alemanha e, como o nome deixa prever, trata-se de uma ideia de cooperação com os países do leste da Europa.
Voltando ao Tratado, temos que falta ainda ser ratificado por 7 países. Espanha, Itália, Holanda, Chipre, Bélgica, Suécia, e república Checa. Os checos e os polacos são entretanto e ainda uma ponta solta no tão ansiado consenso. Vaclav Klaus, presidente checo, já na sexta-feira tinha passado uma espécie de certidão de óbito ao Tratado de Lisboa. Por ele, o processo estava já morto e enterrado, mas há-de honrar o compromisso, a menos que isso lhe vá criar ondas de choque insuportáveis no seio do próprio governo.
Agora, quanto ao referendo irlandês… Pois é um problema ... Quando se pergunta, há que esperar por uma resposta e parece que os irlandeses acreditavam que tinham o direito de dizer não. Pensavam que o Tratado poderia ser renegociado, como o foi o projecto de Constituição, chumbado por franceses e holandeses. Parece que se enganaram. Põe-se agora a hipótese de se repetir a consulta popular. Alargar a questão à pergunta, se a Irlanda quer ou não permanecer na União Europeia, na base do Tratado de Lisboa?... É uma hipótese em aberto. Outra, que encerrava o assunto de vez, seria um pouco mais brechtiana, mas radical e definitiva. Era demitir o povo e arranjar outro.
Um que fosse, como dizer?... Um povo que fosse assim… Ora, citando José Sócrates, um povo que fosse um pouco mais porreiro, pá!
Sócrates diz que o “não” irlandês, ao Tratado é uma derrota pessoal dele, anfitrião da cerimónia de assinatura.
É talvez um pouco excessivo. Nem José Sócrates se pode sobrepor, ou determinar a vontade expressa do povo irlandês, nem à do português (mas isso não vem ao caso, já que não houve referendo), nem pode dizer, como Dali o fez, só para arreliar o Breton, que “le Surrealisme c’est moi!”
Em Inglaterra, Gordon Brown que nunca morreu de amores pelo Tratado, ratificou-o ontem mesmo, mas deixou bem claro que prefere deixar cair o Tratado de Lisboa a quebrar os laços de solidariedade com o povo, com a vontade do povo irlandês. Segundo o Times, Brown prefere matar o Tratado a deixar a Irlanda isolada.
Hoje, em Bruxelas, Brian Cowen vai ouvir das boas, por não ter conseguido convencer os irlandeses a aprovar o documento. Hoje em Bruxelas, onde o primeiro-ministro irlandês se senta ao lado dos restantes chefes de estado e de governo dos 27. Todos esperam que Brian Cowen saque, de uma qualquer cartola metafórica, o coelhinho redentor.
A França e a Alemanha acham que, no entanto, ela deve continuar a mover-se – nem que seja a duas velocidades, como auguram os profetas da desgraça. Uma Europa a duas velocidades, com a França e Alemanha, obviamente no pelotão da frente. Sarkozi e Merckel admitem mesmo, que a Irlanda possa sair temporariamente da União Europeia… provavelmente, só o tempo de se ratificar o Tratado – seja ele de Lisboa, ou de onde for …
Uma saída negociada, obviamente, que, de outra forma, até soava a cartão azul. Azul, não para dizer com as cores da bandeira da União. Azul, como os cartões do hóquei em patins. O jogador é expulso do ringue, mas volta a entrar em jogo, depois de se acalmar e se prometer portar-se com maneiras.
Ora bem, mas para a reunião de hoje, o que está em agenda são as apreciações à crise internacional, que tem motivado protestos por todo o lado, contra os preços da comida e combustíveis…
O Conselho vai também – segundo diz o jornal – reiterar a liderança europeia na luta contra as alterações climáticas; concertar posições sobre a futura criação de uma FRONTEX – o que em língua de gente quer dizer: uma agência para patrulhar as fronteiras externas da União…
E finalmente, um dos pontos importantes da agenda da reunião de Bruxelas (é hoje e amanhã, já tinha dito?), a União para o Mediterrâneo e a Parceria de Leste. A primeira foi ideia de Sarkozi e será lançada a 13 de Julho, em Paris. O presidente já convidou representantes de 44 países. Alguns árabes, como o argelino Boute/flika e Muahamar Kadhafi vão lá estar, mas não parecem muito convencidos.
A Parceria de Leste é ideia conjunta da Polónia e Suécia, com o apoio da Alemanha e, como o nome deixa prever, trata-se de uma ideia de cooperação com os países do leste da Europa.
Voltando ao Tratado, temos que falta ainda ser ratificado por 7 países. Espanha, Itália, Holanda, Chipre, Bélgica, Suécia, e república Checa. Os checos e os polacos são entretanto e ainda uma ponta solta no tão ansiado consenso. Vaclav Klaus, presidente checo, já na sexta-feira tinha passado uma espécie de certidão de óbito ao Tratado de Lisboa. Por ele, o processo estava já morto e enterrado, mas há-de honrar o compromisso, a menos que isso lhe vá criar ondas de choque insuportáveis no seio do próprio governo.
Agora, quanto ao referendo irlandês… Pois é um problema ... Quando se pergunta, há que esperar por uma resposta e parece que os irlandeses acreditavam que tinham o direito de dizer não. Pensavam que o Tratado poderia ser renegociado, como o foi o projecto de Constituição, chumbado por franceses e holandeses. Parece que se enganaram. Põe-se agora a hipótese de se repetir a consulta popular. Alargar a questão à pergunta, se a Irlanda quer ou não permanecer na União Europeia, na base do Tratado de Lisboa?... É uma hipótese em aberto. Outra, que encerrava o assunto de vez, seria um pouco mais brechtiana, mas radical e definitiva. Era demitir o povo e arranjar outro.
Um que fosse, como dizer?... Um povo que fosse assim… Ora, citando José Sócrates, um povo que fosse um pouco mais porreiro, pá!
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