sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

gajada amiga

Pois hoje a tentação era grande e quase ninguém lhe resistiu. O que vale por dizer que, dos 5 diários que tenho aqui à minha frente, excluindo os económicos, 4 deles caíram na esparrela e puxaram para manchete esta informação interessantíssima… Por exemplo, o Correio da Manhã… diz assim: “Tio de Sócrates com offshores suspeitos.” Em subtítulo explica-se entretanto que a matéria tem a ver com o caso Freeport e fala-se em 4 milhões de euros de luvas. Comissões, que foram pagas ao longo de 3 anos. Diz-se que a investigação em curso procura relacionar o eventual pagamento de luvas com o licenciamento do projecto.

O Diário de Notícias escreve que "Contas offshore de tio de Sócrates são suspeitas de viabilizar o Freeport de Alcochete". Acrescenta ainda que a personagem em questão – Júlio Coelho Monteiro, tio materno do primeiro-ministro – foi alvo de buscas, mas que não é arguido…

O 24 Horas no seu estilo pragmático e fulminante anuncia em título, que “buscas policiais abalam família de Sócrates.” Segue depois explicando, que a investigação do caso Freeport chegou ao tio do primeiro-ministro e que deixou aflita a mãe do chefe do Governo.

E o Público… ou, como se diz no circo, o respeitável Público. Escreve que o Caso Freeport motiva buscas a um dos maiores advogados e que a Judiciária entrou no escritório de Vieira de Almeida – figura ligada ao PS e antigo mandatário de Mário Soares – e também na casa de Coelho Monteiro, o tio de Sócrates.

O tio que ninguém conhecia – diz o Diário de Notícias.

Pois ficámos a conhecer. Ficámos a conhecer Coelho Monteiro, empresário, agora envolvido no processo de averiguações ao chamado caso Freeport. E ficámos a conhecê-lo porquê?... Porque é um dos inquiridos e investigados no processo? Não tanto. Ficámos a conhecê-lo porque os jornais, estes 4 de que vos falei, fizeram questão em sublinhar, com mais ou menos ênfase, que o cavalheiro em causa é tio materno do 1º ministro.

Ora, tudo leva a crer que Coelho Monteiro seja já de maior idade, outra coisa seria quase impossível de conceber… um menor já empresário… Mesmo que fosse ainda criança inimputável de crimes maiores, ou até mesmo de pequenas travessuras, não consta, pelo menos no texto da notícia, que Coelho Monteiro estivesse sob a tutoria do sobrinho, no caso, José Sócrates, 1º ministro de Portugal.

Ora, onde se quer chegar, muito rapidamente e sem mais rodriguinhos, é que a matéria é já só por si especiosa quanto baste… Fala-se em corrupção e suborno… 4 milhões de luvas… Arquitectos, empresários, advogados respeitados e envolvidos…

A matéria já tem o sal que lhe baste, sem ser preciso ir buscar estas enviesadas relações de parentesco entre os eventuais criminosos e figuras gradas da administração pública do país. No caso o primeiro-ministro. Torna tudo de repente mais pequenino e fraldiqueiro.

Como se, ter sentado Judas à mesa da última ceia, fizesse de Cristo um vendido!

Vem no DN e não só e no essencial o que diz é o seguinte… "Pastoral condena tratamentos que prolongam a vida.” Adianta-se depois que o padre Feytor Pinto critica o adiamento exagerado da morte de doentes terminais. Foi o que se ficou a saber, ontem e à margem do encontro, que decorre em Lisboa sobre "Eutanásia e direito à vida".

Feytor Pinto, o coordenador nacional da Pastoral da Saúde, terá dito à agência Lusa que a Igreja é contra a eutanásia, mas também contra o prolongamento exagerado da vida. Contra o que o padre chamou de "encarnecimento" terapêutico. Acrescentou que "aguentar afectivamente uma pessoa leva a tratamentos completamente inúteis, fúteis, desnecessários e desproporcionados.” E por isso, o padre Feytor Pinto é taxativo: “estes tratamentos não devem ser feitos. Essa é a posição da Igreja.”

Ora, se retirarmos essa medicação, ou tratamento que o padre Feytor Pinto considera de encarnecimento terapêutico, o mais certo é o doente, em fase terminal, morrer mesmo mais depressa e com mais ou menos sofrimento, conforme o caso. Se se interromperem os tais tratamentos inúteis, fúteis e desproporcionados… a pessoa morre mesmo. Porque desproporcionados poderão até ser, se assim o entendermos, ou quisermos entender, mas necessários são. Necessários, nem que seja para manter o doente em estado vegetativo e no limiar do outro mundo.

Diz ainda, o padre Feytor Pinto, que a Igreja manda que se defenda a vida. Sempre. Mas diz também, que não se deve criar um processo de desenvolvimento do processo de morte que seja altamente magoante para a pessoa. O meu computador diz que não conhece a palavra… magoante; o dicionário da Porto Editora também não. Pelo menos este, a 5ª edição, diz que muito corrigida e aumentada e impressa no Porto em 82. Mas também não é preciso. Magoante ainda se percebe o que é… agora o resto é que exige uma segunda leitura.

Diz, o padre Feytor Pinto, que a Igreja diz sempre que se deve defender a vida, mas que acrescenta logo que não se deve criar um processo de desenvolvimento do processo de morte que seja altamente magoante para a pessoa…

Diz então, que não se deve criar um processo de desenvolvimento do processo de morte que seja altamente magoante para a pessoa… Deixemos para já a questão, se o processo de morte é magoante ou não. Fiquemo-nos só por essa terrível realidade, da morte anunciada em doentes terminais. Gente para quem a Ciência mandou abandonar toda a esperança. Para o padre Feytor Pinto, o prolongamento artificial e desesperado da vida pode ser magoante. Claro que, para isso haverá que desistir de tudo o que seja a chamada medicina paliativa, de que muito se fala, justamente para estes casos… Mas vamos admitir que é mesmo magoante e não há alternativa. Para evitar esse sofrimento, o padre acha que se deve suspender todo o tratamento e deixar a pessoa morrer á hora a que deus seja servido chamá-la á sua divina presença. Dito assim, apesar de tudo até soa quase heróico… agora, interromper o tal prolongamento artificial e forçado da vida…um tratamento que não traz esperança de cura, mas apenas o triste consolo de adiar a partida daqueles que amamos… o padre pode chamar-lhe o que quiser. Os técnicos chamam-lhe eutanásia

E antes que me esqueça, deixem que sublinhe esta declaração de uma advogada portuguesa que o Correio da Manhã cita na edição de hoje e que garante – a advogada em causa – que, se tivesse descoberto algum facto que incriminasse o cliente cuja defesa assume neste momento, teria desistido imediatamente do processo. A advogada em causa é Sónia Cristóvão, que tem a seu cargo a defesa de um outro advogado, Hugo Marçal, arguido no processo Casa Pia.

Por isso é que ontem, foi sem surpresa que Sónia Cristóvão pediu a absolvição de Hugo Marçal… Porque, além do mais, “em Elvas não se passou nada”. Nas alegações finais, a advogada recordou documentos que, segundo ela, provam a impossibilidade de Hugo Marçal ter estado na tal casa das orgias – onde também ficamos a saber, nunca se passou nada, pelo menos nada que possa ser considerado matéria crime, ou que comprometa o seu cliente. Sónia Cristóvão terá mesmo invocado uma relação extra conjugal do advogado, que o mantinha fora da cidade durante os fins-de-semana onde alegadamente teria praticado os crimes de que é acusado. Ficamos também a saber que o assumir da defesa de Carlos Silvino por Hugo Marçal… (Carlos Silvino, o BIBI, o primeiro detido no âmbito do processo, aquele sobre quem quase nunca ninguém teve dúvidas quanto ao envolvimento e culpas no cartório. Aliás, foi o único, até ao momento, a reconhecer os crimes de que é acusado) … Pois diz a advogada, Sónia Cristóvão, que Hugo Marçal começou por aceitar a defesa de Carlos Silvino, para relançar a sua própria carreira como advogado. Não diz, Sónia Cristóvão, que Hugo Marçal aceitou a defesa de Carlos Silvino porque achava que ele estava inocente, ou sequer por compaixão por uma qualquer atormentada história de vida, que o tivesse comovido. Não. Diz Sónia Cristóvão que Hugo Marçal aceitou defender Carlos Silvino, para relançar a sua própria carreira profissional. Admitamos que Hugo Marçal não sabia de facto toda a verdade, mas mesmo assim aceitou o caso, ou então que Hugo Marçal não será rigorosamente da mesma cepa, ou, com o devido respeito, da mesma escola, que Sónia Cristóvão… a escola dos advogados que não defendem criminosos. O que, aliás, deixa em aberto outra questão preocupante. Se os advogados os não defendem…

Um cão para Obama! Ora isso é que traz preocupados os canicultores do parque natural da algarvia Ria Formosa.

Diz o Correio da Manhã que Coral e Kai… os futuros pais do futuro cão de água, que pode ser que acabe como futuro animal de estimação na Casa Branca… Coral e Kai, portanto, já se conheceram e estão visivelmente apaixonados. Visivelmente, já que os tratadores do casal os viram, ontem mesmo, em apaixonados amplexos amorosos. Há agora que esperar 3 semanas, para ver se a Coral ficou ou não grávida, ontem. O que se sabe já e entretanto é que há uma empresa de Coimbra que se ofereceu para fornecer gratuita e vitaliciamente toda a comida que o futuro cão de Barak Obama precise. Há claro, uma contrapartida. O cão tem de ser de raça portuguesa. A empresa, essa é portuguesa, apesar de representar uma marca sueca de comida para cães e gatos.

É também no Correio da Manhã, que ficamos a saber que a semana santa de Braga, enfim, o programa das festas para este ano foi apresentado ontem.

E com novidades. Diz o Correio, que os cónegos de Braga querem mais alegria nos festejos. Uma semana santa mais alegre.

Os tons de roxo carregado vão iluminar-se um pouco, as ornamentações das ruas tornar-se mais leves. A ideia é focar a festa mais na ressurreição de Cristo que no seu calvário e morte. Quanto ao resto, garantem que a qualidade dos festejos não vai ficar atrás dos anos anteriores. Pode até ser melhor, este ano. Mantém-se as tradicionais procissões, os farricocos e este ano, como novidade, o programa das festas inclui concertos de música clássica e teatro de rua. No caso, diz o Correio que se vai teatralizar o encontro do Senhor dos Passos com a Senhora das Dores.

Para os iniciados nos mistérios da via sacra será escusado explicar de que encontro se trata.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

as vacas da Moita em requisição civil

É uma breve no Diário de Notícias, que cita por seu lado o jornal on line Portugal Diário, e tem a ver com a campanha de promoção turística dos Açores, que por estes dias e até 25 de Janeiro está montada em vários espaços públicos de Lisboa. É difícil não dar por ela. Pelo menos pela enorme baleia sintética, que mergulhou em plena rotunda do Saldanha, ou o campo de golfe improvisado na praça dos Restauradores, ou, no caso que provoca a notícia, as 9 vacas cercadas na relva da Praça de Espanha. Cercadas no sentido que têm uma frágil cerca a delimitar-lhes o território onde foram colocadas, no passado dia 19, dia do arranque da campanha e que por lá irão ficar, ao relento que houver e até dia 25. Os protestos dos militantes da defesa dos animais já se ouvem. O jornal fala mesmo em revolta de algumas pessoas, contra as condições a que os animais estão expostos. Ainda mais com o tempo que vai fazendo. Frio, chuva e vento, uma invernia com todos os matadouros, esta!...

Pois diz Miguel Moutinho, da Associação Animal, que é um absurdo, a colocação de um pasto improvisado em plena praça de Espanha, no meio daquele trânsito frenético e ininterrupto.

Para esta têm, os responsáveis pela campanha, resposta… A “Brand Builders” – à letra : construtora de marcas - a consultora responsável pela campanha garante que os animais estão habituados à confusão do trânsito, mas que, ao primeiro sinal de stress, serão imediatamente retirados para sitio mais sossegado. Será que fica o espaço devoluto, ou substituem-se estas de carne e osso, por umas … ia a dizer de papelão, mas com esta chuva, é capaz de não ser boa ideia.(?)

Adiante. Adiante, que Miguel Moutinho faz ainda questão de lembrar que, para além do stress que este aparato pode provocar nos animais, há ainda as tais condições agrestes do tempo e mesmo o pasto que lhes arranjaram deixa muito a desejar, neste jogo de faz de conta. Porque afinal é mesmo um jogo de faz de conta. A baleia é sintética, o campo de golfe é de faz de conta e as vacas, apesar de carne e osso, são da Moita. Ou seja, dos Açores provavelmente nem nunca ouviram falar, nem sabem sequer se lá terão ainda alguém de família… A verdade é que poderia ter-se optado por colocar 9 vacas de faz de conta também, a fingir que pastam na praça de Espanha. Uma vez mais os mentores da campanha garantem que, no seu habitat natural, estas vacas da Moita estão habituadas a viver e dormir ao relento, faça chuva ou faça vento. Mas uma vez mais a resposta fica curta, para a questão que se deixa em aberto… E ela é esta: Porque é que só as vacas é que são verdadeiras?! Porque é que não se arregimentou também alguns voluntários, da Moita do Ribatejo, ou de Salvaterra de Magos, para jogar golfe nos Restauradores?!... E porque é que não se tirou a estátua do duque de Saldanha lá de cima daquele pedestal velho e sujo e não se abriu uma piscina para uma baleia verdadeira?! Não precisava de ser um espécime autóctone dos Açores. Na Moita talvez não haja baleias… em Salvaterra não as há de certeza, mas com um pequenino esforço haveria de se encontrar uma baleia, para levar a banhos para a rotunda do Saldanha. Essa, pelo menos da chuva, não se haveria de queixar. Mais água menos água, o que é isso para uma baleia ?...

Voltando á vaca fria. Ou, no caso, às vacas postas ao relento da Praça de Espanha…

Sabem porque é que os cães comem ossos?

Porque os bifes… como-os eu!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

estrondosamente, em cheio!

É notícia no JN e vem de Estarreja.

Eram umas 11 e meia da noite, no relógio da igreja de Fermelã, quando alguém deu com a misteriosa e muito suspeita caixa, abandonada nas escadarias da igreja. Foi anteontem. O jornal não vai ao pormenor de revelar a identidade de quem tropeçou no insólito achado. Nem lhe descreve o susto, mas garante que o alerta seguiu logo para a GNR, que tomou conta da ocorrência e mandou, de Viseu e de imediato, a Equipa de Inactivação de Engenhos Explosivos Improvisados… que isto já há especialização para tudo. Neste caso, a especialidade são os explosivos improvisados, vulgo, bombas artesanais.

E é disso que se trata, ou pelo menos era isso que se temia.

Àquela hora, nas escadas de uma igreja, abandonada e suspeita, aquela pequena caixa só podia conter uma bomba pronta a explodir. Foi essa a suspeita de quem tropeçou nela e esse o alarme que seguiu para o quartel da Guarda Republicana.

O JN cita um responsável da GNR, que justifica a operação com casos recentes. Por exemplo, a apreensão de armas e de uma granada, na região em causa… faz algum sentido, ou então, com este outro, da explosão de uma rebarbadora, que provocou a amputação de uma das mãos da vítima. E aqui é que já mais dificilmente se percebe a relação causa efeito… ou seja, que relação pode haver entre a explosão de uma rebarbadora, uma ferramenta electromecânica, e a explosão, ou ameaça de explosão, de uma bomba, mesmo de fabrico artesanal e caseiro, eventualmente abandonada, ou posta de propósito, nas escadarias de uma Igreja, pela calada da noite?!.... Será esse o sinal com que o terrorismo internacional, ou outro qualquer mais caseiro, se faz anunciar, rebentando rebarbadoras e berbequins, antes de avançar para acções mais espectaculares, como explodir arranha-céus, ou pequenas igrejas? … Não consta, que a rebarbadora de que se fala tenha sido explodida à bomba.

Segue depois a noticia, explicando que a Brigada de Inactivação de Explosivos Improvisados montou o perímetro de segurança , fez os testes habituais em situações semelhantes, radiografou a suspeita caixa e concluiu que lá dentro, em vez de explosivos, o que se encontrava eram chocolates. Pequenas bombinhas de chocolate, vulgarmente chamadas bombons. E de uma marca bem conhecida, aliás, o que para o caso, é absolutamente irrelevante. Remata o JN dizendo que, em face do que ficou revelado através dos raios X, a policia achou que não valia a pena rebentar o embrulho.

Consta também, que os bombons em causa já estavam fora do prazo, o que os tornava incomestíveis. Pelo que, se os tivessem feito saltar pelos ares à bomba, sempre se ganhava um belo e espectacular final para uma noite, que, segundo o JN, pareceu tirada de um filme.

Claro que a policia fez rigorosamente o que tinha de fazer, na situação que se lhe apresentava. A pessoa que fez a denúncia e lançou o alarme também terá cumprido o seu papel de cidadão responsável e atento… O patético de tudo isto é que, ou alguém inadvertidamente deixou cair uma caixa de bombons nas escadarias da igreja de Fermelã em Estarreja e alguém que passou julgou logo que era uma bomba…

Ou alguém, sabendo que os bombons já estavam fora do prazo, deitou fora a caixa para o chão, sem cuidado, abandonando-a onde calhou, no caso, as escadas da igreja… e isto não é distracção, é falta de educação…

Ou então, conhecendo bem a paróquia em que vive, alguém se quis divertir, a ver se alguém caía no embuste e tomava a caixa de bombons por uma ameaçadora bomba artesanal e se montava logo ali um aparato enorme para animar a noite e a freguesia…

Se foi essa, a ideia… Acertou em cheio.

Estrondosamente, em cheio.