sexta-feira, 3 de julho de 2009

olh'ó cão!

E agora a televisão.

No Jornal de Notícias, diz-se que uma rábula, do humorista Nilton, desagradou à GNR e ao ponto mesmo da RTP ter retirado da Internet o pequeno clip, que reproduzia essa mesma graçola.

E a graçola em causa… para o que mais importa… apresentava um oficial da Guarda Republicana como se fosse um cão, de coleira ao pescoço, seguindo servilmente a outra personagem da rábula. A corporação achou que estava a ser humilhada e por isso fez queixa à Autoridade Reguladora do sector, para que interviesse e forçasse a retirada do referido clip da Internet. E assim foi feito.

O programa, em que a rábula se incluiu, foi para o ar na semana passada, por volta da meia noite e, responsáveis pela RTP2, que tudo isto se passa no 2º canal à volta da meia noite… já disseram que nunca pensaram que, o vídeo em questão, fosse interpretado fora da nota humorística, que caracteriza o programa. O próprio humorista concorda que pisou terreno escorregadio e arriscado, mas que nunca foi intenção ofender ninguém.

Portanto, diz a RTP, que nunca pensou que a rábula fosse entendida fora do contexto humorístico… parte-se do princípio que , se a GNR, como tal o tivesse entendido,,, falo do tal contexto humorístico... talvez não houvesse problema… ou pelo menos, a RTP quer acreditar que não. Mas, talvez não tenha sido o que aconteceu… talvez então a GNR tenha levado a coisa à letra e por isso se tenha ofendido e exigido a retirada do vídeo do espaço público da Internet…

Bom, a GNR não sei, mas conheço muito boa gente que, se sentisse que lhe estavam mesmo e realmente a chamar cão e que não era nem brincadeira, nem para fazer caricatura ou denúncia de qualquer outra coisa mais … que geralmente é assim que as anedotas e outras pantominices funcionam… conheço muito boa gente que se interpretasse uma coisa destas fora do tal contexto, ou nota humorística que a RTP diz… haveria certamente de ir um pouco mais longe, do que exigir a retirada do vídeo da rede… estou em crer que haveria mesmo de pedir contas ao humorista, mas na barra do tribunal, por ofensa e calúnia e falta de respeito, pelo menos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

t'árrenego, Maria Pandilha!!!

E vamos à bruxa.

Mas antes, deixem que recorde um caso, que já foi notícia não há muito tempo.

O caso de duas burlonas, que foram apanhadas quando tentavam convencer um casal de idosos a enterrarem no quintal, um lenço com todas as economias e todo o “ouro” que tinham. Prometiam-lhes que, com o tempo e umas rezas, os valores enterrados no quintal haveriam de multiplicar-se magicamente. Valeu na altura a curiosidade da senhora do casal, que quis ver o que estava dentro do lenço antes de ele ser enterrado e descobriu que as burlonas já tinham feito a troca à socapa e se preparavam para enterrar um pano cheio de lixo e papeis sem valor, enquanto tinham já metido ao bolso o dinheiro e o “ouro” todo…

Hoje, a história de que o DN, o JN e o Correio da Manhã dão notícia envolve este Mestre Dami, nome com que se apresenta, Diamantino Juarez, um bruxo luso-brasileiro, de 51 anos, que ontem foi presente ao tribunal de S. João Novo, no Porto, acusado de burla, num total de 318 mil euros.

Diz o DN, que chorou e pediu perdão às vítimas e que está disposto a devolver todo o dinheiro ganho com a mentira. Disse também que o fez, porque precisava desesperadamente de dinheiro, para ir ao Brasil fazer uma operação.

Os jornais destacam o nome de duas das vítimas… passemos isso por cima e fixemo-nos só que uma delas, que perdeu 50 mil euros, é uma jovem repórter da televisão, relativamente conhecida, a outra vítima- e essa é que foi mesmo a mais prejudicada - foi uma economista, que diz que teve de pedir dinheiro emprestado, não tanto para pagar os serviços do bruxo, mestre Dami, mas para que ele realizasse o esconjuro. 210 mil euros, para que mestre Dami a livrasse de um alegado enguiço, ou feitiço, ou mau olhado, ou por aí.

Diz o JN, que a vítima entregou os 210 mil euros ao bruxo, em notas, que haveriam de ser fechadas numa caixa, juntamente com um coelho morto. O Correio da Manhã adianta que, na altura de fechar a caixa, o cliente tinha de fechar os olhos e era aí que a troca era feita. Pelo meio havia umas rezas, uns rituais e uma visita ao cemitério. Para que o engrimanço resultasse, a vítima (chamemos-lhe assim, que não é mentira, seja vítima de burla, ou de um alegado feitiço, é vítima, de qualquer modo…) para que resultasse, portanto, a vítima tinha de dormir durante 7 dias sobre a caixa, que continha o dinheiro, sendo que aí já só havia papel sem valor.

No essencial a história fica contada.

Agora, o que sobra é o facto de uma economista, e esqueçamos o facto de ela acreditar em bruxarias e engrimanços,,, o que sobra é que esta economista estaria preparada, segundo o Jornal de Notícias, para dormir 7 dias em cima, ou pelo menos muito perto de uma caixa com um coelho morto lá dentro. Aqui já não é uma questão de fé, é uma questão de bom senso e saúde pública. Diz o JN, que esta economista resolveu abrir a caixa antes de tempo e reparou que não havia dinheiro. Diz também que mestre Dami, na altura, lhe disse que o dinheiro tinha sido comido pelas larvas… a notícia aqui é omissa quanto à sorte do coelho morto e ainda bem, porque chegados aqui, a história corre o risco de começar a – como se diz – a feder.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

serviço público é fixe uma verdadeira cavalidade



Estava a fazer a barba, por isso ouvi só o que o homem dizia, sem lhe ver a cara. Por isso também e ficando só pelo conteúdo do que foi dito, chamemos-lhe simplesmente Cavalo*.

E o que estava em causa era uma denúncia, do PSD, a pedir explicações, porque a RTP, televisão pública, tinha dado três vezes mais tempo de antena ao PS e ao Governo, do que ao PSD, ele próprio. O homem, cujo rosto não vi e cuja identificação me escapou, que a televisão, nestes casos, usa o truque da legenda e eu, como já disse, estava a fazer a barba e não vi... o homem falava em nome do PSD e, já tínhamos combinado, para o caso vamos identificá-lo por Cavalo*.
Dizia então o Cavalo* que a televisão de serviço público, por essa mesma razão, não deveria ter dado três vezes mais tempo de antena ao PS e ao Governo do que ao PSD. Dizia o Cavalo,* que por uma razão de serviço público.
Ora, por uma questão de serviço público, seja lá essa merda o que for, espera-se que a RTP tenha bons profissionais que saibam distinguir, no granel da Redacção, entre o que é de utilidade e serviço público ser noticiado e o que não vale a pena, porque, quanto mais não seja, meter o Rossio na rua de Betesga, venha o primeiro... Acrescente-se a eventualidade de boa parte dessa informação ser mesmo o que se chama "merda", o que, só mesmo a falta de assunto, ou uma caçadeira apontada aos cornos justificariam ser tornada pública. Ainda na onda do serviço público, se há a quem, mais do que esperar-se, se exige que seja matéria de notícia, porque tem obra a apresentar, porque toma decisões de âmbito verdadeiramente nacional, porque tem a responsabilidade outorgada por voto popular, de gerir o que é a Coisa Pública, quem é obrigado por lei a prestar o verdadeiro serviço público, mais do que este, ou aquele partido, por muito bem intencionado que seja e por muito próximo que assumidamente esteja de assumir o Poder... Se há alguém nessa posição, é o Governo, de esperar seria que, o Governo, acabasse por ter, sem favor, mas por matéria de facto, mais tempo de antena, do que um anhuca qualquer. Seria, pelo menos, sinal de que estava a trabalhar e tinha notícias para ir dando ao povo.
Quanto a números, contas e proporções e estatísticas e o caralho... isso é que é um aborrecimento.
Porque, se o PS e o Governo tem 3 vezes mais que o PSD sozinho, quantas vezes mais, ou menos tiveram esses dois primeiros, em relação aos outros todos, menos o PSD e em relação só ao PCP e ao Bloco de Esquerda e em relação aos Verdes e ao CDS, mais os independentes e o PSD em relação aos outros todos, menos o CDS e o Governo e o PSD mais o Governo, menos o PS, mais os Verdes, menos a magrinha de óculos?... é o caralho, tinha avisado. Um aborrecimento, mesmo, perdoem-me a linguagem.
Regressemos à cena do serviço público.
Obrigar a RTP, ou a PlayboyTV a dar o mesmo tempo de antena ao PSD sozinho, do que ao PS e ao Governo, os dois juntos, revela que, pelo menos para o Cavalo* que falou, a televisão deveria ser, não tanto de serviço público, como ele disse, por engano, mas de serviço privado. De serviço ao partido dele, para poder perorar galhardamente nessa fuçanguice de ter sempre qualquer coisa para dizer, como o eco e os papagaios.

*nome fictício

terça-feira, 30 de junho de 2009

e o Coelho é do pai?...

Dizem os jornais, que há uma nova responsável, na canonização de Francisco e Jacinta Marto, dois dos alegados videntes da Virgem Maria, aliás, Nossa Senhora de Fátima.

Ângela de Fátima Coelho é médica no hospital de Leiria e Superiora da Comunidade de Fátima e é ela quem vai, a partir de agora, continuar o trabalho de Luís Kondor, um padre de 81 anos, que actualmente está doente e acamado e não pode continuar, de forma eficiente, o trabalho que tem em mãos já desde 1960, ou seja, a causa destes dois candidatos a santos, Francisco e Jacinta Marto.

Diz o jornal, que o facto de Ângela de Fátima ser médica, pode ser uma mais valia para a causa. Tem o "olho clínico"! Porque, o que está aqui em causa é descobrir uma cura milagrosa, que convença o Vaticano a canonizar os dois pastores. Uma cura, que a ciência médica não consiga explicar, ou pelo menos que Ângela de Fátima não consiga explicar, o que já será meio caminho andado para o Vaticano e daí para a santidade. Havia um episódio, com a alegada cura de um bebé de um ano que sofria de diabetes, mas consta que essa prova não foi conclusiva.

Nomeada adjunta do vice-postulador das causas, o padre Kondor, Ângela de Fátima diz que a meta é chegar à canonização, mas que de momento a tarefa que se impõe é a de continuar a difundir as virtudes da vida de Francisco e Jacinta Marto.

Ora, ambos morreram novos e isso é histórico. Jacinta morreu com 9 anos de idade e Francisco com 10, vítima da gripe espanhola, mas também os jejuns, a que se obrigava, diz-se que não terão ajudado muito, enfraquecendo-o ainda mais do que a pobreza, que se vivia na região e no país, por essa altura. Poderiam ser talvez, o que não parece, crianças – como se diz – irrequietas… ou mesmo, perdoe-se-me a quase blasfémia no contexto… um pouco endiabradas mesmo… coisa normal naquelas idades… mas nada que os condenasse às penas do Inferno… ou seja, com dez anos de idade, ainda está uma pessoa bastante próxima de deus e dos anjos , na sua inocência, ou pelo menos naquela ignorância, que a resguarda até da própria noção de pecado… Mas isso, nem vem ao caso. Porque o que está aqui em causa é descobrir milagres… ou pelo menos , fenómenos estranhos, que só um milagre explicam… Diz, a nova adjunta da causa, que no imediato há que continuar a divulgar as virtudes da vida de ambos os pastorinhos. Que há que promover , cada vez mais, o culto da vida e da piedade cristã dos pastorinhos… Claro que, se a missão for bem sucedida, acaba por tornar-se mais fácil, imputar à intervenção divina, ou miraculosa, dos pastorinhos, qualquer fenómeno inexplicável à luz da ciência actual… É necessário, claro também, que o agraciado reconheça, que na hora da aflição foi mesmo a Francisco e Jacinta, que recorreu e não à prima Lúcia, ou outro qualquer beato, ou mesmo santo, já com reconhecimento oficial. Porque não basta a cura, é forçoso, estou em crer, que seja… forçoso, que esse milagre seja , sem dúvida, imputado a um deles e não a qualquer outro ser, vivo, ou morto, santo, ou nem tanto…

Que de resto, das duas uma… ou uma pessoa ter visto de facto a Virgem-mãe de Deus, ter recebido conselhos e até ser nomeada fiel depositária de segredos tão importantes para a salvação do Homem... não vale nada . É coisa corriqueira e que pode acontecer a qualquer um e por isso são precisos acontecimentos ainda mais extraordinários, para que alguém mereça um destaque tão especial, como a própria santidade, reconhecida oficialmente, por quem decide a tão alto nível…

Ou então, não.

Ou então … o que aconteceu, naquele 13 de Maio de 1917 na Cova da Iría, foi realmente qualquer coisa de muito especial, que eleva os 3 pastores a um patamar muito acima de qualquer lei dos homens… pelo menos dessa, que decide quem é santo e quem não é.

queremos sangue!

A história conta-se depressa.

Um jovem universitário, cuja namorada queria acabar o namoro com ele, um certo dia, chamou-a à parte para conversarem e, como ela insistisse na separação, ele esfaqueou-a, escondeu o cadáver entre uns arbustos, meteu-se no carro e entregou-se à primeira brigada de GNR, que encontrou no caminho. “Prendam-me que eu matei uma pessoa.”

O tribunal de Coimbra… que a história passa-se em Coimbra, decretou uma pena de 16 anos de prisão para o jovem homicida. Houve quem reclamasse uma pena maior, mas a decisão final ficou-se pelos 16 anos, porque, no entender do tribunal, não havia razão para o agravamento da pena. A primeira condenação aconteceu já em Janeiro, agora, a notícia é mesmo que , na repetição do julgamento, o tribunal concluiu que não havia de facto razão para aumentar a pena, para os 22 anos pedidos pela Relação. A história vem em mais do que um jornal, desta terça feira. E com fotografias. No DN, vê-se o jovem algemado, mãos à frente do corpo, ladeado por dois polícias e olhando para o chão. A fotografia pode ter sido tirada à entrada, ou saída do tribunal…

O Correio da Manhã, que entretanto acrescenta mais um pormenor à história- e já vamos à fotografia… acrescenta, dizia, que ficou provado, que não houve premeditação no crime, apesar de não ser muito normal –digo eu - uma pessoa ir para a escola, com uma faca de cozinha no bolso… O Tribunal de Júri concluiu, que o objectivo do jovem era só tentar a reconciliação e o retomar do namoro, só que a conversa seguiu outro rumo e as coisas precipitaram-se. Diz-se , e citemos… “a convicção é que no período temporal anterior à conversa que o arguido e a vítima tiveram na véspera do crime nada nos diz que o arguido já tinha a intenção de matar…”

E a fotografia. A fotografia, que o Correio da Manhã publica, para ilustrar o veredicto final … Aqui, o jovem homicida aparece de mãos algemadas, mas neste caso atrás das costas. Veste uma T-Shirt clara , mas suja. Na gola, no peito, nas mangas... A foto é a preto e branco, mas tudo leva a crer que, aquelas manchas que lhe sujam a camisola e o próprio rosto em mais de metade, sejam de sangue. Diz a legenda: “O homicida, no dia do crime.” Atrás, vê-se uma fita de plástico, daquelas que a policia usa para isolar recintos em casos destes … donde , tudo leva a crer, que a foto foi tirada não só no dia, como também eventualmente no próprio local, ou muito perto do local do crime.

Saudemos o esforço e sejamos solidários com o jornal… Foi de facto pena… um bocadinho mais cedo e ainda tinham apanhado o flagrante delito. Isso sim é que era capa para arrasar com toda a concorrência, carago!

segunda-feira, 29 de junho de 2009


INTERMEZZO