quinta-feira, 2 de julho de 2009

t'árrenego, Maria Pandilha!!!

E vamos à bruxa.

Mas antes, deixem que recorde um caso, que já foi notícia não há muito tempo.

O caso de duas burlonas, que foram apanhadas quando tentavam convencer um casal de idosos a enterrarem no quintal, um lenço com todas as economias e todo o “ouro” que tinham. Prometiam-lhes que, com o tempo e umas rezas, os valores enterrados no quintal haveriam de multiplicar-se magicamente. Valeu na altura a curiosidade da senhora do casal, que quis ver o que estava dentro do lenço antes de ele ser enterrado e descobriu que as burlonas já tinham feito a troca à socapa e se preparavam para enterrar um pano cheio de lixo e papeis sem valor, enquanto tinham já metido ao bolso o dinheiro e o “ouro” todo…

Hoje, a história de que o DN, o JN e o Correio da Manhã dão notícia envolve este Mestre Dami, nome com que se apresenta, Diamantino Juarez, um bruxo luso-brasileiro, de 51 anos, que ontem foi presente ao tribunal de S. João Novo, no Porto, acusado de burla, num total de 318 mil euros.

Diz o DN, que chorou e pediu perdão às vítimas e que está disposto a devolver todo o dinheiro ganho com a mentira. Disse também que o fez, porque precisava desesperadamente de dinheiro, para ir ao Brasil fazer uma operação.

Os jornais destacam o nome de duas das vítimas… passemos isso por cima e fixemo-nos só que uma delas, que perdeu 50 mil euros, é uma jovem repórter da televisão, relativamente conhecida, a outra vítima- e essa é que foi mesmo a mais prejudicada - foi uma economista, que diz que teve de pedir dinheiro emprestado, não tanto para pagar os serviços do bruxo, mestre Dami, mas para que ele realizasse o esconjuro. 210 mil euros, para que mestre Dami a livrasse de um alegado enguiço, ou feitiço, ou mau olhado, ou por aí.

Diz o JN, que a vítima entregou os 210 mil euros ao bruxo, em notas, que haveriam de ser fechadas numa caixa, juntamente com um coelho morto. O Correio da Manhã adianta que, na altura de fechar a caixa, o cliente tinha de fechar os olhos e era aí que a troca era feita. Pelo meio havia umas rezas, uns rituais e uma visita ao cemitério. Para que o engrimanço resultasse, a vítima (chamemos-lhe assim, que não é mentira, seja vítima de burla, ou de um alegado feitiço, é vítima, de qualquer modo…) para que resultasse, portanto, a vítima tinha de dormir durante 7 dias sobre a caixa, que continha o dinheiro, sendo que aí já só havia papel sem valor.

No essencial a história fica contada.

Agora, o que sobra é o facto de uma economista, e esqueçamos o facto de ela acreditar em bruxarias e engrimanços,,, o que sobra é que esta economista estaria preparada, segundo o Jornal de Notícias, para dormir 7 dias em cima, ou pelo menos muito perto de uma caixa com um coelho morto lá dentro. Aqui já não é uma questão de fé, é uma questão de bom senso e saúde pública. Diz o JN, que esta economista resolveu abrir a caixa antes de tempo e reparou que não havia dinheiro. Diz também que mestre Dami, na altura, lhe disse que o dinheiro tinha sido comido pelas larvas… a notícia aqui é omissa quanto à sorte do coelho morto e ainda bem, porque chegados aqui, a história corre o risco de começar a – como se diz – a feder.

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