quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008




“Um sacerdote francês, de 57 anos, admitiu ter abusado sexualmente de 50 menores, dos 4 aos 15 anos, entre 1985 e 2000, noticiou o jornal "Le Parisien"”.É assim que abre a notícia do “JN”.
“Pierre Etienne A. confessou as agressões…” continua a notícia… Já repararam que o apelido do sacerdote foi omitido? Foi limitado à letra inicial… Pierre Etienne é bem capaz de haver muitos em França… Assim sendo, ao omitir o apelido é como se se dissesse, não dizendo.
Mas o caso que aqui nos trás nem é bem esse. É que, a noticia continua dizendo que a Comunidade, a que o padre pertence, saberia de tudo já desde 1998, mas que terá preferido calar-se e não denunciar o caso à Justiça!
Em entrevista ao “Parisien”, Pierre Etienne A. pede perdão às vítimas e assume a culpa. Muito católico será, já o mesmo não se poderá dizer da Comunidade que ocultou o crime. A Comunidade, já agora, que não é segredo, chama-se Beatitudes…
Diabo de nome mais a despropósito!

E os nomes fictícios!
Geralmente usam-se quando o caso é demasiado melindroso e envolve pessoas, que por qualquer razão, não querem que se saiba que é delas que se está a falar.
Neste caso aqui, as protagonistas são vítimas e não agressores e talvez porque o crime é de natureza sexual, o jornal resolveu identificar as protagonistas com nomes fictícios: Ana, Joana, Catarina, o que para o caso pouco adianta, porque elas não se chamam assim, ou antes, porque há tanta gente com esse nome, que podem ser qualquer pessoa. Depois e para o que importa, a noticia diz que são jovens adolescentes, na casa dos 15 / 17 anos, que foram obrigadas a prostituir-se por um suposto amigo. Um rapaz mais velho, que conheceram à saída da escola e que – segundo o “Jornal de Notícias” - acabou por forçá-las a prostituírem-se em plena rua – curioso que a rua, a menos que também seja um nome fictício – vem identificada. O alegado criminoso também, mas, também aqui não se diz se é ou não nome fictício. É verdade que não se lhe refere o apelido. Diz-se que se chama João… e João, como Pierre Etiennes em França, há muitos, em Portugal.
Bom, mas antes que me perca, que acho que já faltou mais… onde quero chegar é aqui.
Ana e Joanas, Joões e Etiennes há de facto muitos… Situações como estas de que aqui se fala é que – pelo menos deseja-se que – haja poucas! São situações excepcionais. Traumatizantes, na maioria dos casos. Coisas que quase parecem, por vezes, de outro mundo… Um padre que viola crianças de 4 anos?!. Um jovem que se insinua com simpatia para ganhar a amizade de umas miúdas adolescentes e que afinal se revela um vulgar proxeneta!...
A verdade é que – e neste caso é evidente – dar nomes fictícios às vítimas tem uma utilidade um pouco duvidosa. Experimentemos:
Três jovens adolescentes, entre os 15 e os 17 anos, foram obrigadas a prostituir-se, por um rapaz, que conheceram à saída da escola e lhes conquistou a amizade. O rapaz, de 22 anos, foi detido a semana passada, na sequência da denúncia de uma das jovens . Era sob a ameaça de violência física que o "falso amigo" as obrigava à prostituição, numa rua de Lisboa, ficando-lhes depois com o dinheiro ganho …
E então? Vai dar ao mesmo ou não?...
Ou então, dêem-lhes nomes, em vez de fictícios, extravagantes, pouco comuns! Coisa que fique no ouvido… Ermengarda – e que me perdoem as Ermengardas… Capitulina – o mesmo para as Capitulinas. Apolinária… Ou mais estranhos e raros ainda! Tão estranhos e raros como a própria situação em que os invocamos . Nomes inventados mesmo, coisas que não podem ser, que não fazem sentido: Zardoz! Funjigueta! SO4H5 !!!
Porque isto assim… e, desculpem ,mas vou ler: “Ana Joana e Catarina (nomes fictícios) de 15, 16 e 17 anos são amigas e andam na mesma escola. Depois das aulas, como qualquer jovem da sua idade, gostam de passear e estar com os amigos. No entanto, uma amizade com um colega mais velho valeu-lhes um passeio à realidade da prostituição, que durou semanas e deixou marcas…”
Já reparam o tempo que demorámos a chegar a qualquer coisa parecida com informação?... Isto depois do título gritar que se vai denunciar o caso de alguém que obrigava raparigas a prostituir-se?... O isco está lançado, vamos lá à literatura, que eles já não fogem… as Anas, as Joanas, os Etiennes…


E vem no site do “El Mundo”. O “Diário de Notícias” transcreve o essencial da história e a história, ela própria, vem de França, afinal…
“Sarkozi mantém a decisão de retirar publicidade.” De onde?... “Do sector audiovisual público francês” – o que, em bom português quer dizer: acabar com a publicidade na televisão pública.
A transição poderá ser feita de forma progressiva. Começando por retirar os anúncios a partir das 8 da noite e depois por aí fora, sendo que o Estado francês se propõe compensar cada euro perdido pela televisão. Para isso, constituiu-se uma comissão que está – segundo diz a notícia, com aspas e tudo: “a inventar a televisão do serviço público do século 21 e torná-la um exemplo para o mundo…”
Enfim, descontando esse pequeno chauvinismo do querer dar exemplos ao mundo… ficando só pela parte dos anúncios… quando for grande, quero ser francês!


E, já que estamos a falar de televisão, fica só e muito rapidamente esta pequena tabela, que os jornais se foram habituando a publicar, de há uns tempos para cá, certamente com algum propósito muitíssimo útil e interessante, para alguém, certamente… Falo das audiências diárias, semanais, shares, os acumulados e os outros, que também os deve haver…
Diz então o “DN” que, Sócrates ficou fora do Top Cinco (deveria ter dito Top Five?!...)
A entrevista de José Sócrates à “SIC”, segunda-feira passada, ficou em sexto lugar no top de audiências.
Espartilhada entre telejornais e telenovelas, a entrevista ficou-se pelos 12, 8% de share de audiência. Em 6º lugar, com menos 0,5 pontos percentuais que quem?.... Fernando Mendes e o “Preço Certo”! Meio pontinho apenas… Como diria o próprio Fernando Mendes, no popular concurso: “quer pensar melhor?...”

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