segunda-feira, 20 de julho de 2009

vá de retro... (em geral)


Antes que me esqueça, deixem que vos conte desta investigação em curso, da polícia de Nuremberga

Tudo por causa de um pequeno gnomo, de uma pequena estatueta de um gnomo exposta numa galeria da cidade. Acontece que o gnomo em causa, um dos 700 gnomos expostos, tem o braço direito esticado em frente … diz que, como se estivesse a fazer a saudação nazi. A lei alemã proíbe qualquer símbolo que remeta vagamente que seja para essa memória… É por isso que agora se pede ao autor da obra e ao dono da galeria que expliquem claramente qual o significado desse braço esticado… Esticado, como se estivesse a mandar parar um táxi, ou um autocarro.

Esta outra vem na última página do DN de hoje, a fotografia. Diz a legenda: Catadores da vergonha em Maputo. E a fotografia mostra 3 rapazes cobrindo o rosto com vergonha.

Chamam-lhes os catadores do lixo e chegam a ser aos milhares na lixeira do Hulene, que recebe todo o lixo da capital moçambicana. Mulheres, crianças procuram tudo o que possa ser reaproveitado em casa, ou vendido para reciclagem…

Este 3 rapazes, na fotografia, cobrem o rosto com vergonha, diz o jornal…

Que o dia nunca chegue, o dia em que estes rapazes se deixem fotografar de rosto descoberto. Já sem vergonha de serem apanhados a catar no meio do lixo, a sobrevivência… sem vergonha, resignados e vencidos e sem esperança.

E agora a gripe A e os rituais da missa católica.

Faz capa no Público hoje e diz que o cancelamento de rituais abre polémica na Igreja.

Ainda na capa lê-se que ontem, pelo menos nalgumas igrejas, o ar cheirava à solução alcoólica, com que os sacerdotes lavavam as mãos, no altar, antes de começarem a distribuir as hóstias… Diz que os ajudantes receberam instruções para lavar as mãos com água e sabão na sacristia , antes de as passarem pela tal solução alcoólica desinfectante.

Por causa do perigo de contágio, há cada vez menos pessoas a pedir aos sacerdotes a comunhão na boca… o que, convenhamos, se as mãos do sacerdote não estiverem convenientemente desinfectadas, de pouco deve adiantar… O que , aliás, levanta outra questão… onde se lê que os ajudantes da missa receberam instruções para lavarem as mãos antes da cerimónia… uma cerimónia que implica, como vimos manipular objectos de uso partilhado, ou mesmo hóstias, que hão-de ser ingeridas pelos fieis… ora, onde se lê, que receberam instruções para lavarem as mãos com água e sabão antes … deverá ler-se que, “antes” não o faziam? Ou que esse princípio básico de higiene era deixado ao livre arbítrio de cada um?...

Depois temos ainda D. José Policarpo, que no meio da polémica vem esclarecer o assunto com esta frase lapidar, que o Público transcreve… diz o patriarca de Lisboa que “a Pastoral da Saúde não tem competência para alterar ritos, nem para dar normas de alterações das regras da liturgia”…

Pois, a Pastoral da Saúde talvez não tenha, mas o bom senso e a saúde pública, pode ser que seja já outra conversa.

Porque, se o reino de Cristo não era deste mundo, o vírus AH1N1 é deste mundo e é neste mundo que ele faz os estragos. Um vírus sem deus nem Pátria, que não se intimida com esconjuros nem com exorcismos.

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