A história abrevia-se assim… foi ao hospital, queixando-se de uma hérnia na coxa e cinco dias depois morria, de um edema pulmonar, por erro de diagnóstico.
A família protestou e o tribunal acabou por condenar dois dos médicos envolvidos no processo. É a manchete de hoje no Jornal de Notícias: “Tribunal condena dois médicos por homicídio.”
“A negligência clínica provocou a morte de mulher de 76 anos, no hospital de Viseu”, explica depois o sub título… “o tribunal decretou uma multa de 25 mil euros a cada um dos dois médicos condenados”. A multa substitui assim , uma pena de prisão de 6 meses.
Ora, no desenvolvimento da notícia, conta-se um pouco do atribulado processo que levou à morte da senhora.
Chegou ao hospital de Viseu, no dia 16 de Julho de 2001- já lá vão 8 anos, portanto – o problema era uma hérnia crural estrangulada na coxa. Faltaria um quarto para o meio dia, mais ou menos. O problema da hérnia constava já no historial clínico da doente… nada de novo portanto. O problema eram as dores abdominais muito fortes, acompanhadas de vómitos e febre. Consta que, logo na triagem, a remeteram para o Centro de Saúde da área de residência, onde a medicaram como se tivesse apenas uma indigestão, provocada por qualquer coisa estragada, que tivesse comido e mandaram-na para casa. As dores não passaram , antes pelo contrário e a senhora voltou às urgências. Eram quase 8 da noite, nesse 19 de Julho – 3 dias depois… Foi então vista por estes dois cirurgiões, agora condenados… Disseram-lhe na altura que o problema era uma reacção aos anti inflamatórios e dispensaram exames complementares de diagnóstico. Diz o JN que , já com sinais de desidratação, a doente foi mandada para casa, com uma carta para o médico de família, aconselhando uma endoscopia.
Passados dois dias, a 21 de Julho, as dores violentas levaram-na a um médico particular, onde, diz o jornal, a senhora acabou por desfalecer a meio da consulta. O INEM levou-a de emergência para o hospital… directamente para a sala de ressuscitação.
Morreu no dia seguinte, logo pelas 7 e meia da manhã, de um edema pulmonar agudo.
Ao todo, havia 8 médicos implicados neste percurso e neste processo, mas o tribunal acabou por sentenciar apenas dois deles… O hospital foi também sancionado e obrigado a pagar uma indemnização de 16 mil euros à filha da vítima…
Ficou provado, que a morte se teria evitado com um diagnóstico correcto e uma terapia adequada.
Quanto à sentença… já vimos. 25 mil euros de multa a cada um dos médicos, para lhes evitar os tais 6 meses de prisão efectiva… Ficou também a perceber-se, que se passaram 8 anos, desde o dia dos acontecimentos, até ontem, dia em que foi conhecida a sentença do tribunal… mas isso talvez não seja assim tanto de espantar, a morosidade da Justiça... A interessante novidade é ficarmos a saber quanto custa em Portugal um crime de homicídio por negligência… 25 mil euros… ou, talvez mais correctamente, 66 mil euros…. 25 mil de cada médico, mais os 16 mil do hospital.
Outro pormenor – talvez despiciente – é este.
Lembram-se?... Faltava um quarto para o meio dia, quando a senhora foi pela primeira vez às Urgências… umas 8 da noite, quando lá voltou a segunda vez e a mandaram para casa, sem mais exames do que a recomendação, que fizesse uma endoscopia, que aquilo era estômago, ou por aí…
Onde quero chegar é aqui. Pelo sim, pelo não...não guardem as vossas urgências para as horas das refeições.
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