terça-feira, 23 de junho de 2009

o trolha e a loira burra

Confesso que não sei se o visado o fez nas páginas do próprio jornal, que protagonizou a ofensa. Se o fez ao abrigo de um qualquer direito de resposta, ou indignação. Fê-lo, contudo, no blog que mantém na Internet.

Pacheco Pereira, José Álvaro Machado Pacheco Pereira, historiador, professor universitário e político está indignado e exige um pedido de desculpas.

Mas vamos aos factos. E os factos recuam à edição de Sábado passado do jornal I, que puxava para manchete uma citação de Luís Filipe Menezes, em entrevista ao jornal… Lia-se na manchete- “Pacheco Pereira é a loira do PSD”. Aqui no DN está escrito – “loura” – enfim, é o mesmo, sendo que, acho eu, loura soa menos loira, que loira propiamente dito, mas é loura que aqui está e para o visado vai dar ao mesmo.

Pacheco Pereira não gostou do que leu e agora quer proibir a publicação da entrevista, que ele próprio, entretanto, deu também a este mesmo jornal. Como forma de protesto. Escreveu Pacheco Pereira, no blog pessoal, que não o surpreende a linguagem do autarca de Gaia, que o comparou a uma loura , mas que, um jornal que se pretende sério, escolha uma frase insultuosa para título... isso é afrontoso. Diz que acedeu, em conceder a entrevista, em parte por respeito à entrevistadora, a jornalista Maria João Avilez, mas que se sente enganado, quanto à seriedade do jornal e que, assim sendo, enquanto não houver um pedido de desculpas pela afronta, não autoriza a publicação da entrevista e que já o disse mesmo a Maria João Avilez…

O Diário de Notícias conferiu com algumas autoridades na matéria, desde Aarons de Carvalho, enquanto especialista e professor de Direito e Deontologia da Comunicação, até ao presidente do Conselho Deontológico dos Jornalistas e todos concordaram que, indignado pode estar, mas o que não pode é , legalmente, impedir a publicação da entrevista. Que os argumentos apresentados são paralelos à própria entrevista. Que é ao jornal, que compete decidir onde publicar e que título puxar, para a entrevista de Menezes, Pacheco, ou seja de quem for… Que a frase da polémica é uma citação do entrevistado, no caso, Luís Filipe Menezes e não um comentário, ou opinião do jornal…

E aqui, a verdade é esta… um dos bê à bás do jornalismo é justamente escolher para título “a frase” … aquilo que se destaca, seja pelo inédito, pelo horrível, pelo surpreendente, pelo importante, pela actualidade urgente, pela proximidade, pelo insólito, pelo controverso, pelo inesperado… enfim e em bom rigor também, pelo que mais obviamente impressiona o leitor de passagem e o faz parar e comprar este , em vez daquele jornal. Chamam-lhe, entre amigos… a lei do mercado. Dura lex, molaflex, como se diz...

Depois temos o insulto em si… a afronta, de que se queixa Pacheco Pereira. Sendo que aqui não se explica muito bem, de que afronta se queixa … De facto, pelo menos actualmente, loiro não é, loira ainda menos, que , muito mais que a barba na cara , tudo na fisionomia e vulto de Pacheco Pereira desfaz todas as dúvidas quanto ao sexo. É um homem, não uma mulher.

Sobra, claro, essa outra …a de se invocar a circunstância dessa coloração capilar, como sinónimo de menos clarividência, ou rapidez de raciocínio, ou alguma futilidade... o mito da loira burra. E isso, claro que é uma afronta… para as loiras, primeiro que tudo, para as mulheres em geral, logo a seguir, para quem lança a perfídia, por fim.

Enfim, é pelo menos uma graça de gosto duvidoso, se bem que as próprias pareçam conviver pacificamente com a blague… não havendo, para além disso, nenhum estudo científico, que comprove essa relação causa efeito…

De resto, espantemo-nos nós, já que o próprio diz que não se espanta e até já está habituado … citemos uma última vez Pacheco Pereira… “não me pronuncio, como é óbvio, sobre a entrevista de Menezes que está ao seu nível e que não me surpreende…”

Ora bem, diz que não se pronuncia e acabou por fazê-lo. Disse-o sem o dizer. Como Luís Filipe Menezes, afinal.

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