terça-feira, 16 de março de 2010

e toda a gente há-de agradecer e reconhecer que valeu o esforço...

Faz manchete no Jornal de Negócios, que os desempregados vão ser obrigados a cortes salariais de 29%...  começa por ser simplesmente bizarro... como é que um desempregado pode sofrer um corte no salário?!... Pois se está desempregado , em princípio não recebe salário.  Pode receber uma quantia variável de dinheiro, que o Estado lhe dê, enquanto está nessa situação de desemprego, mas a isso não se chama salário, mas sim subsídio. No caso, subsídio de desemprego. 
Mas , se continuarmos pelo sub título desta manchete , acabamos por perceber o que se passa. 
Diz o de Negócios, que o Governo se prepara para forçar os desempregados a aceitar ofertas de trabalho com salários muito inferiores ao que recebiam quanto estavam empregados... Continua, o jornal dizendo que , do que disse Teixeira dos Santos, decorre que os desempregados perderão o direito ao subsídio quando recusarem uma redução salarial até aos 29%.
O Jornal de Negócios conclui, afirmando que o objectivo do Governo neste caso...  e supõe-se que a ilação não seja do próprio jornal, mas antes resumida do que alguém em nome do Governo e em defesa desta medida terá dito...  o objectivo portanto será acelerar o regresso ao trabalho e, com isso, cortar nas despesas sociais...
Entendendo como despesas sociais o subsídio de desemprego, é bem possível que sim...  o mesmo se poderá eventualmente dizer também quanto ao regresso ao trabalho... e felizmente aqui e desta vez houve o bom senso de não utilizar o verbo "estimular", mas antes "acelerar"... é que também já se ouviu dizer que esta era uma forma de incentivar, ou estimular o regresso ao trabalho, para os desempregados...  mas assim soa bastante melhor.. uma forma de acelerar o regresso ao trabalho e à vida activa... e contributiva...
Na capa do I, a manchete diz que há 12 mil empregos que ninguém quer e que há uma solução de recurso para contornar a situação.. enfim, outra solução de recurso... que será ir reduzindo também e progressivamente o próprio subsídio de desemprego...
Ora então reduz-se o subsídio de desemprego, para que se torne menos aliciante em comparação, por exemplo, com uma oferta de emprego, que oferece um salário inferior em um terço, àquele que o cidadão ganhava antes de ser despedido...
As razões que o determinam já são mais que públicas... equilibrar as contas do Estado, reduzir despesas... com empenho e boa vontade consegue-se e toda a gente há-de agradecer e reconhecer que valeu o esforço... toda a gente, que entretanto não tiver emigrado à procura de trabalho lá fora...

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