segunda-feira, 15 de março de 2010

E quando se fala em acidente...

Diz, o Público, que em Portugal morre-se mais por suicídio, que por acidentes de viação. São conclusões do Instituto Nacional de Estatística... Dizem também alguns dos outros, que o caso do desaparecimento de Leandro, a criança de Mirandela, ganha agora uma nova explicação... a de acidente, em vez de suicídio... 
Seja como for, as buscas nas águas do Tua deram-se ontem por concluídas, sem que o corpo da criança tenha aparecido... daí, o Correio da Manhã dizer que morreu a esperança de encontrar a criança... o I cita o pai de Leandro: Agora já não é possível ter esperança... No Jornal de Notícias, a matéria, para além de merecer destaque apreciável logo na primeira página, desenvolve-se depois em duas páginas, onde toda a operação de busca e resgate  é descrita ao detalhe...  Quanto à família de Leandro, diz o JN que está frustrada com a ausência de corpo e de culpados...
Entretanto e como já vimos, o relatório da polícia aponta agora para a morte acidental da criança... Diz assim; Inquérito da PSP troca  suicídio por acidente... explica-se depois, que o inquérito do ministério da Educação refere uma falha grave no sistema de segurança da escola e que o tal relatório da polícia, que conduz a investigação judicial, aponta para acidente, em vez de suicídio...
Ora, se bem se lembram, ainda no final da semana passada, ouvimos dizer que   a real intenção de Leandro não seria tanto o pôr termo à vida, mas mais , o chamar a atenção... No caso, chamar a atenção para os maus tratos e violências várias a que os colegas alegadamente o submetiam e sujeitavam...
É de acreditar que, neste, como em muitos outros casos, seja essa a real intenção do suicida... chamar a atenção. Apenas isso... Nalguns casos, conseguem-no da forma mais definitiva...
É portanto fácil também de admitir e acreditar até, que Leandro não tivesse a noção consciente e esclarecida das consequências do que terá acabado por fazer... atirar-se ao rio...  uma criança de 12 anos há-de ter da morte e desta vida uma noção ainda um bocado em esboço, não acham?...  morrer, para um miúdo de 12 anos, há-de ser uma coisa ainda um pouco vaga...  Atirar-se ao rio e acabar mesmo por morrer...  neste caso e para quem o fez poderá parecer, por bizarro e insólito que soe... poderá parecer quase impossível! O  JN acrescenta aliás que, para a PSP, o mais certo é que Leandro nem reflectiu no que estava a fazer e se entrou na água era para voltar a sair, só que a corrente do rio foi mais forte...  Daí falar-se em acidente, descartando-se a terminologia até aqui utilizada... suicídio...
Foi então um acidente. Talvez um triste e lamentável acidente, mas um acidente.
E quando se fala em acidente.. diz o dicionário que se fala num acontecimento casual,  numa contingência, numa peripécia... peripécia, que por sua vez se pode definir como um caso estranho e imprevisto... pois estranho será.. agora imprevisto... há quem ache que imprevisto mesmo terá sido só o desfecho de toda esta história... se calhar, imprevisto mesmo e primeiro que todos, para  o próprio Leandro de Mirandela.
Só uma questão e já de saída. Ouviram já decerto anunciar, como causa de morte, a paragem cardíaca...  e não vos parece estranho?!... Ou seja, que outras causas de morte, em rigor , conheceis vós, para além da provocada pela morte cerebral e pela paragem cardíaca?...
A que propósito é que vem agora esta questão?  Por nada. Lembrei-me de perguntar.

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