terça-feira, 21 de fevereiro de 2006


& lançando os olhos p'rò altíssimo
muito p'r'além das estrêlas
vejo deus em toda a sua magnânime & extra brilhante maravilha
piscando-me o olho
um pequenino olho sacana
um pequenino olho vermelho
da cor exacta de quem já bebeu um copo a mais
& digo
pai meu pai
meu deus todo poderoso
que se foda a taça & bebamos
enjorquemo-nos pois à tua glória
o teu sangue redentor que jorre em cascata
em remissão dos nossos pecados mortais
directo p'las nossas goelas mortais
& sequiosas de vida eterna
pai meu pai
deus de todos os meus vícios
tu que tudo podes
decerto também pecas
tanto ou mais que eu
senão não serias deus
nem eu te poderia
não nunca jamais
adorar assim desta maneira
desesperada e sôfrega
com esta loucura com que te adoro
pai meu pai
tu que tudo sabes
só tu poderás alguma vez entender
esta minha asfixiante metafísica
pai meu pai
perdoa-me eu nunca te ter perdoado
mas tu
pai meu pai
perdoa poe perdoa blake
perdoa ginsberg
perdoa whitman
& o diabo ele próprio
& todos
todos todos
todos os pobres diabos
os poetas bêbados &
todos os teus amigos &
todos os meus amigos
de quem só eu posso ser amigo
porque mais ninguém os grama verdadeiramente
& LMFG & ALG &
VAM~VAM & VLS &
os amigos dos meus amigos &
os amigos dos amigos deles
& se puderes todos os outros
todos mesmo os que eu não gramo
vá lá vá lá
que eu também podia ser santo se tu quisesses
& vá lá vá lá
perdoa-me a mim também
a mim que de certo modo
até me estou cagando p'ra ti
p'rò teu perdão
& p'rà tua familia toda


& amén
se for possivel...

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