E parece que sim, que vai ser preciso ajustar os relógios atómicos do mundo inteiro, ao bater da meia-noite do próximo 31 de Dezembro.
É um acerto que se justifica pela necessidade de sincronizarmos, o nosso tempo, com a velocidade de rotação da Terra. À primeira vista, parece que andamos um pouco depressa demais. Não muito, mas enfim, um segundo a mais e há agora de reacertar o passo e os relógios de todo o mundo.
Acontece que – diz o Jornal de Notícias – a electrónica está a tornar a hora legal cada vez mais importante. E dá-se exemplos: transacções de dinheiro, ou documentos por via electrónica; compras de acções, cadernos de encargos para concursos de obras públicas, envio de documentos para os tribunais… São esses alguns dos exemplos, que o jornal escolhe para ilustrar a importância, que um segundo pode fazer nas nossas vidas.
Diz o jornal, que pode haver sérios conflitos de interesses, por causa disso.
Um exemplo ainda mais concreto do prejuízo é o de, quando, por exemplo, a Central de Compras do Estado começar a aceitar só concursos por via electrónica – o que vai acontecer em breve – pode haver quem perca algumas adjudicações se se atrasar, um segundo que seja. Também os Bancos e todo o mundo financeiro podem ser prejudicados seriamente. Aliás, diz o jornal que este é o sector mais afectado, por essa tal diferença de um pequeno segundo de tempo. Um grande imbróglio mesmo, remata o jornal.
Ora, se recuperarmos os exemplos acabados de citar, temos que as situações mais periclitantes, no cenário exposto, são quais?...
Vamos lá: transacções de dinheiro, ou envio de documentos, ou cadernos de encargos para obras públicas… podem sofrer com o atraso de um segundo. É óbvio. É óbvio que sim, para quem deixa tudo para a última hora – no caso, para o último segundo.
Mais: compras de acções . Aqui é óbvio, que deixar para o último segundo, só pode querer dizer que se está á espera que elas – as acções – baixem um pouco mais de preço no mercado, para avançar com a ordem de compra. E a isto chama-se especulação e ganância.
E aqui chegados e numa primeira leitura, temos então que os seriamente prejudicados com essa diferença de um segundo serão os gananciosos, os especuladores bolsistas e os que deixam sempre tudo para a última hora. Fazem uma grande falta à sociedade portuguesa?... A questão não é essa, nem seria, aliás, razão para não nos preocuparmos também com eles! Com um bocado de sorte, talvez sobrevivam até perceber a real importância de um segundo na vida de uma pessoa. É que , num segundo, pode a gente, por exemplo, apaixonar-se. Ou levar um tiro nos cornos!
Tem chamada de capa no Jornal de Negócios, que a SLN (Sociedade Lusa de Negócios) se prepara para processar o Banco de Portugal, por ter falhado na supervisão, que podia ter evitado o descalabro, que acabaria por levar, por tabela e consequência, à nacionalização do BPN – Banco Português de Negócios.
Os accionistas baseiam-se em pareceres jurídicos, que garantem que houve falha da supervisão do Banco Central,no caso das irregularidades cometidas no BPN, nos últimos 8 anos. Acham que o Banco de Portugal haveria de ter estado atento e agido a tempo e horas. E porque não o fez é que a situação chegou ao ponto a que todos sabemos. Portanto, pior que ter havido uma gestão fraudulenta, criminosa das contas do Banco… pior que isso, é a falta de supervisão do Banco Central, que deixou os bandidos actuarem impunemente.
Imaginemos um outro cenário. Al Capone processando o FBI, por não o ter impedido de fazer as falcatruas e bandidagens que o tornaram célebre. Ou o próprio Jack, o Estripador, a processar a Coroa britânica, por permitir a venda e uso de facas, em Inglaterra.
Ainda no Jornal de Negócios, a primeira página chama a atenção para as empresas portuguesas, que continuam sem crédito, apesar do aval do Estado, concedido aos bancos, justamente para esse propósito.
“Banca acusada de bloquear empréstimos às Pequenas e Médias Empresas”, acusa a manchete. Consta que, apenas a Caixa Geral de Depósitos terá usado as garantias do Estado, para financiar as empresas. As associações empresariais acusam mesmo a banca de estar a usar o aval do Estado apenas para reciclar créditos, ou financiar clientes "especiais" – chamemos-lhe assim, com aspas e tudo.
Sabe-se que o Governo já alertou a banca para este facto. Avisou mesmo que, se a garantia não for usada para os fins a que se propõe, congela-se tudo e retira-se o apoio.
Em tom quase paternal, foi-se dizendo que este dinheiro, esta garantia é para ser usada em benefício da economia nacional, através da recuperação das empresas que estão em maiores dificuldades de gestão. Em tom paternal, como quem diz… toma lá e agora não voltes a gastar o dinheiro todo em putas e caramelos…
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
é manchete de um dos jornais económicos de hoje, que, metade dos funcionários públicos trabalha sem objectivos. Trabalhar sem objectivos é fodido. Parece-me mesmo que não há nada mais parecido com a escravatura.
É impressão minha, ou o Teixeira dos Santos parece um jogador de futebol, a falar?!... Mas, atenção, que é só na maneira de falar. Na entoação que dá às frases. No ritmo do discurso, na pose, na atitude. Que, quanto ao conteúdo, apesar de ser, à sua maneira, tão vazio e inútil, tem substanciais diferenças que, tendo em conta a responsabilidade de cada um, acabam por não abonar grande coisa, em favor do ministro. Hoje, então, o homem esmerou-se. Estava inspirado. Perguntavam-lhe sobre a actual crise e as soluções que se vão inventando para fugir dela e fazia-se a comparação com o crash económico japonês, que deixou o país em crise arrastada e dolorosa. Sabem o que é que Teixeira dos Santos das Finanças respondeu?. Que não havia problema, nem comparação, porque na Europa -e por consequência e para o que nos interessa, Portugal também...) há mais transparência e maior rigor e solidez nas instituições. Ora, se o Teixeira fosse plantar couves p'ra Bruxelas!... Falar em transparência do sector financeiro aos gajos que acabaram de levar com as broncas do BPN, BPP, BCP e o caralho! Falar de rigor e solidez das instituições, quando o Banco Central Português, só p'ra não ficar absolutamente mal nesta puta de fotografia, acaba por admitir que, desculpem, mas, como o corno, foi o último a saber. Oh Teixeira, fica bem.
Vem no Correio da Manhã e só mesmo a deficiente impressão da fotografia, ou talvez a falta de fé, ou privilégio místico, nos impede de ver o que a senhora viu.
A senhora é norte-americana, da Florida e chama-se Pamela Latrimore e deve ter uma doença qualquer, que a obriga a submeter-se regularmente a exames de ressonância magnética. Consta que, sempre que vai levantar os exames, encomenda a sorte à Virgem Maria, na esperança que a Santa Mãe de Cristo a salve e guarde de más notícias. A devoção mantém-se há uma meia dúzia de anos, pelo menos… É o que conta o jornal, que era de há 6 anos, a “chapa”, que a enteada desta senhora estava a ver, quando reparou, desacatando-se fantástica no meio da imagem, a figura inequívoca da própria Virgem Maria!
Calcula-se o espanto das duas, mãe e filha… O milagre era de cortar a respiração a qualquer um. Confrontar-se assim uma pessoa, de repente, com a imagem revelada da Virgem Mãe de Cristo, numa vulgar radiografia obtida por ressonância magnética, é coisa para deixar qualquer um de joelhos. Quanto mais não seja, em agradecimento pela graça recebida. Porque as orações foram escutadas e atendidas até de forma personalizada. A própria entidade invocada fez questão de fazer-se revelar. De forma ínvia e difusa a olhos crus, mas faz. Porque, de qualquer maneira, o facto de, no caso, a Virgem Maria, a própria Mãe do Cristo, a segunda…
Há quem a considere mesmo a primeira figura do sagrado panteão da cristandade! Mas isso, são já contas de outros rosários não nos dispersemos, por amor de deus.
O facto, então, da Virgem se lhe revelar pessoalmente e de forma tão inequívoca, só pode querer dizer que, mais que ouvir as preces, a Virgem resolveu mostrar-lhe que tinha sido sensível às súplicas e lhe dava sinal de que lhe tinha perfilhado a causa e a angústia. Sinal de que lhe abria os braços e oferecia o colo meigo e maternal.
Foi então esta semana que a enteada da senhora Latrimore viu que, no meio daquele emaranhado inextricável de sombras e manchas iluminadas se destacava, sem sombra de dúvidas, a imagem iluminada da Virgem Maria.
E que fizeram? Guardaram religiosamente a imagem, para veneração e deo gratias?... Consagraram-na num pequeno altar doméstico?... Levaram-na à igreja, para que o padre a certificasse, a benzesse, a expusesse em local digno, no templo, para que todos os fiéis a pudessem venerar também?... Ou, pelo menos – e perdoe-se a vaidade do eventual sacerdote – pelo menos para orgulho da terra?... Que diabo! (perdão!) mas não será todos os dias, nem em qualquer sítio que se pode a gente orgulhar de tão fantástica e miraculosa manifestação !
Mas não. Nada disso, nem sequer pouco mais ou menos.
Diz o jornal que, o que a senhora fez, foi pôr de imediato a radiografia à venda na Internet. Num site de leilões on-line. Diz que é para juntar dinheiro para pagar as despesas médicas.
Estou em crer que, se a senhora Latrimore tivesse assaltado a própria caixa das esmolas da igreja local, a Virgem lhe haveria de perdoar bem mais depressa.
Está agendada para hoje, a apresentação pública deste projecto europeu, que se propõe levar a Internet de banda larga até ao fim do mundo.
Uma nova tecnologia, que vai democratizar a Internet – é o que diz a legenda da fotografia, que ilustra a notícia. Mas, à fotografia, lá iremos. Comecemos pela notícia.
E a notícia diz que, o projecto foi uma iniciativa do Instituto Pedro Nunes, organismo ligado à universidade de Coimbra. E que é em Coimbra justamente que hoje ele se apresenta. Internacional e europeu, já se disse, reuniu 12 instituições europeias e promete resolver alguns problemas em regiões remotas, que não têm acesso à banda larga.
O "N4C", como lhe chamaram, ao projecto, começou a ganhar forma em Maio deste ano e prolonga-se até 2011. Inicialmente foi pensado para empresários, preferencialmente do ramo das telecomunicações, transportes e novas tecnologias, mas também para políticos e Organizações não Governamentais… E trata-se afinal, este N4C, de um conceito. Uma filosofia. Uma nova filosofia da Internet – diz-se na nota de imprensa distribuída pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, anfitriã da apresentação pública do conceito.
E chamaram-lhe, com as devidas aspas: Mulas! Mulas, assim mesmo.
Mulas que tornem acessíveis as tecnologias da comunicação, em regiões perdidas no mapa. Mulas, que farão o transporte da informação entre essas zonas e regiões. Não em alforges de couro de vaca, mas antes na mais sofisticada fibra óptica, com acesso à Internet.
Sendo então que a "mula” de que se fala é, afinal, um dispositivo tecnológico, que pode ser instalado, por exemplo, num helicóptero de transporte de turistas – é o exemplo dado pelo jornal, o DN, ou nos veículos de transporte de pessoas ou mercadorias entre essas mesmas regiões, ou cidades, ou vilas, ou o que seja.
Diz-se que os alvos desta inovação tecnológica, desta nova filosofia, são sítios como a Lapónia, ou uma certa região montanhosa da Eslovénia, onde aliás se pensa pôr o conceito à prova, mas – conclui-se – é em África que se espera o maior impacto social.
Claro que tudo isto pressupõe que as localidades em questão tenham, no mínimo, um computador, mesmo que não tenham acesso à Internet. O que se passa é que, a tal “mula”, ao passar por esses sítios, recolhe desses, ou desse computador, a informação que houver a carregar, sejam e-mails, ou outros dados informáticos e leva-os depois para os descarregar num outro sítio, onde haja então ligação à rede.
O dispositivo recolhe essa informação através de uma ligação Wimax ou Wi-Fi – seja lá o que for, soa a coisa sem fios… - recolhe-a então de passagem, para a descarregar onde houver ligação à Internet e onde, recolhe, ao mesmo tempo, a informação que aí houver, para a debitar nas tais regiões isoladas, quando por lá voltar a passar.
A filosofia pode ser nova… o processo é que já é mais velho do que o Paris Dakar. Mais do que as próprias caravanas tuaregues do Magreb.
E por falar nisso, vamos à fotografia.
Já vimos, que a ideia é resolver, no futuro, alguns problemas em zonas recônditas e esquecidas do planeta. Já vimos, que África é onde se espera o maior impacto social, desta nova filosofia, ou conceito…
E depois, a fotografia que o jornal escolheu para ilustrar tão auspiciosa notícia mostra, de costas para nós, um jovem sentado a uma mesa, diante de um computador portátil. Faz todo o sentido. Acontece que, o jovem em questão, está a meio do que parece ser uma corrida de automóveis. Um jogo de computador, portanto. Parece ser, mas também pode ser que não. Pode ser que este jovem e esta fotografia nos estejam a mostrar que , com esta nova filosofia de democratização da Internet, num futuro próximo poderemos ficar a saber, quase em tempo real , como está o trânsito nas savanas do Zimbabwe.
“Não queremos ser contra só por ser. Não temos condições para nos pronunciarmos sobre o assunto com conhecimento. Mas, vender-se um terreno por mil euros, parece-me muito estranho.”
E quem assim fala é uma dirigente ambientalista, em reacção à manchete do Diário de Notícias de hoje. E diz assim, a manchete: “TVI compra 50 hectares em Sintra por mil euros.” Explica-se que, o terreno em causa, se destina à instalação da futura e assim chamada Cidade do Cinema – uma espécie de Hollywood à portuguesa… Acontece entretanto, que o terreno em causa se inclui na Reserva Ecológica Nacional – zona protegida, portanto. Já há um protocolo de intenções, assinado entre a Câmara de Sintra e os proprietários do terreno. Um protocolo que prevê e pressupõe uma candidatura do projecto ao PIN – ou seja, ao estatuto de projecto de (e vêm as maiúsculas) Potencial Interesse Nacional. Esta figura jurídica tem sido usada já em situações semelhantes, quando se quer desafectar reservas ecológicas e agrícolas, para que lhes seja dado outro uso, alegadamente, ao que se viu, de Potencial Interesse Nacional.
Ora os ambientalistas, já vimos, preferem não falar antes de conhecerem os pormenores do negócio em causa. O presidente da Câmara de Sintra disse ao DN, que quer investimento na autarquia. Quer que, a terceira Cidade do Cinema do Mundo, se construa em Sintra. Quer, depois de esclarecido o tal estatuto PIN, negociar com os proprietários do terreno as contrapartidas, por venda tão extraordinária… se bem se lembram estamos a falar de um lote de 50 hectares, à venda por mil euros…
É relativamente fácil perceber-se a razão da pechincha… se o terreno é reserva natural não se pode construir prédios de habitação, nem de serviços, nem fabriquetas de raça nenhuma. A menos que se conclua o Potencial Interesse Nacional do que ali se vier a construir. E aí, desde que as provas sejam convincentes, tanto faz que se construa uma cidade do cinema como uma aldeia dos macacos. A verdade é essa e é esse o ponto da situação – todos à espera que a Media Capital, proprietária da TVI, consiga convencer o governo do potencial interesse nacional de construir uma Cidade do Cinema em Sintra, nuns terrenos que até estão bastante em conta, porque são Reserva Ecológica e não se pode construir nada, a menos que seja uma coisa potencialmente interessante para o país, como um enorme estaleiro para rodar telenovelas e filmes de aventuras.
E poderíamos ficar por aí. Por essas duas interrogações simples. Primeiro, até que ponto Portugal precisa mesmo de uma cidade do cinema…
Segundo, atente-se na sigla PIN… e o que diz?... Potencial Interesse Nacional! Potencial, ou seja, que pode ser que sim… Pode ser. Mas não é certo.
E aqui, a ideia começou por ser usar a geringonça só com menores de 25 anos. Agora, as autoridades britânicas estão a considerar a hipótese de alargar o raio de acção, a gente de todas as idades. Mas vamos aos factos.
Chama-se "Mosquito", o polémico emissor de ultra sons, criado para lutar contra a delinquência juvenil no Reino Unido. O sistema foi introduzido no país há já 3 anos e funciona assim: instalado nas imediações de supermercados, por exemplo, ou outros locais onde os jovens habitualmente se reúnem, o aparelho emite uma frequência de 17 kiloherz. Uma alta-frequência que, ao que parece, é apenas perceptível por jovens menores de 25 anos. E audível de forma tão desagradável e incómoda que os leva a desmobilizar e deslocarem-se para outro sítio. Diz-se que a ideia é afastar delinquentes, mas também já se viu, que afasta toda a gente… menos os surdos, eventualmente. Mas não é certo. Certo é que já muita gente – em particular organizações de defesa dos direitos humanos – se insurgiu contra este Mosquito. Os inventores do aparelho dizem que é um direito que todos os comerciantes têm, o de não querer ajuntamentos à porta. Ajuntamentos que incluam jovens delinquentes, para já. Porque, como vimos, agora a ideia é alargar o campo de acção deste Mosquito a todas as idades. Uma vez mais, são os construtores do aparelho quem avança com a explicação: Diz que “muitas pessoas sem residência fixa têm mais de 25 anos e reúnem-se nas passagens subterrâneas. As empresas de segurança querem apenas mandá-los embora.”
Claro que a ideia – esta que vou dizer a seguir – seria bem mais eficiente, se bem que menos lucrativa para os fabricantes do Mosquito. Era, em vez de ultra sons, o Mosquito largar uma valente descarga de altíssima voltagem, que reduzisse os importunos a cinzas. Nunca mais se voltavam a reunir à porta de nenhum supermercado, nem de coisíssima nenhuma, para onde não fossem convidados.
Curioso que, em Portugal também, em tempos houve uma campanha semelhante. Com menos recursos tecnológicos, claro, que os tempos eram outros e o país também. Na altura, a coisa era quase artesanal, mesmo. Bastava um polícia fardado, para desmobilizar concentrações de mais de dois indivíduos. Era, na altura, considerada coisa muito suspeita. Sinal inequívoco das mais terríveis conspirações e sinistras malfeitorias. Até se dizia, por graça, que naqueles tempos, em Portugal, mais de 3 pessoas à conversa na rua, já era considerado um ajuntamento. Um perigoso ajuntamento.
Vem no DN: "Guerra de memoriais em jardins de Lisboa”.
O que se passa é que os vereadores do Movimento Cidadãos por Lisboa vão hoje pedir contas a António Costa, o presidente da Câmara, sobre a futura localização do monumento, o memorial às Vítimas da Estrada. A construção deste memorial às Vítimas da Estrada foi pedida já em Setembro do ano passado pelo então vereador Manuel João Ramos. A ideia inicial era colocá-lo no jardim do Arco do Cego; acontece que, entretanto, a Câmara terá explicado que no Arco do Cego não podia ser, mas que em alternativa cedia um lugarzinho na alameda central do parque Eduardo 7º.
Continua o DN explicando que, posteriormente, o movimento subscritor do memorial às Vítimas da Estrada ficou a saber que, se calhar, o parque Eduardo 7º também não vai poder ser, porque para aí está pensado colocar-se um outro memorial. No caso, a Aristides Sousa Mendes. O DN diz que, fontes do gabinete de Helena Roseta, querem ver a situação clarificada. Certamente que o leitor desta breve noticia do DN , também. Mas, se seguirmos para o parágrafo seguinte, depressa começamos a desistir dessa ideia. Quando não, deixem que vos leia: "Que há descoordenação na Câmara, há", disse ao DN, no domingo, António de Sousa Mendes, neto do cônsul de Portugal em Bordéus nos anos 40, comentando o facto de ter sido avisado em cima da hora, de que o memorial já não tinha lugar no jardim do Arco Cego – que vai receber um monumento ao escritor argentino Jorge Luís Borges – adiando a homenagem ao seu avô. Marcada para dia 10…” Alto aí! Então o memorial de Aristides Sousa Mendes não ia para o parque Eduardo 7º?! Não era isso que poderia destronar o outro, o das Vítimas da Estrada e mandá-lo não se sabe ainda para onde?..
Continua a noticia dizendo que Aristides Sousa Mendes vai então para o Parque Eduardo 7º. Diz a Câmara de Lisboa que lamenta a situação – eventualmente a que o neto do cônsul denunciou, de andar com o memorial em bolandas entre o Arco do Cego e o Parque Eduardo 7º… – mas que o diplomata será homenageado com dignidade.
Agora o Movimento Cidadãos por Lisboa reclama a prioridade, para a escolha do novo local, onde se há-de erguer o memorial às Vítimas da Estrada.
Como já reparam, e porque não era esse o foco da notícia, passamos galhardamente por cima da questão , que fica por isso em aberto: a do conceito de homenagem e que tipo de homenagem se pode fazer às vítimas da estrada… Homenagem pelo facto de terem morrido?! Por terem morrido em acidentes de viação?! Acidentes causados pelos próprios, ou por terceiros, o que para o caso pouco adianta?... Rende-se-lhes homenagem, com o mesmo espírito com que se rende homenagem, por exemplo, ao cônsul Sousa Mendes, que, esse sim, sabe toda a gente porque é que Portugal lhe deve respeito e homenagem?!...
Vem no JN, vem no Público, breve e discreta mas vem e diz assim: França propõe despenalização. Fica-se a saber, pelo ante-título, que é de homossexualidade que se fala. A França propõe então a despenalização mundial da homossexualidade. A proposta foi ontem apresentada e Paris espera vê-la aprovada em sede das Nações Unidas. O porta-voz do ministério francês dos negócios estrangeiros fez questão de lembrar que a homossexualidade é ainda condenada em 90 países, sendo que em dez deles, como o Afeganistão, Sudão, ou o Iémen, ela é castigada com a pena de morte. O pedido da França segue para a ONU em nome dos 27 países da União Europeia, cuja presidência pertence, como se sabe, actualmente à França. Acontece também que o Vaticano já se pronunciou.
Contra.
Adivinharam.
Agora os motivos apresentados pela Santa Sé… a ver. Diz o Vaticano que, despenalizar a homossexualidade, poderia levar à discriminação contra o casamento heterossexual e a um favorecimento dos casamentos homossexuais. Enfim, não parece que seja essa, concretamente essa a intenção do requerimento, nem que haja forçosamente uma relação causa – efeito tão evidente quanto isso, mas adiante.
No Público, os motivos da Santa Sé não vão tão longe no pormenor. Diz-se apenas que despenalizar a homossexualidade irá discriminar os que defendem que o casamento heterossexual é a origem da família. E aqui, como concordarão, é que caímos já no domínio da pura especulação filosófica. Ou, em linguagem mais comum: não tem nada a haver. A menos que os homossexuais caiam, a partir daí, nessa desastrada esparrela de entrar também eles em cruzadas fundamentalistas, a querer catequizar urbi et orbi e converter todo o mundo à homossexualidade. O que seria, para além de pouco original, de gosto muito duvidoso…
Porque, se falamos de discriminação e atentados contra valores supostamente sagrados, como a família e a pessoa humana, deixem que vos fale dos 24 corpos que deram à costa, nas praias do Iémen.
Emigrantes ilegais, terão sido lançados borda fora pelos traficantes, que os conduziam de barco desde a Somália. Segundo vários testemunhos seguiam a bordo 185 pessoas, numa embarcação que mal aguentava 50 passageiros. Os corpos, que deram mortos à costa, são de 24 desses emigrantes forçados pelos traficantes a abandonar a embarcação. Morreram afogados, os que não foram lançados à água, já feridos de morte a golpes de arma branca. É o que diz a notícia. 24 pessoas mortas de forma violenta quando tentavam alcançar a terra dos sonhos. A terra onde finalmente poderiam, quem sabe, constituir uma família e começar a acreditar em deus…
É capa do Diário de Notícias: John Lennon., o ex Beatle.
Vaticano perdoa a Lennon frase sobre Jesus. Diz no título. A frase, a que a legenda se refere, proferiu-a John Lennon há 42 anos, em 66, no auge da beatlemania. Disse que o grupo, os Beatles eram, na altura, mais populares do que Jesus Cristo e que nem sabia quem morreria primeiro, se o rock 'n roll, se o cristianismo. Ora isto caiu muito mal, não só no Vaticano, por maioria de razões , como também nos Estados Unidos.
Acontece então que, agora, na altura em que passam 40 anos sobre a publicação do famoso Álbum Branco, que muitos consideram o melhorzinho que os Beatles alguma vez fizeram, o Osservatore Romano dá voz a este perdão papal. A este indulto da Santa Sé às afirmações de John Lennon. Um perdão que se justifica com a euforia que se vivia na altura e com a juventude do próprio Lennon. Diz o Osservatore Romano que o desabafo de Lennon foi uma forma de gabarolice e exibicionismo por parte de um jovem músico inglês, pertencente às classes trabalhadoras, que cresceu na era de Elvis Presley e alcançou um sucesso inesperado.
O artigo do Osservatore ocupa uma boa meia página do jornal e adianta depois, a propósito do tal Álbum Branco, que é uma autêntica antologia musical mágica e que os Beatles conseguiram, in illo tempore, uma única e estranha alquimia de sons e palavras e que demonstraram uma extraordinária capacidade de sobrevivência…
Ora bem, o perdão do Vaticano às afirmações de John Lennon, é como o outro. Faria uma falta relativa, não só aos Beatles, ou ao que resta deles, como ao resto da humanidade em geral. Já quanto ao Álbum Branco… enfim, opiniões são opiniões e valem o que valem, como se costuma dizer. Já quanto aos Beatles terem conseguido esse feito extraordinário e único, essa estranha alquimia… esse é o segredo que nunca ninguém conseguiu ainda explicar… Há mesmo quem diga que a música é a linguagem dos deuses. Assim mesmo, no plural.
Já quanto à tal extraordinária capacidade de sobrevivência. Bom, aqui é mesmo falta de informação. Porque, meus irmãos, fenómeno de sobrevivência mesmo são os Rolling Stones, que ainda por aí andam, alive and kicking.
Casa Pia perto do fim – anuncia o JN em título.
Adianta depois, que dos 7 arguidos no processo, apenas Carlos Silvino confessou os crimes de que é acusado. Silvino é mesmo o principal arguido do processo. O ex motorista da Casa Pia é acusado de 600 crimes, aliás, mais de 600 crimes de abusos sexuais se menores.
Os outros 6 pronunciados enfrentam uma acusação um pouco mais leve – apesar de tudo…
Carlos Cruz: 5 crimes de abuso sexual de menores e um de actos homossexuais com adolescentes
Hugo Marçal: 22 crimes de lenocínio e 14 de abuso sexual de menores
Ferreira Diniz: 18 crimes de abuso sexual de crianças
Jorge Ritto: 9 crimes de abuso sexual de menores e dois de lenocínio
Manuel Abrantes: 43 crimes de abuso de pessoa internada, 5 de abuso sexual de menores e mais 2 de lenocínio e um de peculato.
E finalmente, Gertrudes Nunes, a dona da cada de Elvas é acusada de 35 crimes de lenocínio.
O Público e o Diário de Notícias resumem em números o que foram estes 6 anos de investigação e julgamento. Perto de 500 audiências. Mais de 1500 horas para ouvir 900 testemunhas (das cerca de duas mil indiciadas), apresentar 1800 requerimentos, coligir em 254 volumes mais de 60 mil folhas e quase 600 documentos apensos. 143 recursos interpostos e 32 pessoas identificadas como vítimas.
Diz ainda o DN, que novos documentos, entretanto apensos ao processo, podem adiar, por mais uns dez dias, esta fase das alegações finais. Enfim, mais um adiamento, menos um adiamento…
Seja como for, hoje e amanhã, o tribunal ouve as alegações do Ministério Público… dia 9, de amanhã a 8 dias portanto, será a vez da Defesa apresentar os seus argumentos. O acórdão final só será conhecido para o ano.
O JN relembra que o chamado "Escândalo da Casa Pia" rebentou no dia 23 de Novembro de 2002, quando um ex aluno acusou algumas figuras públicas e um funcionário da instituição, Carlos Silvino, de o terem abusado sexualmente.
Carlos Silvino, que como já vimos surge neste processo acusado de mais de 600 crimes. Carlos Silvino que foi, até ao momento o único a confessar e a reconhecer as acusações que o denunciam….
Diz o jornal que foi em Novembro de 2002 que rebentou o escândalo da Casa Pia. E diz também que só para o ano é que será conhecido o acórdão final de todo o processo. Esperemos então que, para o ano, os jornais não tenham de escrever que rebentou mais um escândalo na Casa Pia… ou seja, que depois de 6 anos de investigações e julgamento não acabe por se concluir que Carlos Silvino andou a transportar crianças, como ele próprio reconheceu, para sítios que existem, mas afinal não existem e onde não se passava nada.
Sim, claro, a presunção de inocência. Então porque é que o Correio da Manhã puxa para a capa a noticia de que Hugo Marçal está colocado numa escola com jovens?! Qual é o problema? Realmente, qual é o problema?! E depois, também em verdade estou em crer que, nem que fosse um pedófilo compulsivo e sem cura, mandaria o bom senso que refreasse um pouco os instintos pelo menos enquanto o processo não é encerrado de vez. Uma questão de prudência, talvez… De preservação da espécie.
A Policia Judiciária anda à procura de um homem entre os 25 e os 30 anos, suspeito de ter praticado um crime grave. As fotografias que os jornais publicam mostram-no sempre no metropolitano. Ora dentro de uma carruagem, ora passeando pelo cais de embarque. Nalguns jornais descreve-se a forma como se vestia à altura dos factos, que a notícia garante desconhecer quais tenham sido, mas garante também que foi coisa grave. O alerta da polícia terá chegado às redacções com carácter de urgência. Por isso, o 24Horas, por exemplo, publica a notícia discretamente, numa coluna perdida a um canto da página 15…
O DN empurra-a para a página 27, entre o incêndio que destruiu uma tipografia em Oliveira de Azeméis e o octogenário que se aleijou, ao cair num regato, na rua do Grijó, no Porto. Faltava um quarto para as 3 da tarde, diz o DN.
No Público e JN não o consegui ver, ao tal procurado pela Judiciária com carácter de urgência…
No Correio da Manhã ele lá está de volta…a fechar a edição. Na penúltima página, discreto entre cartoons, anedotas e os resultados da lotaria popular. Ele lá está em fotografia tosca de câmara de vigilância. Uma fotografia onde aparece segurando-se nos varões das cadeiras e olhando directamente para a câmara, dentro de uma carruagem do metropolitano de Lisboa. A Judiciária procura-o com urgência e acusa-o de crime grave e pede a ajuda dos jornais e da população…
Os jornais, já vimos que não lhe deram destaque de primeira página… talvez o alarme não o justificasse. Pode dar-se também o caso de não se querer alarmar os leitores, sem necessidade. Não lhe dão também o privilégio da última página… a urgência da última hora… em vez disso, uns ignoraram o apelo, outros publicaram-no lá pelo miolo do jornal, onde corre o risco de passar meio despercebido. O Correio da Manhã puxa-o para a página de fecho, ao lado das anedotas… sim que a última mesmo...
A de última hora, onde se publicam aquelas notícias que já não houve tempo para enquadrar de forma mais digna, ou especial, mas que, pela sua real importância não podiam esperar para ser publicadas no dia seguinte… aí, o Correio da Manhã de hoje publica, entre outras, o sorteio da lotaria popular, para quem não o viu na página anterior e esta história – ah sim!, esta história…que poderia abrir campo a um interessante e profundo debate.
Diz o título, que foi em Peniche que um cão atacou um homem. Um homem de meia-idade que foi mordido ontem por um cão de grande porte na via pública, em Peniche e transportado ao hospital com ferimentos na mão e num braço. O caso terá sido mesmo sério, já que teve de ser operado e diz o jornal que pode mesmo vir a perder um dedo, por causa de tudo o que lhe aconteceu.
O debate que falta é o de esclarecer, de uma vez por todas, a partir de que preciso e exacto momento é que, o cão que morde o homem, passa a ser notícia?...
Há perguntas que se fazem, que, como se costuma dizer… sinceramente.
Ora a pergunta que se faz hoje na capa do Público é se podemos trazer os mamutes de volta à terra e ao nosso saudável convívio…
Poder… poderia… só que dá muito trabalho.
O que se passa é que se acaba de conseguir – feito notável – determinar a imensa sequência genética do mamute, parente pré-histórico do elefante, extinto – o mamute, claro – vai para uns 10 mil anos.
Dois investigadores da Universidade da Pensilvânia conseguiram reconstituir a – diz que – gigantesca molécula de ADN contida no núcleo das células do mamute. É o primeiro genoma de um animal de uma espécie extinta.
Prodígios da técnica. Até agora era uma tarefa quase impossível… ler os 4 mil milhões de letras da sequência genética do ADN do núcleo celular, onde se encontra a esmagadora maioria dos genes – que, no mamute – explica o Público – são 20 mil, ou perto disso. Os investigadores da Pensilvânia dizem que por enquanto é só um esboço. Um rascunho incompleto.
Um esboço conseguido a partir de uma bola de pelo pré histórica, como lhe chama o jornal. E foi o que aconteceu. Os cientistas trabalharam a partir de pelo de duas múmias de mamutes. Uma com 20 mil anos, a outra com 60 mil anos, ambas resgatadas na Sibéria, para onde aliás, reza a História e garantem os estudos científicos, os mamutes se terão deslocado, em busca de melhores condições de vida. Eles, que apareceram na terra há milhão e meio de anos e que por cá ficaram até há coisa de 10 mil anos, quando a espécie acabou por extinguir por completo…
Uma coisa parece certa. Desta vez a culpa não foi do homem. Já que há 10 mil anos não havia presença humana na Sibéria. Outra conclusão que se torna evidente a partir de agora é que os actuais elefantes são mais parecidos com os extintos mamutes do que se pensava. A grande vitória, para já e que merece o destaque e as honras da revista Nature é concluir-se que se consegue sim senhor sequenciar o ADN de espécies extintas. E por isso mesmo os cientistas preparam já a próxima etapa… sequenciar na totalidade o genoma do homem de Neandertal, extinto há 30 mil anos.
E a tal pergunta. A partir de agora, então, será possível fazer um mamute a partir desse ADN… Os cientistas respondem que possível será… mas que primeiro seria preciso definir quais os genes, sintetizar os cromossomas a partir das sequências definidas, colocar esses cromossomas dentro de um invólucro nuclear adequado, transferir esse núcleo para um ovócito compatível – em principio o de uma elefanta… o que também parece que não haveria de ser fácil… e transferir o embrião para um útero. Haveria ainda que criar vários indivíduos e introduzir neles algumas variações genéticas, para não gerar apenas clones, mas criaturas com individualidade própria. Por último, há que perceber que, mesmo assim, não se haveria de poder falar com propriedade de mamutes totalmente autênticos, ou pelo menos da mesma estirpe dos que se extinguiram há 10 mil anos… estes seriam quanto muito uns híbridos… ali entre o mamute pré histórico e o elefante contemporâneo…
Portanto, poder… podia-se. O problema … e este sim é que é o último… o último mas não o menos decisivo… o problema seria que, largá-los na natureza assim sem mais, seria arriscado… colocá-los em habitats naturais adequados ao efeito… dizem que iria gerar um pequeno caos ecológico.
Ora portanto e posto isto, voltando à pergunta… será possível ressuscitá-los um dia?...Podemos trazer de volta os mamutes ao nosso convívio?...
Sim, nós podemos. Mais alguma pergunta?...
BPP – o banco privado português foi o primeiro a usar o apoio do Estado… Puxa o Público para a capa, que o banco pediu um aval a financiamento de 750 milhões de euros para repor a liquidez…
O JN diz que a Câmara de Lisboa vai vender uns terrenos, avaliados em 10 milhões de euros, para sanar o passivo da EPUL. Um défice que ultrapassa esse valor e que se deve a erros graves de contabilidade…
O Parlamento da Madeira, escreve o Diário de Notícias, vai custar 17 milhões de euros, o ano que vem…
Os consumidores domésticos de electricidade, em Portugal, escreve ainda o DN, desperdiçam em energia, por ano, o equivalente a 174 milhões de euros…
O Correio da Manhã diz que o aumento exponencial do crédito mal parado compromete e penaliza os bancos portugueses e que as dívidas podem subir até aos 8 mil milhões de euros…
Na capa do Diário Económico anuncia-se que o Estado português tem 262 milhões de euros para promover funcionários. Está no Orçamento para o ano que vem… 262 milhões para progressões na carreira por bom desempenho e novas contratações de funcionários públicos…
A Comissão Europeia, essa acaba de anunciar que o chamado Plano de Estímulo terá fundos de 130 mil milhões de euros e será apresentado a 26 deste mês…
E as Nações Unidas precisam de 5 mil milhões de euros. Não para salvar nenhum banco da falência, não para promover ou contratar novos funcionários públicos, não para remendar buracos financeiros abertos por má gestão, ou más práticas…
Não. A ONU precisa de 5 mil milhões de euros para garantir a ajuda humanitária a 30 milhões de pessoas em 31 países… O apelo foi ontem lançado em Genebra.
Tem tudo a ver. Tem tudo a ver com a realização do Simpósio sobre Privacidade, Identificação e Vigilância. O Simpósio Internacional que hoje começa no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. … A Sociedade Vigilante: Privacidade, Identificação e Vigilância são as matérias em apreço, hoje e amanhã, neste encontro.
O jornal Público dá a notícia e começa a prosa com este alerta: que não, que não estamos de facto numa sociedade orwellliana, sob o olho omnividente de um qualquer Big Brother, mas que, é preciso sim, estar atento às letras pequenas dos contratos de adesão a cartões de pontos de supermercados e gasolineiras, por exemplo, para impedir que dados pessoais comecem a circular em bases de dados e daí, sabe-se lá para onde…
O jornal ouviu a organizadora do Simpósio, Catarina Fróis. A investigadora desdramatiza um pouco a situação e concorda que, apesar de tudo, Portugal não se compara ainda a uma Inglaterra, onde os cidadãos chegam a ser apanhados, em média umas 300 vezes por dia, por câmaras de vídeo vigilância. O que não quer dizer – faz ela questão em nos lembrar – que Portugal não esteja a acompanhar esta tendência mundial e que por isso, é bom que os portugueses tomem consciência do que está aqui em causa, nos novos sistemas e processos de vigilância. Catarina Fróis admite que Portugal é até um país com leis bastante protectoras da privacidade dos cidadãos, mas …
E nestas coisas, então em Portugal!... Há sempre um mas. Diz Catarina Fróis que, por exemplo, o Cartão do Cidadão... È verdade que sim, que há-de ser muito mais prático ter apenas um cartão, em vez de uns 4 ou 5… Um cartão único que identifique o cidadão nas finanças, na segurança social, no registo criminal… por aí, sendo que – como Catarina Fróis sublinha, os dados não sendo cruzáveis, por exemplo entre as finanças e a saúde –é o exemplo dado, nada garante que no futuro isso não possa vir a acontecer… e isso é que a investigadora Catarina Fróis teme, como eventual invasão de privacidade… Por outro lado – e isto já não é Catarina Fróis a falar… por outro lado, se certos organismos públicos portugueses cruzassem um bocadinho mais informação entre si, poupariam muito trabalho ao cidadão, poupariam muita burocracia modorrenta e ineficaz …
Voltemos a Catarina Fróis… no caso, aos chips para as matrículas dos automóveis. A ideia é localizar carros roubados, mas há quem não queira que se saiba por onde andou, com o carro, mesmo o carro próprio. Há quem não goste que se saiba. Não por nada em especial, só não quer que se saiba…
Quanto às câmaras de vigilância, há quem diga que não servem para nada, se a ideia é a prevenção do crime; há também quem diga que tranquiliza as pessoas e as faz sentir mais seguras, sabendo que estão a ser vigiadas por uma câmara de vídeo…
Pois, quanto às de vídeo, não sei, nem se o cidadão português se sente mais incomodado, ou protegido… agora as outras as de televisão... Essas não parecem assustar nem ofender a privacidade de ninguém. É conferir as coisas que se vão dizendo e ouvindo e confessando e revelando de forma desbragada, às vezes obscena, nas televisões de grande audiência nacional. E tudo, o mais das vezes, a troco de uns patacos, ou 15 minutos de fama.
E na última página do 24 Horas de hoje anuncia-se, em letra gorda, que há um comerciante em Vinhais de Trás-os-Montes, que quer acabar com a ASAE. Diz que já foi mesmo pedida a inconstitucionalidade do organismo.
Ora os factos… os factos remontam a Janeiro de 2007, quando os inspectores da Segurança Alimentar e Económica visitaram este supermercado e verificaram que havia irregularidades na congelação de alguns alimentos. Na altura, foi passada a contra ordenação. O comerciante foi constituído arguido em processo-crime e detido. O caso seguiu para tribunal e foi justamente o advogado deste comerciante quem teve a ideia. A ideia de pedir a inconstitucionalidade da ASAE. Baseia-se, o advogado, no facto de organismos como a PSP, a GNR, ou a polícia judiciária terem sido criados por lei aprovada em sede parlamentar. E que, por isso, para agir como uma vulgar polícia, também a ASAE haveria de ter seguido um percurso semelhante, que lhe validasse a autoridade. O que não aconteceu. A ASAE foi criada por decreto do Governo e dispensou aprovação no Parlamento.
O advogado deste comerciante transmontano acha que o argumento tem base que chegue para vencer a causa, na barra do tribunal de Vinhais. O que, a acontecer, obrigaria eventualmente a suspender de imediato toda a acção da ASAE, até que a situação legal fosse regularizada.
E até lá?!... Ou, aliás e antes disso… os tais alimentos mal congelados?... Quem responde por eles?... Ou não é preciso?! E não é preciso porque, afinal e em bom rigor, estava tudo em ordem e não havia lugar, nem pretexto para contra-ordenações. Estava tudo em ordem e em condições de ser vendido, e consumido sem risco para a saúde de ninguém… porque, afinal, foi só a má vontade, a má fé, a embirração, ou, se quisermos, um certo excesso de zelo, que levou a inspecção a processar o dono deste supermercado de Vinhais… e, se foi esse o caso, esses argumentos – o da má fé, da embirração, do erro de avaliação da ASAE – não seriam por si só suficientes para sustentar uma defesa eficaz, sem ter, este advogado minucioso, de levantar lebres destas?...
E no Diário de Notícias o alarme é que “a SLN precisa já de 150 milhões para sobreviver.”
Acreditamos que sim, que contas destas, alguém creditado para isso as deve ter já feito, com prova dos nove e tudo. O que fica por esclarecer é: o que perderia realmente o país e a economia nacional se a Sociedade Lusa de Negócios acabasse por sucumbir à crise…
E na página ao lado, diz o DN que mais de 10 gestores de topo apresentaram a demissão. Administradores de topo de várias empresas do grupo SLN. Diz, o DN, que “a recente dedicação da equipa de Miguel Cadilhe à Sociedade Lusa de Negócios enfrenta essa dificuldade adicional… é que desde que o BPN foi nacionalizado, mais de 10 administradores de topo apresentaram o pedido de demissão… (Rodeemos aqui a metáfora dos ratinhos e dos navios que se afundam… Vamos a números.) “…O maior número de saídas ter-se-á registado na área da saúde, mas as empresas do ramo imobiliário também já registaram algumas baixas. Segundo fonte da SLN, alguns administradores ficaram descontentes com a forma como a vida do grupo foi conduzida nos últimos meses, com uma atenção especial para a situação do BPN.”
E assim mesmo é que se poda! Se estes administradores estavam descontentes com a forma como o grupo a que pertencem foi administrado nos últimos meses, só lhes restava uma saída: demitir a administração.
O que, aparentemente e de forma um pouco enviesada, terão acabado por fazer, ou estão fazendo.