Há perguntas que se fazem, que, como se costuma dizer… sinceramente.
Ora a pergunta que se faz hoje na capa do Público é se podemos trazer os mamutes de volta à terra e ao nosso saudável convívio…
Poder… poderia… só que dá muito trabalho.
O que se passa é que se acaba de conseguir – feito notável – determinar a imensa sequência genética do mamute, parente pré-histórico do elefante, extinto – o mamute, claro – vai para uns 10 mil anos.
Dois investigadores da Universidade da Pensilvânia conseguiram reconstituir a – diz que – gigantesca molécula de ADN contida no núcleo das células do mamute. É o primeiro genoma de um animal de uma espécie extinta.
Prodígios da técnica. Até agora era uma tarefa quase impossível… ler os 4 mil milhões de letras da sequência genética do ADN do núcleo celular, onde se encontra a esmagadora maioria dos genes – que, no mamute – explica o Público – são 20 mil, ou perto disso. Os investigadores da Pensilvânia dizem que por enquanto é só um esboço. Um rascunho incompleto.
Um esboço conseguido a partir de uma bola de pelo pré histórica, como lhe chama o jornal. E foi o que aconteceu. Os cientistas trabalharam a partir de pelo de duas múmias de mamutes. Uma com 20 mil anos, a outra com 60 mil anos, ambas resgatadas na Sibéria, para onde aliás, reza a História e garantem os estudos científicos, os mamutes se terão deslocado, em busca de melhores condições de vida. Eles, que apareceram na terra há milhão e meio de anos e que por cá ficaram até há coisa de 10 mil anos, quando a espécie acabou por extinguir por completo…
Uma coisa parece certa. Desta vez a culpa não foi do homem. Já que há 10 mil anos não havia presença humana na Sibéria. Outra conclusão que se torna evidente a partir de agora é que os actuais elefantes são mais parecidos com os extintos mamutes do que se pensava. A grande vitória, para já e que merece o destaque e as honras da revista Nature é concluir-se que se consegue sim senhor sequenciar o ADN de espécies extintas. E por isso mesmo os cientistas preparam já a próxima etapa… sequenciar na totalidade o genoma do homem de Neandertal, extinto há 30 mil anos.
E a tal pergunta. A partir de agora, então, será possível fazer um mamute a partir desse ADN… Os cientistas respondem que possível será… mas que primeiro seria preciso definir quais os genes, sintetizar os cromossomas a partir das sequências definidas, colocar esses cromossomas dentro de um invólucro nuclear adequado, transferir esse núcleo para um ovócito compatível – em principio o de uma elefanta… o que também parece que não haveria de ser fácil… e transferir o embrião para um útero. Haveria ainda que criar vários indivíduos e introduzir neles algumas variações genéticas, para não gerar apenas clones, mas criaturas com individualidade própria. Por último, há que perceber que, mesmo assim, não se haveria de poder falar com propriedade de mamutes totalmente autênticos, ou pelo menos da mesma estirpe dos que se extinguiram há 10 mil anos… estes seriam quanto muito uns híbridos… ali entre o mamute pré histórico e o elefante contemporâneo…
Portanto, poder… podia-se. O problema … e este sim é que é o último… o último mas não o menos decisivo… o problema seria que, largá-los na natureza assim sem mais, seria arriscado… colocá-los em habitats naturais adequados ao efeito… dizem que iria gerar um pequeno caos ecológico.
Ora portanto e posto isto, voltando à pergunta… será possível ressuscitá-los um dia?...Podemos trazer de volta os mamutes ao nosso convívio?...
Sim, nós podemos. Mais alguma pergunta?...
BPP – o banco privado português foi o primeiro a usar o apoio do Estado… Puxa o Público para a capa, que o banco pediu um aval a financiamento de 750 milhões de euros para repor a liquidez…
O JN diz que a Câmara de Lisboa vai vender uns terrenos, avaliados em 10 milhões de euros, para sanar o passivo da EPUL. Um défice que ultrapassa esse valor e que se deve a erros graves de contabilidade…
O Parlamento da Madeira, escreve o Diário de Notícias, vai custar 17 milhões de euros, o ano que vem…
Os consumidores domésticos de electricidade, em Portugal, escreve ainda o DN, desperdiçam em energia, por ano, o equivalente a 174 milhões de euros…
O Correio da Manhã diz que o aumento exponencial do crédito mal parado compromete e penaliza os bancos portugueses e que as dívidas podem subir até aos 8 mil milhões de euros…
Na capa do Diário Económico anuncia-se que o Estado português tem 262 milhões de euros para promover funcionários. Está no Orçamento para o ano que vem… 262 milhões para progressões na carreira por bom desempenho e novas contratações de funcionários públicos…
A Comissão Europeia, essa acaba de anunciar que o chamado Plano de Estímulo terá fundos de 130 mil milhões de euros e será apresentado a 26 deste mês…
E as Nações Unidas precisam de 5 mil milhões de euros. Não para salvar nenhum banco da falência, não para promover ou contratar novos funcionários públicos, não para remendar buracos financeiros abertos por má gestão, ou más práticas…
Não. A ONU precisa de 5 mil milhões de euros para garantir a ajuda humanitária a 30 milhões de pessoas em 31 países… O apelo foi ontem lançado em Genebra.
Tem tudo a ver. Tem tudo a ver com a realização do Simpósio sobre Privacidade, Identificação e Vigilância. O Simpósio Internacional que hoje começa no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. … A Sociedade Vigilante: Privacidade, Identificação e Vigilância são as matérias em apreço, hoje e amanhã, neste encontro.
O jornal Público dá a notícia e começa a prosa com este alerta: que não, que não estamos de facto numa sociedade orwellliana, sob o olho omnividente de um qualquer Big Brother, mas que, é preciso sim, estar atento às letras pequenas dos contratos de adesão a cartões de pontos de supermercados e gasolineiras, por exemplo, para impedir que dados pessoais comecem a circular em bases de dados e daí, sabe-se lá para onde…
O jornal ouviu a organizadora do Simpósio, Catarina Fróis. A investigadora desdramatiza um pouco a situação e concorda que, apesar de tudo, Portugal não se compara ainda a uma Inglaterra, onde os cidadãos chegam a ser apanhados, em média umas 300 vezes por dia, por câmaras de vídeo vigilância. O que não quer dizer – faz ela questão em nos lembrar – que Portugal não esteja a acompanhar esta tendência mundial e que por isso, é bom que os portugueses tomem consciência do que está aqui em causa, nos novos sistemas e processos de vigilância. Catarina Fróis admite que Portugal é até um país com leis bastante protectoras da privacidade dos cidadãos, mas …
E nestas coisas, então em Portugal!... Há sempre um mas. Diz Catarina Fróis que, por exemplo, o Cartão do Cidadão... È verdade que sim, que há-de ser muito mais prático ter apenas um cartão, em vez de uns 4 ou 5… Um cartão único que identifique o cidadão nas finanças, na segurança social, no registo criminal… por aí, sendo que – como Catarina Fróis sublinha, os dados não sendo cruzáveis, por exemplo entre as finanças e a saúde –é o exemplo dado, nada garante que no futuro isso não possa vir a acontecer… e isso é que a investigadora Catarina Fróis teme, como eventual invasão de privacidade… Por outro lado – e isto já não é Catarina Fróis a falar… por outro lado, se certos organismos públicos portugueses cruzassem um bocadinho mais informação entre si, poupariam muito trabalho ao cidadão, poupariam muita burocracia modorrenta e ineficaz …
Voltemos a Catarina Fróis… no caso, aos chips para as matrículas dos automóveis. A ideia é localizar carros roubados, mas há quem não queira que se saiba por onde andou, com o carro, mesmo o carro próprio. Há quem não goste que se saiba. Não por nada em especial, só não quer que se saiba…
Quanto às câmaras de vigilância, há quem diga que não servem para nada, se a ideia é a prevenção do crime; há também quem diga que tranquiliza as pessoas e as faz sentir mais seguras, sabendo que estão a ser vigiadas por uma câmara de vídeo…
Pois, quanto às de vídeo, não sei, nem se o cidadão português se sente mais incomodado, ou protegido… agora as outras as de televisão... Essas não parecem assustar nem ofender a privacidade de ninguém. É conferir as coisas que se vão dizendo e ouvindo e confessando e revelando de forma desbragada, às vezes obscena, nas televisões de grande audiência nacional. E tudo, o mais das vezes, a troco de uns patacos, ou 15 minutos de fama.
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