O alerta em mais que um jornal, hoje.
A Policia Judiciária anda à procura de um homem entre os 25 e os 30 anos, suspeito de ter praticado um crime grave. As fotografias que os jornais publicam mostram-no sempre no metropolitano. Ora dentro de uma carruagem, ora passeando pelo cais de embarque. Nalguns jornais descreve-se a forma como se vestia à altura dos factos, que a notícia garante desconhecer quais tenham sido, mas garante também que foi coisa grave. O alerta da polícia terá chegado às redacções com carácter de urgência. Por isso, o 24Horas, por exemplo, publica a notícia discretamente, numa coluna perdida a um canto da página 15…
O DN empurra-a para a página 27, entre o incêndio que destruiu uma tipografia em Oliveira de Azeméis e o octogenário que se aleijou, ao cair num regato, na rua do Grijó, no Porto. Faltava um quarto para as 3 da tarde, diz o DN.
No Público e JN não o consegui ver, ao tal procurado pela Judiciária com carácter de urgência…
No Correio da Manhã ele lá está de volta…a fechar a edição. Na penúltima página, discreto entre cartoons, anedotas e os resultados da lotaria popular. Ele lá está em fotografia tosca de câmara de vigilância. Uma fotografia onde aparece segurando-se nos varões das cadeiras e olhando directamente para a câmara, dentro de uma carruagem do metropolitano de Lisboa. A Judiciária procura-o com urgência e acusa-o de crime grave e pede a ajuda dos jornais e da população…
Os jornais, já vimos que não lhe deram destaque de primeira página… talvez o alarme não o justificasse. Pode dar-se também o caso de não se querer alarmar os leitores, sem necessidade. Não lhe dão também o privilégio da última página… a urgência da última hora… em vez disso, uns ignoraram o apelo, outros publicaram-no lá pelo miolo do jornal, onde corre o risco de passar meio despercebido. O Correio da Manhã puxa-o para a página de fecho, ao lado das anedotas… sim que a última mesmo...
A de última hora, onde se publicam aquelas notícias que já não houve tempo para enquadrar de forma mais digna, ou especial, mas que, pela sua real importância não podiam esperar para ser publicadas no dia seguinte… aí, o Correio da Manhã de hoje publica, entre outras, o sorteio da lotaria popular, para quem não o viu na página anterior e esta história – ah sim!, esta história…que poderia abrir campo a um interessante e profundo debate.
Diz o título, que foi em Peniche que um cão atacou um homem. Um homem de meia-idade que foi mordido ontem por um cão de grande porte na via pública, em Peniche e transportado ao hospital com ferimentos na mão e num braço. O caso terá sido mesmo sério, já que teve de ser operado e diz o jornal que pode mesmo vir a perder um dedo, por causa de tudo o que lhe aconteceu.
O debate que falta é o de esclarecer, de uma vez por todas, a partir de que preciso e exacto momento é que, o cão que morde o homem, passa a ser notícia?...
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