terça-feira, 9 de dezembro de 2008

o trânsito nas savanas do Zimbabwe.

Está agendada para hoje, a apresentação pública deste projecto europeu, que se propõe levar a Internet de banda larga até ao fim do mundo.

Uma nova tecnologia, que vai democratizar a Internet – é o que diz a legenda da fotografia, que ilustra a notícia. Mas, à fotografia, lá iremos. Comecemos pela notícia.

E a notícia diz que, o projecto foi uma iniciativa do Instituto Pedro Nunes, organismo ligado à universidade de Coimbra. E que é em Coimbra justamente que hoje ele se apresenta. Internacional e europeu, já se disse, reuniu 12 instituições europeias e promete resolver alguns problemas em regiões remotas, que não têm acesso à banda larga.

O "N4C", como lhe chamaram, ao projecto, começou a ganhar forma em Maio deste ano e prolonga-se até 2011. Inicialmente foi pensado para empresários, preferencialmente do ramo das telecomunicações, transportes e novas tecnologias, mas também para políticos e Organizações não Governamentais… E trata-se afinal, este N4C, de um conceito. Uma filosofia. Uma nova filosofia da Internet – diz-se na nota de imprensa distribuída pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, anfitriã da apresentação pública do conceito.

E chamaram-lhe, com as devidas aspas: Mulas! Mulas, assim mesmo.

Mulas que tornem acessíveis as tecnologias da comunicação, em regiões perdidas no mapa. Mulas, que farão o transporte da informação entre essas zonas e regiões. Não em alforges de couro de vaca, mas antes na mais sofisticada fibra óptica, com acesso à Internet.

Sendo então que a "mula” de que se fala é, afinal, um dispositivo tecnológico, que pode ser instalado, por exemplo, num helicóptero de transporte de turistas – é o exemplo dado pelo jornal, o DN, ou nos veículos de transporte de pessoas ou mercadorias entre essas mesmas regiões, ou cidades, ou vilas, ou o que seja.

Diz-se que os alvos desta inovação tecnológica, desta nova filosofia, são sítios como a Lapónia, ou uma certa região montanhosa da Eslovénia, onde aliás se pensa pôr o conceito à prova, mas – conclui-se – é em África que se espera o maior impacto social.

Claro que tudo isto pressupõe que as localidades em questão tenham, no mínimo, um computador, mesmo que não tenham acesso à Internet. O que se passa é que, a tal “mula”, ao passar por esses sítios, recolhe desses, ou desse computador, a informação que houver a carregar, sejam e-mails, ou outros dados informáticos e leva-os depois para os descarregar num outro sítio, onde haja então ligação à rede.

O dispositivo recolhe essa informação através de uma ligação Wimax ou Wi-Fi – seja lá o que for, soa a coisa sem fios… - recolhe-a então de passagem, para a descarregar onde houver ligação à Internet e onde, recolhe, ao mesmo tempo, a informação que aí houver, para a debitar nas tais regiões isoladas, quando por lá voltar a passar.

A filosofia pode ser nova… o processo é que já é mais velho do que o Paris Dakar. Mais do que as próprias caravanas tuaregues do Magreb.

E por falar nisso, vamos à fotografia.

Já vimos, que a ideia é resolver, no futuro, alguns problemas em zonas recônditas e esquecidas do planeta. Já vimos, que África é onde se espera o maior impacto social, desta nova filosofia, ou conceito…

E depois, a fotografia que o jornal escolheu para ilustrar tão auspiciosa notícia mostra, de costas para nós, um jovem sentado a uma mesa, diante de um computador portátil. Faz todo o sentido. Acontece que, o jovem em questão, está a meio do que parece ser uma corrida de automóveis. Um jogo de computador, portanto. Parece ser, mas também pode ser que não. Pode ser que este jovem e esta fotografia nos estejam a mostrar que , com esta nova filosofia de democratização da Internet, num futuro próximo poderemos ficar a saber, quase em tempo real , como está o trânsito nas savanas do Zimbabwe.

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