segunda-feira, 3 de novembro de 2008

a pão-de-ló, nunca podia mexer-se muito

E já agora deixem que vos fale do caso deste alegado narco traficante que foi detido e libertado por ordem do tribunal, porque a mãe é analfabeta. Dito assim soa estranho, mas dito de outra forma, não melhora muito. Foi o tribunal da relação de Lisboa quem ordenou a libertação do detido. E, no caso, o sujeito foi detido depois de ter sido apanhado com mais de 7 quilos de haxixe em casa e dinheiro falso e munições e armas de fogo.

A captura foi quase por acaso. A polícia interceptou a mãe do suspeito a tentar passar uma nota falsa de 50 euros.

Foi ela também quem autorizou a busca à casa, onde a polícia descobriu a droga e o mais que já se disse. Ora acontece que agora o tribunal foi forçado a libertar o suspeito já que a busca foi autorizada pela mãe que é analfabeta e pela lei uma pessoa analfabeta não estará autorizada a … autorizar. Pelo menos operações deste tipo.

É verdade que a notícia não diz se a autorização pedida no caso exige a assinatura – no caso, da mãe do suspeito. Não diz, mas também, para o caso pouco importa. O que conta é esta evidência indesmentível. Um suspeito apanhado com mais de 7 quilos de droga em casa, dinheiro falso e armas ilegais foi devolvido à liberdade … porquê? Por falta de provas? Por provas inconclusivas ou insuficientes? Por não haver risco de fuga? Não. Porque a mãe é analfabeta e a autorização, mesmo oral, de busca à residência não vale nada e as provas assim conseguidas valem menos que zero aos olhos da justiça portuguesa. A justiça que como sabemos é representada de olhos tapados com uma venda de pano. O que, convenhamos, também lhe não deve dar muito jeito para ler. Seja o que for

Outros casos…

Crise e fraudes obrigam Estado a nacionalizar um banco, 33 anos depois. No DN.

Estado nacionaliza bancos – BPN será público. No Jornal de Negócios.

Operação furacão leva BPN à falência. No Correio da Manhã.

Governo nacionaliza BPN para salvar sistema financeiro. No Diário Económico.

Nacionalização do BPN permite salvar depósitos. No JN.

Os bancos privados não quiseram salvar o BPN e o Governo optou pela nacionalização. No Público.

E estão quase todos os títulos. Falta o do 24 Horas – Antiga administração do BPN investigada por gestão danosa e cada família gastará mil euros para salvar a banca.

Crises e fraudes… 4 mil milhões para salvar a banca… mil euros por contribuinte, se dividirmos o mal pelas aldeias… gestão danosa… de tal maneira danosa que nem os próprios pares do ramo – os outros bancos – quiseram pegar no BPN e deixaram-no para o Estado que, por sua vez comprou o banco, mandando a factura para casa dos cidadãos.

Enfim há que reconhecê-lo. É que no entanto ela move-se, a economia portuguesa. Combalida, convalescente, mas mexe-se. Também, alimentada a pão-de-ló, nunca podia mexer-se muito mais que isto. É que o pão-de-ló é doce mas alimenta pouco.

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