sexta-feira, 31 de julho de 2009

a culpa foi do macaco

DN e Público… um diz que o inquérito em Santa Maria pode ser revelado hoje, ou segunda que vem… o Público, que os doentes do Santa Maria podem ter sido injectados com o fármaco errado… o que lhes teria provocado a cegueira – que é disso que estamos a falar, como já perceberam.

No Público ainda, diz-se que o hospital mantém em aberto todas as hipóteses e que o veredicto final há-de ser o das instituições encarregadas das investigações em curso.

Continua ainda o jornal Público, citando o director dos serviços de oftalmologia, que disse ontem acreditar que os 6 doentes sujeitos à pequena intervenção cirúrgica há duas semanas e na sequência da qual ficaram cegos… não foram injectados com Avastin… A direcção clínica do hospital já se apressou a comentar que foi talvez uma declaração precipitada, a do médico Monteiro Grilo… precipitada pelas razões que já vimos… as investigações estão ainda em curso e todas as hipóteses se mantêm em aberto…

Ora, recuando um pouco na história, lembram-se que tudo começou por esse aviso do laboratório fabricante?...

Um aviso e uma recomendação expressa - a de não injectar o Avastin nos olhos dos pacientes…. Que era perigoso e desaconselhado… depois, os médicos portugueses disseram que não receberam aviso nenhum,,, logo a seguir vieram dizer que já sabiam dos riscos do Avastin injectado nos olhos, mas que era um risco que se tinha de correr, porque, apesar do medicamente ser para outros fins, era ainda o único, que conseguia resolver o tal problema oftalmológico… apesar do risco, que, reconheciam os próprios médicos, incluir o de cegueira do doente. Depois, há o episódio do telefonema anónimo, que levantava a suspeita da troca de medicamentos, de mistura com outros fármacos nocivos.. uma quase teoria da conspiração… Agora, a última versão, subscrita pelo director dos Serviços de Oftalmologia do Hospital, aponta para uma troca de medicamentos. Diz que, as primeiras análises conhecidas, é para aí que apontam…

E o que será mais tranquilizante? Ficarmos a saber que se pisou o risco… literalmente, ou seja, nestes 6 casos ( é surpreendente que tenham acontecido todos ao mesmo tempo, mas as coincidências acontecem…) portanto, nestes 6 casos a reacção dos doentes foi a pior possível, ao tal Avastin e aconteceu o pior do que podia ter acontecido…

Ou concluir-se que o desastre aconteceu, porque houve troca de medicamentos?… Por qualquer razão que talvez nem queiramos saber… Que houve troca de medicamentos e foi injectado, nos olhos dos doentes , qualquer coisa que provocou o efeito precisamente contrário, ao que se pretendia e esperava?...

A confirmar-se esta suspeita, a culpa dificilmente recairá sobre os médicos responsáveis pela intervenção cirúrgica. Com toda a justiça e por razões práticas, os médicos deverão confiar no trabalho de todos os envolvidos , de toda a equipa envolvida em qualquer acto médico ou cirúrgico, sem ter de estar a conferir coisas tão essenciais como se o material está esterilizado, se os medicamentos não estão trocados, ou até mesmo… sim até mesmo, se todos lavaram as mãos antes de ir para a mesa.. a mesa de operações, claro.

Bom, é igualmente verdade que, às vezes também , só por milagre é que não há mais trocas de medicamentos, no balcão das farmácias…não as dos hospitais - as outras.

A avaliar pela letra com que muitos médicos insistem ainda hoje em preencher as receitas e requisições de exames complementares de diagnóstico…estranho é que não hajam mais trocas lamentáveis a registar.

E neste particular, deixem que partilhe convosco esta dúvida… será que esse clínicos não conseguem mesmo fazer uma letra mais apresentável, ou haverá uma outra qualquer razão mais técnica, ou filosófica mesmo, para aquela gatafunhada indecifrável?!... Aquela algaraviada, a que o povo chama, por graça - Letra de Médico.

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