E vamos aos toiros.
Vem no Público, que os militantes da “Associação Juntos pela Vida” gostariam que as cidades, que proibiram as toiradas, proíbam também a interrupção voluntária da gravidez e pelos mesmos motivos … pelo sofrimento infligido, no caso, ao nascituro…
Os municípios em causa são os de Viana do Castelo, Braga, Sintra e Cascais.
A associação já fez seguir uma carta para os respectivos presidentes da Câmara e espera convocar também para este protesto a Associação Animal… Do lado da “Animal” a resposta já é conhecida… diz o presidente da associação, que é um absurdo e que se está a fazer uma confusão tremenda de poderes – palavras do próprio presidente da “Animal”, Miguel Moutinho. Quanto aos autarcas, o de Viana do Castelo, a primeira cidade a proibir toiradas e circos com animais… o presidente da Câmara de Viana do Castelo diz que ainda não recebeu a carta da “Juntos pela Vida”, mas acha que não se podem comparar as duas coisas – a interrupção voluntária da gravidez e as toiradas à portuguesa. Diz que o que a “Juntos pela Vida” devia fazer era juntar-se mesmo em defesa de um investimento forte na educação sexual e na prevenção de situações, que possam eventualmente levar uma mulher a preferir abortar que ter o filho.
Em nome da “Juntos pela Vida”, um dirigente do movimento disse ao jornal Público, que a comparação é uma caricatura e como tal deve ser entendida, para alertar a população para um problema, que pode hipotecar o futuro da própria sociedade.
Mas fixemo-nos ainda nas toiradas e, no caso, numa outra denúncia e outro denunciante. A Associação Animal. Essa mesma.
E a indignação tem a ver com a anunciada abertura de um espaço, na televisão por cabo, para umas horas de transmissão de toiradas de morte à espanhola. Vai-se chamar “Festa Brava” e a operadora responsável, a ZON, diz que não é um novo canal, antes um espaço de emissão, que arranca amanhã e que estará no ar entre as 4 da tarde e a meia-noite. Para a Animal é igual, chamem-lhe o que quiserem, que toiradas, nem à portuguesa, nem à espanhola, nem à Bulhão Pato. Nada.
Para a “Animal” a decisão é profundamente infeliz e censurável. Denuncia-se o propósito de lucro que está por trás desta iniciativa… Diz-se ainda que – e citemos – “nos dias de hoje, na sociedade portuguesa, que felizmente está a evoluir, colocar um canal como o Festa Brava é de uma profunda falta de inteligência por parte do operador…” Ora, que isso não lhes desse cuidado, aos militantes da “Animal”… digo, a falta de inteligência da ZON, se perder dinheiro com o negócio, pouca sorte, tiro ao lado, tanto mais que, como reconhece a associação, a sociedade portuguesa está a evoluir e - segundo a própria associação, as pessoas já vão percebendo que têm poder de escolha e decisão e tanto mais tratando-se de um canal pago e não de sinal aberto, podem sempre mudar de operadora e evitar assim tentações… que só mesmo uma tentação muito forte, um interesse inequívoco pode levar uma pessoa a sintonizar este ou aquele programa. Quando a grelha de canais se abre a um leque tão variado de ofertas…
Claro que se estivéssemos a falar de um programa de toiros e toiradas num canal de sinal aberto, a coisa aí ganhava outros contornos e particular gravidade. Miguel Moutinho, da Associação Animal diz que – e citemos uma vez mais: “é evidente que se fosse em sinal aberto superaria a indecência… assim é menos público…”
Ora, caro Miguel Moutinho, parece que temos aqui uma situação!... Citemos agora a grelha de programas da RTP 2… diz assim… dia 10 de Maio, “Arte e Emoção”… arte e emoção é o nome do magazine… tauromáquico, adivinharam! A indecência vai para o ar ás 8 da noite, em sinal aberto e com todo o trapio.
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