O assunto merece destaque de primeira página num par de jornais desta 5ª feira. O das polémicas afirmações do cardeal patriarca de Lisboa, a propósito dos casamentos inter-religiosos, entre cristãos católicos e muçulmanos.
O Jornal de Notícias diz que os muçulmanos estão magoados com as afirmações do cardeal José Policarpo… O Diário de Notícias garante entretanto que há casais de católicos e muçulmanos com vidas felizes, mas adianta também, que os comentários do patriarca de Lisboa perturbaram a comunidade islâmica e alguns casais inter-religiosos. Na capa do Público é também por aí que vamos – pelos casos felizes. Diz o título da fotografia, que há católicas felizes com maridos muçulmanos… e aqui tropeçamos num pormenor curioso; é que o cardeal José Policarpo falou nos riscos – ele disse o monte de sarilhos – que uma mulher cristã pode arranjar , casando-se com um homem de fé islâmica… O que o cardeal Policarpo não disse foi, se um homem católico casar com uma mulher islâmica, corre riscos idênticos, ou outros… o que seria também interessante de saber-se.
Outro aspecto que ficou por esclarecer – talvez por falta de oportunidade, ou porque o assunto não vinha à colação – foi o de casamentos entre cristãos e hindus, entre cristãos e xintoístas, entre cristãos e zen budistas, entre cristãos e animistas entre cristãos e ateístas… isso não ficou esclarecido… fica então – se quisermos – para outras núpcias.
Agora, o elo fraco da argumentação do cardeal Policarpo é que parece, ele próprio, pouco cristão!... É que o cardeal Policarpo esqueceu-se que os casamentos muitas vezes se fazem por amor. Por paixão mesmo. E que, por amor, se fazem as maiores loucuras, os mais delirantes disparates, os mais dolorosos sacrifícios e o diabo a 4. O que o cardeal Policarpo, patriarca de Lisboa se esqueceu foi desse outro sentimento tão caro à fé cristã, que é a compaixão.
A compaixão que, tal como a fé, também é capaz de mover montanhas. Montanhas e montes. Montes de sarilhos, por exemplo.
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